EUA querem vender carros americanos na UE. “Isso tem de ser corrigido”, diz Secretário de Estado do Comércio

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

“Mas o facto de não podermos vender carros americanos na Europa não está certo e isso também tem de ser corrigido”, realçou ainda Howard Lutnick.

As tarifas sobre os produtos chineses que entram nos Estados Unidos devem ser “as mais elevadas”, disse esta quarta-feira Howard Lutnick, nomeado para secretário do Comércio do país, na sua audiência de confirmação no Senado americano.

“Penso que as tarifas sobre a China devem ser as mais elevadas. Os nossos adversários devem ser alvo das mais elevadas tarifas”, afirmou Lutnick, citado pela agência AFP. “Mas o facto de não podermos vender carros americanos na Europa não está certo e isso também tem de ser corrigido”, realçou ainda.

A campanha presidencial de Donald Trump baseou-se em promessas de protecionismo económico, incluindo junto de economias como a canadiana, a mexicana ou a chinesa. Além destes países, Trump já ameaçou aplicar tarifas às transações com UE, Bolívia ou Dinamarca – devido ao território da Gronelândia.

O Presidente norte-americano disse, este mês, aos líderes empresariais reunidos no Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça), para fabricarem os seus produtos nos Estados Unidos, caso contrário “terão de pagar tarifas”.

“A minha mensagem para todas as empresas do mundo é simples: venham fabricar os vossos produtos na América e beneficiarão de alguns dos impostos mais baixos do mundo. Mas se não os fabricarem nos Estados Unidos, o que é um direito vosso, então, muito simplesmente, terão de pagar direitos aduaneiros”, declarou Trump, numa intervenção por videoconferência.

 

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Bloquista José Soeiro anuncia saída do parlamento após mais de uma década como deputado

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

O deputado do BE vai iniciar uma "nova profissão" como professor na Universidade do Porto a partir da próxima semana. Estava há uma década nas bancadas do Parlamento.

O deputado do BE José Soeiro anunciou esta quarta-feira a sua saída da Assembleia da República, após mais de uma década como deputado e depois de ter sido colocado, num concurso, para professor no departamento de Sociologia da Faculdade de Letras do Porto.

Este anúncio foi feito pelo próprio parlamentar no final de uma intervenção no debate na Assembleia da República, afirmando que vai iniciar uma “nova profissão” como professor na Universidade do Porto a partir da próxima semana. “Mudarei de ofício, mas não deixo o trabalho político, nem o compromisso militante com o meu partido e com estas causas. Estarei onde estou e sempre estive”, garantiu.

Após a intervenção de José Soeiro, o líder parlamentar do BE Fabian Figueiredo usou a figura da interpelação à Mesa para solicitar a distribuição de um cartão ao colega de bancada com a seguinte mensagem: “A um dos mais combativos e brilhantes deputados do Bloco um sentido abraço, deixarás saudades. Vemo-nos em todas as lutas em que sempre estiveste”.

O presidente da Mesa em exercício, Rodrigo Saraiva, deputado da IL, juntou-se à despedida salientando que, ainda antes de ser eleito, já acompanhava o trabalho de Soeiro e “sempre teve o desejo de o confrontar politicamente porque em 90% estiveram em divergência política” e elogiou o seu percurso como deputado, garantindo que o parlamento “vai sentir a sua falta”.

Gilberto Anjos, do PS, disse reconhecer o trabalho de Soeiro “dentro e fora do parlamento na causa pública”, e Isabel Mendes Lopes, líder parlamentar do Livre, disse ter “muita pena” da saída de Soeiro do parlamento considerando que o “deputado fez um trabalho muito importante” na luta por mais direitos laborais e por uma melhor qualidade de vida das pessoas.

Alfredo Maia, deputado do PCP, salientou a postura “leal e cortês” do bloquista, bem como a “qualidade da sua intervenção parlamentar, Clara de Sousa Alves, do PSD, enalteceu a capacidade de manter um “discurso construtivo” apesar das divergências ideológicas e Inês de Sousa Real, do PAN, pediu a palavra para salientar a disponibilidade do deputado “para colaborar, para ajudar os restantes colegas e ao serviço público”.

José Borges de Araújo de Moura Soeiro tem 40 anos, nasceu no Porto, e é sociólogo e investigador. Fez o doutoramento na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sobre transformações no trabalho e mobilizações de precários. Entrou no parlamento como deputado em 2008, onde se manteve até 2011 e, em 2015, voltou a ser eleito para um lugar que ocupou até este ano. Especializou-se na área do Trabalho.

É dirigente do Bloco de Esquerda, fazendo parte do Secretariado, da Comissão Política e da Mesa Nacional do partido. É co-autor de várias obras, como “Cuidar de quem Cuida” (Objectiva, 2020, com Mafalda Araújo e Sofia Figueiredo), “The Routledge Companion to Theatre of the Oppressed” (2019, com Kelly Howe e Julian Boal), “A Falácia do Empreendedorismo” (Bertrand, 2016, com Adriano Campos) e “Não Acredite em Tudo o que Pensa” (Tinta-da-China, 2013, com Miguel Cardina e Nuno Serra). O BE acrescentou que irá em breve anunciar um substituto para o lugar de José Soeiro.

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Águas da Serra leva câmara da Covilhã a tribunal por resgate “ilegal” da concessão

Assembleia Municipal da Covilhã delibera esta sexta-feira sobre o resgate "ilegal" da concessão da Águas da Serra. Empresa reclama 18 milhões de euros de indemnização e vai seguir para tribunal.

A Águas da Serra vai agir judicialmente contra a câmara da Covilhã por pretender resgatar “ilegalmente” a concessão àquela empresa de tratamento das águas residuais. Em causa está ainda a pretensão de indemnizar a Águas da Serra com quase 5,9 milhões de euros, quando deveriam ser 18 milhões de euros.

A proposta do resgate “ilegal” da concessão da exploração e gestão do serviço de saneamento em alta do município, sob liderança do socialista Vítor Pereira, vai ser votada em Assembleia Municipal esta sexta-feira. “A ser tomada tal deliberação, e tal como anunciada, é ilegal“, denuncia a Águas da Serra, em comunicado, enviado esta quarta-feira às redações.

A ir para a frente a pretensão do município, a empresa vai “desencadear os mecanismos legalmente previstos para o exercício da tutela administrativa sobre as autarquias locais em casos de violações de lei particularmente graves”. Além de responsabilizar civilmente os órgãos autárquicos que “tomarem uma decisão ilegal”.

A Águas da Serra não abdicará dos respetivos direitos nem de extrair todas as responsabilidades decorrentes da atuação ilegal do município da Covilhã.

Águas da Serra

A empresa assegura que a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) já confirmou a ilegalidade e os pressupostos “errados” para o resgate da concessão e, inclusive, já informou a autarquia. No seu parecer de 8 de janeiro de 2025, a ERSAR determina que “os cálculos apresentados pelo município da Covilhã estão errados” e “desrespeitam o previsto no contrato de concessão“, garante a empresa privada.

Os cálculos da Águas da Serra apontam para uma indemnização no valor próximo de 18 milhões de euros e a Águas da Serra não abdicará dos respetivos direitos nem de extrair todas as responsabilidades decorrentes da atuação ilegal do município da Covilhã”, assevera.

Só que o “presidente da Câmara Municipal da Covilhã insiste em desconsiderar o parecer da ERSAR e em praticar atos que são ilegais, com isto responsabilizando os titulares dos órgãos autárquicos e onerando os respetivos munícipes”, alerta a empresa.

Dá ainda conta de que o estudo, que sustentou decisão do município, é posterior à tomada de decisão municipal. “A Águas da Serra nunca recebeu qualquer notificação do município da Covilhã a respeito de uma intenção de resgate antes de outubro de 2024, nem a câmara deliberou, antes dessa data, sobre qualquer intenção nesse sentido”.

Ao contrário do que a câmara da Covilhã argumenta, “a Águas da Serra esteve sempre disponível para negociações e, inclusive, apresentou propostas que permitiam uma otimização e redução da tarifa praticada no sistema de saneamento”.

Por fim, a empresa garante que a autarquia “não tem capacidade técnica para assegurar, no imediato, a prestação dos serviços concessionados, o que resultaria num impacto particularmente negativo para o meio ambiente, os munícipes e o interesse público municipal”.

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Altice vai mudar marca institucional para Meo

  • Lusa e + M
  • 29 Janeiro 2025

O anúncio surge numa altura em o grupo fundado por Patrick Drahi está a estudar vender ativos em Portugal separadamente, e não a operação como um todo.

A Altice confirmou à Lusa que decidiu alterar a designação das marcas institucionais em Portugal para Meo, à exceção da Altice Labs que, por agora, irá manter-se.

A operadora justificou a alteração com o objetivo de “simplificar a comunicação e unificar a sua presença no mercado sob uma identidade única”, explicou fonte oficial, questionada pela Lusa.

Desta forma, as marcas institucionais assumem a marca Meo, nomeadamente a Fundação Altice que passa a Fundação Meo e a Altice Cuidados de Saúde passa a Meo Cuidados Saúde.

“Este caminho de simplificação de marcas e comunicação iniciou-se em 2023, como é exemplo disso a Meo Empresas”, acrescentou a empresa liderada por Ana Figueiredo, sem revelar, contudo, o custo desta mudança.

Além do segmento empresarial, a marca Meo também endereça os serviços para o mercado residencial.

“O Meo é uma marca profundamente enraizada no coração dos portugueses, símbolo de inovação, confiança e excelência. A decisão de a adotar como marca corporativa reflete o orgulho da empresa no seu legado e a sua visão de futuro para liderar o setor com serviços de ponta e avanços tecnológicos”, justifica entretanto a Altice em comunicado.

O anúncio tinha sido feito pela operadora a todas as organizações representativas dos trabalhadores (ORTs) numa reunião que decorreu na terça-feira, 28 de janeiro, e surge numa altura em o grupo fundado por Patrick Drahi está a estudar vender ativos em Portugal separadamente, e não a operação como um todo, como chegou a estar em cima da mesa.

Os sindicatos e a comissão de trabalhadores “ficaram a saber que irá existir um ‘rebranding’ [mudança de imagem]” e que vai deixar de haver a “marca Altice””, informou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV) em comunicado emitido hoje.

No documento, a entidade sindical detalhou ainda que a Geodesia voltará a ser Meo Serviços Técnicos, mas que no toca à Altice Labs, o quartel-general de inovação do grupo, ainda está por decidir.

“A alteração não teve a nossa oposição, uma vez que se trata de uma marca forte no setor, e com esta mudança estamos em crer que vem contribuir para reforçar e valorizar a marca Meo, isto é, “uma nova cara lavada” ou “limpar a imagem” sobre o que mais de negativo aconteceu nos últimos anos”, lembra o SINTTAV.

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Ministra alerta que transposição da diretiva dos salários mínimos “estava muito atrasada”

"Ainda nem tinha começado os trabalhos". A frase é da ministra do Trabalho e diz respeito ao trabalho que o Governo ainda não tinha feito para transpor a diretiva europeia dos salários mínimos.

A ministra do Trabalho alertou esta quarta-feira que o Governo anterior “ainda nem tinha começado os trabalhos” para a transposição da diretiva europeia sobre os salários mínimos adequados, pelo que o processo estava “muito atrasado“. O Parlamento discutiu esta tarde a proposta de lei que verte essa diretiva para a lei portuguesa e que prevê, nomeadamente, a atualização anual do salário mínimo nacional.

“Não somos livres de transpor ou não transpor uma diretiva. Temos de as transpor, a não ser que o sistema nacional já responda. Esta transposição [diz respeito] a duas ou três normas. Tivemos de o fazer muito rapidamente, porque estava muito atrasada, ainda nem tinham começado os trabalhos, quando chegamos“, explicou Maria do Rosário Palma Ramalho, em resposta aos deputados.

A ministra disse ainda estranhar o agendamento deste debate para esta quarta-feira, visto que o processo de consulta pública ainda decorre até ao início de fevereiro.

Quanto à proposta de lei em discussão, Palma Ramalho sublinhou que, em termos gerais, a lei portuguesa “já é compatível” com a diretiva em causa, mas é preciso fazer alguns ajustes.

Por exemplo, entre os critérios que servem de base à evolução da retribuição mínima garantida, é preciso acrescentar o nível geral de salários e a taxa de crescimento dos vencimentos.

Além disso, de forma a estimular a negociação coletiva, é proposto que, “sempre que a taxa de cobertura da negociação coletiva seja inferior a 80%”, seja desenhado um plano de ação, “mediante consulta prévia aos parceiros sociais”.

Outra alteração prevista nesta proposta de lei é estabelecer que o salário mínimo nacional é atualizado todos os anos, após ter sido ouvida a Concertação Social.

Da oposição, ouviram-se várias críticas ao facto de não terem sido ouvidos previamente os parceiros sociais. “Deveria ter tido uma auscultação aos parceiros sociais. Lamentamos que o Governo não tenha tido essa auscultação“, atirou Patrícia Caixinha, do PS.

A isto, o secretário de Estado do Trabalho, Adriano Rafael Moreira, respondeu, porém, que as confederações empresariais e as centrais sindicais fizeram a sua apreciação por escrito. “Da parte do Governo, consideramos cumpridos os requisitos”, assinalou o responsável.

Já numa audição que se seguiu ao plenário, a ministra do Trabalho explicou que não foi feita discussão com os parceiros sociais (além dos contributos escritos) por não haver tempo para tal. “Enquanto eu estiver à frente do Ministério do Trabalho, não haverá processos de infração na transposição de diretivas“, assegurou.

Apesar das críticas, aos deputados, a ministra do Trabalho sinalizou também que o Governo está disponível para, na especialidade, “acolher propostas de melhoramento desta proposta de lei”.

Notícia atualizada às 20h11

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Operação Marquês. STJ decidiu contra primo de Sócrates e julgamento já pode avançar

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) não deu razão a José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo do José Sócrates, também arguido na Operação Marquês.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) não deu razão a José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo do José Sócrates, também arguido na Operação Marquês. Esta decisão pode agora acelerar a marcação do julgamento de Sócrates e restantes arguidos no âmbito da Operação Marquês, já que este recurso tinha efeito suspensivo do processo. E esse mesmo julgamento só poderia ser marcado depois de esta decisão ser proferida.

O STJ decidiu que tendo o julgamento de recurso sido realizado pelas Juízas Desembargadoras a quem o processo tinha sido distribuído, “e num caso em que o exame preliminar e os vistos são anteriores à transferência destas para outros tribunais, não se traduz em qualquer designação arbitrária ou discricionária de juiz, nem na criação contra legem de um tribunal ad hoc, como alegava o recorrente”, diz a decisão do Supremo.

O antigo primeiro-ministro, José Sócrates, fala aos jornalistas à chegada ao Campus de Justiça, para ser ouvido pela juíza Margarida Alves sobre viagens ao Brasil, em Lisboa, 30 de junho de 2022. JOSE SENA GOULAO/LUSAJOSE SENA GOULAO/LUSA

Em causa está um recurso da defesa de José Paulo Pinto de Sousa, também arguido no processo Operação Marquês, que contesta a competência de duas das três juízas desembargadoras do coletivo do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) que em janeiro de 2024 deu razão a um recurso do Ministério Público e com isso recuperou quase na íntegra a acusação e os crimes que o juiz Ivo Rosa tinha deixado cair na fase de instrução.

O recurso contestava que as desembargadoras Raquel Lima e Madalena Caldeira pudessem ter integrado o coletivo e proferido a decisão por terem sido colocadas na Relação do Porto e na Relação de Guimarães, respetivamente, no movimento de juízes de anterior, alegando a defesa que já não faziam, por isso, parte do TRL.

Esse recurso foi inicialmente rejeitado pela Relação de Lisboa, mas posteriormente o Supremo Tribunal de Justiça veio decidir que o recurso deve ser apreciado, obrigando o TRL a admiti-lo para que o Supremo se pudesse pronunciar.

Sócrates foi acusado pelo MP, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar o antigo governante de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento apenas por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

A decisão das juízas da Relação recuperou quase na totalidade a acusação do MP na Operação Marquês e determinou a ida a julgamento de 22 arguidos por 118 crimes económico-financeiros, revogando a decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, que remeteu para julgamento apenas José Sócrates, Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, Ricardo Salgado e o antigo motorista de Sócrates, João Perna.

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Fed faz uma pausa e mantém taxas de juro inalteradas na primeira decisão da era Trump

A Fed fez uma pausa no ciclo de cortes das taxas de juros, decidindo de forma unânime manter as Fed Funds entre 4,25% - 4,5%, apesar da forte pressão do Presidente de Donald Trump para mais cortes.

A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) decidiu manter as taxas de juro de referência no intervalo entre 4,25% e 4,50%, uma decisão amplamente antecipada pelos mercados e pelos analistas.

Esta medida surge num contexto de crescente pressão política, nomeadamente do presidente Donald Trump, que tem criticado abertamente a política monetária do banco central americano e pressionado o banco central a cortar as Fed Funds imediatamente.

A decisão, anunciada após a reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), reflete a cautela da Fed face à incerteza económica atual. Apesar dos sinais de abrandamento da inflação nos últimos meses, a autoridade monetária optou por manter uma postura vigilante, evitando sinais prematuros de relaxamento da política monetária.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

De acordo com o comunicado do FOMC, “os indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo sólido”. Esta afirmação sugere que a Fed vê sinais positivos no desempenho da economia americana, apesar dos desafios enfrentados nos últimos anos.

O mercado de trabalho, um dos pilares fundamentais da economia e mais relevantes nas decisões da Fed, parece manter-se robusto. “A taxa de desemprego estabilizou num nível baixo nos últimos meses, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas”, lê-se no documento. Esta estabilidade no emprego é um fator crucial para a manutenção do poder de compra das famílias e para a sustentação da procura interna.

No entanto, a inflação continua a ser uma preocupação para os decisores de política monetária dos EUA. O comunicado afirma que “a inflação mantém-se ligeiramente elevada.” Esta constatação sugere que, apesar dos esforços da Fed para controlar a subida dos preços, ainda há caminho a percorrer para atingir a meta de inflação de 2% definida pelo banco central.

Equilíbrio entre emprego máximo e estabilidade de preços

A Fed, liderada por Jerome Powell, reiterou o seu compromisso duplo de alcançar o emprego máximo e a estabilidade de preços. O FOMC declara que “procura alcançar o emprego máximo e uma inflação à taxa de 2% a longo prazo”. Este objetivo duplo reflete o mandato legal da Fed e orienta as suas decisões de política monetária.

Numa avaliação dos riscos, o banco central considera que “os riscos para alcançar os seus objetivos de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados”. Esta perspetiva equilibrada sugere que a Fed não vê, neste momento, uma necessidade premente de alterar significativamente a sua postura de política monetária.

A decisão de manter as taxas de juro inalteradas foi justificada como um apoio aos objetivos da Fed. No entanto, o banco central norte-americano deixa em aberto a possibilidade de ajustes futuros.

Apesar dos sinais positivos, o FOMC reconhece que “as perspetivas económicas são incertas”. Esta admissão de incerteza reflete a complexidade do ambiente económico global e a dificuldade em prever com precisão os desenvolvimentos futuros. Face a esta incerteza, o Comité afirma estar “atento aos riscos para ambos os lados do seu duplo mandato”. Esta vigilância constante permite à Fed ajustar a sua política monetária de forma ágil, caso surjam novos desafios ou oportunidades.

A decisão de manter as taxas de juro inalteradas foi justificada como um apoio aos objetivos da Fed. No entanto, o banco central norte-americano deixa em aberto a possibilidade de ajustes futuros. O comunicado indica que “ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais ao intervalo-alvo para a taxa dos fundos federais, o Comité avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspetivas e o equilíbrio dos riscos”.

Redução do balanço e compromisso com a estabilidade

A Fed revela também que continua o seu processo de redução do balanço, iniciado após o período de expansão monetária durante a pandemia. O FOMC afirma que “continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos hipotecários garantidos por agências”.

Reafirmando o seu compromisso com os objetivos de longo prazo, o Comité declara também estar “fortemente empenhado em apoiar o emprego máximo e em fazer regressar a inflação ao seu objetivo de 2%”.

O FOMC sublinha ainda a sua abordagem baseada em dados e a sua disposição para ajustar a política conforme necessário. O comunicado afirma que “ao avaliar a postura apropriada da política monetária, o Comité continuará a monitorizar as implicações da informação recebida para as perspetivas económicas”.

A decisão da Fed de manter as taxas de juro inalteradas reflete uma avaliação cautelosa da economia americana. Enquanto reconhece o progresso na atividade económica e no mercado de trabalho, mantém-se vigilante face aos riscos de inflação e às incertezas económicas globais.

Além disso, a Fed destaca que mantém-se preparada para responder a riscos emergentes. “O Comité estaria preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a prossecução dos objetivos do Comité”.

Para implementar esta linha de política monetária, a Fed anunciou várias decisões operacionais. Entre elas, destaca-se a manutenção da taxa de juro paga sobre os saldos de reserva em 4,4%, decidida por unanimidade, e a continuação das operações de recompra overnight com uma taxa mínima de licitação de 4,5%.

O Comité também votou para “conduzir operações de acordos de recompra reversa overnight permanentes a uma taxa de oferta de 4,25% e com um limite por contraparte de 160 mil milhões de dólares por dia”.

A decisão da Fed de manter as taxas de juro inalteradas reflete uma avaliação cautelosa da economia americana. Enquanto reconhece o progresso na atividade económica e no mercado de trabalho, a entidade liderada por Jerome Powell mantém-se vigilante face aos riscos de inflação e às incertezas económicas globais.

A decisão da Fed sugere uma abordagem equilibrada, pronta para ajustar a política conforme necessário para apoiar a recuperação económica sustentável e a estabilidade de preços a longo prazo.

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Startup Braga lança programa de aceleração na área da saúde

O Global Health Accelerator é o primeiro passo para a criação de um cluster de BioMedTech na cidade minhota.

A Startup Braga abriu até 28 de fevereiro as candidaturas ao Global Health Accelerator, programa de aceleração dirigido a startups early to mid-stage nas áreas da saúde, biotecnologia e nanotecnologia. Selecionados serão conhecidos em meados de março e programa arranca em setembro. É o primeiro passo para a criação de um cluster de BioMedTech na cidade minhota.

“O Global Health Accelerator é o primeiro passo para a construção de um novo Centro de Valorização e Transferência de Tecnologias (CVTT), com o objetivo de responder à crescente necessidade de espaços de validação laboratorial para startups e consolidar a estratégia de especialização inteligente da região”, informa a Startup Braga.

O projeto, tal como tinha avançado em novembro o ECO em primeira mão, tem um investimento estimado de cinco milhões de euros e tem como objetivo a criação de um cluster para BioMedTech, que distinga Braga dentro e fora de Portugal.

Sword Health, PeekMed, Nutrium e RUBYnanomed, que coletivamente angariaram mais de 320 milhões de euros em financiamento, são algumas das startups que nasceram na Startup Braga.

Agora a Startup Braga, em colaboração com o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e o Centro Clínico Académico de Braga (2CA-Braga), arranca com Global Health Accelerator, com as candidaturas a decorrer até 28 de fevereiro — as entrevistas realizam-se de 17 de fevereiro a 5 de março — sendo as startups selecionadas conhecidas a 14 de março.

A quem se dirige?

O programa destina-se a empresas em fase de arranque — startups em early ou mid-stage, “de preferência constituídas como empresas até ao início do programa” — que estejam a desenvolver soluções na área da saúde (farmácia, dispositivos médicos, diagnósticos, saúde digital) ou bio/nanotecnologia para o bem-estar humano, incluindo a agricultura celular.

O programa híbrido — com os bootcamps presenciais a ter lugar na Startup Braga, no Forum Braga e no INL, em datas selecionadas, com sessões online complementares — decorre de 10 de abril a 18 de setembro.

Consiste em “três meses de formação personalizada em empreendedorismo para dominar as competências essenciais para a expansão” havendo ainda “seis meses de desenvolvimento de projetos-piloto / POC com líderes do setor” e “acesso a laboratórios de ponta, parcerias estratégicas com a indústria e mentoria especializada”, culminando num Demo Day, a 18 de setembro, onde as startups apresentam os seus projetos, detalha a Startup Braga.

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Vilamoura mostra que é “destino de excelência” para viver em campanha assinada pela VML

  • + M
  • 29 Janeiro 2025

Assinada pela VML, a campanha "A Arte de Viver" explora o conceito de ‘quiet luxury’ e posiciona Vilamoura como destino residencial ao longo de todo o ano.

Vilamoura apresenta-se como um “destino de excelência” com o lançamento da campanha “A Arte de Viver”, que visa reforçar a reputação de Vilamoura como “refúgio para aqueles que procuram um estilo de vida autêntico, em plena harmonia com a natureza”.

O spot, assinado pela VML, “convida todos a imaginar a vida numa das localizações mais cobiçadas do mundo, onde se alia um estilo de vida sereno a comodidades de excelência”, lê-se em nota de imprensa. A campanha é da Vilamoura Lusotur SIC, Imobiliaria Fechada, gerida pela Norfin SGOIC, em parceria com a Vilamoura Properties.

Com o nosso segundo vídeo da marca, rico em sensações, voltamos a destacar que a construção de ligações emocionais fortes com a marca é fundamental para qualquer estratégia de marketing bem-sucedida. Estamos a apresentar um destino que o nosso público escolhe ativamente e procura, para além dos projetos que desenvolvemos e das casas que vendemos”, diz Magdalena Osmola, diretora de marketing de Vilamoura, citada em comunicado.

“Esta edição do vídeo da marca de Vilamoura foca-se na ‘Arte de Viver’ — aqueles momentos preciosos da vida quotidiana que nos fazem sentir vivos. Captura a alegria encontrada nos prazeres simples da vida, desde a vida ao ar livre sob o sol até às conexões dentro da comunidade, tudo dentro de espaços luminosos e arejados, pensados para viver”, acrescenta.

Pedro Ferreira, diretor criativo da VML e chefe de arte e cultura, explica que o conceito e script “destacam a ligação entre família e natureza”. “Com câmaras Alexa e Sony subaquáticas, a equipa captou, em três dias, a essência da luz e das sombras que definem o local, entre momentos de calma e de diversão, da praia à casa. A confiança e a colaboração entre equipa de filmagem, agência e marketing foram cruciais para a adaptação às condições meteorológicas. O resultado é um filme que retrata a arte de viver em Vilamoura”, refere.

Aquela que é a segunda campanha – que aproveita assim a boleia do “sucesso” da campanha do ano anterior e da identidade renovada da marca Vilamoura – “explora o conceito de ‘quiet luxury’, que combina harmoniosamente bem-estar, conforto e simplicidade com a beleza natural do destino, a arquitetura inovadora e a excecional qualidade de vida que o destino proporciona”.

O filme posiciona Vilamoura como um destino residencial ao longo de todo o ano, retratando um estilo de vida sereno através de momentos íntimos ao ar livre, uma vida comunitária vibrante e interiores espaçosos e repletos de luz. Com a sua arquitetura única e opções habitacionais diversificadas – desde apartamentos a vivendas – a localidade atende a várias preferências, mantendo uma ligação fluida com o ambiente envolvente”, lê-se ainda em nota de imprensa.

“A Arte de Viver” marca presença no site oficial de Vilamoura, nas plataformas digitais, redes sociais e em eventos.

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Nowo passa a vender serviços móveis da Digi

Com a conclusão da compra pela Digi, a antiga Cabovisão deixou de vender serviços móveis próprios, enviando agora os clientes para o site da operadora romena.

A Nowo acaba de entrar numa “nova etapa” da sua vida. A antiga Cabovisão deixou de comercializar ofertas móveis próprias, canalizando as vendas para a Digi, a operadora romena que a adquiriu no ano passado, por 150 milhões de euros.

“Com esta nova fase, a venda do móvel passa a ser realizada diretamente pela Digi. Se queres aderir ao móvel, visita o site da Digi e escolhe o tarifário que melhor se adapta às necessidades”, informa a Nowo numa nota publicada no seu site.

O próprio portal também sofreu alterações, exibindo agora o logótipo da Digi, adotando a designação “Digi | Nowo”. Nesta etapa, a operadora romena, que entrou em novembro no mercado português com uma rede própria fixa e móvel, terá optado, mais uma vez, por manter a marca antiga. Pelo menos por agora.

Captura de ecrã do site da Nowo esta quarta-feira, 29 de janeiro

“A Nowo, agora integrada no grupo Digi, reforça o compromisso de oferecer serviços de telecomunicações de alta qualidade a preços justos”, refere uma nota divulgada na internet. O link do anúncio também está a ser enviado aos clientes por SMS, constatou o ECO.

Em agosto de 2024, a Digi ofereceu ao acionista espanhol da Nowo 150 milhões de euros para ficar com a empresa portuguesa, que então enfrentava sérias dificuldades financeiras. A transação surgiu pouco depois de a Autoridade da Concorrência ter chumbado a venda da Nowo à Vodafone.

A Nowo continua a oferecer no seu site pacotes de telecomunicações com internet fixa e televisão, onde, ao contrário da grelha da Digi, se incluem os canais do universo SIC. Mas o serviço móvel, que até aqui era oferecido com base na rede móvel da Meo, passa agora a ser fornecido através da rede da Digi.

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Concessões de autoestradas que terminem devem manter gestão privada, defendem Governo e reguladores

Até ao final da década vai terminar a concessão de várias autoestradas, que revertem para o Estado. Governo, reguladores e IP defendem que devem voltar a ser concessionadas.

Até ao final de 2030 chegam ao fim seis concessões de autoestradas, que revertem para a Infraestruturas de Portugal. Governo, reguladores e concessionárias defendem que devem ser novamente entregues à gestão privada, mas com contratos mais robustos para o Estado.

Concessão do Oeste, em 2028, concessão do Norte, em 2029, Lusoponte, Interior-Norte, Costa de Prata e Algarve, em 2030: são estas a primeiras Parcerias Público-Privadas (PPP) que chegam ao fim nos próximos anos, se os respetivos contratos não forem prolongados em virtude dos pedidos de reequilíbrio financeiro. Nessa altura, passarão para a Infraestruturas de Portugal e há duas hipóteses: ficam no Estado ou voltam a ser concessionadas.

Caberá sempre ao Estado e concedente decidir qual o modelo a seguir. Essa reflexão tem sido feita na IP. A IP não tem estrutura nem capacidade financeira para assegurar a gestão de toda essa rede adicional, além da que tem hoje”, afirmou Maria Amália Almeida, vice-presidente da empresa pública responsável pela gestão da infraestrutura de transportes, durante o VII Congresso da Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Autoestradas ou Pontes com Portagem (APCAP), que decorreu esta quarta-feira no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.

Maria Amália Almeida salientou que os “privados desenvolveram um know-how e capacidade que o país não deve desperdiçar“. Face aos investimentos muito significativos que serão necessários para a manutenção e reforço da resiliência da rede às alterações climáticas, a vice-presidente da IP defende que “não será possível nem desejável afastar das opções uma segunda geração de concessões“.

Não podemos deitar fora know-how que foi acumulado no sistema por estes atores. Esta mudança tem de ser encarada como um momento de concorrência. E não é entre o Estado e privados, é concorrência entre privados.

Ana Paula Vitorino

Presidente da Autoridade da Mobilidade e Transportes

Uma opinião partilhada pela presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. “Não podemos deitar fora know-how que foi acumulado no sistema por estes atores. Esta mudança tem de ser encarada como um momento de concorrência. E não é entre o Estado e privados, é concorrência entre privados”, afirmou Ana Paula Vitorino, na mesma conferência. “Não faz sentido estar a transformar a IP naquilo que não deve ser e persistir num modelo em que o Estado faz tudo. Isso é um modelo do passado“, acrescentou.

“Há 2.600 quilómetros de autoestrada que se nada se fizer passam automaticamente para a IP. Não me parece que a IP, com a estrutura que tem, tenha capacidade para gerir mais 2.600 quilómetros com o nível de qualidade de serviço que tem atualmente”, afirmou também João Caetano, presidente do Instituto da Mobilidade e Transportes. O responsável não vê “outro caminho que não seja fazer subconcessões da IP a privados” nas autoestradas cuja concessão termine.

Segunda geração de concessões com novo tipo de contrato

O secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, também defendeu que se mantenha o modelo de concessões, considerando que é preciso “acabar com o dogma das PPP”. O modelo de concessões funcionou extremamente bem no passado”, afirmou, acrescentando que é necessário “meter o ênfase na concorrência, nas concessões iniciais e no final das concessões”.

Os contratos de segunda geração têm de ter maior transparência, promover obrigações de serviço público, maior prestação de informação“, afirmou Ana Paula Vitorino, salientando que nessa altura o “core já não é a construção”.

Os contratos de subconcessão terão de ser desenhados de outra forma. É só operação e manutenção“, salienta também João Caetano. Para o presidente do IMT, os “contratos têm de ter flexibilidade para acolher transformações na mobilidade” e assegurar a capacidade de intervenção do Estado.

“Temos de repensar o modelo de risco e como conseguimos ter modelos mais equilibrados e robustos“, salientou também o secretário de Estado das Infraestruturas.

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Advogados oficiosos vão ter honorários atualizados. Mas só daqui a seis meses

Portaria do Governo que define as novas regras para os advogados oficiosos atualiza honorários e revê regras do Sistema de Acesso ao Direito. Entra em vigor daqui a seis meses.

Os advogados oficiosos vão passar a ser pagos em função da complexidade e do tempo que se gasta com cada processo, a poder fazer mais atos nos tribunais – incluindo em casos de mediação, arbitragem e em conservatórias – a consulta jurídica passa a ter o valor de 48 euros e estes advogados serão pagos, no imediato, em caso de substituição de mandatário, evitando atrasos e problemas de partilha de honorários entre os advogados nomeados. A unidade de referência que permite o cálculo desses honorários também muda: passa de 25,5 euros para 28 euros.

O Ministério da Justiça já tem pronta a portaria relativa às novas regras para os advogados oficiosos. Mas que apenas entra em vigor no segundo semestre do ano, “após período de adaptação do sistema”, diz o MJ. O Governo atualiza honorários dos advogados oficiosos e revê regras do Sistema de Acesso ao Direito (SADT), aproveitando as conclusões do estudo do Grupo de Trabalho, criado para esse efeito.

Uma das alterações tem a ver com o que é pago ou não pago nos casos em que os advogados interpõem recursos. Estes atos deixam de ser pagos nos casos em que os recursos não sejam aceites em tribunal. #O pagamento de honorários pelo recurso, ordinário, extraordinário, ou para o Tribunal Constitucional é devido ao profissional forense nas situações em que aquele recurso é admitido”, diz a portaria. “No caso de não admissão do recurso ordinário, extraordinário ou para o Tribunal Constitucional, a reclamação do respetivo despacho de não admissão é remunerada nos termos da tabela de honorários em anexo sempre que a reclamação seja procedente”.

Nos casos de especial complexidade – que serão os mais bem pagos pelo Estado – porém, serão apenas reconhecidos por despacho de um juiz, o que leva a que os advogados fiquem, de novo, nas mãos de um juiz para perceber quanto receberão por esses serviços. Quanto à confirmação dos honorários também pouco muda já que o pagamento é feito no mês seguinte à confirmação “pela secretaria do tribunal, ou serviço competente junto do qual corre o processo, até ao termo do mês seguinte”.

O defensor oficioso é o advogado pago pelo Estado para quem não tenha condições económicas para o fazer. Aquando do despacho de acusação, é obrigatoriamente nomeado um defensor, se o arguido não tiver constituído nenhum. São escolhidos pela Ordem dos Advogados, sempre que os tribunais, os serviços do Ministério Público, os órgãos de polícia criminal ou os serviços de segurança social o solicitem. A escolha do advogado a designar faz-se em regra de forma automática, mediante um sistema eletrónico gerido pela OA, do qual constam os nomes de todos os advogados inscritos no sistema de apoio judiciário.

Secretária de Estado Adjunta da Justiça, Maria Clara Figueiredo

Quais as alterações, em concreto?

  • Atualização o valor dos honorários dos advogados oficiosos, calculados em função da complexidade técnica do caso ou da área do Direito. Nas ações de especial complexidade, reconhecida por um juiz, o pagamento de honorários é calculado em função do tempo de trabalho efetivo do advogado oficioso.
  • Revisão da lista de atos que podem ser feitos pelos oficiosos que, além dos atos praticados em todos os processos judiciais, passa a incluir os atos dos meios de resolução alternativa de litígios (Julgados de Paz, Mediação e Arbitragem) e dos atos feitos nas Conservatórias e em Cartórios Notariais.
  • Aumenta o valor pago pela consulta jurídica – passa a 48 euros – para se avaliar melhor se vale mesmo a pena recorrer aos Tribunais.
  • No caso de recurso (ordinário, extraordinário, ou para o Tribunal Constitucional), o pagamento de honorários só é feito se o recurso for admitido. Porém, se a reclamação do despacho de não admissão for aceite, os advogados já serão pagos.
  • A medida de cálculo dos honorários é estabelecida em Unidade de Referência (UR). O valor de uma UR é atualizado em 4,75%, para €28 (era de 25 euros). A nova tabela altera, ainda, o número de UR atribuído a cada ato.

Para Maria Clara Figueiredo, Secretária de Estado Adjunta e da Justiça, “o Ministério da Justiça considera ter adotado uma solução justa, equilibrada e integrada: ponderámos o interesse dos profissionais jurídicos, mas também o dos beneficiários do Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais, bem como o dos contribuintes”.

A nova Tabela de honorários vai aplicar-se apenas às nomeações aceites após a entrada em vigor da nova portaria, o que vai acontecer 180 dias após a sua publicação, daqui a seis meses. “A alteração do montante de cada UR, a revisão do número de UR atribuído a cada ato, a extensão do apoio judiciário a outro tipo de atos e de processos vai obrigar a alterações de caráter técnico. Este período (“vacatio legis”) permite às entidades envolvidas reconfigurar os parâmetros dos sistemas que apoiam a nomeação e pagamento dos honorários dos advogados oficiosos”, segundo comunicado do Ministério da Justiça.

A presente portaria “visa atualizar a tabela de honorários, em vigor desde 2004, de acordo com as alterações legislativas realizadas no direito processual e administrativo, assim como adequá-la à realidade do exercício da advocacia, tendo em consideração a complexidade das áreas do Direito em causa, e das ações em si mesmas, por poderem comportar várias fases, procedimentos e outras exigências que visem a defesa dos direitos e interesses do beneficiário do sistema do acesso ao direito”, diz a portaria, a que o ECO teve acesso.

Exemplos práticos das novas regras

  • Na jurisdição de menores em que é raro a ida a julgamento, o comum é haver regimes provisórios e conferências em cima de conferências. O que, traduzido em tempo e trabalho, acaba por ser mais moroso e trabalhoso. E se antes os advogados eram pagos pelo valor fixo de 21 UR (535,50 euros) houvesse ou não, julgamento, agora o “valor base”, com audiência de julgamento passa a 616 euros e sem audiência de julgamento 308 euros.
  • No caso dos processos de família, a título de exemplo, um caso de divórcio sem consentimento. Dava-se entrada da ação, autor e réu eram notificados para tentativa de conciliação. Se ambos estivessem de acordo com o divórcio, o divórcio era aceite em mútuo consentimento, era homologado o divórcio, um advogado recebia pelo trabalho 21 UR – acrescido de mais €51,80. Ou seja, cerca de 640 euros. Na nova tabela, apenas receberão 10 UR (280 euros) porque a tentativa de conciliação não é uma audiência de julgamento, Caso haja julgamento, receberá 22UR (616 euros).
  • Nos processos comuns instaurados nos tribunais de trabalho, um advogado passa a receber 588 euros;
  • Pela nova tabela, um recurso será pago entre os 252 euros e os 392 euros, e as reclamações a que for dada razão valem 224 euros aos advogados oficiosos;
  • Por um processo cível um advogado pode receber 1.624 euros (correspondente a 58 UR), acontecendo o mesmo para ações no Tribunal de Propriedade Intelectual.
  • Já um processo penal vale 504 euros ou 336 euros se for uma ação num juízo local criminal, uma ação administrativa vale 840 euros e a consulta jurídica tem um valor de 48 euros.
  • Entre os novos atos admitidos, as ações em julgados de paz e centros de arbitragem valem 280 euros e os atos em conservatórias e notários variam entre os 140 e os 420 euros.

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