5 coisas que vão marcar o dia

Pedro Nuno e Luís Montenegro reúnem para negociar OE2025 após debate com primeiro-ministro no Parlamento. Começa o ciclo de conferências "Estratégia do Turismo 2035". Eurostat e OCDE divulgam dados.

No mesmo dia do debate quinzenal com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e subsequente encontro com o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, para negociarem o Orçamento de Estado de 2025, arranca em Lisboa a primeira sessão do Ciclo de Conferências no âmbito do processo de construção da Estratégia do Turismo 2035. Lá fora, a OCDE divulga dados sobre a evolução da inflação e o Eurostat publica o índice de preços da habitação, entre outros dados.

Debate com primeiro-ministro no Parlamento

Está marcado para as 15h00 o início do debate quinzenal com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, na Assembleia da República. À discussão com o líder do PSD e do Governo, segue-se o debate sobre as prioridades da presidência húngara do Conselho da União Europeia, e a discussão e aprovação do relatório anual relativo ao acompanhamento da participação de Portugal no processo de construção da União Europeia.

Luís Montenegro e Pedro Nuno voltam à mesa de negociações

O primeiro-ministro reúne-se com o secretário-geral do Partido Socialista no âmbito das negociações para o Orçamento de Estado para 2025, avançou a Lusa. Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos vão reunir na residência oficial do primeiro-ministro no final do dia, já depois do debate quinzenal no Parlamento. O primeiro encontro negocial deu-se na passada sexta-feira e terminou com posições distantes mas sem rutura no processo negocial.

OCDE divulga evolução da taxa de inflação

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga os dados sobre a evolução da taxa da inflação – que é medida pelo Índice de Preços do Consumidor (IPC) – nos 38 países que a compõem. De acordo com o mais recente relatório, a taxa de inflação na OCDE desacelerou em julho para 5,4%, face aos 5,6% registados no mês anterior. A organização salientou que os países andam a diferentes velocidades, a inflação subiu em 17 países, desacelerou em 11 e manteve-se estável ou praticamente estável em dez.

Como evoluíram os preços das casas na UE?

O Eurostat publica o índice de preços da habitação referente ao segundo trimestre do ano. Segundo o mais recente relatório, os preços das casas em Portugal continuaram a subir mais do que a média da Zona Euro e da União Europeia no primeiro trimestre do ano. O órgão estatístico europeu vai ainda divulgar dados dos preços da produção industrial referentes a agosto e também dados nacionais e da União Europeia do alojamento de curta duração oferecido através de plataformas de economia colaborativa online relativo ao segundo trimestre do ano.

1.º Ciclo de Conferências “Estratégia do Turismo 2035”

O Ciclo de Conferências no âmbito do processo de construção da Estratégia do Turismo 2035 arranca em Lisboa. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, vai abrir esta primeira sessão. O ciclo de conferências vai percorrer as sete regiões turísticas do país para obter o maior número possível de entidades públicas e privadas que queiram ter uma palavra na definição das prioridades para o setor.

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A convocação de uma manifestação para exigir uma “passerelle” para o RETA não consegue reunir a maioria dos profissionais que pagam quotizações às mútuas de seguros

  • Servimedia
  • 3 Outubro 2024

Advogados, solicitadores, associados em várias plataformas, organizaram uma manifestação que não conseguiu obter o apoio da maioria dos profissionais que pagam contribuições para as mútuas de seguros.

Muitos destes profissionais defendem a manutenção do modelo atual e a livre escolha. Existem várias associações que representam estes profissionais, entre as quais a anmarq, Associação Nacional das Mutualidades de Arquitetos, cujas reivindicações, segundo fontes internas da associação, incluem uma “passerelle ao RETA” para as mutualidades ativas e passivas. Estas mesmas fontes afirmam que estão convencidas de que, para defender os seus interesses, terão de conquistar lugares nos conselhos diretivos das ordens profissionais e, posteriormente, nas presidências do Conselho Superior das Ordens dos Arquitetos.

A manifestação teve dois títulos diferentes, consequência dos diferentes pontos de vista que existem entre estes profissionais. No momento atual de incerteza sobre o futuro das pensões, muitos destes profissionais são favoráveis às mútuas de seguros alternativas, pois consideram que estas oferecem mais transparência e mais fiabilidade no final da vida ativa dos seus membros.

 

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Quer construir a sua casa em Lisboa numa cooperativa? Câmara diz como a 14 de outubro

A autarquia está a lançar a primeira cooperativa de habitação do século com terrenos a custo zero e projeto aprovado. Edifício inaugural tem 18 fogos T1 a T3. Dia 14 explica a mecânica do concurso.

A Câmara Municipal de Lisboa vai explicar à população, no próximo dia 14, como concorrer à construção do seu próprio apartamento num modelo de cooperativas de proprietários, aos quais o terreno será atribuído de forma gratuita e com projeto já aprovado no Urbanismo da autarquia. O encontro terá lugar no MUDE, às 17h30, indicou ao ECO/Local Online a vereadora com o pelouro da Habitação, Filipa Roseta.

Com a premissa de colocar ao dispor lotes de terreno da própria câmara que estejam perto de uma estação de metro ou comboio, o município decidiu que o primeiro edifício surgirá no Lumiar, e terá 18 fogos. Comum a todo o projeto das novas cooperativas, o terreno é cedido a custo zero pela autarquia. A quantidade de propostas de criação de cooperativa que surgirem no primeiro concurso será uma indicação para a autarquia de quantas mais terão de ser montadas. “Se virmos que há interesse enorme, 20 ou 30 propostas para uma cooperativa, faremos mais”, assegura Filipa Roseta.

O projeto para construção do primeiro edifício conta com 1678 m2 de área habitacional, 459 m2 de comércio e projeto social, 22 lugares de estacionamento e apartamentos entre T1 e T3. Segundo as estimativas da autarquia, os proprietários farão um investimento que vai dos 146 mil euros do T1 (um quarto e uma sala) até aos 289 mil euros do T1, com um T2 a ter um custo de 216 mil euros. “As obras de urbanização estarão a cargo do município”, assim como o projeto de arquitetura, afirma a vereadora. “O projeto de obra está pronto, aprovado no urbanismo. É receber o projeto, arranjar um construtor e começar a construir”, assegura.

O primeiro concurso, para o edifício do Lumiar, já decorre, e terá abertura das candidaturas em janeiro. “Se a cooperativa selecionada provar que tem viabilidade financeira para construir o projeto, a partir daí poderá estar a construir no verão”, diz Filipa Roseta.

Se a cooperativa selecionada provar que tem viabilidade financeira para construir o projeto, a partir daí poderá estar a construir no verão.

Filipa Roseta

Vereadora do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa

“As cooperativas em Lisboa fizeram bairros como Telheiras, a Expo [Parque das Nações], são coisas que funcionaram e fizeram bairros fantásticos”, destaca a vereadora do Urbanismo, grande impulsionadora desta medida agora lançada pelo executivo de Carlos Moedas. Filipa Roseta destaca que este é “o primeiro concurso público desde 1998 para fazer cooperativas, de iniciativa municipal, em que a câmara cede o terreno”.

Para a candidatura dos cidadãos, o critério base é de que pelo menos 70% dos proponentes têm que ter ali a sua primeira casa em Lisboa. Quanto maior a percentagem de constituintes da cooperativa sem casa em Lisboa, maior o número de pontos. “Há critérios de desempate, que explicaremos no dia 14. Em última análise, depois de resolvidos todos os desempates, haverá um sorteio”, esclarece a vereadora do Urbanismo.

“Isto é muito para casais jovens, que nem têm memória” do que foram as cooperativas, assume Filipa Roseta, defensora deste modelo. “Organizem-se com 18 famílias, façam uma cooperativa, que é algo que se monta numa semana”, desafia.

Logo que esteja adjudicado o terreno do Lumiar à primeira cooperativa, começará, ainda no primeiro trimestre, o segundo concurso, já para quatro novos edifícios, totalizando, para o período de 2024/2025, 99 apartamentos em regime de cooperativa assente sobre pequenos lotes para até 20 casas cada.

Mediante o interesse que se os cidadãos venham a manifestar nesta fase de candidatura, o município irá avaliar a dimensão do seu projeto de cooperativas de habitação, tendo já identificado terrenos da autarquia que serão cedidos a custo zero para construção de um total de 500 residências, esclarece a vereadora.

Para já, além do edifício na Rua António do Couto, no Lumiar, está certa a disponibilização de mais quatro terrenos. No total dos cinco empreendimentos, serão 99 apartamentos nesta fase inicial. A saber: Lumiar, 18; Benfica, 12; Arroios, 15; São Vicente, 25; Santa Clara, 23. O critério para estas localizações é a sua proximidade ao transporte pesado de passageiros, seja uma estação de comboio ou de metropolitano.

O imóvel do Lumiar será construído num terreno atualmente ocupado como estacionamento, a poucos metros do Estádio Alvalade XXI. No caso do imóvel de Benfica, situa-se num terreno na Rua Garcia de Orta, em frente ao Círculo de Leitores. Estas localizações e as restantes três estão disponíveis online num site dedicado, assim como os projetos de arquitetura.

6% dos residentes em Portugal vivem em casas de cooperativa

Lisboa colocou em marcha este primeiro concurso para a recuperação do modelo de construção comunitária em cooperativa um ano após a publicação da Lei n.º 56/2023, na qual se prevê o “desenvolvimento de uma nova geração de cooperativismo para a promoção de habitação acessível”,

Cálculos da Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica apontam para a construção de cerca de 160 mil fogos durante as décadas de 1980 e 1990, estimando que cerca de 6% dos residentes em Portugal vivam em edifícios construídos sob este modelo.

Ainda acerca da sessão de esclarecimento de dia 14, a vereadora deixou o repto: “Quem tiver algum interesse, apareça. Vamos lá estar a esclarecer o que é isto da cooperativa, como se monta, como se faz e todos os detalhes serão esclarecidos. Agradeço mesmo que divulguem. Sinceramente, as pessoas têm mesmo que saber. Vamos abrir o concurso, quem tiver interesse, que vá”. Desde logo, assegura a autarca relativamente às localizações dos cinco primeiros projetos: “eu morava em qualquer uma delas”.

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Estamo cadastrou 600 imóveis do Estado até maio. Inventário continua incompleto

Empresa prevê sistema único para 2026. Tribunal de Contas alerta que Conta Geral do Estado omite 94,5% da receita de vendas e 55,5% da despesa com aquisições de imóveis.

A Estamo inventariou e cadastrou 600 imóveis do Estado até maio deste ano, de acordo com o parecer do Tribunal de Contas à conta geral do Estado, entregue no Parlamento na quarta-feira. A instituição liderada por José Tavares volta a alertar que subsiste a falta de inventário e de “uma valorização adequada” destes ativos.

“A Estamo tem vindo a inventariar e cadastrar os imóveis da propriedade do Estado (600 até maio de 2024), através da identificação da respetiva matriz, descrição predial, limite geométrico e situação registral, permitindo assim validar a metodologia proposta no âmbito do referido projeto (reformulado)”, refere o parecer.

Em causa estão os progressos e constrangimentos identificados pela empresa que passou a gerir os imóveis do Estado. A Estamo explica que tem sido “desenvolvido um trabalho na área de indicadores e mapas temáticos”, pelo que foi “criado internamente um site piloto onde é possível localizar os imóveis já inventariados, aceder a indicadores globais e a indicadores relacionados com o património imobiliário do Estado já inventariado”.

A Estamo tem vindo a inventariar e cadastrar os imóveis da propriedade do Estado (600 até maio de 2024), através da identificação da respetiva matriz, descrição predial, limite geométrico e situação registral.

A empresa prevê que, no final de 2026, será “possível dispor de um sistema único que dê uma resposta eficaz a todo o processo de inventário, cadastro, gestão e planeamento do património do Estado“.

Adianta ainda que tem “em curso diligências” com a Autoridade Tributária e com o Instituto de Registos e Notariado para celebrar protocolos com vista “ao acesso, de forma massiva, à informação residente nas bases de dados destas entidades relativamente às propriedades do Estado”, de modo a cruzar dados e acelerar o processo.

No entanto, identifica como constrangimento “o incumprimento, por parte da maioria das entidades da obrigação de reporte de informação patrimonial, na qualidade de proprietários ou de meros detentores, na medida em que provoca significativos atrasos no trabalho de identificação e regularização”.

O Tribunal de Contas destaca que “do exame realizado ao património imobiliário da Administração Central, verifica-se que o inventário se mantém incompleto” e considera que o reporte na Conta Geral do Estado tem “omissões e inconsistências“.

Tribunal de Contas destaca que “do exame realizado ao património imobiliário da Administração Central, verifica-se que o inventário se mantém incompleto” e considera que o reporte na Conta Geral do Estado tem “omissões e inconsistências”.

“Se é certo que existem fragilidades inerentes ao próprio Sistema de Informação de Imóveis do Estado (SIIE), que impedem ainda a elaboração de demonstrações financeiras (que reflitam o património imobiliário), as lacunas e inconsistências da informação que é reportada sinaliza problemas estruturais ainda não resolvidos que vão para além dos sistemas de informação”, advoga.

Alerta ainda que a Conta Geral do Estado “apresenta informação incompleta sobre as operações imobiliárias, omitindo 94,5% da receita de alienações e 55,5% da despesa com aquisições de imóveis” e o reporte sobre as rendas recebidas como contrapartida pela ocupação dos imóveis é incompleto. Ademais dá nota de que, do valor devido de rendas, de 2014 a 2023, estão por pagar cerca de 23%.

Tribunal alerta para informação incompleta sobre as operações imobiliárias do Estado, com omissão de 94,5% da receita de alienações e 55,5% da despesa com aquisições de imóveis.

Considera também que a transferência de competências da gestão do património imobiliário público da Direção-Geral do
Tesouro e Finanças para a Estamo, que teve lugar em 2023, foi feita “sem estarem garantidas condições suficientes à sua operacionalização”.

“Esta situação originou, nomeadamente, constrangimentos na migração da informação, bem como na cobrança e contabilização das contrapartidas pagas por entidades públicas pela ocupação de imóveis do Estado”, alerta.

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FMI alerta para deterioração “significativa” da acessibilidade à habitação em Portugal

O FMI aponta para situações de sobrelotação nas cidades, lembrando que um rendimento mediano deixou de ser elegível para comprar uma casa de preço médio e pede agilidade do Governo.

A habitação tornou-se um fardo cada vez mais pesado para os portugueses, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI) no seu mais recente relatório sobre Portugal.

Entre preços de casas a disparar, rendas a subir e taxas de juro a apertar e salários baixos para acompanhar esta escalada, o sonho de ter casa própria está cada vez mais distante para muitas famílias.

“A acessibilidade à habitação deteriorou-se significativamente durante a última década”, afirma o FMI, pintando um cenário preocupante para proprietários, inquilinos e potenciais compradores.

Para quem já tem casa própria, a subida das taxas de juro veio trazer ainda mais dores de cabeça. A análise do Fundo revela que “os pagamentos médios das hipotecas representam agora 32,8% do rendimento médio, acima dos 23,8% de há quatro anos”.

Mas se a vida não está fácil para quem já tem casa, para quem sonha comprar o cenário é ainda mais negro. Segundo o FMI, “um agregado familiar com um rendimento mediano deixou de ser elegível para um empréstimo hipotecário para comprar uma casa de preço médio em 2023, ao contrário do que acontecia no passado recente”, notando ainda que, “refletindo a rápida subida dos preços da habitação, até ao segundo trimestre de 2023, era necessário 1,5 vezes o rendimento mediano para obter uma hipoteca para uma casa de preço médio”.

Os inquilinos também não escapam à pressão da crise da habitação. O FMI destaca que “o preço mediano dos novos contratos de arrendamento aumentou para 7,46 euros por metro quadrado no primeiro trimestre de 2024, um aumento real de 12% em três anos”.

Face a esta realidade, muitas famílias estão a optar por soluções menos desejáveis, alertam os analistas do FMI. “A sobrelotação está a tornar-se mais prevalente, especialmente em áreas urbanas, à medida que as famílias ajustam-se aos custos mais elevados reduzindo o espaço”, lê-se no relatório do Fundo.

O relatório aponta ainda para grandes disparidades regionais, com Lisboa a destacar-se pelos piores motivos: “Tanto compradores como inquilinos pagam duas vezes mais por metro quadrado em Lisboa do que os seus pares no Alentejo”, com os analistas do FMI a sublinharem ainda que “a diferença aumentou nos últimos três anos”.

O FMI não descarta o papel dos vistos gold na pressão dos preços nos últimos anos, notando que estes “desempenharam um papel pequeno, mas não negligenciável, no mercado imobiliário.” Apesar destes investidores representaram cerca de 1% das transações e cerca de 2% dos valores das transações, uma vez que operavam num segmento alto do mercado, “é provável que a procura de investidores estrangeiros estivesse altamente concentrada nas cidades, principalmente em Lisboa, afetando estes mercados específicos de forma mais acentuada.”

Nesse sentido, o FMI acredita que a abolição das novas autorizações de residência para atividade de investimento (conhecidos por vistos gold) imobiliário em Portugal a partir de outubro do ano passado, o FMI acredita que, “dado o alcance limitado destes compradores no conjunto do mercado, é improvável que esta mudança tenha um impacto significativo no geral, mas poderá afetar alguns mercados específicos.”

Soluções do FMI para a crise na habitação

Apesar de algumas medidas recentes do atual e do anterior Governo para tentar aliviar a situação, como a limitação do aumento das rendas ou subsídios às taxas de juro, o FMI considera que os resultados têm sido “mistos”.

Os analistas salientam que “a melhoria contínua da oferta de habitação, onde é necessária, continua a ser crucial para resolver os problemas de habitação”, não deixando ainda de apontar caminhos para corrigir a deterioração “significativa” da acessibilidade à habitação em Portugal.

Do lado da oferta, o FMI defende que é “essencial abordar a escassez local de oferta habitacional para corresponder à procura das famílias”. Para isso, recomenda “ações necessárias para reduzir barreiras regulatórias e administrativas e resolver a escassez de mão-de-obra no setor da construção”.

O Fundo elogia algumas medidas recentes do Governo, como o programa “Construir Portugal”, que “pode ajudar a abordar algumas das causas fundamentais da escassez habitacional se for bem-sucedido na redução de barreiras regulatórias à construção”.

Quanto aos apoios à procura, os analistas do Fundo consideram que “os subsídios e as subvenções para vários grupos demográficos seriam úteis se forem devidamente direcionados para famílias vulneráveis”. No entanto, alerta que medidas baseadas na idade, como a garantia pública para jovens compradores de primeira habitação, “são propensas a questões de limiar”.

O relatório sublinha ainda a importância de resolver a escassez de mão-de-obra no setor da construção, que é apontada como “um fator-chave que limita a atividade de construção”. Os analistas do FMI defendem que “os esforços para aliviar esta situação permanecem importantes, tanto, em geral, como no setor da construção, onde a escassez parece ser particularmente aguda”.

Os desafios da crise na habitação em Portugal são tão grandes que merecem não uma solução, mas várias devidamente articuladas. Segundo os técnicos do FMI, é crucial adotar uma abordagem abrangente que combine medidas para aumentar a oferta de habitação, apoios bem direcionados à procura e ações para resolver os estrangulamentos no setor da construção. Só assim, defende o Fundo, será possível corrigir a deterioração da acessibilidade à habitação em Portugal.

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“Portas giratórias” ensombram teste de Maria Luís Albuquerque no Parlamento Europeu

Audições vão decorrer entre 4 e 12 de novembro e vão ditar o momento de análise ao currículo e passado dos candidatos. "Portas giratórias" de Maria Luís podem dificultar escrutínio.

A cerca de um mês do arranque do processo de audições no Parlamento Europeu aos candidatos a integrar o colégio de comissários, espera-se que o escrutínio ao currículo e passado de Maria Luís Albuquerque no Parlamento Europeu seja tudo menos fácil — especialmente perante um Parlamento mais fragmentado do que na legislatura anterior, com uma maior representação política da direita radical.

Embora a avaliação só arranque em novembro, o Corporate Europe Observatory analisou os currículos dos 26 candidatos, tendo detetado conflitos de interesses em cinco comissários indigitados — um deles, o de Maria Luís Albuquerque.

Aos olhos da organização não-governamental sediada em Bruxelas, o currículo da portuguesa conta com “um historial preocupante de portas giratórias” e “conflito de interesses”, à semelhança do que tem sido defendido pelos eurodeputados do Bloco e do PCP. No artigo, a ONG recorda a passagem direta da antiga governante, em 2016, para Global Arrow, uma empresa de gestão de ativos responsável por gerir 300 milhões de euros em dívidas incobráveis do Banif.

A transição problemática do setor público para o privado não é novidade em Bruxelas. A própria presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi confrontada com a questão no dia em que apresentou a sua futura equipa, tendo desdramatizado as críticas.

“Maria Luís Albuquerque vai ser excelente no portefólio. Tem um vasta experiencia como ministra das Finanças e também no setor privado. Sabe as dificuldades tanto do campo político e como o do investimento privado. É uma pasta difícil, mas é a pessoa indicada”, respondeu Ursula von der Leyen. Mas não é só o currículo que deverá dificultar a audiência da ex-governante.

Num perfil da provável sucessora de Elisa Ferreira, publicado na última semana, o jornal online Politico nota também que Maria Luís Albuquerque, enquanto tutelava a pasta das Finanças em Portugal, foi responsável por supervisionar o plano de resgate do Banco Espírito Santo (BES), além de, desde setembro de 2022, ter assento no Conselho de Supervisão da subsidiária europeia do banco norte-americano Morgan Stanley.

Acresce ainda que, face às revelações da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) à privatização da TAP, em 2015 — que confirmou que o negócio foi financiado com dinheiro da própria companhia aérea –, é provável que os eurodeputados questionem Maria Luís Albuquerque sobre o seu papel neste processo, que decorreu quando ainda estava no Governo. A este propósito, a comissária proposta por Portugal foi, aliás, chamada com caráter de urgência para ser ouvida na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação da Assembleia da República.

Para a ex-eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques, é “muito provável” que, se passar no crivo da JURI, os membros das comissões parlamentares responsáveis pela audição questionem a candidata portuguesa acerca das “portas giratórias” e dos eventuais conflitos de interesse referidos.

Não vão deixar passar, sobretudo porque ela ficou com a pasta dos Serviços Financeiros. Não sei se os eventuais conflitos de interesses são impeditivos [para o exercício do cargo], mas seguramente que há-de haver alguma pergunta”, considerou, em declarações ao ECO, a socialista que, em 2019, estava sentada na comissão do Mercado Interno que chumbou o nome proposto pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, para a Comissão Europeia.

Ainda que alguns eurodeputados possam considerar negativos alguns aspetos do currículo profissional e político de Maria Luís Albuquerque, em especial a experiência no setor privado, esta pode constituir, por outro lado, uma vantagem — o que a própria Ursula von der Leyen admitiu.

Henrique Burnay, consultor em Assuntos Europeus, recorda que a comissária indigitada “não vai assumir funções num regulador que supervisione as ações que tenha desenvolvido anteriormente”, mas vai, sim, “liderar uma pasta política, que propõe mas não decide legislação, num setor que, por experiência no público — enquanto ministra das Finanças durante a troika, e precisamente por questões associadas ao sistema monetário e financeiro — e no privado, conhece bem“.

Aliás, outros eurodeputados poderão considerar que, por causa dessa experiência, Albuquerque “tem a obrigação de saber como atrair os ditos fundos para investir na União Europeia”, uma das tarefas que terá em mãos durante o seu mandato como comissária se receber ‘luz verde’ do Parlamento Europeu, prevê o também professor no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (IEP-Católica).

Mesmo no que toca ao papel da candidata nos processos do BES e da TAP, que Henrique Burnay não vê ter “qualquer implicação” para as tarefas que terá de desempenhar enquanto comissária, o consultor da Eupportunity encontra uma “perspetiva positiva”: os eurodeputados podem considerar que “há conhecimento e experiência por ter lidado com as consequências da aplicação das regras sobre a atividade, supervisão e resolução do sistema bancário”.

Henrique Burnay crê, por isso, que “não haverá um conflito de interesse objetivo” no caso de Maria Luís Albuquerque; caso contrário, “não teria aceitado o portefólio, uma vez que os pontos que se podiam suscitar são públicos”. “Penso que não haverá grandes problemas. Se ela passar na JURI, dificilmente não passa na audição”, concorda Maria Manuel Leitão Marques, ressalvando, porém, que “há sempre surpresas”.

Maria Luís Albuquerque não vai assumir funções num regulador que supervisione as ações que tenha desenvolvido anteriormente. Vai liderar uma pasta política, que propõe mas não decide legislação, num setor que, por experiência no público e no privado, conhece bem. Não tenho dúvidas que alguns deputados considerarão que ter uma passagem no privado é um aspeto negativo. Mas não me parece que possa ser considerado um conflito de interesses objetivo. Outros dirão que tem obrigação de saber como se atrai os ditos fundos para investir na Europa, que é parte do seu mandato.

Henrique Burnay

Consultor em Assuntos Europeus e professor no IEP-Católica

Ainda assim, como a função de comissária não é compatível com o exercício em simultâneo de qualquer outra atividade, Maria Luís Albuquerque deverá ter de abandonar os seus cargos no Morgan Stanley Europe, no Horizon Equity Partners e no INDEG-ISCTE — os únicos sítios em que se mantém em funções atualmente, segundo o currículo que entregou em Bruxelas e que está publicado no site do Parlamento Europeu.

Albuquerque deve ser questionada sobre planos para o mandato

As audições de confirmação aos comissários indigitados estão marcadas para novembro. Ao que o ECO apurou, na reunião da Conferência dos Presidentes (que junta os líderes dos grupos políticos e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola), que decorreu esta quarta-feira, foram apresentados dois calendários — um recomendável e outro alternativo. O primeiro foi aprovado. Assim, as audições no Parlamento Europeu vão decorrer entre 4 e 12 de novembro para que a nova Comissão Europeia entre em funções, no cenário mais otimista, a 1 de dezembro (um mês mais tarde do que preveem os tratados).

Antes disso, os comités deverão submeter ao Parlamento Europeu e à Comissão Europeia um guião com as perguntas escritas aos aspirantes a comissários e responder ao escrutínio do JURI. Mesmo perante um risco de chumbo de candidatos, este calendário prevê que o processo de audições fique concluído a 21 de novembro.

Maria Luís Albuquerque será escrutinada pela Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON) do Parlamento Europeu, da qual fazem parte os eurodeputados Lídia Pereira (PSD), Francisco Assis e Carla Tavares (ambos PS). Além do ECON, serão convidados a comparecer também na audição os eurodeputados da Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores (IMCO) — do qual faz parte Sebastião Bugalho (AD) — a Comissão de Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos (LIBE) — do qual integra Pedro Cunha e Ana Miguel Pedro (PSD) e António Tânger-Corrêa (Chega), como membros suplentes.

Sobre este processo, que serve como uma espécie de “moção de confiança” aos comissários indigitados, Henrique Burnay aponta que “não é costume, e não deve ser, os eurodeputados tornarem a audição numa sessão de política nacional” — realça, aliás, que “é bastante mal visto”.

A Maria Luís Albuquerque, em particular, o consultor de Assuntos Europeus considera provável que seja questionada “quanto à sua visão sobre o sistema bancário e as regras de supervisão, regulação e requisitos de capitais a que está sujeito e como as vê”. “Tal como a sua experiência com fundos de investimento pode ser criticada, [também] pode ser usada para saber o que acredita que pode ser feito para que haja maior mobilização das poupanças europeias em investimento europeu, que é o ponto central do seu mandato”, antecipa.

Do lado da preparação dos comissários indigitados, Maria Manuel Leitão Marques recorda que é costume, antes das audições, os eurodeputados fazerem “briefings” com os candidatos ao Executivo comunitário para os informar sobre o que esperam do mandato futuro. Eles sabem qual foi a agenda anterior da área e sabem a agenda futura. Vão muito treinados para [questões sobre] o programa da legislatura, mesmo aqueles que receberam pastas em que nunca trabalharam antes“, afirma a ex-eurodeputada do PS.

Esses briefings são importantes, também, para que os nomeados consigam alcançar uma votação maioritária de dois terços dos eurodeputados das comissões, sublinha também a socialista, notando que, “se só falarem para a extrema-esquerda ou para a extrema-direita, provavelmente não vão contar com os votos dos outros grupos políticos”.

As audições — cuja duração se estende, por norma, entre três a quatro horas — podem envolver mais do que uma comissão parlamentar, dependendo se a pasta do comissário indigitado é da competência de um ou mais comités, e só são declaradas terminadas depois de a Conferência dos Presidentes analisar as cartas de avaliação e a recomendação dos presidentes das comissões parlamentares.

Contudo, o “exame” à idoneidade dos comissários indigitados começa ainda antes das audições de confirmação, com a análise da Comissão dos Assuntos Jurídicos às declarações de interesses entregues pelos candidatos, que deverá arrancar na quinta-feira e ser concluída nas 48 horas seguintes. Contrariamente às comissões responsáveis pelas audições, a JURI não tem poder de investigação próprio e só pode avaliar possíveis conflitos de interesse mediante a documentação que tem em mãos. No máximo, pode solicitar informações adicionais por escrito, convidar os comissários designados para questionar sobre as dúvidas em causa ou até emitir recomendações para resolver eventuais conflitos.

Eles sabem qual foi a agenda anterior da área, sabem a agenda futura. Vão muito treinados para o programa da legislatura, mesmo aqueles que receberam pastas em que nunca trabalharam antes.

Maria Manuel Leitão Marques

Ex-eurodeputada do PS (2019-2024)

Se se verificar a existência de conflitos de interesse financeiros e não forem encontradas soluções, como aconteceu aos primeiros nomes indicados pela Roménia e a Hungria em 2019, a JURI conclui que o comissário indigitado não pode exercer as suas funções e este nem sequer chega à fase da audição. No caso de não existirem conflitos de interesses ou de estes serem solucionados, a Comissão dos Assuntos Jurídicos tem de confirmar essa ausência em carta, a ser distribuída às comissões relevantes antes da audição presencial.

O processo só termina com a apresentação do Colégio de Comissários e das prioridades políticas para a próxima legislatura de cinco anos numa sessão plenária em Estrasburgo, na qual a equipa de von der Leyen precisa de ser aprovada por maioria simples dos 720 eurodeputados.

Há historial de chumbo?

No final, nem é certo que todos os candidatos recebam um parecer favorável para integrar o executivo comunitário na próxima legislatura, uma vez que este é um dos processos, no seio das instituições da União Europeia, em que os 720 eurodeputados têm mais poder.

O historial é de que pelo menos um dos nomes indicados pelos Estados-membros é rejeitado, seja na fase de análise da documentação pela Comissão dos Assuntos Jurídicos (JURI) ou na audição ao comissário indigitado.

Em 2019, por exemplo, houve três candidatos chumbados: o húngaro László Trócsányi e a romena Rovana Plumb, ambos pela JURI; e a francesa Sylvie Goulard, que recebeu um parecer negativo após a audição realizada pelas comissões parlamentares do Mercado Interno e da Indústria. Os respetivos países tiveram então de indicar novos nomes — Olivér Várhelyi (Hungria), Adina Vălean (Roménia) e Thierry Breton (França).

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Fisco não controla dívidas fiscais dos residentes não habituais

Falta de controlo permite continuar a beneficiar do regime. AT alega que este não é um benefício fiscal, mas Tribunal de Contas considera que gera tratamento desigual entre contribuintes.

O Fisco não controla as dívidas fiscais dos contribuintes abrangidos pelo Regime dos Residentes Não Habituais, pelo que há indivíduos sem a situação fiscal regularizada que mantêm o benefício. A Autoridade Tributária (AT) alega que o regime não é um benefício fiscal. O Tribunal de Contas (TdC) discorda e considera que gera um tratamento desigual entre os contribuintes.

A divergência de posições consta do parecer do Tribunal de Contas à conta geral do Estado de 2023, entregue na quarta-feira, no Parlamento. O benefício dos residentes não habituais custou ao Estado 1.297 milhões de euros em 2023, representando 62,8% da despesa fiscal em IRS, a segunda mais elevada e apenas ultrapassada pela despesa fiscal em sede de IVA. Face 2022, apesar do aumento de 54,4% do número de residentes não habituais inscritos no regime, a despesa fiscal caiu 4,7%.

No entanto, a entidade liderada por José Tavares revela que para estes contribuintes, a Autoridade Tributária “não controla a existência de dívidas fiscais, situação que daria origem à suspensão do benefício”. Neste sentido, contabiliza que no final de 2023, 93 contribuintes, num universo de 39.909, usufruíam do regime, apesar de terem dívidas fiscais no valor global de 17 milhões de euros.

Para o Tribunal de Contas, o regime aplicável aos residentes não habituais é um benefício fiscal. Dos mais de 90 contribuintes que continuam a beneficiar do regime, apesar dos processos de execução fiscal por dívida de impostos, 99,8% foram “declarados em falha por a AT ter considerado que não havia condições para cobrar a dívida“.

O Fisco justifica a ausência de controlo do benefício com o facto de considerar que “este regime não consubstancia” um benefício fiscal “no estrito sentido” previsto no Estatuto dos Benefícios Fiscais, alegando que a sua base jurídica assenta apenas no Código do IRS, invocando ainda o próprio regime em si. Ou seja, a “inscrição prévia como RNH e aquisição do direito à tributação por determinado regime durante 10 anos”.

Fisco justifica a ausência de controlo do benefício com o facto de considerar que “este regime não consubstancia” um benefício fiscal “no estrito sentido” previsto no Estatuto dos Benefícios Fiscais.

Em sede de contraditório à posição do Tribunal, o Ministério das Finanças e a Autoridade Tributária reiteraram a interpretação de que o regime dos residentes não habituais “tem caráter especial e não excecional”, embora admita que possa comportar “uma vertente extrafiscal”.

Por seu lado, a instituição liderada por José Tavares destaca que a posição das Finanças e do Fisco confirmam, assim, que “as taxas especiais atualmente previstas no artigo 72.º do Código do IRS não têm sido consideradas pela AT como benefícios fiscais”, nos termos do artigo 2.º do Estatuto de Benefícios Fiscais.

“Porém, é este próprio artigo a configurar a excecionalidade como um desvio da tributação regra com fundamento em interesses públicos extrafiscais relevantes”, argumenta o Tribunal, acrescentando que “são estes que justificam o desagravamento da tributação dos RNH [Residentes Não Habituais] através da aplicação das referidas taxas do art. 72º”.

O Tribunal de Contas contrapõe ainda que a informação divulgada pelo Ministério das Finanças e pelo Fisco “tem classificado a redução das taxas aplicável” aos residentes não habituais como um benefício fiscal e que muitos outros benefícios estão apenas previstos no Código do IRS e não no Estatuto, “dos quais alguns têm um período de vigência que já ultrapassa os 10 anos”.

Tribunal de Contas argumenta que “diversos” benefícios fiscais previstos no Código do IRS e não no Estatuto “são objeto de controlo específico” pelo Fisco. do qual resulta a suspensão do benefício aquando da existência de dívidas fiscais.

Aponta ainda que “diversos” benefícios fiscais previstos no Código do IRS e não no Estatuto “são objeto de controlo específico” pela Autoridade Tributária, “do qual resulta a suspensão dos seus efeitos aquando da existência de dívidas fiscais por parte dos respetivos beneficiários”. Como exemplo indica o “Programa Regressar”, “IRS Jovem” ou alguns concedidos a pessoas com deficiência.

Para o Tribunal de Contas a não aplicação destes procedimentos de controlo aos residentes não habituais “gera uma situação de tratamento desigual entre os contribuintes“. Neste sentido, recomenda a revisão dos “procedimentos de controlo, por forma a assegurar o cumprimento do que a lei estabelece quanto à não produção de efeitos” dos benefícios fiscais “dos contribuintes com dívidas fiscais”.

Fisco sem controlo da despesa de 101 benefícios fiscais

A conta geral do Estado de 2023 reporta uma despesa de 15.056 milhões de euros em benefícios fiscais, mas apenas relativo a 202 incentivos, “não apresentando o valor dos restantes 101 ativos”, denuncia o Tribunal de Contas.

Ou seja, 1/3 do custo com estas medidas não são controladas pela máquina tributária. “É o caso da despesa fiscal resultante de reduções da taxa autónoma de IRS aplicada a contratos de arrendamento para habitação permanente, da isenção de IVA de diversas atividades e do regime especial de isenção, da isenção da tributação autónoma em IRC dos veículos movidos exclusivamente a energia elétrica ou ainda da isenção do Imposto de Selo nos contratos enquadrados no programa de apoio ao arrendamento”, exemplifica.

Para além disso, o TdC alerta para as falhas no reporte público da despesa fiscal. “O reforço da transparência e da divulgação de informação especificamente relativa aos apoios, concedidos ao abrigo do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF), tem sido um objetivo previsto em sede da própria Lei do Orçamento do Estado (LOE)”, sublinha o fiscalizador das contas públicas.

Neste sentido, o Tribunal nota que “tanto a LOE 2022 como a LOE 2023 (e também a LOE 2024) vieram dispor que o Governo criaria uma secção específica sobre esta matéria no Portal Mais Transparência, uma plataforma que visa permitir aos cidadãos consultarem a informação disponibilizada pelo Estado de uma forma mais acessível, não tendo esse objetivo sido ainda concretizado”.

No contraditório, a AT justifica-se com “a necessidade de implementação de soluções informáticas (que permitam efetuar a reliquidação do imposto) e a indisponibilidade de certa informação”.

“Ora, as boas práticas recomendam que aquando da criação de cada benefício fiscal deva estar, desde logo, salvaguardada a existência de metodologias que permitam quantificar e avaliar os respetivos impactos”, critica a entidade liderada por José Tavares.

O regime dos residentes não habituais (RNH) em território português teve um impacto orçamental, no ano passado, de 1.297 milhões de euros do lado da perda de receita em IRS.

“Cerca de outro quarto desta despesa [de um total de 15.056 milhões] pertence ao conjunto de incentivos ao investimento nas empresas e à investigação e desenvolvimento empresarial, nos quais se incluem designadamente o SIFIDE – Sistema de Incentivos fiscais em investigação e desenvolvimento empresarial (632 milhões de euros), o RFAI – Regime fiscal de apoio ao investimento (244 milhões de euros), o DLRR – Regime de Dedução por lucros retidos e reinvestidos (120 milhões de euros), o CFEI II – Crédito fiscal extraordinário ao investimento (79 milhões de euros) e o IFR – Incentivo Fiscal à Recuperação (63 milhões de euros), permitindo deduções em IRC e isenções em IS”, detalha o parecer.

No apoio às famílias, que representa 34,6% do custo com benefícios fiscais, destaca-se o impacto da isenção de Imposto de Selo nas heranças e outras transmissões entre cônjuges, unidos de facto, descendentes e ascendentes (630 milhões de euros), bem como a isenção de rendimentos e deduções à coleta em IRS das pessoas com deficiência (504 milhões de euros).

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Bónus até 200 euros e IRS mais baixo. Reformados recebem duplo “presente” este mês

Quem tem pensão de 500 euros, vai receber suplemento de 200 euros este mês. Já quem tem reforma de 1.500 euros, vai ter benefício de 280 euros: 100 euros de suplemento, e 180 euros de alívio do IRS.

O mês de outubro ainda agora começou e já promete um duplo “brinde” para os reformados. Por um lado, receberão o suplemento extraordinário, que chega até 200 euros. Por outro, beneficiarão das novas tabelas de retenção na fonte de IRS, que deixarão mais rendimento líquido na carteira dos contribuintes. Por exemplo, para um reformado com uma pensão de 1.500 euros, outubro traz um bónus total de 280 euros, de acordo com as simulações feitas pela EY para o ECO.

No que diz respeito ao suplemento extraordinário, em causa está um pagamento único cujo valor varia em função do montante global das prestações recebidas por cada reformado.

O bónus será de 200 euros para os pensionistas com reformas até 509,26 euros, de 150 euros para os pensionistas com prestações acima de 509,26 euros até 1.018,52 euros, e de 100 euros para os pensionistas que aufiram mais de 1.018,52 euros, até ao limite de 1.527,78 euros.

Esse suplemento será pago a 8 de outubro aos reformados da Segurança Social e a 18 de outubro aos pensionistas da Caixa Geral de Aposentações (CGA). Será sujeito a IRS, mas, na prática, o valor que vai chegar à carteira dos pensionistas será o mesmo que o anunciado, isto é, não se farão descontos mensais.

Suplemento extraordinário para pensões mais baixas
*200 euros para pensionistas com pensões de montante igual ou inferior a 509,26 euros;
*150 euros para pensionistas com pensões de montante superior a 509,26 euros e igual ou inferior a 1.018,52 euros;
*100 euros para pensionistas com pensões de montante superior a 1018,52 euros e igual ou inferior a 1.527,78 euros.

Mas esse não será o único “bónus” que chegará à carteira dos reformados portugueses este mês.

O Governo aprovou novas tabelas de retenção na fonte para refletir a redução de IRS aprovada pelo Parlamento. Durante dois meses, as taxas a aplicar aos salários e pensões serão bem menores do que é costume, para compensar, de forma retroativa, o valor retido em excesso desde janeiro.

Ora, no caso dos salários, o aumento do rendimento líquido proporcionado por estas novas tabelas de retenção foi sentido já em setembro. Mas no caso das pensões, como as reformas de setembro já estavam em processamento, o alívio só se sentirá em outubro.

Vamos a contas. No caso dos pensionistas aos quais foi prometido o “cheque” de 200 euros, esse será o seu único “brinde” em outubro. Por receberem pensões muito baixas, estes reformados já não faziam retenção na fonte de IRS, pelo que a mudança nas tabelas não terá impacto no seu caso.

No entanto, no caso dos pensionistas que receberão 150 euros de suplemento extraordinário, há quem veja o seu rendimento líquido aumentar devido às mudanças nas tabelas de retenção na fonte. De acordo com as contas da EY, um reformado (solteiro e sem dependentes) com uma pensão de 900 euros, por exemplo, reteve na fonte 27 euros todos os meses até aqui. Porém, em outubro, não fará retenção na fonte.

Ou seja, terá um ganho líquido de 27 euros, aos quais acrescem os 150 euros de suplemento, num “brinde” total de 177 euros.

Já um pensionista (solteiro e sem dependentes) com uma pensão de 1.000 euros descontou até aqui 58 euros por mês. Em outubro, não fará esse desconto. Resultado: verá o seu rendimento líquido aumentar mais de 208 euros (150 euros do suplemento extraordinário e 58 euros do alívio das novas tabelas de retenção na fonte).

Num outro exemplo, em pensionista com uma reforma de 1.500 euros vai receber um suplemento extraordinário de 100 euros, mas também vai descontar menos 180 euros do que descontava até aqui. O seu rendimento líquido vai subir, portanto, 280 euros em outubro, segundo as simulações da EY para o ECO.

Este duplo “brinde” é, no entanto, temporário. O suplemento extraordinário será pago apenas uma vez, ou seja, não se trata de um aumento permanente das pensões. E também a “generosidade” das tabelas de retenção na fonte não será mantida. Em dezembro, entrarão em vigor novas tabelas, que garantem mais rendimento líquido mensal do que até outubro, mas menos do que em outubro e novembro.

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Galp procura soluções para ‘salvar’ refinaria de lítio

"Faseamento permitido pelo PRR não é compatível com calendário de execução do projeto Aurora. Projeto continua a avaliar oportunidades de financiamento, incluindo ao abrigo do State Aid", diz a Galp.

A Galp e os suecos da Northvolt estão a avaliar a possibilidade de obter financiamento do novo sistema de incentivos a investimentos em setores estratégicos de mil milhões de euros para avançar com o chamado projeto Aurora, a construção de uma refinaria de lítio em Setúbal. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é uma carta fora do baralho, embora Bruxelas não se oponha ao regresso da petrolífera nacional às agendas mobilizadoras.

A Comissão Europeia aprovou na sexta-feira o lançamento, em Portugal, de um programa de mil milhões de euros em subvenções diretas, para promover a produção de equipamentos necessários para a transição para uma economia descarbonizada. Este novo sistema de incentivos a investimentos em setores estratégicos, já tinha sido aprovado em Conselho de Ministros no final de fevereiro, pelo anterior Governo, e entrou em vigor em março com uma dotação estimada de mil milhões de euros.

A Resolução do Conselho de Ministros, já publicada em Diário da República, criava um sistema de incentivos a “investimentos em setores estratégicos”, no âmbito do Regime Contratual de Investimento (RCI) e ao abrigo do Quadro Temporário de Crise e Transição, com um “orçamento estimado de 1.000 milhões de euros, alocando verbas”. Mas faltava Bruxelas dar luz verde a estes apoios que serão suportados pelo Orçamento do Estado, receitas próprias da AICEP e saldos de receitas próprias dos organismos da área governativa da economia

Esta decisão reveste-se de uma importância crucial e de uma dimensão estrutural para nos permitir ancorar investimentos de envergadura e com enorme impacto na nossa economia”, disse ao ECO o ministro da Economia, Pedro Reis. A refinaria de lítio da Galp e da Northvolt espera poder ser um desses investimentos já que perdeu o financiamento de 11 milhões que era assegurado pelo PRR.

A Galp abandonou a agenda mobilizadora destinada a criar uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal em abril deste ano, por “incompatibilidade do cronograma de execução com os prazos exigidos”, como avançou o ECO. O projeto para criar uma refinaria de lítio em Setúbal, entretanto, quase duplicou para 1,3 mil milhões de euros e a entrada em operação resvalou para 2028, de acordo com o estudo de impacte ambiental que está em consulta pública.

E perante os atrasos que se verificam em todos os Estados-membros para executar a bazuca europeia, Bruxelas decidiu introduzir alguma flexibilização. A data-limite para a execução dos projetos continua a ser 2026, mas agora é possível faseá-los, ou seja, o PRR financia até lá e depois o remanescente é assegurado por verbas do Orçamento do Estado ou outros fundos europeus.

Mas a Galp considera que o calendário de construção da refinaria a impede de aproveitar esta flexibilização.

O faseamento permitido pelo PRR não é compatível com o calendário de execução do projeto Aurora, pelo que o projeto continua a avaliar oportunidades de financiamento, incluindo ao abrigo do State Aid aprovado na semana passada pela Comissão Europeia”, disse ao ECO fonte oficial da Galp.

Para a Comissão Europeia o facto de o projeto Aurora ter saído da agenda mobilizadora que visava criar de raiz, em Portugal, uma cadeia de valor de baterias – com a integração de atividades de mineração, refinação, montagem de baterias e circularidade de materiais, subprodutos e resíduos – não é impeditivo de regressar.

Cabe às autoridades portuguesas decidir que produtos, processo e serviços concluídos vão apresentar como prova quando os respetivos pedidos de pagamentos são submetidos”, explicou ao ECO um porta-voz da Comissão Europeia. Uma decisão que irá constar do processo de reprogramação do PRR que o Executivo de Luís Montenegro já se comprometeu a apresentar no próximo ano.

O porta-voz da Comissão Europeia recordou ainda que, “de acordo com as regras, os projetos podem ser divididos de modo a que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência financie a parte que seria concluída até ao final de 2016 e os Estados-membros as partes a concluir depois dessa data”.

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Recrutamento, formação e transformação digital. Vem aí a Conferência Anual do Trabalho

  • Trabalho
  • 3 Outubro 2024

Durante dois dias, especialistas de Recursos Humanos, gestores de pessoas e líderes de equipas vão explorar os tópicos mais relevantes do setor.

Durante duas manhãs, a 15 e 16 de outubro, no Estúdio ECO em Lisboa, serão analisadas as tendências do mercado de trabalho, o impacto da tecnologia na gestão de pessoas nas organizações e o desenvolvimento profissional, do recrutamento à formação, passando pelas estratégias de aquisição de talento e o bem-estar dos colaboradores.

 

A entrada é gratuita, mas sujeita a inscrição aqui. A Conferência Anual da Trabalho tem o apoio do GIGroup Holding, da Innov Employment e da DCM Littler.

PROGRAMA (em atualização)

DIA 15

09h15 Boas-vindas

Diogo Agostinho, COO do ECO

09h30 Abertura

Tiago Varanda, Marketing Director da Gi Group Holding

09h45 1º Painel – “Os modelos de trabalho ao longo do tempo”

António Carvalho, Business Manager Temp & Perm da Gi Group
Pedro S. Martins, Professor na Nova School of Business and Economics
Pedro Henriques, HR Head Portugal na Siemens

Com a moderação de Paula Falé, Corporate Sales Director da Gi Group Holding

11h00 Coffee break

11h20 2º Painel – “O trabalho, amanhã”

Miriam Rosa, Investigadora, psicóloga social e das organizações, professora, cientista comportamental
Rita Piçarra, Former Microsoft PT CFO | Retired at 44 | Book Author | TEDx Speaker
João Chainho, HR Manager at Mercedes-Benz.io

Com a moderação de Liliana Costa, Talent Manager da Qibit

DIA 16

9h20 Abertura com Adriano Moreira, Secretário de Estado do Trabalho

09h45 1º Painel – “Concertação Social e o novo acordo sobre salários”

Armindo Monteiro, Presidente da CIP
Sérgio Monte, Secretário-geral adjunto da UGT
David Carvalho Martins, Managing Partner DCM | Littler

Com a moderação de Isabel Patrício, Editora do Trabalho by ECO

10h45 Coffee Break

11h00 2º Painel – “Salários: que condições há para aumentar o ordenado médio”

Mário Jorge Machado, administrador da Estamparia Adalberto e presidente da ATP
Pedro Brinca, Economista e Professor da Nova SBE

Com a moderação de Isabel Patrício, Editora do Trabalho by ECO

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João Duque: “Quem não estiver dentro da inteligência artificial, está fora do mercado”

  • Conteúdo Patrocinado
  • 3 Outubro 2024

A tecnologia traz ganhos de eficiência às empresas, mas para tirar partido dos benefícios da IA é fundamental apostar na organização dos dados e na formação dos seus colaboradores.

A inteligência artificial (IA) veio para ficar, mas sobretudo para apoiar os esforços de digitalização das empresas e alavancar a sua competitividade. Em Portugal, revela um estudo da Experis, 41% das organizações já recorrem a este tipo de soluções e a previsão é que, dentro de três anos, já mais de 80% dos negócios integre estas ferramentas. “Está previsto que, dentro de cinco a dez anos, a IA generativa vai ser mais inteligente do que os humanos. Estamos a falar de capacidade de gerar coisas inovadoras”, afirmou João Duque durante o evento Cegid Connections para Financeiros, na terça-feira, em Lisboa.

O professor catedrático de Finanças e presidente do ISEG não tem dúvidas de que “vamos, naturalmente, ser dominados por seres mais inteligentes do que nós e criados por nós”. Em resposta, há apenas dois caminhos: a negação ou a aceitação. João Duque acredita que o caminho é abraçar a tecnologia, dominá-la e integrá-la no dia a dia das empresas, porque aqueles que não o fizerem arriscam ficar para trás.

João Duque, Professor Catedrático do ISEG

Quem não estiver dentro da IA, está fora do mercado”, assegura o professor, que também já usa a tecnologia nas aulas que leciona no ISEG, bem como nos processos administrativos da instituição. Perante os profissionais da área financeira presentes no evento organizado pela Cegid, João Duque sublinhou as vantagens ao nível da automatização de tarefas repetitivas e burocráticas, na análise de informação em massa, na definição de risco de crédito e diminuição de erros, em especial na comunicação fiscal ao Estado. “Temos de estar preparados para a mudança”, reiterou.

Eficiência à boleia da tecnologia

O evento, que decorreu nas instalações da CCIP – Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, incluiu ainda uma mesa-redonda em que participaram Francisco Mendonça (PwC), Marco Silva (Jupiter Hotel Group), Marta Graça (Germano de Sousa) e Paulo Mestre (Cegid). Estes profissionais partilharam a experiência de adoção de soluções de IA para apoiar a digitalização das suas organizações, com desafios individuais, mas ‘dores de crescimento’ semelhantes.

“Estamos a iniciar um projeto com a Cegid para a implementação destas soluções [de IA]. Dá muitas dores, mas tenho a certeza que, mais lá para a frente, vai ser bom ter tudo isto a funcionar”, reconheceu Marco Silva. O responsável do Jupiter Hotel Group lembra que a chave para o sucesso de projetos de digitalização como este é garantir a qualidade dos dados. “Nada se faz sem dados, os dados são a base da tomada de decisão e esses dados têm de ser bem tratados e bem introduzidos no sistema. Sem os dados, a IA não poderá funcionar”, sublinha.

Marta Graça, da Germano de Sousa, lembra que quando entrou no grupo, em 2017, “passava muito tempo a produzir mapas”, não existiam “dados integrados e uniformizados” e não havia tempo para “analisar” a informação

Marta Graça, da Germano de Sousa, lembra que quando entrou no grupo, em 2017, “passava muito tempo a produzir mapas”, não existiam “dados integrados e uniformizados” e não havia tempo para “analisar” a informação. A escolha foi, por isso, avançar com a implementação de soluções suportadas em IA e iniciar “o caminho da uniformização dos dados”, que foi, diz, “essencial”. “Não vamos tirar trabalho a ninguém”, aponta.

A par da organização e tratamento da informação, Francisco Mendonça assinalou ainda a importância de “saber fazer a questão” ao sistema de IA generativa. “As pessoas vão acrescentar valor de outras formas. A IA generativa, numa lógica de produtividade, tem imensos casos de uso que devem ser explorados pelas organizações”, refere.

“Consciencializar as organizações de que tem de dar este passo é o ponto de partida, e nem sempre é fácil”, diz Paulo Mestre. Para o responsável pelos serviços de consultoria da Cegid, é fundamental que as empresas envolvam todos os stakeholders para garantir alinhamento na implementação deste tipo de projetos. Por outro lado, realça, é preciso deixar claro “que não há uma substituição das pessoas”, mas uma “valorização e potencialização das competências e das capacidades de cada um”.

Eficiência e competitividade

Simplificar, ampliar e inspirar são três dos principais vetores que orientam a Cegid no desenho de soluções de gestão enriquecidas com IA. Trata-se de colocar a IA ao serviço das empresas com o objetivo elevar ao máximo o potencial de cada negócio e de cada profissional “O nosso objetivo é aproveitar o que de melhor a IA e colocá-la ao serviço das empresas e dos profissionais com o propósito de aumentar a eficiência, a produtividade e a capacidade de decisão. Estamos focados no desenvolvimento de IA realmente útil, que vai mudar o dia a dia das empresas”, explicou Pedro Vale, vice-presidente da Cegid para a área de Engenharia de IA e Data.

A Cegid é uma empresa líder na Europa em soluções cloud de gestão para as áreas financeira, recursos humanos, contabilidade e retalho, para empreendedores e pequenas empresas.

Pedro Vale, VP of Engineering for AI, Data and Frameworks da Cegid

Com um sólido modelo de negócio na cloud, a Cegid está comprometida em dar apoio personalizado e a longo prazo aos seus clientes, com o propósito de apoiar a digitalização das empresas de qualquer dimensão, desde pequenas a grandes empresas, para uma experiência de valor e distinta a nível local e internacional.

No sentido de desenvolver inteligência artificial que valorize a capacidade humana, a empresa abriu o primeiro Centro de IA em Portugal, localizado em Braga, que iniciou atividade recentemente e onde, até 2025 irão trabalhar 150 engenheiros, focados no desenvolvimento de tecnologia inovadora que será exportada para toda a Europa e restantes mercados onde a Cegid está presente (neste momento tem escritórios em 22 países e a suas soluções são utilizadas em 130 países).

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Economia dos Açores em discussão. Assista aqui

  • ECO
  • 3 Outubro 2024

A situação económica do Arquipélago dos Açores será o tema central do 11º debate ECO Local / Novobanco, em Ponta Delgada, no dia 17 de outubro.

O balcão master do Novobanco, em Ponta Delgada, nos Açores, será palco do 11º debate ECO Local / Novobanco, onde será discutida a situação económica da região, as oportunidades e os novos desafios que se colocam ao arquipélago. Este debate, que tem como enquadramento uma análise da área de research do Novobanco à económica regional, contará com o contributo de diferentes visões e experiências do tecido empresarial e da academia.

Moderado por António Costa, diretor do ECO, o debate terá a participação de Miguel Monjardino, Professor Convidado de Geopolítica e Geoestratégia no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. É também colunista de política internacional em jornais; Luís Ribeiro, Administrador do novobanco; Helga Barcelos, Administradora e Diretora da Quinta dos Açores, Sócia-Gerente da AçorCarnes e Vice-Presidente e porta-voz do Grupo Barcelos e de Benedita Branco, sócia e gerente Lava Homes.

Assista ao evento online, aqui, no dia 17 de outubro, a partir das 18 horas (Portugal Continental).

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