Joaquín Castellvi (Stoneweg): “Em Espanha, precisamos de mais operadores institucionais para investir na vida flexível”

  • Servimedia
  • 30 Setembro 2024

O salão imobiliário Distric realizou uma nova edição em Barcelona, e um dos destaques foi a evolução do “flex living” e do “Build to Rent”, modalidades que estão em franca expansão em toda a Europa.

Para analisar o presente e o futuro do morar, foi realizada uma mesa redonda com a participação de Joaquín Castellví (sócio fundador da Stoneweg, uma plataforma de investimento imobiliário); Alvaro Córdoba (cofundador e COO da Badi; Ana Martínez de Lizarrondo (Diretora de Operações em Espanha da Urban Campus); e Vanessa Gelado (country manager da Hines em Espanha).

Joaquín Castellví destacou o firme compromisso da Stoneweg com o flex living e o Build to Rent, e explicou que desde o seu início em 2014 e 2015, no auge da recuperação residencial em Espanha, “começámos a investir no mercado de arrendamento e vimos a oportunidade nos espaços flexíveis. Há muitas oportunidades neste segmento e estamos a tentar institucionalizar mais a classe de ativos (conseguir investidores institucionais interessados). Já existem fluxos de caixa e um historial comprovado de vida flexível”.

O executivo da Stoneweg salientou ainda que, atualmente, no mercado espanhol, “não há investidores institucionais a apostar nesta tendência, uma vez que há falta de bons operadores”.

Em termos de investimento, Joaquin Castellví explicou que “é preciso saber quanto capital investir, valorizando a localização, que condiciona o preço de compra, e a obra. Para investir, preferimos saber quais os operadores que podem gerir o nosso ativo”. Nos últimos anos, a Stoneweg tem vindo a investir uma parte significativa do seu investimento em flex living: habitação de curta e média duração, com usos comuns, incluindo ginásio, piscina e instalações de coworking.

 

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 30 Setembro 2024

O INE divulga a estimativa rápida da inflação e a OCDE lança o Tax Policy Reforms 2024. Já a Direção-Geral do Orçamento (DGO) apresenta a síntese de execução orçamental relativa a agosto.

Esta segunda-feira, o INE divulga a estimativa rápida da inflação e a OCDE lança o Tax Policy Reforms 2024, com uma visão geral do ambiente macroeconómico e do contexto das receitas fiscais em que estas reformas fiscais foram realizadas. No início de uma semana em que o preço do gasóleo sobe e o da gasolina desce, a Direção-Geral do Orçamento (DGO) apresenta a síntese de execução orçamental relativa a agosto.

INE divulga estimativa rápida da inflação

O INE vai divulgar a estimativa rápida do índice de preços no consumidor referente ao mês de setembro. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em agosto, a inflação em Portugal continuou a abrandar, com o Índice de Preços no Consumidor (IPC) a fixar-se em 1,86%, naquela que foi a primeira vez desde dezembro do ano passado que ficou abaixo da barreira dos 2%. O INE divulga ainda a estimativa rápida da atividade turística e o Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas no Comércio, ambos referentes a agosto.

Como avançam as contas públicas?

A Direção-Geral do Orçamento (DGO) vai apresentar a síntese de execução orçamental, como o faz todos os meses, agora relativa a agosto. Nos dados de julho, as contas públicas apresentaram um saldo positivo de 1.059,8 milhões de euros, numa melhoria significativa face ao défice de 2.731 milhões de euros registado no final de junho.

Indústria agroalimentar em congresso

Esta segunda-feira tem também lugar o 9.º Congresso da Indústria Portuguesa Agroalimentar sob o mote “Crescimento e Sustentabilidade”, onde se vão dar a conhecer as novidades e os temas estratégicos para a criação de valor para o setor agroalimentar português. O evento conta com a presença de diversos oradores, entre os quais o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e Ricardo Arroja, novo chairman e CEO da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

OCDE lança Tax Policy Reforms 2024

A OCDE lança o relatório Tax Policy Reforms 2024, que abrange as reformas tributárias implementadas ou anunciadas em 2023 em 90 jurisdições, incluindo todos os países da OCDE. O documento fornece uma visão geral do ambiente macroeconómico e do contexto das receitas fiscais em que estas reformas fiscais foram realizadas.

Mudanças no preço dos combustíveis

Os preços dos combustíveis vão ter um comportamento diferente esta semana. O gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, deverá subir meio cêntimo e a gasolina deverá descer um cêntimo. Quando for abastecer, deverá pagar 1,541 euros por litro de gasóleo simples e 1,652 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira.

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OPPO mostra como a IA pode aliviar algumas das actividades mais aborrecidas da vida quotidiana

  • Servimedia
  • 30 Setembro 2024

A marca de dispositivos tecnológicos OPPO identificou quais são as atividades diárias mais aborrecidas para as pessoas e quais podem ser optimizadas através da utilização da Inteligência Artificial.

Desta forma, e com base nas necessidades dos utilizadores, a empresa desenvolveu algumas das ferramentas baseadas nesta tecnologia que podem realizar ou simplificar estas funções, e que estão incluídas nos seus últimos lançamentos, incluindo a série de smartphones Reno12.

A tecnologia tem ajudado a melhorar muitos aspetos da vida das pessoas e no local de trabalho, em particular, tem sido capaz de revolucionar a eficiência e a motivação dos funcionários, automatizando algumas das tarefas mais repetitivas. Por conseguinte, a OPPO indicou que a aplicação da inovação tem um papel muito importante a desempenhar na rotina dos trabalhadores, uma vez que a execução rotineira de tarefas com valor significativo no ambiente de trabalho pode levar à desmotivação e afetar negativamente tanto os indivíduos como as organizações.

Algumas das atividades mais aborrecidas no trabalho, que a OPPO procura otimizar com a integração da IA generativa nos seus dispositivos, são a gestão de correio eletrónico em massa, a realização de longas reuniões que são por vezes vistas como uma perda de tempo, a revisão e correção de documentos, bem como a extração das informações mais importantes dos mesmos, entre outras.

Além disso, a sensação de ter de realizar várias tarefas, conhecida como “multitasking”, é também um dos fatores mais frustrantes para os funcionários, juntamente com a vigilância e monitorização constantes necessárias para algumas funções.

A OPPO introduziu ferramentas de IA generativas nos seus mais recentes smartphones para melhorar a eficácia das pessoas no local de trabalho. Por exemplo, com o AI Writer, os utilizadores podem responder rapidamente a e-mails; com o AI Recording Summary, a OPPO facilita a recolha de ideias em conferências e reuniões; com o AI Summary, é possível extrair os detalhes essenciais de textos longos; e com o AI Speak, os consumidores podem ler textos escritos por voz.

De acordo com a empresa, a identificação destes pontos visa proporcionar aos utilizadores opções de dispositivos que complementem o seu quotidiano, facilitem as suas rotinas e optimizem o tempo que passam no trabalho, e reconhece que está a ter em conta estas necessidades na produção de novos smartphones.

 

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A tentar que a Volkswagen volte a ser uma love brand, Filipe Moreira, na primeira pessoa

Amante de bateria e de marcenaria, Filipe Moreira define-se como uma uma pessoa "muito dedicada à família". Diretor de marketing da Volkswagen, quer que a marca volte a ser uma love brand.

Com 50 anos, Filipe Moreira, diretor de marketing da Volkswagen Portugal, nasceu no mesmo ano do Volkswagen Golf, um dos modelos mais icónicos da marca automóvel alemã. Em meia década, o modelo vendeu cerca de 37 milhões de unidades, sendo neste momento o terceiro carro mais vendido no mundo em toda a história do mercado automóvel.

É só por si uma marca dentro da própria marca“, observa em conversa com o +M Filipe Moreira, diretor de marketing que tenta, também segundo as diretrizes da marca mãe, que a Volkswagen volte a ser uma love brand.

Com o fecho de fábricas na Alemanha e na China em cima da mesa, Filipe Moreira explica que a comunicação não é afetada por este cenário menos positivo. “Continuamos a manter o ritmo de lançamentos que pretendemos, nos timmings que estão definidos. Não há nenhuma relação com a comunicação. Em termos estratégicos mantemos exatamente a mesma linha. Não temos aqui nada que tenhamos de fazer de diferente em relação aos últimos dois anos em que se definiu esta estratégia de comunicação [de voltar a ser uma love brand] para a marca”, afirma.

De forma a celebrar o meio século de vida do Golf, a Volkswagen lançou um novo modelo, que é um “motivo de orgulho”. O carro foi lançado em julho e acompanhado por uma estratégia de comunicação que incluiu uma campanha que, em 60 segundos, percorre “a história daquilo que é o Golf”, desde 1974 até 2024.

Não temos feito muita comunicação do Golf porque há outras prioridades, mas sempre que fazemos alguma comunicação, mesmo que seja em digital, notamos um boom brutal. E isso é paradigmático quando olhamos para aquilo que são as visitas ao nosso website. Temos cerca de 150 mil pessoas a visitar mensalmente o nosso site e muita gente a fazer configurações de Golf. Mesmo não havendo comunicação específica para Golf, temos tido esse capital”, revela o diretor de marketing.

Mas a verdade é que as tendências de mercado acabam por ditar aquilo que são os ciclos de vida dos automóveis, sendo que a tendência de mercado tem recaído sobre os SUV, o que “acaba por descapitalizar um pouco a imagem do Golf”, entende Filipe Moreira, avançando que “existe a possibilidade de, eventualmente, este ser o último Golf” a ser produzido, “pelo menos na forma como o conhecemos até hoje”.

Em termos de comunicação, a estratégia da Volkswagen passa, desde 2023, por voltar a tentar ser uma “love brand”, desde logo por ser uma marca com muitos anos de mercado, mas também por ser responsável pelo lançamento de ícones de vendas, como o carocha (VW Typ 1), o pão de forma (VW Kombi) ou o Golf, explica Filipe Moreira.

Tivemos momentos mais complicados no passado, em termos estruturais, e temos vindo a recuperar desses momentos. O que perspetivamos é voltar a ser essa love brand que tem todo um conjunto de preceitos associados para voltar a ser uma marca emocional, mais autêntica, humana, apaixonada e apelativa e, de certa forma, voltar a ganhar a confiança dos nossos clientes e consumidores“, explica Filipe Moreira.

Em Portugal, a Volkswagen segue as “guidelines” de comunicação da própria marca na Alemanha. “No entanto, naturalmente, temos a possibilidade de adaptar toda esta comunicação ao nosso mercado e fazemo-lo com alguma regularidade, até porque temos aqui algumas condicionantes, no que respeita a legislação, que nos impedem muitas vezes de utilizar a comunicação que nos é fornecida através da Volkswagen na Alemanha”, refere o diretor de marketing.

Um exemplo passa pela necessidade de adaptação dos spots que vêm da Alemanha e que apresentam crianças, uma vez que “em Portugal não se podem utilizar crianças como personagens principais de uma comunicação, a partir do momento em que o produto não lhes é destinado”, explica.

“O nosso trabalho tem passado por tentar contornar estas dificuldades, e aproveitar o que temos e conseguir adaptar a nossa comunicação àquilo que são estas condicionantes e contingências da nossa legislação”, detalha Filipe Moreira, que lidera uma equipa composta por mais três pessoas.

Em Portugal, o território da Volkswagen tem passado também por uma aposta “muito concreta” no território da música, tendo vindo a marcar presença no festival Festas do Mar, em Cascais, onde a marca automóvel figura como o main sponsor. Foi aí, este ano, que a marca escolheu precisamente dar a conhecer o seu novo Golf, porventura o último.

Quanto às notícias sobre o encerramento de fábricas do grupo automóvel, Filipe Moreira esclarece que este é um processo “normal” na restruturação de um grande grupo: “Chegou-se a um ponto em que é preciso definir estratégias e cortar algumas eventuais ‘gorduras’ que possam estar na estrutura”, diz.

As fábricas que vão encerrar são de menor dimensão – “o que é sempre um problema, porque são postos de trabalho que estão em risco” – mas, comparativamente com o que é a globalidade do grupo, representam uma pequena escala, detalha. O diretor de marketing esclarece ainda que a Autoeuropa Portugal é uma unidade de produção independente e que esta restruturação feita a nível internacional não tem qualquer tipo de impacto no país.

“Continuamos em Portugal como Volkswagen Autoeuropa, que é uma das fábricas mais importantes da Volkswagen a nível internacional e uma das mais reconhecidas, e por isso parece-me que em Portugal estamos perfeitamente tranquilos no que respeita a esta matéria“, afirma.

A comunicação e o marketing, nem sempre foram uma certeza na vida de Filipe Moreira, tendo surgido numa altura da sua vida em que este andava “um pouco perdido”. Enquanto tirava a licenciatura em Gestão de Empresas, Filipe Moreira não sabia efetivamente que rumo queria dar à sua vida profissional. Foi só no quarto ano da licenciatura (pré-Bolonha, ou seja, de cinco anos), quando teve uma cadeira de marketing — “o marketing da altura não era o marketing de hoje” –, que aquelas “matérias novas” o atraíram e despertaram a atenção “mais do que todas as outras cadeiras do curso”.

Quando terminou a faculdade, ficou claro que era um percurso profissional ligado ao marketing aquele que queria seguir. Mas “as coisas nem sempre acontecem como se gostaria”, pelo que, pese embora a “felicidade” de um mês depois de ter acabado os estudos já estar no mercado de trabalho, Filipe Moreira não estava a fazer o que gostaria.

Depois de iniciar a sua carreira na Mafre, passou por outra empresa também ligada à área seguradora — a AdvanceCare — ainda sem ser no marketing. Ciente do que queria fazer, e de forma a especializar-se na área, fez uma pós-graduação em Marketing e isso foi um “ponto de viragem“, porque teve a oportunidade de conhecer algumas pessoas do mercado.

Foi, na verdade, através de um colega do curso de pós-graduação que teve a oportunidade de entrar numa empresa em 2002 — a Würth — onde esteve durante dois anos como gestor de produtos.

“Foi a minha primeira experiência profissional a nível de marketing e acho que foi efetivamente ali que comecei a trabalhar à séria. Isto porque o trabalho era muito exigente. A função de gestor de produto permitiu-me conhecer aquilo que era o mercado e não estar só sentado a uma secretária, até porque por uma questão de estratégia e de cultura da empresa, tinha que ir todos os meses visitar clientes. E não há melhor forma de perceber o mercado do que indo ter com os clientes e perceber quais são as suas necessidades, preocupações e dificuldades”, explica.

Em 2004, achou que estava na altura de constituir família mas o trabalho “exigente” na Würth dificultava essa ambição, o que o motivou a procurar outro desafio. Foi nessa altura que teve a oportunidade de ingressar na SIVA-PHS (importadora e distribuidora em Portugal das marcas do grupo Volkswagen) como responsável de uma das áreas de pós-venda de peças e acessórios. Depois de ter também desempenhado a função de sales manager da Volkswagen entre 2014 e 2021, assumiu então a direção de marketing da marca, função que mantém até hoje.

A viver em Mafra – que é para si “o melhor lugar do mundo” e onde pode desfrutar do campo e da praia, que privilegia – Filipe Moreira é casado há 22 anos e tem uma filha de 18, que entrou este ano para a universidade. Trata-se novidade familiar e de “alteração de vida”, considerando-se Filipe Moreira um “pai muito presente” e uma pessoa “muito dedicada à família”, pois “só assim faz sentido”.

Amante de música e utilizador do Spotify em boa parte do seu — seja em momentos de trabalho que requerem maior concentração ou nas viagens de carro que faz entre Mafra e Azambuja –, na sua playlist não falta o heavy metal, género musical que começou a ouvir aos 15 anos.

Atrás da paixão pela música surgiu outra, pela bateria, que se definiu muito cedo. É que o seu pai trabalhou nos antigos estúdios da RTP, no Lumiar (Lisboa), e enquanto frequentou a primária, Filipe Moreira, depois da escola, assistia à gravação dos programas, que contavam na sua maior parte com música ao vivo.

“Ficava completamente fascinado a olhar, não tanto para o que estava a acontecer no estúdio, mas para a bateria, e sempre tive aquele bichinho de um dia querer ter uma bateria e saber tocar”, diz. Mas foi só aos 36 anos, já numa moradia em Mafra, que comprou uma bateria e começou a tocar, hobbie que o tem acompanhado até hoje e que consiste num “excelente antistress muito libertador”.

Graças a um workshop que fez durante a pandemia descobriu também uma outra paixão, a da marcenaria. Hoje em dia faz alguns trabalhos na pequena oficina que tem na garagem, um hobbie que gosta de encarar como “herança”, ou não tivesse o seu próprio avô sido marceneiro.

Filipe Moreira, em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

A nível nacional considero que a campanha “Tou xim”, da Telecel, foi um marco na história da publicidade em Portugal. Estávamos em 1995 e a campanha teve uma notoriedade incrível, sendo que ainda hoje é recordada por muitos. Uma ideia aparentemente simples, com um copy curtíssimo e com impacto extraordinário. Foi de facto, brilhante!

A nível internacional não posso deixar de mencionar a campanha de 2024 do Volkswagen Golf, que celebra, simultaneamente, um novo modelo e os 50 anos de vida. A campanha incorpora todos os valores da marca, com principal foco na sua universalidade, humanidade, tradição, herança e também evolução e inovação. O storytelling baseia-se naquilo que poderia ser a história de qualquer um de nós, com a “vida” do Golf ao longo das suas oito gerações e que acompanha uma família ao longo de 3 gerações. O claim “Feito pela vida. Feito para vida” traduz precisamente a iconicidade do Golf. Não fui eu quem a aprovou mas tive o privilégio de a trabalhar para o nosso mercado.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Eu diria que existem várias decisões difíceis com as quais nos podemos deparar. Declinar uma proposta criativa que teria tudo para ser um enorme sucesso mas que poderia correr o risco de alterar a estratégia e posicionamento da marca. No mesmo sentido, e com a mesma proposta criativa de exceção, ter de a declinar por limitação de budget.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

Acima de tudo a família. Profissionalmente, é fundamental acompanhar se a nossa estratégia de produto e comunicação está ter impacto no mercado, que por sua vez se traduz na performance de vendas.

4 – O briefing ideal deve…

Curto, objetivo e exequível. Tal como esta resposta.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Conhece bem a essência da marca, a sua missão, visão e valores assim como o mercado onde se insere e que está alinhada com a sua estratégia. É a que tem a flexibilidade necessária para se adaptar a potenciais alterações de plano por parte do cliente. É a que aceita desafios e também desafia o próprio cliente a crescer. É a que entrega o “extra mile” quando o cliente não está à espera. E como as agências são feitas de pessoas, é fundamental que exista uma relação de empatia e cumplicidade entre ambas as partes.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Creio que depende muito do mercado onde a marca se movimenta. Existem mercados mais progressistas onde a margem de manobra para arriscar é enorme e outros mais conservadores onde o espaço para arriscar pode ser mínimo.

No mercado automóvel, onde nos inserimos, sou da opinião que a estratégia passa por um equilíbrio entre ambos. Cada vez mais vivemos em tempos de mercados dinâmicos em que os targets mais jovens não reagem da mesma forma à publicidade que os targets mais experientes, pelo que se jogarmos sempre pelo seguro corremos o risco da “fórmula” usada já não ser eficaz nem para uns nem para outros. Por outro lado, já tivemos campanhas disruptivas e que não foram bem recebidas pelo mercado. Acredito que arriscar é uma forma de evoluir e aos poucos vamos experimentando novas “fórmulas”. É este equilíbrio que procuramos, sempre tendo como linha orientadora a estratégia e posicionamento da marca.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Diria que a probabilidade de me sair o “Euromilhões” seria maior. Em 99,99% das organizações seria utópico falar em orçamentos ilimitados. Sou da opinião que temos sempre de ter um objetivo que rege a nossa atividade. A definição de um budget, independentemente da sua dimensão, cria foco e evita a dispersão. No entanto, se tivesse um budget mais generoso, avançava com campanhas fantásticas que já tive de declinar, desenvolveria mais conteúdos locais que têm uma excelente aceitação no nosso mercado, e acima de tudo um bom conjunto de ativações, que estão em standby, para que possamos estar mais próximos dos nossos clientes, potenciando notoriedade da marca.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Em constante evolução. Temos excelentes criativos, mas temos a eterna questão da economia de escala e limitações orçamentais que muitas das vezes não permitem dar vida às muitas das boas ideias que por cá surgem.

9 – Construção de marca é?

É um longo caminho de definição da missão, visão, valores e estratégias, passando pela identidade e posicionamento no mercado, garantindo uma consistência e coerência das suas ações, gerando reputação e assegurando a confiança dos seus clientes.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Desde os 21 anos que sabia o que queria fazer na vida. Tenho o privilégio de ter conseguido concretizar esse objetivo, mas caso assim não fosse talvez tivesse sido arquiteto. Tenho o fascínio pela arquitetura contemporânea, onde cada linha de um projeto pode ter um propósito específico, a descoberta de novos materiais e como as evoluções tecnológicas ajudam a garantir a sustentabilidade dos projetos. É fantástico como a partir de simples traços num papel nascem obras estupendas.

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A logística do Pingo Doce e os tubarões voadores. Oiça o podcast À Prova de Futuro

Ricardo Mestre, diretor executivo de logística do Pingo Doce, e João Correia, fundador da Flying Sharks, são os convidados.

No quarto episódio do podcats À Prova de Futuro, falamos dos desafios da logística e de como a inovação tecnológica está a transformar o setor.

O primeiro convidado tem a responsabilidade por uma das maiores operações do país. Ricardo Mestre, diretor executivo de logística do Pingo Doce, fala sobre os desafios de ter uma operação just in time e de como a inteligência artificial já está a ajudar a retalhista a prever as necessidades de abastecimento das lojas.

Conversamos também com João Correia, que em 2006 fundou a Flying Sharks, empresa que é hoje uma referência mundial no transporte de animais marinhos, incluindo tubarões.

Oiça o episódio no leitor abaixo:

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Administração e trabalhadores do BCP têm aulas de concorrência após condenação

"Vamos assegurar que todos os colaboradores, a começar por mim e por toda a equipa executiva, têm o conhecimento cabal, completo e atualizado do mercado em concorrência", afirmou Miguel Maya.

Os trabalhadores do BCP vão receber formação na área da concorrência até final do ano, uma medida que se estende dos colaboradores das sucursais aos membros da comissão executiva liderada por Miguel Maya, depois da condenação em tribunal no chamado “cartel da banca”.

“Na sequência desta decisão [do tribunal de Santarém], em vez de estarmos com grandes alaridos, até final do ano, vamos fazer uma nova formação com todos os elementos com categoria diretiva, a todos os elementos das áreas comerciais, todos os elementos da área do marketing e a própria comissão executiva”, revelou Miguel Maya em declarações ao ECO, à margem da Cimeira do Turismo, em Mafra.

“Vamos assegurar que todos os colaboradores, a começar por mim e por toda a equipa executiva, têm o conhecimento cabal, completo e atualizado do mercado em concorrência”, explicou o gestor.

Há cerca de duas semanas, Tribunal da Concorrência manteve a multa de mais de 200 milhões de euros a 11 bancos por causa de uma “infração muito grave” com a troca de informação sensível, incluindo spreads e volume de produção, no mercado de crédito entre 2002 e 2013.

O BCP teve a segunda maior coima, no valor de 60 milhões de euros, da qual já disse que vai recorrer para o Tribunal da Relação.

Na sequência desta decisão [do tribunal de Santarém], em vez de estarmos com grandes alaridos, até final do ano, vamos fazer uma nova formação com todos os elementos com categoria diretiva, a todos os elementos das áreas comerciais, todos os elementos da área do marketing e a própria comissão executiva.

Miguel Maya

CEO do BCP

Na sentença, um dos aspetos que a juíza censurou nos bancos, para lá prática concertada, foi a “ausência de sentido crítico” em relação à atuação que tiveram, sendo uma das razões pela qual manteve as coimas para que “interiorizem” a gravidade das práticas para que não se repitam no futuro.

Do lado do BCP, desde o início do processo que os trabalhadores, “desde o conselho de administração até às pessoas que estão nas sucursais”, já receberam formação sobre concorrência, segundo Miguel Maya. “Levamos isto muito a sério, a concorrência é essencial no funcionamento normal do mercado”, considerou o gestor.

“Nem sabiam o que era uma infração por objeto”

Miguel Maya reafirmou que “nunca houve da parte dos diversos bancos de atuar de forma concertada a prejudicar os consumidores”. “A verdade é que isso não ficou sequer provado. Cedo perceberam [na Autoridade da Concorrência] que esse não era o caminho, que não conseguiam provar e, por isso, foram para a infração por objeto”, apontou.

Mas “há dez ou 15 anos”, ninguém sabia muito bem o que era sequer a infração por objeto” e, “lendo os e-mails que foram trocados, percebe-se que ninguém escondia nada, o próprio número de pessoas que estava envolvida na troca de e-mails mostrava que havia um desconhecimento e não uma intenção”.

Nesse sentido, o CEO do BCP esperava que o tribunal impusesse aos bancos “a capacidade de formação permanente dos quadros dos bancos, para que atuassem em conhecimento das leis da concorrência”.

Lamentando o facto de o processo se ter tornado numa “cruzada” contra os bancos, Miguel Maya disse ainda que a decisão final do tribunal não o surpreendeu: “Desde o primeiro momento que percecionei que havia aqui uma batalha para fazer um caso exemplar, e que pudesse servir de exemplo para qualquer coisa”.

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Tejo vai ter barcaças com 100 contentores para ligar Lisboa a Castanheira do Ribatejo até 2026

Década e meia depois do primeiro anúncio de um porto fluvial junto à Plataforma Logística no município de Vila Franca de Xira, a obra está finalmente pronta a iniciar. Quase 100 camiões deixam a A1.

O porto fluvial de mercadorias em Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, já aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente, vai começar em obras até final deste ano. Ao ECO/Local Online, o presidente do grupo ETE, Luís Figueiredo, explicou que já tem em mãos as propostas das empresas candidatas à construção e que a concessionária irá agora analisar a mais adequada, para fazer a adjudicação ainda este ano.

O investimento inicial estimado é de seis milhões de euros. Adjacente, estará uma área de dois hectares de parqueamento de contentores, suficiente para três a quatro barcaças.

O serviço estará à disposição das empresas a partir do início de 2026. Cada viagem da barcaça e do rebocador significará o transporte de até 100 contentores. O volume em cada viagem depende, contudo, da adesão ao serviço por parte das empresas. “Em vez de saírem de camião de Alcântara ou Santa Apolónia, os clientes podem ir buscar os contentores a Castanheira do Ribatejo”, realça Luís FIgueiredo.

Isto significa que o projeto não se cinge obrigatoriamente ao trânsito de contentores com origem e destino final entre os portos de Lisboa e Castanheira, já que, como destaca a ETE, o facto de o porto da Castanheira se situar a apenas um quilómetro da A1 abre a porta a que se faça uma parte do percurso entre Lisboa e Norte (e até para sul, através da A10, a um par de quilómetros dali, e que liga à A13 e desta à A6 e A2 no sentido de Espanha e do sul, respetivamente) pelo rio e o restante por estrada. A duração por trajeto será de quatro horas ao longo dos 45 km de rio entre os portos de Lisboa e de Castanheira.

O projeto tem potencial para escalar num curto espaço de tempo, assegura Luís Figueiredo: “rapidamente estaremos em condições de pôr barcaças dia sim dia não”. Por outro lado, diz, um rebocador tem capacidade de mover até quatro barcaças, o que eleva para 400 o máximo de contentores por cada viagem. “O ideal seria fazer um comboio de quatro barcaças em simultâneo”, diz o gestor. A capacidade técnica está assegurada, faltando, contudo, que a procura o dite.

Rapidamente estaremos em condições de pôr barcaças dia sim dia não

Luís Figueiredo

Presidente do grupo ETE

Além dos benefícios em redução do fluxo de camiões a circular na A1 e nas ruas de Lisboa, haverá um corte potencial nas emissões de CO2, desde que o negócio corra conforme a expetativa da empresa. Em termos comparativos, uma barcaça com somente 10 contentores emitirá praticamente o mesmo que um camião, por força da maior emissão de um rebocador, face a um camião. Na situação ótima, contudo, as contas são bem distintas. Numa equivalência de CO2 por transporte, a barcaça com 100 contentores representa 10% das emissões” dos 100 camiões necessários para transportar essa mesma centena de contentores.

As características do equipamento utilizado pela ETE permitem contornar as limitações de navegabilidade do rio, as quais só poderão ser resolvidas após obras de dragagem cuja decisão cabe ao Estado. “Uma das virtudes do nosso projeto é que não precisamos de dragagens. As nossas barcaças conseguem ir carregadas praticamente até Santarém”, nota o gestor.

O avanço definitivo do projeto colocará fim a uma longa espera que já soma 13 anos desde que foi apresentado o projeto. Entre as limitações esteve a estagnação no avanço da PLLN. Sem colocar para já em causa o avanço do projeto, Luís Figueiredo deixa, no entanto, um alerta em declarações ao ECO/Local Online, com o Governo como destinatário, apontando “a instabilidade legislativa relativa aos portos“, que no limite poderá travar o início da construção.

No futuro, o potencial de expansão do parque de contentores poderá estender-se até aos 200 hectares, área de um terreno privado que ocupa toda a frente de rio ao longo da plataforma logística, a qual se situa a menos de 400 metros da margem do Tejo.

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Finlandesa Alinor prepara abertura de filial em Portugal

Startup que ajuda as equipas de procurement a fazer pedidos de cotação, com recurso a IA, está a preparar nova ronda de investimento ainda para este ano.

Da esquerda para a direita, Tarek Samy e Dennis von Kraemer, cofundadores da Alinor.

A finlandesa Alinor, plataforma que permite às equipas de procurement nas empresas fazer pedidos de cotação com recurso a Inteligência Artificial, está a preparar a abertura de uma filial em Portugal. Hoje, a startup integra o espaço da Startup Lisboa, mas “no futuro [planeia] expandir para outra localização em Lisboa”. Startup planeia este ano uma nova ronda de investimento.

“Acreditamos que o ecossistema de startups português está todos os anos cada vez mais robusto, a população portuguesa é também proficiente ao nível do domínio do inglês, por isso é fácil comunicar com potenciais parceiros ou clientes no país e construir relações sustentáveis”, Dennis von Kraemer, cofundador da startup finlandesa com Tarek Samy.

“Portugal tem uma série de empresas inovadoras com as quais pretendemos trabalhar, em particular na energia renovável, utilities e outros projetos orientados para outros setores”, comenta o cofundador da startup. “Por agora estamos a utilizar o espaço de incubação da Startup Lisboa, mas no futuro estamos a planear expandir para outra localização em Lisboa“, aponta, sem avançar datas.

Somos uma equipa pequena com uma mão cheia de pessoas mas iremos recrutar mais pessoas até ao final do ano, início do próximo ano depois da nossa próxima ronda de financiamento. Há muitas pessoas talentosas em Portugal e iremos contratar localmente se se enquadrarem com o nosso perfil.

Dennis von Kraemer

Cofundador da Alinor

A startup, que está a desenvolver uma plataforma de procurement com base em IA para “ajudar as empresas a automatizar a forma como criam os requisitos para os fornecedores e fazem pedidos de cotação (RFQ), olha para o mercado nacional como “um hub tech e um mercado de vendas e pretendemos expandir a nossa presença aqui em todos os sentidos”.

Dennis von Kraemer não adianta números sobre o que poderá ser a equipa local da Alinor. “Somos uma equipa pequena com uma mão cheia de pessoas mas iremos recrutar mais pessoas até ao final do ano, início do próximo ano depois da nossa próxima ronda de financiamento”, diz. “Há muitas pessoas talentosas em Portugal e iremos contratar localmente se se enquadrarem com o nosso perfil”, diz.

A última ronda de financiamento, cujo valor não é conhecido, foi em outubro de 2022, segundo a TechCrunch. Dennis von Kraemer admite uma nova ida ao mercado está nos planos, mas também não revela objetivo de angariação de capital. “Levantamos previamente capital e estamos a preparar uma nova ronda no final de outubro ou início de novembro. Não queremos revelar publicamente o valor da ronda.”

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Governo quer reforçar benefício no IRC para empresas que aumentem salários

Benefício em IRC para empresas que aumentem salários não é novidade, mas deve sofrer alterações. Máximo de encargos majoráveis passa de quatro, para cinco vezes o salário mínimo.

O Governo quer reforçar o benefício previsto em sede de IRC para as empresas que aumentem os salários dos seus trabalhadores em linha com os referenciais acordados na Concertação Social. Esta é uma das medidas do acordo sobre a valorização salarial e crescimento económico que o Executivo propôs esta semana aos parceiros sociais.

De acordo com a proposta entregue às confederações empresariais e às centrais sindicais, a que o ECO teve acesso, o Governo quer que os empregadores que assegurem um aumento mínimo de 4,7% do seu salário médio e das remunerações mais baixas beneficiem de uma majoração de 50% dos encargos correspondentes ao aumento salarial, em sede de IRC, sendo o montante máximo dos encargos majoráveis o equivalente a cinco vezes o salário mínimo nacional (4.350 euros, considerando a retribuição mínima já anunciada para 2025).

Importa explicar que já do acordo de rendimentos assinado em 2022 pelo Governo de António Costa com os parceiros sociais constava um benefício semelhante, como forma de apoiar as empresas nos reforços remuneratórios que ficaram previstos. Mas, nesse caso, o montante máximo dos encargos majoráveis era de quatro vezes o salário mínimo nacional (3.280 euros, tendo em conta a retribuição mínima em vigor neste momento).

Ou seja, o Executivo de Luís Montenegro quer agora reforçar esse benefício, numa altura em que as confederações empresariais têm frisado que, para que os salários subam, é preciso que se criem condições para que tal seja sustentável, aliviando, nomeadamente, a carga fiscal.

Outra mudança pretendida pelo atual Governo é que este benefício não fique dependente de uma redução do leque salarial dos trabalhadores.

Atualmente, o Estatuto dos Benefícios Fiscais dita que esta majoração só pode ser aplicada a empresas que não registem aumentos do leque salarial dos trabalhadores face ao ano anterior. No entanto, nas condições de acesso identificadas na proposta apresentada esta semana aos parceiros sociais não há qualquer referência a esse requisito.

A proposta de acordo sobre a valorização salarial foi entregue esta quarta-feira aos parceiros sociais, seguindo-se agora uma série de reuniões entre o Governo e os sindicatos e empresários. A intenção, explicou a ministra do Trabalho, é chegar a um entendimento antes da proposta de Orçamento do Estado para 2025 entrar no Parlamento, o que acontecerá a 10 de outubro.

Além desta medida, está em cima da mesa a isenção fiscal dos prémios de produtividade, mas também apenas para as empresas que aumentem os salários, conforme escreveu o ECO.

Quanto à trajetória dos ordenados, o Governo anunciou, neste âmbito, um aumento de 50 euros do salário mínimo nacional, para 870 euros em 2025, com o objetivo de chegar aos 1.020 euros até 2028.

Quer também que o referencial para os aumentos dos demais salários seja de 4,7% no próximo ano, em linha com o que tinha ficado acordado no acordo de rendimento celebrado em 2022 pelo anterior Governo na Concertação Social.

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Em outubro há preços da energia a mexer. Saiba o que muda

O preço do gás vai subir quase 7% no mercado regulado, e também há subidas no mercado livre. Na fatura da luz, só foram ainda anunciadas subidas por parte da Galp.

Esta terça-feira, 1 de outubro, marca o início do novo “ano gás” – o que normalmente significa uma revisão dos preços. Este ano, a ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos decretou que os preços do gás natural no mercado regulado vão agravar em 6,9% nesta data. No mercado livre, algumas das ofertas de gás também deverão encarecer, como é o caso da Goldenergy e da Endesa. No que toca à eletricidade, a maioria dos comercializadores contactados pelo Capital Verde afirma que vão manter os preços, mas há pelo menos uma exceção anunciada: a Galp.

O mercado regulado do gás, que atualmente tem a tarifa mais acessível para esta energia, vai agravar os preços em média em 6,9% a partir de outubro, o que significa que um casal sem filhos irá pagar mais 88 cêntimos face à fatura anterior, agravando para os 15,66 euros, enquanto um casal com dois filhos receberá uma conta 1,68 euros mais cara, à volta dos 29,75 euros, indica o regulador.

Na altura em que propôs esta revisão, o regulador indicou que este aumento está relacionado com a subida numa das componentes do preço, as tarifas de Acesso às Redes, já que regista uma “ diminuição da procura de gás no mercado nacional, o que resulta num aumento unitário dos custos das infraestruturas”. Estas tarifas aumentaram 49 cêntimos para os consumidores domésticos.

Ora, embora o regulador controle apenas os preços finais do mercado regulado, a subida desta componente relativa às redes também pode ser refletida nas ofertas do mercado livre. Depende da decisão da empresa comercializadora.

Ao Eco/Capital Verde, a EDP Comercial, Goldenergy e a Endesa afirmam que irão refletir nas faturas do gás natural, a partir de 1 de outubro, o custo adicional das tarifas de acesso às redes. Já a Galp vai aumentar o preço do gás natural que fornece, em média, em 16%. A Repsol preferiu não tecer comentários.

Numa simulação de preços, através do site do regulador, para um casal sem filhos a oferta mais acessível é a do mercado regulado, que cobra 15,60 por mês. Segue-se a oferta da Dourogás, nos 18,52 euros, e finalmente da Galp, de 18,63 euros. Olhando ainda a outras das ofertas que aqui foram mencionadas, a EDP Comercial aparece em sexto lugar e a Endesa apenas em oitavo, com ofertas de 19,47 e 21,41 euros, respetivamente. A Goldenergy segue-se à energética espanhola, com uma oferta nos 22,70 euros.

Para um casal com dois filhos, o cenário é semelhante. As primeiras três ofertas, mais atrativas, pertencem ao mercado regulado, Dourogás e Galp, a EDP sobe para a quinta posição e a Endesa e Goldenergy mantêm-se nos oitavo e nono lugares.

Eletricidade estável até final do ano. Galp é exceção

No caso da fatura da luz, o calendário é diferente. É em meados de outubro que é publicada a proposta do regulador para os preços que entrarão em vigor no ano seguinte, e cuja discussão se prolonga até meados de dezembro, quando é conhecida a decisão final.

No entanto, na mesma nota que dirigiu aos clientes em agosto sobre o gás natural, a Galp informou que irá subir já a 1 de outubro os preços da luz que pratica, numa média de 9%. A petrolífera justifica com o “aumento continuado” do custo de compra de energia nos mercados internacionais, tal como avançou a Lusa em agosto.

A EDP Comercial, novamente, indica que não tenciona agravar os preços da eletricidade das suas ofertas. Em paralelo, a Endesa garante igualmente a estabilidade de preços aos seus clientes, pelo menos até ao final do ano. Para os novos clientes, depende da evolução dos mercados grossistas da eletricidade (onde os comercializadores compram a eletricidade aos produtores).

A mesma política de estabilidade vai ser seguida pela Goldenergy em outubro e até dezembro, embora a empresa se declare “atenta” às novas tarifas dos acessos à rede e à evolução natural do mercado. A Repsol também preferiu não adiantar a sua posição neste caso.

Em relação ao próximo ano, a Secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, expressou “preocupação” quanto à hipótese de as tarifas de eletricidade voltarem a subir em janeiro. “Estou preocupada, naturalmente. Há muitas incertezas relativamente aos custos e é preocupante que possa haver um agravamento das tarifas”, disse, à margem de uma conferência sobre energia promovida pelo jornal Eco, em Lisboa.

A governante assinalou ainda que o Governo está “a trabalhar” em medidas que possam servir de almofada no caso de futuras subidas na fatura da luz.

De momento, no mercado elétrico, os preços regulados são a terceira opção mais barata, cobrando 37,76 euros mensais a um casal sem filhos, e a Goldenergy aparece em sexto lugar, com uma oferta de 38,69 euros. A Galp está em oitavo, cobrando 39,47 euros, a Endesa em 10.º, nos 40,64 euros, a Repsol em 14.º e a EDP em 17.º, com uma fatura a ascender aos 44,88 euros. Isto, excluindo ofertas condicionadas ou com fidelização e escolhendo uma tarifa simples (por oposição a bi-horária).

Para um casal com dois filhos, o mercado regulado já conta apenas como a quinta melhor opção, nos 96,40 euros, a Galp está em sétimo, Goldenergy em oitavo, Repsol em nono, Endesa em 13.º e EDP novamente em 17.º, já nos 112,58 euros mensais.

(Notícia atualizada com a informação de que a EDP Comercial irá refletir a subida do valor da tarifa de acesso às redes no preço do gás, em vez de o manter inalterado)

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Bancos contestam Banco de Fomento sobre utilização das linhas InvestEU

Bancos têm dezenas de milhões de euros que não conseguem financiar com a linha InvestEU por estarem em causa empresas com projetos aprovados com fundos do PRR ou PT2030.

Eurico Cid tem um projeto para construir um Entreposto Frigorifico Aduaneiro em Vila Franca de Xira. A câmara municipal já deu luz verde à infraestrutura que vai contar com um milhão de euros de financiamento do Portugal 2030. “É um investimento de sete milhões de euros”, contou ao ECO o gerente da NCLogística.

“O BCP, o Novobanco e a CGD vieram ter connosco para nos propor uma linha que ia sair e que tinha condições muito vantajosas, tendo em conta o prazo de pagamento longo, o período de carência alargado e juros suaves”, recorda. Em causa estão as linhas InvestEU lançadas pelo Banco de Fomento a 5 de julho e que lhe permitiria assegurar as fontes de financiamento adicionais essenciais para a aprovação de uma qualquer candidatura a fundos europeus

No entanto, a 20 de setembro, esta linha ainda não tinha quaisquer operações aprovadas. Porquê? Porque as “operações já financiadas uma vez, ou que se destinem a ser usadas para pré-financiar outras operações com fundos europeus” não são elegíveis para estas linhas, tal como vem descrito nas regras.

“No nosso caso, se não tivermos este apoio, não vamos poder construir o já programado Entreposto Frigorifico Aduaneiro, aprovado pela Câmara de Vila France de Xira”, diz Eurico Cid. “Vamos ter de fechar a empresa, despedir 40 trabalhadores, deixar de apoiar cerca de 70 empresas na exportação dos seus produtos e, perder um milhão de euros já aprovados no Inovação Produtiva 2030”, vaticina o gerente.

Os bancos têm dezenas de milhões de euros não passíveis de financiar com a linha InvestEU do Banco de Fomento, com particular destaque para as sub-linhas de investimento e inovação, por estarem em causa empresas com projetos aprovados com fundos do PRR ou PT2030. Não concordam com a posição do Banco de Fomento e, por isso, solicitaram esclarecimentos sobre esta matéria.

O Banco de Fomento explicou ao ECO que “tem esclarecido as instituições de crédito (bancos) aderentes e as Sociedades de Garantia Mútua (SGM) – de acordo com o estabelecido no Acordo para a Concessão de Garantias Mútuas – InvestEU que não são elegíveis, ao abrigo da presente linha, operações já financiadas uma vez ou que se destinem a ser usadas para pré-financiar outras operações com fundos europeus”.

Não são elegíveis, ao abrigo da presente linha, operações já financiadas uma vez ou que se destinem a ser usadas para pré-financiar outras operações com fundos europeus.

Fonte oficial do BPF

“As empresas que já foram alvo de financiamento comunitário podem beneficiar das Linhas de Garantia BPF InvestEU, desde que os fundos não sejam utilizados para financiar as mesmas despesas de um projeto já apoiado por fundos europeus, ou para pré-financiar despesas que venham a ser posteriormente financiadas por esses mesmos fundos”, acrescentou fonte oficial do Banco de Fomento, precisando que até pediu “à Comissão Europeia clarificações adicionais” tendo em conta “as necessidades do mercado”.

“Em resposta formal, a Comissão Europeia esclareceu que as empresas podem beneficiar de uma garantia ao abrigo das Linhas de Garantia BPF InvestEU, desde que os fundos não sejam utilizados para financiar as mesmas despesas de um projeto já coberto por fundos europeus, ou para pré-financiar despesas que venham a ser posteriormente financiadas por esses mesmos fundos”, disse a mesma fonte, reiterando a informação que já tinha dado ao Jornal Económico.

Assim, “as despesas que já tenham sido, ou venham a ser, financiadas por fundos europeus ou pelo Estado português, não são elegíveis”, concluiu o BPF explicando que o objetivo é “garantir que não ocorra duplo financiamento para as mesmas despesas no âmbito de um único projeto, assegurando a correta aplicação dos apoios”.

Os bancos não se dão por vencidos e contra-argumentam que o duplo financiamento sempre foi proibido em matéria de fundos europeus. Mas no passado isso não impediu que linhas com garantia mútua tenham sido usadas para financiar projetos com apoios europeus. É o caso da Linha Capitalizar 2018 ou de linhas do Banco Europeu de Investimento e do Fundo Europeu de Investimento (BEI MidCaps, FEI Inovação, FEI EGF).

Neste financiamento está em causa a fatia de capitais alheios que todos os projetos de empresas com apoios europeus têm de assegurar. Ao contrário de uma escola ou de um centro de saúde que podem ser apoiados até 100% do investimento, no caso das empresas o incentivo comunitário corresponde apenas a uma fatia do valor global do projeto. Por isso, o presidente a Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR dizia ao ECO que os incentivos da bazuca atribuídos às empresas têm um efeito multiplicador muito superior.

Nas empresas, o apoio europeu incide sobre as despesas elegíveis e raramente ultrapassa os 40% do investimento total. Cerca de um quarto tem de ser assegurado por capitais próprios da empresa e o restante por capitais alheios. É para financiar esta fatia que os bancos queriam utilizar as novas linhas InvestEU.

Embora a restrição que visa evitar o duplo financiamento seja essencial para garantir uma utilização responsável e eficiente dos fundos comunitários, o BPF está a analisar formas de melhorar a operacionalização deste critério.

Fonte oficial do BPF

O Banco de Fomento avançou ao ECO que “está a analisar formas de melhorar a operacionalização deste critério” que visa evitar o duplo financiamento, para assegurar que “as empresas elegíveis possam continuar a beneficiar dos apoios, garantindo ao mesmo tempo a correta elegibilidade dos investimentos e uma cobertura sólida dos financiamentos concedidos”.

O ECO contactou os bancos com maior quota de mercado, mas nenhum quis comentar a questão com exceção da Caixa Geral de Depósitos que confirmou que “já solicitou esclarecimentos ao BPF sobre esta matéria, por ter várias operações que precisam de esclarecimentos”.

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Marcelo admite que tem exercido pressão e influência nas negociações do OE2025

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

O Presidente da República admitiu que tem feito pressão e exercido influência na negociação do Orçamento, argumentando ainda que, por vezes, tem de se abdicar das próprias convicções políticas.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa admitiu hoje que tem feito pressão e exercido influência na negociação do Orçamento do Estado para 2025, argumentando ainda que, por vezes, tem de se abdicar das próprias convicções políticas. “O que tenho feito é, de facto, influência, não nego. Quando dizem ‘mas ele está a fazer influência? Estou a fazer influência. Está a fazer pressão? Estou a fazer pressão‘”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa, frisando que o próximo Orçamento do Estado para 2025 é uma questão de interesse nacional devido à situação da Europa e do mundo.

Em declarações em Cantanhede, distrito de Coimbra, à margem da inauguração do Museu da Arte e do Colecionismo, o chefe de Estado contrariou o líder do PS, Pedro Nuno Santos, que hoje afirmou, a propósito da negociação do Orçamento, preferir perder eleições a abdicar das suas convicções.

A questão, como imaginam, é do interesse nacional. Ou se considera que há um interesse nacional que explica que o Orçamento passe ou se acha o contrário. Abdicando de convicções, claro, eu abdiquei de convicções, como líder da oposição [quando era presidente do PSD] em muitos pontos, para acertar com o engenheiro Guterres um acordo“, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa.

O mesmo se aplica, acrescentou, do lado do Governo: “O Governo tem de perceber que o facto de ter um programa que passou mo Parlamento, não quer dizer que o aplique todo, agora, de imediato. E se tiver que fazer cedências no programa, para tornar possível um acordo, deve fazer cedências no programa“, defendeu o PR.

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