Pequeno comércio dispensado de apresentar declaração anual de apuramento do IVA 

O apuramento do IVA do regime dos pequenos retalhistas será feito, a partir de 3 de julho, através de uma declaração provisória, disponibilizada pela Autoridade Tributária.

O Governo avançou com um conjunto de medidas de simplificação fiscal, nomeadamente a eliminação da obrigatoriedade de apresentação da declaração anual de apuramento do IVA do regime especial dos pequenos retalhistas. A medida, publicada agora em Diário da República, entra em vigor esta quinta-feira, 3 de julho.

No âmbito destas medidas, “tendo em vista uma maior simplificação no apuramento do imposto e no cumprimento da obrigação do seu pagamento, foram alteradas algumas obrigações deste regime, sendo eliminada a obrigação de apresentação da declaração anual do regime especial dos pequenos retalhistas (Modelo 1074)”, pode ler-se na portaria que aprova a declaração relativa ao regime especial dos pequenos retalhistas e respetivas instruções de preenchimento.

Além disso, “passou a prever que o apuramento do imposto devido pelos sujeitos passivos de IVA abrangidos pelo regime dos pequenos retalhistas seja efetuado através de uma declaração provisória, disponibilizada pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), no Portal das Finanças, tendo por base os elementos informativos relevantes de que esta disponha, designadamente os elementos resultantes das faturas classificadas pelo sujeito passivo naquele Portal”.

Esta declaração provisória disponibilizada pela Fisco deverá ser depois confirmada. “Caso verifique que os elementos apurados pela AT compreendem a totalidade das operações tributáveis e do IVA devido, o sujeito passivo confirma a declaração provisória, que se considera entregue nos termos legais“, indica a portaria.

No caso dos “sujeitos passivos cuja declaração provisória não compreenda a totalidade do imposto devido devem registar, manualmente, no e-fatura, as faturas e documentos retificativos de fatura que não foram previamente comunicados pelo emitente, as quais são consideradas na declaração do regime especial dos pequenos retalhistas”, acrescenta.

O Governo indica que a portaria entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação, ou seja, a partir de amanhã, produzindo efeitos relativamente às declarações correspondentes a períodos de imposto a partir do 3.º trimestre de 2025, inclusive.

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Uber passa a permitir que clientes escolham apenas motoristas mulheres

Novo serviço permite às clientes escolherem apenas motoristas mulheres, mas também que motoristas mulheres optem por transportar apenas clientes do género feminino.

A Uber vai lançar na próxima semana um novo serviço em Lisboa, que permitirá às clientes escolherem viajar apenas com motoristas mulheres e a estas transportar exclusivamente passageiras do género feminino. A intenção é tornar a experiência de mobilidade “mais personalizada, confortável e ajustada às preferências” das utilizadoras desta plataforma.

“Queremos que a Uber seja a plataforma mais conveniente e personalizada para todas as mulheres. Esta nova funcionalidade responde a um desejo claro de muitas motoristas e utilizadoras, e representa também uma oportunidade para que mais mulheres se sintam motivadas a conduzir com a Uber, reforçando a sua autonomia e liberdade de escolha”, sublinha Francisco Vilaça, general manager da Uber em Portugal.

É de notar que, neste momento, só 9% dos motoristas de TVDE em Portugal são mulheres, daí que o referido responsável defenda que, com esta nova funcionalidade, a Uber está também a contribuir para “tornar o setor mais inclusivo, representativo e atrativo para as mulheres“.

“Ao criar condições que proporcionem maior liberdade de escolha, a Uber acredita que esta funcionalidade poderá contribuir para atrair mais mulheres para a atividade, tornando a condução numa opção profissional mais apelativa, flexível e ajustada às diferentes necessidades e preferências de cada mulher”, assinala a plataforma, em comunicado.

Já em conferência de imprensa, Francisco Vilaça explicou também que as motoristas terão total flexibilidade, ou seja, poderão optar por transportar apenas mulheres em certas alturas do dia e noutras regressar a outros tipos de serviço da Uber, como o de carros elétricos e o de carros premium.

Nesta fase-piloto, este serviço estará disponível apenas em Lisboa e a sua disponibilidade “poderá variar consoante o número de motoristas disponíveis”. “Mas a opção estará acessível todos os dias da semana, sem qualquer custo adicional“, garante a Uber, que adianta que o serviço será, depois, alargado a outras cidades do país.

“Será muito provável que siga a expansão a dimensão das cidades. Porto, Algarve, Coimbra, …”, salientou Francisco Vilaça, em declarações aos jornalistas.

No último ano, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes suspendeu a licença da Pinker, plataforma de TVDE que pretendia ser exclusiva para mulheres, salientando que “não pode haver discriminação na atividade de transporte individual e remunerada de passageiros”.

Questionado sobre este caso, Francisco Vilaça assinalou: “acreditamos que estamos a adicionar uma opção de escolha, numa plataforma que é totalmente inclusiva. Qualquer pessoa pode prestar serviço. Vemos isto como mais uma opção de escolha, e não uma discriminação. Trata-se de um produto adicional”.

O responsável acrescentou também que este serviço não é lançado por uma questão de segurança, mas de escolha.

Neste momento, este serviço já está disponível em França, Alemanha, Polónia, África do Sul, Argentina e Austrália.

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Sindicato dos Jornalistas desafia redações a parar uns minutos em solidariedade com trabalhadores da TiN

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

"A luta não é só ‘daquelas’ pessoas sem salário e poucas perspetivas de futuro, após dois anos de despedimentos silenciosos, a demanda é de todos nós, cidadãos e jornalistas”, diz o Sindicato.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) desafiou as redações a parar, esta quinta-feira, cinco ou 10 minutos, em solidariedade para com os trabalhadores da Trust in News (TiN), com salários em atraso.

“O desafio não é só ‘deles’, a luta não é só ‘daquelas’ pessoas sem salário e poucas perspetivas de futuro, após dois anos de despedimentos silenciosos, a demanda é de todos nós, cidadãos e jornalistas”, apontou, em comunicado, o SJ.

Assim, a estrutura sindical desafiou as redações a parar esta quinta-feira, por cinco ou 10 minutos, em solidariedade para com os trabalhadores da TiN, sublinhando que uma foto, um vídeo, uma mensagem ou um cartaz podem significar muito para quem está em luta.

Na sexta-feira, os trabalhadores da TiN, reunidos em plenário, aprovaram a continuação da greve que dura há mais de uma semana até serem pagos os salários e subsídios em atraso, disse à Lusa a delegada sindical da Visão.

No plenário realizado “aprovámos a continuação da greve por tempo indeterminado por ampla maioria”, afirmou Clara Teixeira, adiantando que das 55 pessoas presentes, 44 votaram a favor.

Os trabalhadores estão em greve desde 20 de junho e prometem assim continuar até que lhes sejam pagos as remunerações em atraso: 75% do salário de maio, subsídios de refeição de maio e junho e subsídios de férias.

Apesar da greve, a revista Caras saiu para as bancas com um dia de atraso e a revista Visão saiu no dia previsto, mas ambas numa versão reduzida.

As redações em greve exigem um plano realista para a sustentabilidade da TiN, e a injeção de capital pelo sócio único Luís Delgado para a estabilização das contas.

O plano de recuperação da empresa, apresentado por Luís Delgado e aprovado por 77% dos credores em maio, prevê a injeção de até 1,5 milhões de euros pelo acionista único. Segundo o documento, a TiN propôs aos credores um “compromisso de aporte de até 1,5 milhões de euros, faseadamente, e em função das necessidades da empresa para reforçar a tesouraria”, por parte do acionista único.

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Centeno preocupado com baixa inflação, mas “não há pressa” a descer juros

  • ECO
  • 2 Julho 2025

Governador considera que, se o PIB voltar a cair no segundo trimestre, a sustentabilidade da inflação nos 2% pode ficar comprometida.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, está mais preocupado com o regresso da Europa aos níveis de baixa inflação do que com os riscos de elevada inflação. Ainda assim, assumiu que “não tem pressa” para baixar as taxas de juro de forma a contrariar esse cenário.

Em entrevista à Bloomberg, à margem do fórum anual do Banco Central Europeu em Sintra, Centeno, que está em fim de mandato, lembrou a história de “inflação muito baixa” com que a Europa conviveu durante muito tempo e que os fundamentais não mudaram. “Isso não significa que temos de nos apressar”, afirmou o governador português.

Salientou que os números do crescimento da economia no segundo trimestre “serão muito importantes” nessa análise. “Se confirmar os números do primeiro trimestre, é uma história. Se voltarmos a cair um pouco em termos de crescimento, isso levanta preocupações para a sustentabilidade dos 2% de meta de inflação”, explicou.

Está mais preocupado que a inflação caia do que suba, questionou a jornalista da Bloomberg? “Sim”, ripostou Centeno. “Esse é o perfil para a previsão da inflação. Vamos começar 2026 com um número baixo. Há efeitos base que explicam isso. Mas temos a história recente na Europa”, acrescentou o responsável do banco central português.

Centeno considera que o Banco Central Europeu (BCE) precisa de ser “cauteloso” em relação a essa possibilidade.

O conselho de governadores tem reunião marcada para 23 e 24 de julho para definir o rumo da política monetária da Zona Euro. Os mercados antecipam uma nova redução das taxas, antes de fazer uma pausa até final do ano.

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Seis tendências do Cannes Lions, segundo a VML

  • + M
  • 2 Julho 2025

A importância do toque humano numa altura em que a criatividade é cada vez mais auxiliada pela IA, o poder da narrativa ou a ascensão dos criadores de conteúdos são algumas das tendências destacadas.

No rescaldo dos Cannes Lions, a VML revelou algumas das tendências que ficaram patentes na 72ª edição do mais importante festival de criatividade do mundo, onde Portugal conseguiu arrecadar este ano dois ouros, duas pratas e cinco bronzes.

A importância do toque humano numa altura em que a criatividade é cada vez mais pautada pela IA, o poder da narrativa ou a ascensão dos criadores de conteúdos são algumas das tendências destacadas pela agência criativa. A relevância dos fandoms e da sua capacidade de moldar a cultura o empoderamento feminino e a inclusão criativa foram outros pontos destacados.

1. IA sim, mas com toque humano

Embora a inteligência artificial (IA) consiga transformar e democratizar o cenário criativo, ao oferecer ferramentas que permitem a qualquer pessoa conceber aquilo que imagina, o toque humano faz sempre a diferença.

“Sei que o mundo todo está a falar sobre IA mas, não importa o que façamos, precisamos de nos lembrar que é a pessoa que está no centro do que estamos a criar”, diz Debbi Vandeven, global chief creative officer da VML. E isso é fundamental para se “ser autêntico”, especialmente quando se trata de marcas.

“A humanidade não é a nossa limitação, é o nosso superpoder”, entende também Esi Eggleston-Lacey, chief growth and marketing officer da Unilever, que considera que o futuro do marketing está em aproveitar as emoções humanas para conseguir ser disruptivo e provocar desejo nos consumidores.

Também Tor Myhren, VP of marketing communications da Apple, disse que a IA é “a ferramenta criativa mais empolgante que já vimos”, mas que o toque humano é “o caminho para o amor duradouro por uma marca”. Segundo o responsável da Apple, o marketing tem tudo a ver com tocar corações e fazer com que as pessoas sintam algo, sendo que “as pessoas são muito melhores a fazer isso do que as máquinas”, cita a VML.

2. O poder da narrativa (emotiva)

Também o poder da narrativa esteve em destaque durante a semana do festival, em particular na sua capacidade para inspirar e ligar as pessoas, aponta a VML.

“O melhor marketing faz as pessoas sentirem, rirem, chorarem, maravilharem-se ou apaixonarem-se por uma pessoa, uma ideia ou uma marca. Todos nós queremos sentir. E não há tecnologia, algoritmo ou inteligência artificial mais capaz de nos fazer sentir do que a mente humana”, disse Tor Myhren.

Já Esi Eggleston-Bracey, da Unilever, diz que “o desejo é emocional, não racional”, pelo que é necessário conseguir-se fazer com que as marcas vão mais além de simplesmente responder às necessidades das pessoas e encontrem os seus desejos.

3. Ascensão dos criadores de conteúdos

Depois de a categoria de criadores (Social & Creator) ter sido lançada na edição do ano passado, esta é uma tendência que parece estar a ganhar expressão. Neal Mohan, CEO do YouTube que apelidou a plataforma de “epicentro da cultura” e os criadores de “novas startups de Hollywood”, sublinhou que os criadores têm o poder de “construir comunidades”, liderando grandes grupos de fãs que vão muito além do digital.

Num “mundo onde metade das pessoas diz que não gosta de anúncios”, o conteúdo de criadores é cada vez mais crucial defendeu também em Cannes Sofia Hernandez, global head of business marketing and commercial partnerships do TikTok. A humorista e criadora de conteúdos, Amelia Dimoldenberg, sublinhou ainda que os criadores são bem-sucedidos por “criarem coisas que são profundamente pessoais e baseadas nos seus próprios interesses”.

O desafio para as marcas prende-se com conseguir encontrar o parceiro certo, aponta a VML.

4. Fandoms a moldar a cultura

Aliado ao crescimento da influência dos criadores de conteúdo, também os fandoms estão a ser cada vez mais relevantes para as marcas. “Fandom já não é apenas consumo. É uma força poderosa capaz de direcionar a cultura”, disse Neal Mohan, do YouTube.

“Os fandoms são uma forma positiva de as marcas se conectarem com o público em torno de assuntos que as pessoas adoram”, disse Marcel Marcondes, global chief marketing officer da AB InBev.

Jennifer Healan, VP de marketing, brand, content and culture na McDonald’s EUA, avançou que a força dos fandoms até tem vindo a influenciar a comunicação da McDonald’s. “Parámos de falar de uma forma corporativa para passarmos a falar como os nossos fãs. De fã para fã”, o que tem sido “fundamental para moldar a voz da marca e a conexão com a comunidade”, disse a responsável, acrescentando que foi assim que nasceram algumas das “melhores ideias”, como a WcDonald’s (uma representação da McDonald’s ao estilo das séries de animação japonesas) ou a recente parceria com o filme Minecraft.

5. Empoderamento feminino

Numa altura em que os direitos das mulheres enfrentam retrocessos em vários pontos do mundo, a última edição do Cannes Lions trouxe também o “empoderamento feminino de volta ao centro das atenções, exibindo as vozes, os investimentos e as forças criativas determinadas a recuperar o terreno perdido e a abrir novas fronteiras para as mulheres”, aponta a VML.

6. Inclusão criativa

A inclusão na criatividade esteve também em destaque em Cannes este ano, nomeadamente no que diz respeito à neurodivergência que, longe de ser um obstáculo, é agora encarada como uma vantagem criativa.

Andrey Tyukavkin, executive creative director da LePub, defendeu inclusive a ideia de que o pensamento neurodivergente está intimamente ligado à criatividade e pode levar a ideias mais inovadoras. “A criatividade é um caso clínico de evitação obsessiva e voluntária de pensar com clareza. Todos nós sabemos que é preciso treinar o cérebro para não chegar à primeira conclusão, mas imagem como isso é muito mais fácil para pessoas que não pensam com clareza à partida”, disse.

Partilhando dados de uma pesquisa interna que revelaram que mais de 50% da Geração Z se identifica como neurodivergente, Yannick Bolloré, CEO da Havas, diz que este grupo de pessoas já não representa um nicho. Num mundo onde “a originalidade é o ativo mais valioso de uma marca”, há valor em explorar diferentes maneiras de pensar, acrescentou.

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EpT já recebeu 31 pedidos de políticos para bloquear acesso a declarações de rendimentos

  • ECO
  • 2 Julho 2025

Nos 14 meses de atividade da Entidade para a Transparência (EpT), houve 31 pedidos de políticos para bloquear o acesso público a declarações de rendimentos. Tribunal Constitucional recusou a maioria.

Desde que foi fundada, a Entidade para a Transparência (EpT) já recebeu 31 pedidos de políticos que pretendiam ver bloqueado o acesso público, ainda que condicionado, às respetivas declarações de rendimentos, noticiou o Expresso esta quarta-feira. Entre os pedidos consta pelo menos um do primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Destes 31 pedidos — formalmente chamados de “uso do direito de oposição à consulta pública” –, apenas foi reconhecido o direito ao sigilo dos dados em cinco casos e em dois parcialmente. Em simultâneo, o Tribunal Constitucional negou 14 pedidos e há ainda seis casos em que o processo foi extinto por outras causas.

Atualmente, confirmou a EpT ao Expresso, existem quatro pedidos em apreciação — sendo que, se se tiver em conta a informação que veio a público na última semana, podem referir-se todos a Luís Montenegro.

Segundo o site da EpT, Luís Montenegro opôs-se à consulta de todas as declarações já entregues, relativas nomeadamente aos cargos de primeiro-ministro do anterior Governo, os dois mandatos como presidente do PSD, conselheiro de Estado e deputado. Enquanto os pedidos estão em apreciação, a possibilidade de consulta fica vedada.

Os 31 pedidos já apresentados à EpT não dizem respeito necessariamente a 31 políticos, porque o mesmo político pode ter pedido para se manter sigilosa parte ou a totalidade da informação de uma ou várias declarações, conforme explica o mesmo jornal.

A EpT foi oficialmente criada em 2019, com a publicação da respetiva lei orgânica, mas só no ano passado é que entrou oficialmente em funções.

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Taxa de desemprego da Zona Euro cai para 6,3% em maio

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

Portugal apresentou uma taxa de desemprego em linha com a Zona Euro, mas a de Espanha Espanha chega aos 10,8%, sendo a mais alta em toda a União Europeia.

A taxa de desemprego na Zona Euro desceu para 6,3% em maio e na União Europeia (UE) para 5,9% face ao período homólogo, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat. Na área do euro, o indicador registou um ligeiro recuo face aos 6,4% homólogos e um leve aumento contra a de 6,2% de abril.

Ainda de acordo com o serviço estatístico europeu, na UE, o indicador abrandou para 5,9%, face a 6% de maio de 2024, mantendo-se estável na variação mensal. Em maio, estavam 13,052 milhões de pessoas desempregadas na UE, das quais 10,830 milhões na área do euro.

Fonte: Eurostat

Espanha mantém a maior taxa de desemprego da UE (10,8%), seguida pela Finlândia (9,0%) e a Suécia (8,7%). As taxas mais baixas, por outro lado, registaram-se em Malta (2,7%), na República Checa (2,8%) e Polónia (3,3%). Em Portugal, a taxa de desemprego fixou-se nos 6,3%, em linha com a Zona Euro.

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Auditoria do TdC alerta que planeamento de novas prisões e tribunais não corresponde às necessidades

  • ADVOCATUS
  • 2 Julho 2025

"O planeamento realizado para novos estabelecimentos prisionais e tribunais não teve correspondência com as necessidades", alerta o Tribunal de Contas.

Uma auditoria aos investimentos na área da Justiça, realizada pelo Tribunal de Contas, concluiu que as intervenções planeadas nas empreitadas de adaptação e remodelação de edifícios afetos a tribunais “foram adequadas aos investimentos previstos”. Mas também observou que o planeamento realizado para novos estabelecimentos prisionais e tribunais não teve correspondência com as necessidades, nomeadamente as indicadas na Estratégia Plurianual de Requalificação e Modernização do Sistema de Execução de Penas e Medidas Tutelares Educativas, bem como na Estratégia Plurianual de Requalificação e Modernização da Rede de Tribunais.

“Esta auditoria visou apreciar o planeamento, execução, monitorização e avaliação dos projetos de investimento nas áreas do edificado e das tecnologias de informação e comunicação (TIC) da Justiça, da responsabilidade Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ)”, começa por explicar o Tribunal de Contas, num comunicado divulgado esta quarta-feira.

Além dessas conclusões, o Tribunal de Contas considera que as verbas alocadas ao investimento no edificado da Justiça “não são compatíveis” com o esforço financeiro necessário à concretização das referidas estratégias. Sublinha também o facto de não ter sido aprovado o instrumento financeiro plurianual para esse efeito, “concretamente a Lei de Programação do Investimento em Infraestruturas e Equipamentos do Ministério da Justiça”.

“Os valores com origem no Fundo da Modernização da Justiça (FMJ) compensaram, em parte, a insuficiência das receitas próprias do IGFEJ para projetos de investimento. A auditoria concluiu também que foram utilizados saldos de gerência do FMJ para finalidades distintas das legalmente previstas”, revelam.

Já no que toca à área das TIC, o relatório aponta que os investimentos refletem as “necessidades que se encontravam identificadas em planos de modernização da Justiça” e que resultaram da “prévia articulação entre a tutela e os organismos deste Ministério“. “As verbas atribuídas ao abrigo do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] reforçaram o desenvolvimento de projetos de transformação digital”, aponta o tribunal na mesma nota.

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PS tornou-se num partido “instalado” e de “gestão do poder”, critica Francisco Assis

  • ECO
  • 2 Julho 2025

Atual eurodeputado socialista acusa o PS de não ter falado a verdade ao país quando disse que a austeridade acabou. Sobre as presidenciais, vê Seguro ganhar a Marques Mendes numa segunda volta.

Francisco Assis considera que o PS se tornou num partido “instalado” e de “gestão do poder”, com pouca capacidade de transformar. Em entrevista ao podcast “Política com Assinatura”, da Antena 1, o eurodeputado prevê que os socialistas tenham pela frente um “horizonte complicado”, depois do que caracteriza como uma “derrota brutal” nas legislativas de 18 de maio.

No entender do antigo presidente do Conselho Económico Social (CES), a governação socialista dos últimos anos contribuiu para o estado atual do partido. “O PS não falou a verdade em determinados momentos ao país”, como por exemplo quando disse que a austeridade acabou e que foi uma invenção de Passos Coelho, da Direita e da Comissão Europeia, acusa.

Aliás, “os governos do Partido Socialista não romperam em absoluto com essa austeridade”. Antes, “alteraram a natureza da austeridade” através de cativações, e o eleitorado acabou por ter essa perceção, acrescenta Francisco Assis, que acredita, porém, que o partido está a reagir e que as eleições autárquicas vão permitir perceber “até que ponto existe uma erosão estrutural e profunda do Partido Socialista e até que ponto há uma implantação real do Chega na sociedade portuguesa”.

Sobre as Presidenciais, o atual eurodeputado socialista mostra-se muito crítico do candidato Henrique Gouveia e Melo. “Tudo se vê que é plástico ali”, observa, argumentando que o almirante “não tem a menor preparação para o desempenho de um cargo político como o de Presidente da República” e que perde votos sempre que fala porque não tem cultura nem dimensão políticas.

Questionado sobre o candidato socialista a Belém, Francisco Assis diz não ter “a mais pequena dúvida de que o PS, quando tiver que tomar uma posição, vai apoiar António José Seguro”. O eurodeputado antecipa uma segunda volta entre Seguro e Luís Marques Mendes nas presidenciais, e que no fim ganha o ex-secretário-geral socialista.

Quanto ao tema da imigração, que tem marcado o arranque da nova legislatura, Francisco Assis acusa o Governo de estar a seguir o caminho da “demagogia criminosa”, considerando mesmo que tem seguido o discurso da extrema-direita, e, por isso, incita o PS a ser “radical” e a dizer que “não aceita este caminho e que não está disponível para pactuar com este tipo de discurso”.

Nesta matéria, o eurodeputado volta a criticar os governos de António Costa, apontando que o desinvestimento público pode ter prejudicado as respostas sociais e de integração dos imigrantes que chegaram a Portugal. Assis considera que a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) “foi repentina” e concorda com a criação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), mas lamenta que Ana Catarina Mendes, antiga ministra dos Assuntos Parlamentares com a pasta da imigração, tenha sido “injustamente tratada”.

Para Francisco Assis, José Luís Carneiro é o líder socialista certo para fazer oposição ao discurso de ódio da extrema-direita em Portugal. “Tem uma noção muito exata da forma como se deve combater esse discurso. Não vai ceder um milímetro que seja”, afirma.

O eurodeputado vê ainda com bons olhos a criação do Ministério da Reforma do Estado, considerando que “até podia ter sido uma ideia do PS”. Por isso, defende que o PS deve dialogar: “Não creio que o Partido Socialista deva ter uma atitude fechada. Temos que avaliar”.

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“Não temos margem para aumentar salários sem reforçar produtividade”. Ouça o podcast “Trinta e oito vírgula quatro”

Os portugueses trabalham, em média, 38,4 anos. É esse o valor que dá título a este podcast que se debruça em entrevistas quinzenais sobre os temas mais quentes do mundo do trabalho.

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Carlos Tavares acredita que Portugal não está condenado a comparar mal, em termos salariais, com os demais países europeus. Mas avisa que para acelerar os vencimentos é preciso aumentar a produtividade, o que depende das políticas dos Governos e das decisões das próprias empresas.

Neste episódio do podcast Trinta e oito vírgula quatro“, o ex-ministro da Economia deixa também um recado sobre o IRS: os Orçamentos do Estado não deviam ser palco de constantes mudanças (pontuais) a este imposto.

Não temos margem, por muito que nos custe, para aumentar os salários sem um aumento concomitante da produtividade”, sublinha o economista, que precisa que, para isso, cabe aos Governos reduzir os custos de contexto das empresas, e aos empregadores apostar, nomeadamente, em equipamentos e na qualidade da sua gestão.

Melhorar a produtividade não é, pois, uma questão de horas trabalhadas, salienta o também coordenador do Observatório de Políticas Económicas e Financeiras da SEDES.

Sobre a tributação dos salários, o ex-ministro atira que o IRS é hoje uma manta de retalhos, e defende que não devia ser possível estar a alterar todos os anos o imposto, com ajustes apenas pontuais.

Tabelas de retenção na fonte não deviam ser suscetíveis de ser alteradas conforme os Governos querem aumentar o rendimento disponível a curto prazo.

Carlos Tavares

Ex-ministro da Economia

Crítica semelhante faz às alterações constantes às tabelas de retenção na fonte: “não deviam ser suscetíveis de ser alteradas conforme os governos querem aumentar o rendimento disponível a curto prazo“.

O “Trinta e oito vírgula quatro” é um podcast de entrevistas quinzenais sobre as tendências que estão a fazer mexer o mercado de trabalho.

Estamos a viver mais, mas também estamos a trabalhar durante mais tempo. Numa década, a duração média estimada da vida de trabalho dos portugueses cresceu dois anos para 38,4. É esse o valor que dá título a este podcast e torna obrigatória a pergunta: afinal, se empenhamos tanto do nosso tempo a trabalhar, como podemos fazê-lo melhor?

Nesta temporada especial (de sete episódios, entre abril e julho), vamos explorar essa questão do ponto de vista dos rendimentos.

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Conceito aposta nos mercados de Singapura e França com novos vinhos “fora da caixa”

Marca de vinho Conceito, do Douro Superior, escreve novo capítulo com aposta nos mercados de Singapura e França, investimento no enoturismo e lançamento de quatro referências.

Equipa da marca ConceitoAnabela Trindade 1 julho, 2025

A paixão pela viticultura já vem da meninice ao ponto de Carla Costa Ferreira ter plantado a primeira vinha em 1980, em Vila Nova de Foz Côa, já frequentava a universidade. Em 2005 a então engenheira civil lançou o primeiro vinho, um branco, da marca Conceito. Duas décadas depois, escreve um novo capítulo na história da empresa com aposta no enoturismo — construção de uma casa de turismo rural e de uma adega que será também uma galeria de arte. Na mira está o objetivo de atingir três milhões de euros de faturação em cinco anos e conquistar o palato de novos mercados, como Singapura e França.

É em Sedovim, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, em pleno Douro Superior, que Carla Costa Ferreira começou a escrever a história da Conceito, onde tem 100 hectares de vinha. Acrescenta agora um novo capítulo para fazer a marca “crescer sem perder a essência”, aproveitando o melhor que o terroir da região tem para oferecer.

Com uma produção de 150 mil garrafas de vinho, a marca quer triplicar, nos próximos cinco anos, a faturação de um milhão de euros de 2024 — a exportação tem um peso de 70% e o mercado nacional os restantes 30% –, segundo avança a diretora comercial, Lília Cerdeira em declarações ao ECO/Local Online, enquanto provamos as quatro novas referências que harmonizam a alta gastronomia do chef Rui Paula na Casa de Chá da Boa Nova, Leça da Palmeira (Matosinhos). Mas já lá vamos.

Outra das estratégias neste novo capítulo, adianta Lília Cerdeira, passa por conquistar novos mercados como Singapura e França, e reforçar o posicionamento nos Estados Unidos, Brasil, Reino Unido, China e Japão, além da realização de provas de vinhos e participação em feiras “para marcar a diferença com inovação”.

A modernização da adega de vinificação e armazenamento, com aproximadamente 1.600 metros quadrados, construída em 2005, para provas de vinho e galeria de arte, é outro dos objetivos em cima da mesa, acrescenta, por sua vez Carla Costa Ferreira, a dona da marca Conceito. No futuro, as provas passarão a realizar-se no desativado balão de cimento antigo, com capacidade para 163 mil litros de vinho, que será objeto de um projeto de requalificação, cujo valor de investimento não revelou. Enquanto as obras não arrancam, o enoturismo assenta em provas de vinhos, visitas guiadas à adega com arte e passeios pelas vinhas.

Quatro novos vinhos da ConceitoAnabela Trindade 1 julho, 2025

Nesta nova fase, a empresa quer posicionar-se ainda mais no mapa da viticultura e com uma filosofia “fora da caixa”, aponta Carla Costa Ferreira. “Queremos vinhos que falem da terra de onde vêm, com pureza, precisão e alma. Esta nova fase é um regresso à essência, mas com um olhar renovado sobre o que significa fazer vinho no Douro atualmente”, assinala a sócia-gerente da Conceito, apoiada por uma nova equipa de enólogos — Paulo Amaral e Décio Coutinho – depois da saída de Rita Marques.

Esta nova fase é um regresso à essência, mas com um olhar renovado sobre o que significa fazer vinho no Douro atualmente.

Carla Costa Ferreira

Sócia-gerente da marca de vinhos Conceito

A equipa deu a conhecer os novos vinhos que Carla Costa Ferreira descreve como sendo “fora da caixa”: Alvarinho Branco 2024, Arinto Branco 2024, Bastardo Branco 2024 e Touriga Nacional 2023. Com origem numa parcela de vinha, com cerca de 10 anos, situada em Sebadelhe, entre Vila Nova de Foz Côa e Mêda, a cerca de 500 metros de altitude, o Alvarinho Branco 2024 é um “vinho aromático e complexo, com notas cítricas, toranja, frutos tropicais, apontamentos florais e nuances minerais”, descrevem os enólogos.

Já o Arinto Branco 2024 apresenta “um perfil distinto e de grande elegância”, fresco e com boa acidez na boca. Uma outra novidade, o Bastardo Branco 2024, estagiou em barricas usadas de Touriga Nacional 2023, detalha, por sua vez, o enólogo Paulo Amaral.

Por fim, o monocasta Touriga Nacional 2023, que estagiou durante 20 meses em barricas de carvalho francês, “tem um grande potencial de envelhecimento”, destaca o enólogo Décio Coutinho, enquanto dá a provar o vinho. Uma referência “intensa e com um final longo e muita frescura”, de acordo com a ficha técnica dos vinhos.

Com todo este impulso, dado agora à Conceito, Carla Costa Ferreira não tem dúvidas de que “esta nova fase representa continuidade e transformação: um regresso à origem com uma linguagem moderna, mais focada no detalhe, na precisão técnica e na ligação emocional ao terroir”.

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Acordo comercial entre UE e EUA é “consequência lógica” do acordo na NATO, diz António Costa

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

"A consequência lógica do acordo que foi feito na NATO é ter um efeito positivo na negociação comercial", defende António Costa, que completa o primeiro semestre como presidente do Conselho Europeu.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, considera que o acordo na NATO deve ter um efeito positivo nas negociações comerciais entre a UE e os Estados Unidos e espera que estas se concluam “rapidamente e bem”.

Numa entrevista à Lusa a propósito do primeiro semestre como presidente do Conselho Europeu, que reúne os chefes de Estado e de Governo dos 27 Estados-membros da União Europeia, o político português defende que “a incerteza é o pior possível para a economia”, razão pela qual é fundamental que “rapidamente haja certezas” quanto ao futuro da relação comercial entre os dois grandes parceiros económicos.

As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios de Donald Trump de imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas, entretanto, suspensas por 90 dias. Este prazo termina a 9 de julho, sendo que o comissário para o comércio, o eslovaco Maros Sefcovic, viajou esta semana para os Estados Unidos para conversações.

Para António Costa, “é evidente que o acordo que os europeus fizeram com os americanos no âmbito da NATO, resolvendo mesmo o principal problema que havia nas relações entre uns e outros (…) só pode ter uma influência positiva nas negociações comerciais”. E destaca: “Eu diria mesmo que a consequência lógica do acordo que foi feito na NATO é ter um efeito positivo na negociação comercial.”

Na quinta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, avisou os Estados Unidos de que a UE se está a preparar para a possibilidade de não haver um “entendimento satisfatório”, prometendo defender os interesses europeus. Horas depois, Donald Trump afirmou que a União Europeia “é muito desagradável” por aplicar “impostos muito injustos” às empresas do país, mas acrescentou que “em breve aprenderão a não ser tão desagradáveis”.

António Costa recusa-se a comentar as declarações do presidente norte-americano, preferindo focar-se naquilo que considera essencial: o volume das relações comerciais entre os Estados Unidos e a Europa, que representam 30% do comércio internacional e que são 40% do PIB mundial. “Portanto, tudo o que afete estas relações comerciais tem um efeito muito negativo na economia americana, muito negativo na economia europeia e muito negativo na economia global”, disse.

Segundo Costa, a União Europeia defende e propôs aos Estados Unidos tarifas zero, considerando que estas significam impostos pagos pelos consumidores e, portanto, com impacto no aumento da inflação. Esta não é, porém, a posição da administração americana, que vê as tarifas como um bom instrumento de política económica.

“Toda a gente acha o contrário, mas esta é a visão da administração americana e temos que nos empenhar em procurar controlar os impactos que existem na economia global, na economia europeia e também na economia americana. Estamos a negociar para minimizar aquilo que são os efeitos desta visão”, diz o presidente do Conselho Europeu.

É evidente que o acordo que os europeus fizeram com os americanos no âmbito da NATO, resolvendo mesmo o principal problema que havia nas relações entre uns e outros (…) só pode ter uma influência positiva nas negociações comerciais. Eu diria mesmo que a consequência lógica do acordo que foi feito na NATO é ter um efeito positivo na negociação comercial.

António Costa

Presidente do Conselho Europeu

O político europeu admite que, no limite, as negociações ainda poderiam ser adiadas, mas pensa que isso seria “prolongar a incerteza. Tudo o que seja resolver o mais rapidamente possível resolve a incerteza, mas seria desejável que aquilo que chegássemos fosse algo positivo para ambas as partes, pelo menos o menos negativo possível para ambas as partes”.

Quanto à NATO, António Costa não quis comentar as polémicas afirmações do secretário-geral Mark Rute, que chamou “daddy” (paizinho) ao presidente Donald Trump e prometeu que “os europeus iam pagar à grande”, mas observa que a cimeira da semana passada resolveu as dúvidas que havia sobre a sua existência.

“Depois de vários meses em que havia dúvidas se a aliança transatlântica subsistia ou não subsistia, todos os parceiros expressaram a vontade de continuar juntos, reforçar o nosso relacionamento e acordaram novos objetivos para reforçar a Aliança Atlântica que, até prova em contrário, é a mais eficaz força de defesa coletiva que temos à escala global”, diz. Quanto aos Estados Unidos, garante: “Foram muito claros, se quiser, renovaram os seus votos precisamente nesta reunião da Aliança Atlântica.”

António Costa iniciou o seu mandato de dois anos e meio à frente do Conselho Europeu em 01 de dezembro de 2024, sendo o primeiro socialista e português neste cargo.

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