Apoios à classe média, benefícios fiscais e financiamento barato: os apelos do setor para a eficiência energética

Abranger a classe média, créditos fiscais e financiar a taxa zero são algumas das sugestões do setor para os apoios à eficiência.

Em 2025, abre-se um novo capítulo nos apoios estatais destinados à eficiência energética, que serão mais focados em famílias vulneráveis e deverão ser lançados durante o primeiro trimestre. As associações do setor, empresas e representantes dos consumidores apelam a uma maior abrangência e sugerem incentivos fiscais e financiamento mais barato.

São dois os novos programas que irão estrear no próximo ano: o E-Lar e o Bairros+Sustentáveis, ambos focados em famílias vulneráveis. E há um outro, lançado pelo anterior Governo, que “vai a prolongamento”: o Programa Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis.

A Associação Nacional de Fabricantes de Janelas Eficientes (ANFAGE) pede programas que abranjam toda a população, que permitam que o IVA — Imposto sobre o Valor Acrescentado a aplicar à instalação de janelas eficientes seja reduzido à taxa de 6% — como no caso dos ares condicionados e painéis solares — e que se introduzam benefícios fiscais em sede de IRS — Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares para os valores investidos na melhoria da qualidade térmica das habitações.

Consideramos que uma parte significativa da população portuguesa, embora não se enquadre nos critérios de pobreza económica, continua a ser fortemente afetada pela pobreza energética.

Mariana Ludovino

Porta-voz da Deco Proteste

“Consideramos que uma parte significativa da população portuguesa, embora não se enquadre nos critérios de pobreza económica, continua a ser fortemente afetada pela pobreza energética“, sublinha a porta-voz da Deco Proteste Mariana Ludovino, que defende “a necessidade de programas de financiamento mais previsíveis, contínuos e inclusivos”. “Casas frias no inverno e bastante quentes no verão, continuará a ser o denominador comum da maioria das habitações em Portugal” acusa, alinhada, a ANFAGE.

Tendo em conta a realidade da pobreza energética em Portugal, muito devido à má qualidade da construção, “devem ser criados programas dirigidos à classe média“, reforça, por seu lado, a Coopérnico, aferindo que estes indivíduos não têm disponibilidade para fazer obras de renovação para melhorar a eficiência energética sem o auxílio de apoios. Isto, sem deixar de apoiar as famílias vulneráveis.

Manuel Pina, diretor geral da energética Otovo em Portugal, assinala em jeito de crítica que modelos de subscrição de painéis solares, que podem ajudar a mitigar as dificuldades em avançar com um investimento inicial, foram excluídos dos incentivos públicos até ao momento.

Numa voz dissonante, apesar de reconhecer o “grave” problema de pobreza energética em Portugal, Sofia Barbosa, diretora de Assuntos Regulatórios da Greenvolt, entende que a instalação de painéis fotovoltaicos “usualmente não necessitam de apoios públicos”. Projetos de partilha de energia (autoconsumo coletivo) oferecem às famílias a possibilidade de consumir energia renovável mais barata sem fazer qualquer investimento, relembra a empresa, que comercializa estas soluções. No entanto, mesmo para a Greenvolt, existe uma exceção: “se quisermos integrar baterias nos projetos de energia renovável (…) então os apoios são necessários”, refere.

Novos programas com lacunas

A ANFAGE considera que o programa E-Lar “não é compreensível”, já que “nada tem que ver com a melhoria do conforto térmico das habitações“, uma vez que refere unicamente à compra de eletrodomésticos mais eficientes. “A colocação de aparelhos de ar condicionado só vai fazer aumentar a dependência e fatura energéticas, sem resolver o problema da má construção”, acusam os fabricantes de janelas.

A Coopérnico deixa também alguns reparos aos novos planos. A energética vê o E-Lar como “pouco ambicioso” por se dirigir apenas à substituição de eletrodomésticos. Na mesma linha, a Greenvolt vê como relevante incluir neste programa medidas de reabilitação das casas, como insulação térmica das fachadas e substituição de janelas por outras mais eficientes.

Numa visão mais favorável, a Greenvolt entende que o E-Lar pode contribuir para mitigar a pobreza energética, ao permitir a substituição de eletrodomésticos e assim gerar uma poupança na fatura de energia, ao mesmo tempo que possibilitam um consumo de energia que forneça um maior conforto térmico. O problema pode estar, por outro lado, nos resíduos criados com os equipamentos descartados.

Já o programa áreas urbanas sustentáveis foca-se apenas em bairros sociais e históricos, deixando de fora populações vulneráveis residentes noutros territórios, sublinha a Coopérnico.

Olhando aos programas anteriores, a Deco Proteste declara-se preocupada com a extinção do Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+S) “sem uma alternativa clara”. A ANFAGE considera o este programa um “sucesso”, pelo que defende que exista uma continuidade, e que seja melhorada a execução e reforçado o montante total.

A Coopérnico concorda que os programas anteriores tinham “aspetos muito positivos”, mas aponta “problemas na implementação” e “enormes atrasos”. A Otovo ecoa que “um dos maiores problemas” foi “o tempo que as candidaturas aos anteriores incentivos do Governo demoraram a ser avaliadas”, e sublinha que devem ser evitados requisitos processuais de difícil compreensão, que travam as candidaturas.

"Há um risco manifesto de descredibilização das medidas caso os apoios não sejam concedidos com celeridade.”

Sofia Barbosa

Diretora de Assuntos Regulatórios da Greenvolt

De forma a resolver os entraves mais burocráticos, a ANFAGE apela à melhoria do funcionamento da plataforma do Fundo Ambiental que se destina às candidaturas. “A maior parte das pessoas que contactaram a ANFAJE, considera-a pouco intuitiva, de resposta lenta e de difícil interpretação”. E refere a necessidade de melhoria do serviço de atendimento do E-Balcão.

Há um risco manifesto de descredibilização das medidas caso os apoios não sejam concedidos com celeridade“, alerta a Greenvolt. Por outro, a atraso na atribuição dos subsídios tem um outro efeito pernicioso que é a interrupção de projetos que poderiam seguir em frente sem os subsídios e que são adiados, entende a mesma empresa.

Lá fora, financiamento a taxa zero e créditos fiscais

A Otovo, que tem operações em 13 mercados do Velho Continente, afirma que os casos de maior sucesso de apoios à eficiência energética, a nível europeu, são o italiano e o espanhol. Em Itália, os incentivos cobriam 100% do investimento dos clientes e o reembolso era feito através de créditos em IRS. Em Espanha, apesar de não cobrirem a totalidade do investimento, os incentivos permitiam às famílias escolherem o modelo de aquisição, podendo optar pela subscrição, podendo assim beneficiar do apoio sob a forma de desconto no preço final a pagar, quer seja através da mensalidade ou de pagamento único. Desta forma, o cliente não necessitava ter o valor inicial para investir.

Já a ANFAGE destaca o caso de França, onde o programa Eco-Pret financiava estes investimentos, através da banca comercial com aval do Estado francês, com taxa de juro de 0% e com IVA reduzido. Na Alemanha, o Banco de Fomento público (KFW) financiou as melhorias na eficiência energética a taxas de juro próximas de 0%, que acumulavam com condições variáveis consoante os estados federais.

A Greenvolt espera ainda ver o setor público a dar o exemplo, seguindo as diretivas da União Europeia. A partir de final de 2026, no que se refere a edifícios públicos e de serviços, terá que ser a assegurada a instalação de energia solar de forma faseada nos edifícios novos e existentes. No caso de projetos de partilha de energia, o setor público será obrigado a alocar 10% da energia partilhada a famílias vulneráveis. “Para Portugal, este será um aspeto importante a considerar”, balança a diretora de Assuntos Regulatórios da Greenvolt.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Garantia pública está a ser usada por jovens que não precisam da ajuda do Estado para comprar casa

Jovens com e sem poupanças estão a aproveitar o financiamento a 100% da garantia pública para comprar casa, ao mesmo tempo que os vendedores estão também a flexibilizar as condições de compra.

A garantia pública para o crédito à habitação jovem, que está disponível desde o início do ano, está a “abanar” o mercado bancário e também o mercado da habitação. Desde logo porque, contrariamente às expectativas do Governo, esta medida não só está a beneficiar jovens sem poupanças, mas, principalmente, está a ser estrategicamente aproveitada por aqueles que dispõem de capitais próprios suficientes para a entrada de um crédito à habitação sem necessitarem da “ajuda” do Estado.

“Muitos dos jovens que estão à procura de casa, mesmo quando têm capitais para darem como entrada do crédito à habitação, estão a optar por recorrer à garantia pública para obterem financiamento a 100%”, refere Carla Correia, gerente da ERA de Rio Tinto, que conta fechar janeiro com 12 escrituras ao abrigo da garantia pública (cerca de 30% do total) e duplicar esse número em fevereiro, “tal tem sido a procura”.

Hugo Pinheiro, CEO da empresa de intermediação de crédito Credível, confirma esta tendência. “Temos de tudo: uns têm capitais próprios, mas querem ficar com o dinheiro para realizar pequenas obras, mobilar a casa ou simplesmente para terem um fundo de emergência, e outros não têm mesmo dinheiro praticamente nenhum e até têm de pedir emprestado a familiares para pagar o sinal do CPCV [contrato promessa compra e venda].”

Esta realidade levanta questões sobre o verdadeiro impacto da garantia pública e se está a cumprir o seu propósito original que, segundo a Portaria que a regula, deve servir como apoio aos jovens que, apesar de terem rendimentos para pagar a prestação do crédito à habitação, não têm poupanças suficientes para avançarem com 10% ou 20% como entrada do negócio, como é exigido pela banca nos contratos comuns.

Júlio Quintela, COO da Zome, também sublinha estas tendências no mercado. Embora confirme que é cada vez mais comum os jovens com capacidade financeira para dar uma entrada inicial optarem pela garantia pública, por verem este apoio como “uma oportunidade para maximizar a liquidez disponível”, estes jovens “não representam a maioria”.

Garantia pública “contorna” sinal para garantir a casa

A implementação da garantia pública está também a desencadear uma transformação nas práticas estabelecidas do mercado imobiliário nacional. Uma dessas mudanças mais significativas e imediatas é a flexibilização das condições de compra, especialmente no que diz respeito ao sinal tradicionalmente exigido para “segurar” um imóvel, que tradicionalmente ronda 10% a 20% do valor do imóvel, referem os especialistas da área.

“Há casos em que não há sinalização e a venda passa logo para a fase da escritura, e não são tão raros quanto isso”, refere Manuel Alvarez, presidente da Remax Portugal, sublinhando que a garantia pública “tem sido promotora de muitos bons negócios.”

Esta flexibilidade por parte dos vendedores reflete uma adaptação rápida e necessária às novas condições do mercado, especialmente quando se trata de compradores jovens que recorrem à garantia pública. “Grande parte dos vendedores, se garantirmos que temos o crédito aprovado, estão recetivos a não pedirem sinal” refere Carla Correia, salientando, contudo, que, “se o crédito não está garantido, não temos recetividade dos vendedores.”

A garantia pública para o crédito à habitação jovem está a mexer com o mercado. Se por um lado está a democratizar o acesso à habitação própria, por outro, está a criar um cenário onde os limites entre necessidade e oportunismo tornam-se cada vez mais ténues.

“Em muitos casos, os vendedores, ao lidarem com compradores que recorrem à garantia pública e apresentam poucas ou nenhumas poupanças, estão a adaptar-se à realidade do mercado”, revela também Júlio Quintela, destacando ainda que “isso tem levado alguns a optarem por fixar um valor simbólico de reserva, em vez de exigir o tradicional sinal elevado associado ao CPCV.”

No entanto, é importante salientar que qualquer adiantamento que seja feito para “segurar” a casa não condiciona em nada o financiamento a 100% do negócio, por via da contratualização do crédito à habitação através da garantia pública.

Nas situações em que, previamente à celebração de um contrato de crédito à habitação, se verifica um adiantamento de um valor para garantir a casa, “o que tipicamente sucede é que, na data de contratação do crédito à habitação, o crédito relativo ao sinal é integrado no crédito à habitação”, esclarece o Banco de Portugal, porque o crédito à habitação solicitado junto do banco pode ser feito até 100% do valor da transação.

Bancos registam forte adesão dos jovens

A liberdade com que a garantia pública está a ser empregue tem levado a que a sua adesão esteja a ser feita a bom ritmo. O Santander Totta, por exemplo, já registou “mais de 1.000 pedidos que correspondem a mais de 200 milhões de euros de crédito hipotecário”, refere fonte oficial do banco ao ECO.

O Novobanco também reporta uma adesão positiva, com “cerca de 300 propostas com um crescimento diário evidente” e o Banco BPI revela que já ultrapassou os 200 pedidos, “num total superior a 40 milhões de euros” de crédito bancário.

Esta forte procura enquadra-se no envelope financeiro de 1,2 mil milhões de euros que o Governo reservou para a garantia pública que se destina a jovens entre os 18 e os 35 anos que pretendam adquirir a sua primeira habitação própria permanente.

Os candidatos devem ter domicílio fiscal em Portugal, auferir rendimentos que não ultrapassem o 8.º escalão do IRS (até cerca de 80 mil euros de rendimento coletável anual) e não ser proprietário de qualquer outro imóvel habitacional.

Cumprindo estes requisitos, o Estado garante até 15% do valor da transação do imóvel, com um limite máximo de 450 mil euros, funcionando assim como uma fiança, permitindo aos bancos concederem financiamento até 100% do valor do imóvel – mas desde que a prestação do crédito não ultrapasse 50% dos rendimentos dos mutuários, conforme é exigido por uma das medidas macroprudenciais do Banco de Portugal (a LTV).

A garantia pública para o crédito à habitação jovem está a mexer com o mercado. Se por um lado está a democratizar o acesso à habitação própria, por outro, está a criar um cenário onde os limites entre necessidade e oportunismo tornam-se cada vez mais ténues.

O verdadeiro teste virá quando as taxas de juro eventualmente subirem ou o mercado de trabalho enfrentar desafios. Nesse momento, saber-se-á se esta política habitacional foi verdadeiramente um trampolim para a independência financeira dos jovens ou um alçapão de dívida a longo prazo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Arábia Saudita lidera a recuperação do turismo em 2024 com um crescimento de quase 70%

  • Servimedia
  • 24 Janeiro 2025

O país organizou eventos de interesse internacional, como a Cimeira Mundial do Turismo ou a Cimeira Internacional sobre Inteligência Artificial, promovendo a visita de turistas.

A Arábia Saudita tem-se afirmado como um ator fundamental na recuperação do turismo internacional, atingindo níveis superiores aos registados antes da pandemia de covid-19. De acordo com o último Barómetro Mundial do Turismo da OMT, o país registou um crescimento de 69% nas chegadas internacionais em comparação com o mesmo período de 2019, refletindo a sua forte recuperação e o posicionamento global no setor do turismo.

O Ministério do Turismo saudita destaca ainda a crescente contribuição do turismo para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, consolidando-o como um motor essencial para o desenvolvimento económico do país. Mais especificamente, o gasto médio por visitante disparou, com um aumento de 148% em relação a 2019, refletindo o sucesso das suas estratégias para atrair turistas e impulsionar as experiências disponíveis.

Estes números evidenciam a diversificação económica do país, em linha com o plano estratégico Visão2030. Um dos objetivos deste plano é acolher 150 milhões de turistas até 2030, uma meta que se está a materializar graças a investimentos em infra-estruturas, novos destinos e ao reforço das ligações aéreas. Além disso, a organização de eventos de relevância internacional, como a Cimeira Mundial do Turismo e a Cimeira Internacional GAIN sobre Inteligência Artificial, reforçaram o papel da Arábia Saudita como um local internacional para eventos globais.

A nível regional, o Médio Oriente também registou um crescimento do turismo internacional, atingindo 95 milhões de chegadas, continuando a ser a região com melhor desempenho. Durante os primeiros nove meses de 2024, as chegadas internacionais foram 32% superiores aos níveis pré-pandémicos e 1% superiores aos de 2023, de acordo com o relatório da OMT.

Globalmente, estima-se que mais de 1,4 mil milhões de turistas tenham viajado internacionalmente em 2024, praticamente uma recuperação total dos níveis pré-pandémicos (99%) e 11% superior a 2023. A procura pós-pandémica, a recuperação nos países de origem e os destinos da Ásia-Pacífico contribuíram para este aumento.

Prevê-se que esta tendência se mantenha até 2025, impulsionada pela elevada procura, que está a ajudar os destinos tradicionais e emergentes a continuarem a desenvolver-se. A este respeito, prevê-se que as chegadas de turistas internacionais cresçam de 3% a 5% este ano.

Neste contexto, a Arábia Saudita reafirma-se não só como um dos principais motores do crescimento do turismo, mas também como um exemplo de como o planeamento estratégico e consciente pode transformar o setor, impulsionando a recuperação económica e promovendo o desenvolvimento sustentável a nível global.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 24 Janeiro 2025

No último dia do Fórum Económico Mundial de Davos, na Assembleia da República discute-se a lei dos solos. Em Bruxelas, a ministra do Ambiente é recebida pela comissária europeia.

No último dia do Fórum Económico Mundial de Davos, discute-se na Assembleia da República a lei dos solos e Lacerda Sales é ouvido no caso das gémeas. Em Bruxelas, a ministra Maria da Graça Carvalho reúne com a comissária europeia do Ambiente e são divulgados dados sobre a atividade económica da Zona Euro.

Último dia do Fórum Económico Mundial em Davos

A 55.ª edição do fórum juntou líderes políticos, económicos e empresariais e da sociedade civil, que juntou cerca de 60 chefes de Estado e de Governo e 900 líderes de grandes empresas, termina esta sexta-feira ao fim de três dias de cimeira. O dia ficará marcado pela intervenção de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu.

Parlamento aprecia lei dos solos

As alterações do Governo à lei dos solos vão voltar a estar no topo da agenda e ser tema de debate na Assembleia da República. Esta sexta-feira, o Parlamento vai apreciar diploma a pedido do BE, PCP, Livre e PAN. Do lado do Governo já foi dada a garantia de que há “total abertura” para rever as alterações e acomodar as sugestões do PS, assegurando, desta forma, o apoio necessário para assegurar a vigência da lei.

Como está a atividade económica da Zona Euro?

Esta sexta-feira serão conhecidos os dados do Índice de Gestores de Compras, um dos principais indicadores económicos dos setores da manufatura, da construção e dos serviços na zona euro. A primeira leitura rápida dos dados globais do PMI referente ao mês de janeiro, será divulgada pela S&P Global. Será divulgado também o PMI referente aos Estados Unidos, França e Alemanha.

Ministra do Ambiente em Bruxelas

A Comissária para o Ambiente Resiliência Hídrica e Economia Circular Competitiva, Jessika Roswall, recebe esta sexta-feira a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, em Bruxelas. As duas governantes vão abordar temas ligados à resiliência hídrica, a Lei do Restauro da Natureza e ainda as zonas Especiais de Conservação.

Caso das gémeas: Lacerda Sales vai ao Parlamento

O ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales vai voltar a ser ouvido na comissão de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras esta sexta-feira depois de já ter prestado declarações a 17 de junho de 2024. Naquela audição, o ex-governante que é também arguido no caso, disse não estar disponível para “servir de bode expiatório num processo político-mediático a qualquer custo” no caso das crianças tratadas com medicamento Zolgensma no Hospital Santa Maria (Lisboa) em 2020.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Preços, botão de pânico e direitos dos motoristas. Lei dos TVDE regressa ao Parlamento

Lei dos veículos TVDE regressa esta sexta-feira ao Parlamento, com a votação de propostas de PSD, CDS, Chega, IL, BE e PCP, que vão da suspensão de licenças a mexidas nos preços.

Há mais de dez anos que é possível apanhar “boleia” através da Uber em Portugal. Mas só há seis anos é que há uma lei que regulamenta a atividade do transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataformas eletrónicas. Agora, essas regras estão de volta ao Parlamento, com propostas de PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal, BE e PCP, que tocam em várias áreas, dos preços aos direitos dos motoristas. Para esta sexta-feira, está marcada a votação na generalidade.

Foi em 2014 que a Uber chegou a Portugal. Seguiram-se outras plataformas, como a Bolt, e o mercado cresceu. Tanto que haveria de ser criada uma lei especificamente dirigida a esta atividade, no verão de 2018, cujo primeiro balanço foi feito, em 2021, pelo Instituto da Mobilidade dos Transportes (IMT). Na altura, um dos reparos era a necessidade de melhorar a qualidade do serviço da fiscalização, a par de um apelo a critérios mais exigentes para a certificação dos motoristas.

Essa avaliação não resultou em mudanças na lei, mas as regras podem estar prestes a ser alteradas agora. É que vários partidos (incluindo o PSD) entregaram projetos de lei nesse sentido no Parlamento, cuja votação na generalidade está marcada para esta sexta-feira.

No diploma do PSD que vai a votos, os deputados defendem que “é necessário adequar a lei atual ao novo contexto e acolher algumas reivindicações, quer da parte de operadores e motoristas de TVDE, quer dos seus utilizadores, que se alinhem com objetivos de bem-estar geral”. E, para isso, prepararam dez propostas.

São elas permitir que veículos registados como táxis estejam habilitados a registo simultâneo em TVDE, entregar a certificação e avaliação dos motoristas ao IMT, dispensar de cursos de formação e certificados de motorista de TVDE os detentores de certificados de motorista de táxi, subir o limite de idade da viatura afeta a TVDE de sete para dez anos (ou 12 anos, no caso dos veículos elétricos) e permitir a publicidade no exterior e interior das viaturas (conforme já é permitido em transportes públicos e táxis).

O PSD quer também eliminar os limites à tarifa dinâmica (hoje o limite é o correspondente a 100% do valor médio cobrado pelos serviços prestados nas 72 horas imediatamente anteriores), considerando que essas restrições “economicamente não são justificáveis“.

Conscientes de que o requisito de que os motoristas falem português pode ser relevante para um segmento de utilizadores de TVDE, pretende-se com esta alteração permitir que os mesmos possam escolher motoristas que falem português.

GP PSD

Outra das proposta da bancada social-democrata é a obrigatoriedade de todas as plataformas de TVDE adotarem partilha de dados em tempo real na plataforma anunciada pelo IMT, bem como a obrigatoriedade de as plataformas implementarem a possibilidade dos utilizadores selecionarem o português como língua do motorista. “Conscientes de que o requisito de que os motoristas falem português pode ser relevante para um segmento de utilizadores de TVDE, pretende-se com esta alteração permitir que os mesmos possam escolher motoristas que falem português”, explicam os deputados.

O PSD defende também a instalação de botões de pânico quer para utentes, quer para os motoristas, face ao “aumento dos episódios de violência durante a prestação de serviço”. E o fim da proibição de os motoristas avaliarem os utilizadores, já que Portugal é o único país onde existe esse travão.

Chega e IL acompanham publicidade nos TVDE

As propostas do PSD já referidas encontram eco em vários dos outros projetos entregues no Parlamento, que vão a votos esta manhã. Por exemplo, no que diz respeito a criar a possibilidade de os TVDE terem publicidade, tanto o Iniciativa Liberal, como o Chega defendem-no.

“Tal como nos outros transportes, os veículos TVDE devem poder beneficiar do uso de publicidade para financiar as operações“, sublinham os liberais. “Permite-se a colocação de publicidade dentro dos veículos TVDE, configurando um contributo para fazer face às despesas inerentes da atividade“, concorda a bancada do Chega.

Outras das matérias em que há alinhamento é na possibilidade de os motoristas avaliarem os utilizadores, como o Iniciativa Liberal a atirar que “não faz sentido” que assim não seja, já que tal poderá criar “uma relação mais equilibrada entre o prestador de serviços e o utilizador“.

O estabelecimento do preço deve ser verdadeiramente livre: as tarifas dinâmicas incentivam à resposta em situações de pico.

GP IL

Também no que diz respeito aos preços, os liberais convergem, de modo geral, com o grupo social-democrata, considerando que os preços devem ser “verdadeiramente livres”. “Quanto mais limitadas forem, menos escolha existe para os consumidores e menos compensação existe para os motoristas. Assim o é em todos os mercados e este não é exceção”, lê-se no projeto, que prevê também a possibilidade de os motoristas se inscreverem diretamente na plataforma sem qualquer intermediação.

Já quanto à certificação, os liberais querem introduzir a obrigatoriedade do exame que certifica os motoristas TVDE ser
desenvolvido e realizado pelo IMT, medida com a qual concorda, como já referido, o PSD.

PCP pede suspensão das licenças. BE olha para direitos

Regime legal dos TVDE será discutido no ParlamentoRODRIGO ANTUNES/LUSA

Não é só da direita que partem as propostas que serão discutidas e votadas esta sexta-feira. A esquerda também vai a jogo. O PCP foca-se na suspensão da atribuição de licenças até à conclusão do processo de avaliação e revisão do regime, enquanto o Bloco de Esquerda põe o acento tónico nos direitos dos trabalhadores.

“São evidentes as consequências negativas da introdução e aplicação da lei em vigor para o TVDE. A lei como está não agrada a quase ninguém: não agrada a motoristas e restantes profissionais do TVDE; não agrada ao setor do táxi; não agrada às autarquias; não agrada aos clientes nem às Associações de Defesa dos Consumidores”, realça o projeto de lei comunista.

Nesse diploma, os comunistas apenas propõem oficialmente a tal suspensão da atribuição de licenças, mas deixam já “pistas” quanto ao que gostariam de ver na revisão da lei em causa: um regime que “garante o direito a salário, direitos e qualidade de vida” dos trabalhadores, dar às autarquias a competência de regularem a atividade, reduzir o número de carros a operar e “retirar às multinacionais os instrumentos para fazerem qualquer tipo de dumping“.

A lei como está não agrada a quase ninguém: não agrada a motoristas e restantes profissionais do TVDE; não agrada ao sector do táxi; não agrada às autarquias; não agrada aos clientes nem às Associações de Defesa dos Consumidores.

GP PCP

Por sua vez, o Bloco de Esquerda entregou não um projeto de lei, mas um projeto de resolução, pelo que não mexe diretamente na lei, mas, antes, faz recomendações ao Governo no sentido de garantir os “direitos dos estafetas e dos motoristas de TVDE“.

Entre as recomendações bloquistas está, à semelhança do PCP, a da suspensão das licenças até à revisão da lei em causa. Mas também a fixação de valores absolutos para as tarifas base (mínimo de três euros a que se soma o valor por quilómetro para cada serviço de entrega e mínimo de 4,25 euros por cada serviço de transporte de passageiro), o estabelecimento da taxa máxima de intermediação em 15% do valor da viagem e a exigência de que as plataformas tenham espaços de atendimento presencial em cada capital de distrito onde seja desenvolvida a atividade.

No seu projeto, o Bloco de Esquerda lembra também que, desde 2023, que a lei do trabalho abre a porta a que os estafetas sejam considerados trabalhadores das plataformas digitais. Há que notar, porém, que também essas regras poderão ser alteradas em 2025, ano que promete ser, assim, marcado por grande discussão em torno da lei do trabalho (nas plataformas e não só).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Empréstimo do BEI para obras em escolas só na Primavera

BEI vai exigir a "implementação de um sistema de informação que possa ligar municípios, CCDR, AD&C e Ministério das Finanças para que toda a informação flua”, explica Hélder Reis.

O empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI) para alargar as obras de reabilitação e recuperação de 75 para 451 escolas só deverá ser fechado na Primavera. Ainda é necessário montar primeiro um sistema de informação que ligue municípios, Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), Agência para o Desenvolvimento & Coesão (AD&C) e Ministério das Finanças. Uma exigência da instituição para projetos com este nível de complexidade.

No Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) estão reservados 450 milhões de euros para a construção ou reabilitação de 75 escolas. Mas, no âmbito do processo de descentralização de competências, a lista foi alargada a 451 escolas. Para as financiar está a ser negociado um empréstimo com o BEI. Apesar de o banco não revelar o valor do empréstimo, nem do custo global do projeto, o Governo de António Costa autorizou, no final de 2023, a contratação de um empréstimo de 1.159 milhões de euros junto do BEI para esta finalidade.

Esta verba será transferida para os municípios, a fundo perdido, para o financiamento das escolas que não tenham o apoio de fundos europeus. O objetivo é garantir o financiamento integral do investimento dos municípios, incluindo o reembolso do IVA.

Estamos a trabalhar com o BEI, esperamos que na Primavera haja uma boa nova, sobre a questão”, disse o secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, no Parlamento, na audição regimental ao ministro da Coesão, na terça-feira.

“A operação em causa encontra-se em fase de aprovação, depois de realizada uma avaliação aprofundada do projeto, que inclui uma análise técnica detalhada, avaliação económica e financeira, estudos de impacto ambiental e social e a revisão dos riscos associados à operação”, confirmou, por seu turno ao ECO, fonte oficial do BEI.

E ao que o ECO apurou está tudo “muito bem encaminhado”, não se “antevendo volte-faces”, o que indicia que a operação seja fechada na Primavera. No entanto, isto já representa um atraso face à expectativa do Executivo. Em junho do ano passado, o ministro Castro Almeida estava “convencido” que teria o acordo assinado com o BEI até ao final de 2024.

A demora prende-se com o facto de a instituição exigir a implementação de um sistema de informação, habitual neste tipo de operações mais complexas e que envolvem diferentes interlocutores.

Estamos neste momento a articular com o BEI a necessidade de construir um sistema de informação que possa ligar municípios, CCDR, AD&C e Ministério das Finanças para que toda a informação flua”, explicou Hélder Reis na mesma audição.

Aguardamos que os técnicos do BEI venham reunir com a AD&C para desenhar esse sistema de informação que vai alimentar todo o fluxo de informação”, acrescentou o responsável.

“Ao longo do ciclo da operação, o banco requer informação sobre o progresso dos projetos a financiar, tendo-se disponibilizado para apoiar o desenvolvimento em conjunto com a República Portuguesa de um sistema de informação que permita agilizar esse processo, tal como acontece habitualmente para outros projetos”, explicou fonte oficial do BEI.

Este sistema de informação, que é parcialmente financiado pelo BEI, pode depois servir para fazer o acompanhamento do projeto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Falta de licenças ‘trava’ venda do Hospital da Cruz Vermelha

Hospital tem apenas a unidade de diálise licenciada e adianta que está a trabalhar com o regulador para concluir processos de licenciamento em falta. Fechou 2024 com prejuízos de 3,7 milhões.

Parpública e Santa Casa estão neste momento a avaliar as opções para o futuro do Hospital da Cruz Vermelha, depois de fracassada a venda da sociedade gestora. O processo atraiu interessados, mas as propostas ficaram muito aquém das condições desejadas pelos vendedores, pelo que a operação caiu. Desfecho para o qual contribuiu, como um dos principais fatores, o facto de o hospital não ter todas as licenças para operar, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

As fontes consultadas pelo ECO apontam no mesmo sentido: para obter os licenciamentos necessários o hospital precisará de obras de fundo, senão mesmo uma construção de raiz, para cumprir os requisitos da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

Atualmente, o Hospital da Cruz Vermelha apenas tem a unidade de diálise licenciada, conforme se pode verificar através de uma consulta ao portal do regulador. Sem o devido licenciamento, o hospital arrisca multas da entidade reguladora que podem ir até à suspensão da atividade.

Contactada pelo ECO, a Parpública – que controla 45% da sociedade gestora do hospital; 54,79% pertencem à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) – não vai além do despacho publicado no início do ano a dar conta do fim do processo sem a venda adjudicada a nenhum candidato pois as ofertas não tinham “as condições necessárias” para proteger o “interesse patrimonial” dos dois acionistas.

Já o Hospital da Cruz Vermelha adiantou ao ECO que “beneficia, nos termos legais, do prazo de adaptação de cinco anos previsto nos regimes de licenciamento, o qual pode permitir concluir os processos ainda em previsão de execução até 2029”, assegurando que “tem trabalhado “com as entidades oficiais, nomeadamente, com a ERS para implementar, progressivamente, as medidas corretivas e de adaptação adequadas”.

Ainda assim, sublinhou que o processo de licenciamento das tipologias do hospital também tem enquadramento “ao nível das infraestruturas e ao nível da capacidade financeira para intervenções nas instalações, sobretudo no edifício principal, de construção de há cerca de 60 anos”.

Também questionada pelo ECO sobre a falta de licenças, a entidade reguladora refere que “no âmbito do licenciamento estão a ser adotadas, à luz das atribuições da ERS, as medidas tidas por adequadas”.

Na corrida pelo Hospital da Cruz Vermelha estiveram três grupos de saúde: Sanfil Medicina, Trofa Saúde e ainda o Lusíadas. Ao longo do processo o ECO questionou as três entidades mas não responderam ou preferiram não comentar as questões sobre o hospital.

Vendas de 35 milhões em 2024, breakeven em 2025

A atravessar um quadro financeiro desafiante, o Hospital da Cruz Vermelha voltou a apresentar resultados negativos no ano passado: -3,7 milhões de euros, após os prejuízos de 4,2 milhões em 2023. Desde 2019 acumula prejuízos de 30 milhões, mas prevê este ano uma melhoria ao ponto de atingir o breakeven, segundo adiantou fonte oficial do hospital ao ECO.

As vendas e prestações de serviços atingiram os 34,8 milhões de euros em 2024, correspondendo a uma subida de 13% em comparação com o ano anterior. O hospital tem vindo a recuperar atividade nos últimos anos. Em 2021 estava a faturar 40% menos.

O hospital avança ao ECO que “não existe nenhum motivo” para que o falhanço da venda tenha impacto na atividade, “sendo previsível a continuidade da recuperação em curso, a qual permitirá atingir o equilíbrio operacional ao longo de 2025”.

Acumula prejuízos de 30 milhões em seis anos

Fonte: Hospital da Cruz Vermelha

Para esta recuperação tem sido fulcral o apoio financeiro dos acionistas, sobretudo da parte da Parpública, que tem vindo a injetar dinheiro na tesouraria do hospital.

Em face das dificuldades que a própria SCML atravessa, foi assinado um acordo para a Parpública adiantar os fundos que deveriam ser aportados pela Santa Casa, que devolverá com juros a partir deste mês.

O hospital chegou a receber um milhão de euros por mês dos acionistas, mas as necessidades estão a aliviar à medida que recupera atividade, disse uma fonte ao ECO. Tanto a Parpública como o hospital não adiantaram qualquer informação sobre os valores envolvidos até ao momento. E também não responderam sobre o futuro da administração do hospital liderada pelo ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes, cujo mandato terminou no final do ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Negócio fechado. Auchan cumpre “remédios” impostos pela Concorrência para comprar Minipreço

Grupo francês completa desinvestimento nas cinco zonas suscetíveis de levantar problemas de concorrência. Regulador nomeia “intermediário independente para franquia que ainda não está resolvida”.

Ano e meio depois de ter sido anunciada, a compra de 100% da operação do grupo Dia em Portugal está finalmente concluída, depois de a Auchan cumprir os “remédios” que foram impostos pela Autoridade da Concorrência (AdC) para dar luz verde ao negócio avaliado em 155 milhões de euros e que forma a sexta maior retalhista alimentar do país, a seguir ao Continente, Pingo Doce, Lidl e Mercadona, com cerca de 580 lojas e 11 mil trabalhadores no país.

Na deliberação em que “adotou uma decisão de não oposição com condições e obrigações” nesta operação de concentração, o regulador identificou cinco zonas nos concelhos de Aguiar da Beira, Ansião, Castelo Branco, Moimenta da Beira e Sabugal como suscetíveis de levantar problemas de concorrência porque a quota combinada dos franquiados das duas insígnias poderia ultrapassar os 40%.

Para “excluir totalmente a suscetibilidade da operação de concentração gerar entraves significativos para a concorrência efetiva nessas localidades”, obrigou o grupo francês a “intermediar” a celebração de contratos entre os franquiados nessas regiões e uma insígnia concorrente, “sem exigência de qualquer contrapartida financeira e, em qualquer circunstância, sem ter acesso a informação sensível relativamente aos detalhes das negociações ou dos contratos”.

Em quatro das cinco zonas identificadas, a situação está já ultrapassada, restando uma para a qual entrará em funções, a partir de 24 de janeiro de 2025, um intermediário independente aprovado pela Autoridade da Concorrência.

Fonte oficial da Autoridade da Concorrência

A Auchan Retail Portugal, liderada por Pedro Cid, não conseguiu fechar esse dossiê no prazo inicial de seis meses, que terminou em meados de outubro, tendo nessa altura pedido a prorrogação por três meses para completar esse desinvestimento. Esse período adicional termina precisamente esta sexta-feira, com a AdC a confirmar ao ECO que o antigo Jumbo já cumpriu as condições impostas para o fecho do negócio.

“Em quatro das cinco zonas identificadas, a situação está já ultrapassada, restando uma para a qual entrará em funções, a partir de 24 de janeiro de 2025, um intermediário independente aprovado pela AdC”, respondeu ao ECO fonte oficial da entidade liderada por Nuno Cunha Rodrigues. “O passo seguinte é a nomeação de um intermediário independente para a franquia que ainda não está resolvida”, acrescentou.


Com esta transação que tem no perímetro 489 lojas Minipreço e Mais Perto (próprias ou em regime de franchising), além de vários armazéns e um conjunto de 30 gasolineiras, e prevê a integração de um universo de 2.650 trabalhadores, o grupo de origem francesa reforça a posição no formato de proximidade, em que já opera com a marca MyAuchan. Já prometeu investir outros 100 milhões de euros no desenvolvimento e modernização das lojas Minipreço, que começará a executar no segundo trimestre deste ano e completará em três anos.

Do total de lojas compradas ao grupo espanhol pela Auchan, que não respondeu ao pedido de esclarecimentos do ECO até à hora de fecho deste artigo, mais de 50% operam em regime de franchising.

É a mais antiga e uma das maiores redes nacionais de franquia alimentar. Em outubro, quando recusou responsabilidades no fecho de dois supermercados Minipreço no Porto e Matosinhos por parte de franqueados da marca, o grupo disse ao ECO que encerrou apenas uma loja própria Minipreço em “resultado da obrigatoriedade imposta pela Autoridade da Concorrência”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nova SBE cria laboratório para ajudar a resolver “problema de produtividade” do país

Instituto de políticas públicas da Nova SBE lança o laboratório de produtividade. Principal indicador de desempenho será influência das políticas públicas, explica o diretor académico Luís Cabral.

Portugal “tem tudo para ser uma economia de ponta, mas não é”. Porquê? O “problema da produtividade” está a travar esse salto, argumenta Luís Cabral, diretor académico do Instituto de Políticas Públicas da Nova SBE, que esta sexta-feira lança um novo laboratório especificamente dedicado a esse tema. O objetivo, explica ao ECO o também professor universitário, é produzir investigação que ajude os decisores políticos a desbloquear essa situação.

“O laboratório produzirá um conjunto de iniciativas e estudos com vista a tentar compreender melhor quais são as principais componentes da variação do crescimento do nível de produtividade em Portugal e em que medida é que as políticas públicas podem favorecer esse crescimento”, salienta Luís Cabral.

Na visão deste economista, o nível de produtividade em Portugal “tem crescido, mas pouco e muito devagar”. “Continuamos com níveis relativamente baixos“, sublinha o diretor académico.

“Temos bons recursos, tanto recursos físicos (como infraestruturas), como recursos humanos, mas a riqueza de recursos não corresponde a uma riqueza de prestação da economia“, assinala o mesmo.

Ao ECO, Luís Cabral indica que “há vários motivos” para esse fosso entre o que Portugal poderia ser e o que é, a começar pela qualidade da gestão “que não é tão boa quanto poderia ser” e pelo “emparelhamento entre os trabalhadores e as empresas” que deixa a desejar, sem esquecer os custos de contexto, que “dificultam muito a atividade das empresas”.

Temos bons recursos, tanto recursos físicos (como infraestruturas), como recursos humanos, mas a riqueza de recursos não corresponde a uma riqueza de prestação da economia.

Luís Cabral

Diretor académico do instituto de políticas públicas da Nova SBE

Segundo o professor, o novo laboratório (criado com o apoio da Fundação Haddad) não servirá apenas para traçar em detalhe esse cenário, mas também para propor soluções. “Gostaríamos de propor políticas públicas concretas nesse sentido. O nosso principal indicador de performance é conseguirmos influenciar, de alguma forma, as políticas públicas“, explica o diretor académico, que garante que “ficará contente” se, pelo menos, os decisores políticos “prestarem atenção às recomendações e aos estudos”.

A propósito, as áreas de estudo vão incluir: a realocação de recursos entre organizações como motor de aumento de produtividade, a produtividade no setor público, e o papel da educação e formação no aumento da produtividade do trabalho.

E os primeiros resultados deste laboratório deverão ser conhecidos em dezembro, mas a ideia é prolongar o trabalho durante vários anos, até porque o acesso aos microdados necessários “é normalmente restrito”, realça Luís Cabral, em conversa com o ECO.

Para já, o laboratório lança-se em três iniciativas: calls junto dos investigadores da Nova SBE para o desenvolvimento de projetos de investigação-ação; Workshops para análise de problemas e identificação de soluções; E mobilização, capacitação e envolvimento de policy makers relevantes para a necessidade de disponibilização de melhores microdados.

“A ideia é fazer investigação que seja acionável, que possa ser aplicável e não seja apenas um trabalho académico”, remata Luís Cabral, que promete trabalho feito a um ritmo compatível com o dos decisores políticos, para que a academia não se feche, uma vez mais, na sua “torre de marfim”, declara.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

+M

Partidos divididos quanto à inclusão do jornalismo no estatuto de utilidade pública

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2025

BE e Livre defendem a inclusão do jornalismo sem fins lucrativos no estatuto de utilidade pública. Chega alerta que pode pôr “em risco a separação entre o jornalismo e poder político”.

Os partidos com assento parlamentar mostraram-se divididos esta quinta-feira quanto à inclusão do jornalismo sem fins lucrativos no estatuto de utilidade pública, destacando-se reservas face ao risco de surgirem entidades para defender interesses privados ou políticos.

O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) apresentou, em 10 de janeiro, um projeto de lei para incluir o jornalismo sem fins lucrativos na lei-quadro do estatuto de utilidade pública. Já em 18 de setembro de 2024, o Livre apresentou um projeto neste sentido, assinalando que o setor do jornalismo enfrenta, atualmente, “uma grave crise a que importa dar resposta”.

No debate desta quinta, na Assembleia da República, a deputada do Livre Filipa Pinto afirmou que é devida uma palavra de agradecimento profundo aos “resistentes que se dedicam ao jornalismo sem fins lucrativos”. A deputada assegurou que o Livre quer contribuir para esta missão, criticando o “caderno de intenções” do Governo, que disse ter vindo a desprezar o setor.

Joana Mortágua do BE assinalou que a degradação das condições de trabalho dos jornalistas “não é alheia à onda de desinformação”, sublinhando que um jornalismo rigoroso é fundamental para a salvaguarda da democracia. Para o BE, num ecossistema de comunicação cada vez mais concentrado e menos transparente, apoiar projetos sem fins lucrativos “é apoiar o jornalismo transparente”.

Por sua vez, o deputado António Filipe do PCP adiantou que o partido vai votar favoravelmente os projetos de lei apresentados, mas disse não ter ilusões relativamente à situação por que passa o setor da comunicação social, “marcado por uma enorme concentração financeira”.

Já Paulo Núncio do CDS-PP referiu que a comunicação social é um pilar da democracia e que o PS “há anos vem carpindo, mas nada fez”, acrescentando que com as propostas do Governo da Aliança Democrática o setor terá incentivos para garantir a sua sustentabilidade.

Rodrigo Saraiva da Iniciativa Liberal (IL) disse que a imprensa é o quarto poder, “essencial num estado democrático”, adiantando que não vai chumbar estas propostas. Contudo, assinalou que todo o jornalismo independente deveria ser incluído neste estatuto, uma vez que o privado “não pode ser só bom para o mecenato”.

A deputada Inês Sousa Real (PAN) sublinhou que a crise nos meios de comunicação abriu a porta para um ruído, que tem afetado a liberdade de imprensa e até a democracia, criando “terreno fértil para a desinformação”.

Por último, Patrícia Carvalho (Chega) disse ser indiscutível o valor do jornalismo sem fins lucrativos, que defendeu ser “o que honra a classe profissional”, mas mostrou algumas dúvidas quanto ao impacto da inclusão desta atividade no estatuto, uma vez que pode pôr “em risco a separação entre o jornalismo e poder político”.

Na sessão de encerramento deste debate, Clara Sousa Alves (PSD) alertou para o risco de surgirem entidades, “criadas por partidos ou sindicatos”, para usar benefícios fiscais, de modo a promover agendas próprias.

Rui Tavares do Livre destacou que o jornalismo não lucrativo foi o único deixado de fora do plano de ajudas do Governo para o setor, vincando que só existe desonra em jornais usados para fins políticos, refutando a afirmação do Chega de que o jornalismo sem fins lucrativos é que honra a classe.

José Maria Costa (PS) considerou que o Estado não deve continuar alheio aos problemas da comunicação social e que esta não pode ser deixada à boa vontade de alguns filantropos. Filipa Pinto do Livre insistiu que não basta haver jornais, jornalistas ou grupos de comunicação para haver jornalismo. “Esta missão não se consegue cumprir sem redações livres e tempo para trabalhar”, rematou.

No diploma, o BE defendeu que apoiar os projetos de jornalismo sem fins lucrativos é uma das formas de promover a “pluralidade de órgãos de comunicação social” e um jornalismo independente em Portugal.

“O acesso ao estatuto de utilidade pública pode permitir que, de forma transparente, os projetos jornalísticos levados a cabo por organizações sem fins lucrativos ampliem as suas fontes de financiamento e gozem dos benefícios constantes no referido estatuto”, referiu.

O Livre apresentou um projeto no mesmo sentido, assinalando que o setor do jornalismo enfrenta, atualmente, “uma grave crise a que importa dar resposta”.

Para este grupo parlamentar, a inclusão das organizações sem fins lucrativos, que exercem como atividade principal o jornalismo, na lista de entidades que podem beneficiar do estatuto de utilidade pública é uma medida simbólica, mas também abre a possibilidade de aumentar e diversificar o investimento aos órgãos de comunicação social.

Entretanto, na sexta-feira, o parlamento rejeitou as propostas do Bloco de Esquerda e do Livre para a inclusão do jornalismo sem fins lucrativos no estatuto de utilidade pública. As votações decorreram na sessão plenária e as propostas foram rejeitadas com os votos contra do PSD, Chega, CDS-PP e do deputado não inscrito Miguel Arruda. Os restantes partidos, PS, Iniciativa Liberal, PCP e PAN, votaram a favor.

 

 

(notícia atualizada na sexta-feira com o resultado da votação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

ANAC mantém inalterados critérios do subsídio de mobilidade para residentes no Porto Santo

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2025

A Autoridade Nacional de Aviação Civil recuou depois defender que fossem elegíveis apenas as viagens compradas em regime de bilhete corrido, que só são disponibilizados em voos TAP e SATA.

O Governo da Madeira indicou esta quinta-feira que a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) decidiu manter inalterados os critérios de elegibilidade para o Subsídio Social de Mobilidade (SSM) para os residentes do Porto Santo.

Em comunicado, a Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura refere que a ANAC já transmitiu aos CTT, entidade pagadora do subsídio, que se mantêm elegíveis os bilhetes de transporte aéreo Porto Santo – Funchal – Porto Santo quando adquiridos em separado face à ligação de/para o exterior da região.

A decisão da ANAC foi conhecida esta tarde, depois de o Governo Regional ter reivindicado à Secretaria de Estado das Infraestruturas e à ANAC a imediata reversão do recentemente entendimento de apenas serem elegíveis para Subsídio Social de Mobilidade as viagens compradas pelos residentes do Porto Santo em regime de bilhete corrido”, lê-se no comunicado.

Na quinta-feira, a Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura informou ter sido “surpreendida” com a implementação dos novos critérios impostos pela ANAC, pelo que rapidamente solicitou a sua reversão em ofício enviado às autoridades nacionais. Segundo o Governo Regional, a Autoridade Nacional de Aviação Civil pretendia que fossem elegíveis apenas as viagens compradas em regime de bilhete corrido, que só são disponibilizados em voos TAP e SATA.

Num comunicado também divulgado esta quinta, a ANAC refere que, “tendo em conta que se mantém inalterado o quadro regulatório aplicável, não foram modificados nem o entendimento sobre a aplicação do regime às viagens entre o continente e a Região Autónoma da Madeira e entre esta região e a Região Autónoma dos Açores, nem os procedimentos a aplicar sobre a mesma matéria”.

“Mais se esclarece que, no âmbito do Subsídio Social de Mobilidade, não existe qualquer diferenciação, em termos de elegibilidade, entre bilhetes adquiridos em separado, ou bilhetes únicos, o que também é aplicável às ligações entre o Continente, ou os Açores, e o Porto Santo”, refere a ANAC na nota, acrescentando que “já remeteu aos CTT comunicação com este esclarecimento”.

Na nota do Governo Regional, a Secretaria de Economia, Turismo e Cultura recorda que a legislação aplicável ao subsídio de mobilidade indica, no artigo 1º do Decreto-Lei nº 28/2022 de 24 de março, que “o regime transitório estabelecido […] aplica-se ainda a qualquer ligação com o Porto Santo, ainda que os passageiros beneficiários residentes naquela ilha tenham que utilizar a ligação inter-ilhas, aérea ou marítima, e tenham como destino final o continente ou a Região Autónoma dos Açores”.

A legislação estabelece também que o subsídio se aplica a “todas as viagens cujo destino final ou escala seja um porto ou aeroporto localizado na Região Autónoma dos Açores ou no continente, desde que incluída num único número de bilhete, independentemente do número de escalas”.

Na Madeira, o Subsídio Social de Mobilidade foi fixado em 77 euros para residentes e 58,5 para estudantes, valor que pode aumentar se a viagem exceder o teto máximo de 400 euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcelo alerta para risco de “insatisfação social crescente” com aumento de gastos em defesa

  • ECO
  • 23 Janeiro 2025

Marcelo Rebelo de Sousa concorda com a posição "sensata" da Comissão e do Conselho de que se deve perceber se os países europeus, em conjunto, cumprem os 2% do PIB de despesa em defesa.

Nos gastos em defesa “importa olhar para a Europa como um todo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, esta quinta-feira, à margem da cerimónia de homenagem a D. Manuel Clemente na Universidade Católica. O chefe de Estado considera, por isso, “sensata” a posição da Comissão Europeia e do Conselho Europeu de perceber se os países europeus, em conjunto, cumprem os 2% do PIB de despesa em defesa e se “estão em condições de mais tarde – não agora – subir” acima desse valor.

As declarações do Presidente surgem em vésperas da visita do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a Lisboa, onde na próxima segunda-feira tem encontro marcado com Marcelo e com o primeiro-ministro, Luís Montenegro. E também numa altura em que o novo inquilino da Casa Branca, Donald Trump, pressiona os países europeus da NATO a subir os gastos para 5% do PIB.

“O que importa é olhar para a Europa como um todo e não estar a discriminar os bons e os maus”, reforçou o Presidente, depois de dizer que prefere esta abordagem em vez de se estar a analisar a despesa de cada país e se perceber “mais tarde” se cada um “pode subir para 3%”.

Perante a sugestão de Rutte de se cortar em apoios sociais ou nas verbas da saúde para desviar para a defesa, Marcelo recorda que a Europa “não arranca” economicamente e tem “problemas sociais”. Por isso, dividir a Europa é estar a criar “dentro de alguns países” uma “insatisfação social crescente” e uma “radicalização política crescente”. E isso “não é desejável”.

Se o objetivo passa por ter a Europa unida para a defesa e segurança, e unida aos EUA, o “pior que se pode fazer é “dividir a Europa entre ela” e “dividi-la dos EUA”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.