Empresa IOF II renova e coloca no mercado o Marina 206, um edifício de escritórios em Barcelona com os mais elevados padrões de sustentabilidade

  • Servimedia
  • 5 Maio 2025

A empresa de investimento norte-americana IOF II está a finalizar a renovação completa do edifício de escritórios Marina 206, no bairro de Eixample, em Barcelona.

O edifício de classe A foi renovado de acordo com os critérios de certificação LEED Platinum e WELL Platinum, tornando-se o primeiro edifício de escritórios da cidade a obter ambas as certificações após uma renovação completa que custou 8,4 milhões de euros.

O Marina 206 tem 6.433 m2 de área útil com espaços abertos, diáfanos e flexíveis, bem como vários terraços privados e comuns, vestiários e estacionamento para veículos – incluindo veículos elétricos – e bicicletas. Estes escritórios de última geração, concebidos de forma sustentável, renovados com base numa estratégia de reutilização adaptativa, garantem os mais elevados padrões de eficiência energética e de bem-estar.

O edifício está a ser comercializado exclusivamente pela BNP Paribas Real Estate, uma empresa de consultoria, em regime de arrendamento, e oferece várias opções de adaptação em função das necessidades específicas de cada projeto. O imóvel foi adquirido pelo IOF II em 2016 e a sua remodelação redefine o interior e o exterior.

“Marina 206 não é apenas um espaço de trabalho, mas uma declaração de princípios para as empresas que querem projetar inovação e sustentabilidade a partir do coração de uma metrópole global como Barcelona. A sua localização estratégica, a poucos passos do distrito tecnológico 22@, torna-o um enclave ideal para empresas que apostam em ambientes modernos, eficientes e alinhados com os padrões mais exigentes”, destaca Andrea Naumann, Diretor Europeu do IOF II na Europa.

Na mesma linha, Anna Güell, Diretora da Agência de Escritórios de Barcelona do BNP Paribas Real Estate, sublinha que “a expectativa que o projeto irá gerar levará certamente a que empresas de prestígio dos mais diversos setores manifestem o seu interesse em instalar-se naquele que será um dos edifícios de escritórios mais emblemáticos de Barcelona. Estamos convencidos de que este novo edifício, pela sua singularidade e características, atrairá muitas empresas que se queiram instalar em Barcelona”.

SUSTENTABILIDADE

O Marina 206 terá a certificação LEED Platinum, um reconhecimento mundial em construção sustentável que avalia o consumo de energia, o uso da água, os materiais e a qualidade do ar, e WELL Platinum, que garante os mais altos padrões para o bem-estar dos funcionários e a otimização dos ambientes de trabalho. Terá também a certificação WiredScore, que reconhece o nível de conectividade digital do espaço.

A conceção do edifício dá prioridade à entrada de luz natural em mais de 80% das áreas de trabalho, através de grandes janelas. O edifício dispõe de uma receção com controlo de acessos, salas de reunião e polivalentes, uma cafetaria totalmente equipada, um lounge e um terraço comum, que funciona como ponto de encontro.

Dispõe igualmente de dois terraços privados com vista para um jardim público que reforçam o seu conceito de bem-estar e de ligação com o ambiente. O imóvel dispõe ainda de 56 lugares de estacionamento subterrâneo para veículos motorizados, bem como de carregadores de carros elétricos e espaço para scooters e bicicletas.

Em termos energéticos, o edifício dispõe de uma UPS (Uninterruptible Power Supply) para pequenos cortes de energia e de um gerador que é ativado em caso de corte de energia de longa duração, o que permite alimentar todo o edifício em caso de corte ou apagão. A capacidade do gerador permite-lhe funcionar em pleno durante cerca de cinco dias.

Situado entre a Avenida Diagonal e a Gran Vía de les Corts Catalanes, o Marina 206 tem uma localização estratégica, no centro da cidade e com excelentes ligações ao bairro 22@ e a outros centros de negócios da cidade. A renovação do edifício insere-se num contexto em que as empresas dão cada vez mais prioridade à eficiência operacional e ao bem-estar dos seus colaboradores na escolha dos espaços de trabalho.

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Prosegur Cash aumenta o seu lucro em 35% para 24 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025

  • Servimedia
  • 5 Maio 2025

A Prosegur Cash registou um resultado líquido de 24 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 35,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

As vendas da empresa atingiram 516 milhões de euros, com um crescimento de 9,7%, impulsionado por um sólido aumento orgânico de 13,3%.
O resultado operacional, EBITA, foi de 61 milhões de euros, com um aumento de 20,9% em relação ao ano anterior, representando 11,8% das vendas em termos relativos, o que implica uma melhoria da margem de 110 pontos base em relação ao ano anterior.

Em termos de geração de caixa, a Prosegur Cash alcançou um Free Cash Flow de 5 milhões de euros, depois de financiar o seu crescimento e continuar os seus investimentos em CAPEX. Para além disso, a empresa reduziu a sua dívida em 13 milhões de euros em comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo 892 milhões de euros.

A empresa refere em comunicado que um dos principais motores do trimestre foram os Produtos de Transformação, que incluem soluções como o Cash Today (digitalização do dinheiro) e o negócio de Forex. Estas linhas registaram um crescimento de 14,1%, com uma penetração de 33% das vendas, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

RESULTADOS POR REGIÃO

Por geografia, a América Latina representou 61% do volume de negócios total, com vendas de 314 milhões de euros, ajustadas pelo efeito cambial, o aumento foi de 5,8%. Nesta região, os Produtos de Transformação registaram um crescimento de 12,7%, atingindo 111 milhões de euros e representando 35,4% do total. Destaca-se a entrada em funcionamento da Joint Venture com a Euronet para o lançamento da atividade de ATM no Peru e na República Dominicana.

Na Europa, o Grupo gerou 30% das receitas, com 156 milhões de euros, embora a região tenha sido afetada por itens não recorrentes e pelo calendário. Ainda assim, os Produtos de Transformação registaram um crescimento de 5,1%, com uma penetração de 30,9% das vendas, atingindo 48 milhões de euros.

Por fim, a região Ásia-Pacífico representou 9% das vendas totais, com 47 milhões de euros, um crescimento de 152,4% em relação ao primeiro trimestre de 2024, impulsionado pela integração das operações na Índia, consolidadas desde abril do ano passado. Neste mercado, os Produtos de Transformação registaram um aumento de 132,8% para 11 milhões de euros.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 5 de maio

  • ECO
  • 5 Maio 2025

Ao longo desta segunda-feira, 5 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Capital de risco Admar lança-se na gestão de investimento imobiliário para chegar aos 400 milhões em cinco anos

Sociedade liderada por Pedro de Almeida, que tentou comprar a Herdade da Comporta, o seu filho Lourenço de Almeida e João Cota Dias alterou a licença junto da CMVM para ter duas áreas de negócio.

A gestora de fundos de capital de risco portuguesa Admar SCR, do empresário Pedro Carvalho de Almeida, lançou uma nova área de negócio ligada ao investimento imobiliário de forma a atingir 400 milhões de euros sob gestão nos próximos cinco anos.

Após lançar quatro fundos de capital de risco – dois dos quais levantados e investidos (em período de gestão corrente) com 25 a 28 participadas – a Admar pretende entrar no mercado do investimento em imóveis. Para tal, vai aumentar a equipa de análise e gestão imobiliária em, pelo menos, cinco pessoas até ao final de 2025.

Alterámos agora a nossa licença junto da CMVM e passámos de ser uma sociedade gestora de fundos de capital de risco para uma sociedade gestora de fundos e sociedades de capital de risco e fundos e sociedades de investimento imobiliário. Vamos agora começar essa área de negócio e ficar com duas diferentes”, diz ao ECO o administrador João Cota Dias.

Neste contexto de mudança interna, a Admar está também a preparar o lançamento de vários fundos e sociedades de investimento imobiliário, embora o principal foco esteja na comercialização do fundo de hotelaria e saúde. Porquê? “São duas áreas em que já temos alguma experiência, vemos grande potencial aqui em Portugal para investir e são onde podemos criar valor para os nossos investidores através do conhecimento local de negócios”, defende João Cota Dias.

João Cota Dias

 

Em causa está o fundo H2 Health & Hospitality FCR, direcionado a particulares com poupanças e vontade de fazer investimento, “empresas com alguma tesouraria” e family offices. Para crescer e chegar aos grandes investidores institucionais é necessário atingir um volume superior, o que o gestor antevê que ocorra daqui a quatro ou cinco anos.

“O fundo para investir na hotelaria e saúde é aquele em que estamos mais ativos. Começámos a levantar capital para esse em abril. Já temos cerca de cinco/seis investidores – e outros em pipeline – e dois ou três milhões de euros [de 70 milhões de euros] comprometidos. Cada fundo tem a sua estratégia de investimento diferenciada, que é definida no regulamento de gestão e na abordagem aos investidores, porque eles têm de perceber em que áreas vamos investir”, assinala.

A estratégia do grupo de gestores de investimento é ‘pegar’ em negócios de nicho na área do turismo, como hotéis boutique ou serviços de bem-estar e desporto outdoor. “Não estamos a fazer investimentos de raiz ou a competir com os grandes fundos a comprar hotéis já consolidados ou super bem geridos. Interessam-nos atividades que tenham uma boa performance e que os seus promotores ou gestores tenham ambição de crescer e, para isso, precisem de um investidor financeiro”, esclarece João Cota Dias.

No setor da saúde, estão atentos às clínicas de especialidade de oftalmologia, ortopedia, cardiologia ou saúde mental, cujo negócio é repartido e se encontram espalhadas por todo o país com uma gestão menos profissionalizada. A ideia é expandir ao ponto de ser transacionável e deixar de depender de um ou dois médicos, por exemplo.

Achamos é que existem algumas especialidades que podem ser complementares aos grandes hospitais e que têm potencial de crescimento. Acreditamos que faz sentido fazer uma consolidação de clínicas para terem mais unidades e ganharem dimensão”, afirma, acrescentando que existem especialidades médicas que não estão tão ligadas aos seguros de saúde e também podem ter rentabilidade.

Do petróleo ao capital de risco, atravessando os terrenos da Comporta

A Admar SCR foi criada em 2020 por Pedro de Almeida, fundador da empresa de trading de petróleo e navegação Ardma, que em 2017 tentou – sem sucesso – adquirir a Herdade da Comporta e, poucos anos antes, havia financiado a antiga cadeia de restaurantes Prego Gourmet e entrado na estrutura acionista do jornal online Observador.

Na administração da sociedade estão, além de Pedro Carvalho de Almeida, o seu filho Lourenço Carvalho de Almeida e João Cota Dias, que falou ao ECO sobre os novos projetos da empresa, que tem atualmente 12 pessoas.
“Começámos a trabalhar em 2011 na gestão de um family office da família de Pedro Almeida e estivemos durante uns dez anos a fazer investimentos através de uma sociedade com capital próprio da família. Entretanto, oportunidades de coinvestimento apareceram e decidimos criar a Admar há cinco anos”, recorda.

Na lista de investimentos correntes encontram-se edifícios como o RCC Alvalade, Moinho das Antas (Oeiras) ou o Tróia Eco-Resort na área do imobiliário e hotelaria, a Kuikila Investments para investimento em energia em Moçambique, a Sidefarma e Primum Medicina Estética ligadas à saúde e outros, como o Conserveira do Sul e o futuro Surf Park em Óbidos.

Entre as vendas (exits) dos últimos anos estão o Hospital dos Açores, o condomínio Splendid Beloura ou a Grow Energy, após outros como a sede da WPP ou o Mercado de Campo de Ourique, ambos em Lisboa. “Quase todos os nossos projetos estão em gestão de desenvolvimento, portanto nos próximos dois-três anos teremos muitas saídas (exits) assim que criarmos o valor suficiente para o retorno que esperamos”, projeta João Cota Dias, deixando um pedido de estabilidade política para o próximo Governo.

Questionado sobre se a Admar ainda vive com a sombra da falhada aquisição da Herdade da Comporta, que foi a rampa de lançamento desta empresa, João Cota Dias assegura: “Longe vão esses tempos”. “Foi um processo longo, organizado com a banca de investimento e advogados e o Ministério Público a acompanhar, mas por razões diversas não foi libertado o arresto das unidades de participação do fundo que íamos comprar. Gastámos bastante tempo e dinheiro, mas criaram-se oportunidades e criámos um portefólio diversificado”, garante o administrador da Admar.

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Carvão já mal entra no mix energético. É poluidor, mais caro e não ajuda nos apagões

O apagão não teria sido mais suave caso existissem centrais a carvão ativas em Portugal. Mas um sistema elétrico, sendo assente em renováveis, tem de ser reforçado.

Caso Portugal dispusesse de centrais geradoras de eletricidade a partir do carvão, estas não teriam sido úteis para uma recuperação mais rápida da situação de apagão, concordam os especialistas. A ministra do Ambiente e Energia afasta a hipótese de regressar a esta tecnologia poluente, embora reconheça que é preciso reforçar o sistema de forma a manter as renováveis como fonte dominante.

EPA/CLEMENS BILANEPA/CLEMENS BILAN

No momento do apagão, o carvão estava a contribuir com menos de 1% – 0,7% – para a eletricidade que alimenta os dois países, de acordo com o site da Red Eléctrica (a operadora da rede de transporte espanhola). As centrais a carvão que Espanha tem ativas estavam quase todas desligadas. A geração a carvão, instantes antes do colapso, registava 229 MW. Além disso, após o apagão, as centrais a carvão nunca foram chamadas a contribuir para a geração, permanecendo desligadas o resto do dia.

Neste sentido, se Portugal ainda tivesse em funcionamento as centrais a carvão do Pego e de Sines, “o mais certo é que estas estivessem desligadas na hora do apagão“, afirma António Vidigal, consultor da área de Energia e ex-CEO da EDP Inovação. Para serem reativadas, seriam necessárias horas, pelo que “não teriam ajudado nada” no que diz respeito ao colapso, indica o mesmo.

Não se percebe em que medida é que a existência e operação das centrais a carvão à hora que ocorreu o apagão pudesse evitar o apagão, na medida em que elas não estariam a funcionar“, corrobora o consultor de Energia e ex-secretário de Estado João Galamba.

"Não se percebe em que medida é que a existência e operação das centrais a carvão à hora que ocorreu o apagão pudesse evitar o apagão, na medida em que elas não estariam a funcionar.”

João Galamba

Consultor de Energia e ex-secretário de Estado da Energia

A Selectra concede que as centrais a carvão “poderiam ter contribuído para estabilizar o sistema” num primeiro momento, mas ressalva que como a sua reativação não é imediata, “não são ideais para recuperação rápida“.

Os pouco mais de 200 megawatts que as centrais a carvão estavam a injetar na rede no momento do colapso, comparam com 17.657 MW de energia solar fotovoltaica e 982 MW das centrais de ciclo combinado.

O “jogo de forças” mudou bastante após o apagão: nada de carvão, apenas cerca de 7.800 MW de solar (que foi decrescendo até ficar abaixo de 1000 MW, já depois da meia noite). Por outro lado, as centrais a gás de ciclo combinado foram reforçando a sua presença no mix desde os 326 MW, nas primeiras horas do apagão, até mais de 8000 MW ao final do dia. A energia nuclear, que até ao sistema ir abaixo contribuía com cerca de 3000 MW, também não voltou a injetar nesse dia.

Os pouco mais de 200 megawatts que as centrais a carvão estavam a injetar na rede no momento do colapso, comparam com 17.657 MW de energia solar fotovoltaica e 982 MW das centrais a gás de ciclo combinado.

Eletricidade a carvão perde pelo preço

A razão para as centrais a carvão serem pouco solicitadas é o preço desta eletricidade, muito acima do de fonte renovável. De acordo com a Aleasoft Energy Forecasting, uma empresa espanhola que analisa os mercados de energia, “o custo de gerar eletricidade com carvão é significativamente superior ao de gerá-la com energias renováveis, especialmente em mercados com grande penetração de vento e solar“.

No dia do apagão, continua a Aleasoft, o preço grossista da eletricidade (ou seja, o preço a que os produtores a vendem em mercado) estava nos 18,50 euros por megawatt-hora, “dada a abundante geração eólica e solar”. Contudo, gerar eletricidade a partir do carvão no mesmo diapoderia custar mais de 100 euros por megawatt-hora“, dado o preço da matéria-prima, que se situa entre os 90 e os 100 euros por tonelada, e ao qual se soma o custo das licenças de emissão de dióxido de carbono (CO2), que também é pago por estas centrais, e que ronda os 60 a 70 euros por tonelada de CO2.

"O custo de gerar eletricidade com carvão é significativamente superior ao de gerá-la com energias renováveis, especialmente em mercados com grande penetração de vento e solar.”

Aleasoft Energy Forecasting

Conforme partilhado por fonte do setor, o preço definido esta sexta-feira para a eletricidade gerada através do carvão em Espanha, para o dia seguinte, ronda os 95 euros por MWh. O valor difere, contudo, consoante o rendimento da unidade de produção — uma central mais antiga pede provavelmente um preço mais elevado que uma mais moderna, mais eficiente. Os 95 euros por MWh correspondem a uma central padrão, com 30% de eficiência. Este preço significa que caso existam ofertas acima de 95 euros a central a carvão lucra, enquanto abaixo deste valor teria prejuízo.

De acordo com a mesma fonte do setor, há cerca de duas semanas, o carvão chegou mesmo a marcar os 200 euros por MWh. Preços estes que contrastam com o cenário antes da guerra na Ucrânia, quando os preços rondavam os 60 euros por MWh.

Aposta mantém-se na energia renovável. Há formas de colmatar falhas

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, confrontada sobre se as centrais a carvão que fecharam em Portugal em 2021 – Sines e Pego – teriam sido úteis no contexto do apagão, reconheceu que poderiam ter sido desligadas de “forma mais progressiva”.

A mesma defende que “temos de olhar para o futuro e o que vamos fazer é manter as renováveis, os ciclos combinados [a gás] e as [centrais] hídricas”, ao mesmo tempo que se aumenta a armazenagem e se torna a rede “mais moderna e digitalizada”. As seis centrais a gás natural de que o país dispõe “são muito importantes para o sistema” e “são para continuar”, assegura.

Temos de olhar para o futuro e o que vamos fazer é manter as renováveis, os ciclos combinados [a gás] e as [centrais] hídricas.

Maria da Graça Carvalho

Ministra do Ambiente e Energia

No que diz respeito às centrais a carvão, é perentória: “São altamente poluidoras e estão desmanteladas. Não é possível [voltar atrás], não faz sentido, já não existem”, rematou.

Sobre se o mix energético atual e a elevada penetração de renováveis deixa o sistema mais suscetível a este tipo de eventos, António Vidigal responde que “tem de ser gerido e há formas de o gerir”, através de novas tecnologias. Por exemplo os inversores, dispositivos que controlam a potência que é injetada na rede, podem atuar no sentido de contrariarem grandes oscilações, como aquela que ditou o apagão.

Imagem espelhada das chaminés da Central a carvão do Pêgo, onde população e funcionários do Pego vivem divididos, entre sentimentos de perda e o otimismo, um ano após da desativação da central, em Abrantes, a 23 de novembro de 2022. A central produziu energia elétrica a partir de queima de carvão pela última vez em 19 de novembro de 2021 e encerrou no dia 30 do mesmo mês. PAULO CUNHA/LUSAPAULO CUNHA/LUSA

Na ótica da Selectra, “mais do que regressar ao carvão, a discussão deve centrar-se em como garantir estabilidade com tecnologias limpas e sustentáveis”.

João Galamba reitera que o problema não é a aposta em renováveis e o encerramento de centrais a carvão, ou a não aposta adicional no nuclear. São antes “exigências decorrentes de sistemas elétricos crescentemente complexos, que implicam adaptação e modernização dos procedimentos, das tecnologias utilizadas para garantir a operação estável e segura do sistema”.

Em termos de energias não intermitentes que pudessem ajudar a evitar um apagão, António Vidigal aponta ainda outra hipótese: centrais a gás, mas não as de ciclo combinado, que existem de momento tanto em Portugal como em Espanha. E sugere as chamadas de ciclo aberto ou simples, “que arrancam em cinco minutos”. O rendimento destas centrais é inferior ao das de ciclo combinado, o que justifica que não existam de momento na Península. Contudo, para situações de alarme como esta, podem ser uma “alternativa a estudar”, afirma.

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Barómetro ACEGE: Empresários querem descida de IRC e IVA zero

Quando questionados se as eleições de 18 de maio vão trazer estabilidade ao país, 41,12% dizem sim, mas 36,45% dizem não. Além disso, há 22,43% que não sabem ou não responderam.

Com a campanha eleitoral oficialmente na estrada, os empresários aplaudem as duas medidas fiscais mais emblemáticas da AD e do PS e estão divididos sobre a possibilidade de as eleições trazerem estabilidade ao país. De acordo com o último Barómetro ACEGE, 85% consideram a decida do IRC uma medida obrigatória na próxima legislatura e 55% concordam com o regresso do IVA zero de forma permanente num cabaz de bens alimentares a definir pelo futuro Governo.

Luís Montenegro chegou ao poder há um ano com a promessa de reduzir o imposto sobre as empresas para 15% à razão de dois pontos percentuais por ano. Mas sem maioria absoluta, para conseguir a viabilização do Orçamento do Estado para 2025 junto da bancada socialista, a descida este ano foi de apenas um ponto percentual. No novo programa eleitoral a medida é retomada, mas mais comedida: a promessa é uma decida de um ponto percentual por ano do IRC até 17%, no final da legislatura, embora as PME possam beneficiar de uma taxa de 15%.

O custo da medida varia entre 200 e 250 milhões de euros por ano e, se as condições económicas o permitirem, o objetivo inicial de baixar para 15% poderá ser retomado. Pouco provável será a eliminação da progressividade das derramas estaduais e das derramas municipais. “Diria que é muito difícil nos próximos anos”, admitiu o ministro das Finanças. Joaquim Miranda Sarmento, em entrevista ao ECO, isto apesar de a medida estar inscrita no programa eleitoral.

Mas os associados da ACEGE, a larga maioria (55,14%) também defende o IVA zero de Pedro Nuno Santos. A medida foi aplicada temporariamente ao cabaz alimentar definido pelo Governo de António Costa para fazer face à elevada inflação, e segundo o novo secretário-geral do PS “teve sucesso e reduziu preços”, apesar das dúvidas manifestadas na altura, “até pelo Banco de Portugal”. Agora a meta é tornar a medida permanente. “É muito importante que nós, com a margem orçamental que o Estado tem disponível, façamos o que está ao nosso alcance para baixar o custo de vida das nossas famílias”, disse Pedro Nuno Santos.

 

De acordo com o Conselho das Finanças Públicas os défices públicos vão regressar a partir de 2026 devido ao aumento da despesa permanente gerado com as medidas do Orçamento do Estado para 2025 e em resultado das negociações salariais do Governo com várias carreiras da Função Pública. Um cenário que ganha ainda mais tração com o abrandamento das exportações na sequência da guerra comercial e do abrandamento das economias da zona euro, mas também dos Estados Unidos.

No entanto, apesar deste pano de fundo, os empresários da ACEGE acreditam que Portugal vai conseguir manter saldos positivos nos próximos anos, ainda que os excedentes sejam limitados. A maioria (51,4%) acredita na manutenção de excedentes, mas 30,84% aposta que as contas públicas vão regressar a terreno negativo.

 

Quando questionados se as eleições de 18 de maio vão trazer estabilidade ao país, 41,12% dizem sim, mas 36,45% dizem não. Além disso, há 22,43% que não sabem ou não responderam. Uma percentagem bastante elevada e que repete aquilo que têm sido os números de indecisos apontadas pelas sondagens nacionais.

 

Apesar de no último barómetro a larga maioria antecipar um impacto negativo na economia da realização de eleições antecipadas — as terceiras no espaço de três anos — há uma ligeira melhoria relativamente à avaliação que fazem do futuro: 59,81% diz estar moderadamente otimista face ao futuro, contra 42,31% do barómetro anterior.

 

Contudo, os empresários estão mais otimistas em relação às suas empresas. Quase 63% dizem estar moderadamente otimistas e apenas cerca de 10% dizem estar moderadamente ou francamente pessimistas, uma ligeira melhoria face ao último barómetro (60,58% e 10,58%, respetivamente).

 

A maior parte dos inquiridos garante que a guerra tarifária ainda não teve impacto nas suas empresas (54,21%) contra 12,15% que diz abertamente que sim. Acrescem mais 21,5% que dizem “sim, mas ao nível do planeamento”. A esmagadora maioria (70,09%) confia na via negocial da Comissão

Europeia para resolver a guerra tarifária.

 

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto entre os dias 28 de abril e 2 de maio, tendo respondido 107 pessoas.

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Escassez de trabalhadores fez subir salários, mas efeito “não deve repetir-se”

Conferência Anual do Trabalho arrancou com um painel sobre salários. Como acelerar rendimentos? Especialistas apontam para a baixa de impostos, produtividade e modernização do Estado.

  • A Conferência Anual do Trabalho foi organizada pelo Trabalho by ECO e abordou os salários, a lei do trabalho, o futuro da Segurança Social, a formação e as migrações. Ao longo desta semana, serão publicadas peças relativas a cada um destes cinco painéis, sendo que pode rever já os principais destaques aqui.

A escassez de trabalhadores e as dificuldades no recrutamento que os empregadores nacionais têm sentido nos últimos anos têm motivado uma aceleração dos salários. Mas é improvável que o efeito se repita este ano. Este foi um dos avisos deixados no painel “Puxar pelos salários, para lá do mínimo” da segunda edição da Conferência Anual do Trabalho. Ao próximo Governo, os oradores recomendaram que baixe impostos, modernize o Estado e crie condições para reforçar a produtividade, de modo a que os vencimentos aumentem.

Primeiro painel da segunda edição da Conferência Anual do Trabalho debruçou-se sobre salários.Henrique Casinhas/ECO

“A expectativa era de que a oferta e a procura potenciassem os salários, e isso aconteceu em 2024. Mas não há de haver um efeito de repetição. Pelo menos, não acreditamos nisso”, sublinhou André Ribeiro Pires, Chief Operating Officer (COO) da empresa de recursos humanos Clan.

Os trabalhadores portugueses ainda destacam o salário como “o elemento mais importante”, mas só cerca de 13% reconhecem ter um nível salarial ajustado à sua expectativa, pelo que, ainda assim, há espaço, realçou André Ribeiro Pires, para continuar a discutir como aumentar os vencimentos em Portugal.

A expectativa era de que a oferta e a procura potenciassem os salários, e isso aconteceu em 2024. Mas não há de haver um efeito de repetição. Pelo menos, não acreditamos nisso.

André Ribeiro Pires

COO do Clan

A propósito, Pedro Martins, professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) e ex-secretário de Estado do Emprego, salientou que o panorama salarial português deixa “bastante a desejar”, havendo um “gap muito grande” entre os ordenados garantidos por cá e a média europeia. “É um desafio muito significativo”, assinalou o economista.

Na visão deste académico, a justificar esse fosso estão a baixa produtividade, e também os atuais níveis de investimento. “Se nos focarmos na dimensão do Estado, constatamos que Portugal tem níveis baixos de investimento público“, disse.

Também Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), assumiu que é necessário valorizar os salários, mas notou que, neste momento, este não é o único fator que conta na atração de talento. Em contraste, os sindicatos continuam a pôr o foco total nos vencimentos, criticou.

“Quando me sento à mesa das negociações, discutimos questões essenciais, mas paramos muito numa questão que os sindicatos se bloqueiam: só querem discutir salários“, afirmou o responsável, alertando que o número de sindicalizados está a descer.

Quando me sento à mesa das negociações, discutimos questões essenciais, mas paramos muito numa questão que os sindicatos se bloqueiam: só querem discutir salários.

Gonçalo Lobo Xavier

Diretor-geral da APED

Na mesma linha, Rita Távora, country talent development manager do Ikea, explicou que esta empresa tem optado por pagar salários acima do setor em que insere — o salário mínimo do IKEA está fixado em 1.025 euros, acima dos 870 euros do salário mínimo nacional. Mas esse não tem sido o único fator de fidelização do talento, assegurou.

Desde o início temos tido uma estratégia de gestão de pessoas, que não é só a parte salarial, e no que diz respeito ao salário temos vindo a fazer outro caminho a ter acima do que é o salário mínimo”, adiantou a responsável.

Quanto aos demais benefícios, o Ikea aumentou o subsídio de refeição, oferece seguro de saúde, tem um programa especial de apoio à parentalidade e disponibiliza um fundo de emergência aos trabalhadores. “São componentes que acabam por suportar os nossos colaboradores a ter condições de vida“, detalhou Rita Távora.

Pedidos ao Governo que aí vem

Primeiro painel da segunda edição da Conferência Anual do Trabalho debruçou-se sobre salários.Henrique Casinhas/ECO

Os dois maiores partidos — PS e PSD — na corrida ao Parlamento querem que o salário mínimo nacional chegue ou ultrapasse os 1.100 euros em 2029 e já anunciaram como meta para o salário médio os dois mil euros até ao final da legislatura. Serão valores realistas?

Neste painel da Conferência Anual do Trabalho, o professor Pedro Martins considerou que são valores realistas, mas alertou que vê algum desequilíbrio nos programas eleitorais entre a “identificação destes objetivos e a identificação das metodologias para lá chegar e para que as empresas possam proporcionar estes aumentos“.

[O próximo Governo deveria] trabalhar mais na aérea do setor público e aumentar a produtividade do país modernizando o setor público.

Pedro Martins

Professor da Nova SBE

Já numa última ronda, o ex-secretário de Estado viria a recomendar que o próximo Governo deveria “trabalhar mais na aérea do setor público e aumentar a produtividade do país modernizando o setor público“, de modo a criar condições para que as empresas paguem melhores salários.

Por sua vez, Gonçalo Lobo Xavier, da APED, realçou que é preciso “insistir, por mais que seja difícil de entender, na competitividade fiscal das empresas e trabalhadores, para que possam trazer mais dinheiro no bolso para casa”.

Enquanto Rita Távora atirou: “O que procuramos são medidas que suportem o nosso caminho para melhorar as condições dos trabalhadores. Tudo o que vier é bem-vindo.”

André Ribeiro Pires rematou a discussão com um recado. É preciso “potenciar a ligação entre as entidades públicas e as empresas“, para que os vencimentos possam crescer, para lá do mínimo.

Recorde abaixo o painel na íntegra:

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“Megactivos”, as chaves do sucesso de Madrid no cenário mundial

  • Servimedia
  • 5 Maio 2025

O novo livro "Megactivos", as chaves do sucesso de Madrid, explica como Madrid se estabeleceu como uma das regiões mais dinâmicas e competitivas da Europa.

“Megactivos o modelo de crescimento bem sucedido de Madrid”, o novo livro do jornalista Manuel López Torrents, publicado pela LID Editorial e com prefácio de Rocío Albert López-Ibor, Ministra da Economia, Finanças e Emprego da Comunidade de Madrid, revela o modelo de crescimento e os segredos do sucesso que estão a transformar Madrid e a tornaram numa das regiões mais dinâmicas e prósperas da Europa, uma referência em competitividade e modernidade.

O livro oferece um olhar aprofundado sobre 18 megaconstruções que, juntamente com um ambiente aberto ao investimento, ao talento e à colaboração público-privada, reforçam a competitividade de Madrid, transformando a região e consolidando-a como um motor de crescimento e bem-estar que é uma referência mundial. Desde infra-estruturas emblemáticas como o aeroporto Adolfo Suárez Madrid-Barajas, o Metro de Madrid ou a Calle 30, passando pelo seu legado cultural como o Teatro Real ou o Museu do Prado, até aos seus hospitais de referência e inovação científica e médica, como a Fundação Jiménez Díaz, a região soube integrar a tradição e a vanguarda para se consolidar como uma referência mundial.

“Madrid é um pequeno oásis de prosperidade num ambiente de decrescimento, fiscalidade e regulamentação, algo que estrangula as economias não só em Espanha, mas em toda a Europa. A região está comprometida ao máximo com um espírito livre, que não emana do setor público, mas que se capilariza entre todos os atores que compõem a sua sociedade”, afirma Manuel López Torrents, autor do livro. “É um exemplo de como as grandes infra-estruturas e a colaboração público-privada podem transformar uma região. Os megacentros de Madrid não só melhoram a qualidade de vida dos seus habitantes, como também colocam a região no mapa mundial como um epicentro de inovação e crescimento”, acrescenta López Torrents.

Rocío Albert López-Ibor, Ministra da Economia, Finanças e Emprego da Comunidade de Madrid, comenta no prefácio do livro que “Madrid é a região mais dinâmica de Espanha e a que mais contribui para o seu PIB há mais de cinco anos”. A autora explica que “há trinta anos, o governo da Comunidade de Madrid começou a aplicar políticas públicas liberais audazes que abriram as portas de Madrid ao mundo e que transformariam completamente esta região. Tornou-se um exemplo de como as políticas públicas podem ser úteis quando são postas ao serviço dos cidadãos e orientadas na direção certa. Graças às nossas políticas de incentivos fiscais e ao nosso apoio ao tecido produtivo, mais de uma em cada cinco empresas criadas em Espanha e quase um em cada quatro postos de trabalho são criados em Madrid.

Megactivos: o modelo de crescimento bem sucedido de Madrid” está disponível nas principais livrarias e plataformas online. Uma obra indispensável para compreender como Madrid se tornou numa região global de topo.

OS MEGACTIVOS DO SUCESSO

O Aeroporto Adolfo Suárez Madrid-Barajas e o Metro de Madrid, um dos melhores sistemas de transportes públicos do mundo, são os principais pilares da mobilidade, ligando a capital ao resto do mundo. Além disso, os desenvolvimentos de infra-estruturas como a Calle 30, o IFEMA e o Canal de Isabel II modernizaram a cidade, melhoraram a qualidade de vida e aumentaram a competitividade de Madrid.

A Cidade Desportiva do Atlético de Madrid e o renovado Estádio Santiago Bernabéu destacam-se como espaços de referência para o desporto e o lazer global. Estes projetos não só reforçam a identidade desportiva da cidade, como também funcionam como motores económicos e turísticos, oferecendo eventos de nível mundial que colocam Madrid no mapa do mundo.

Além disso, Madrid continua a ser um epicentro cultural mundial graças ao Paseo del Arte, com museus emblemáticos como o Museu do Prado, o Museu Reina Sofía e o Museu Thyssen-Bornemisza, enquanto o SOLO e o Teatro Real se destacam como referências da arte contemporânea e do flamenco, através do Flamenco Real. Além disso, a Spain Film Commission consolida Madrid como um cenário cinematográfico internacional, atraindo grandes produções e contribuindo para a projeção global da cidade.

Com uma infraestrutura avançada e uma forte aposta na inovação e na investigação, Madrid mantém-se na vanguarda do setor da saúde. A Fundación Jiménez Díaz é uma referência médica a nível nacional e europeu, destacando-se pela excelência dos seus cuidados, pelo seu modelo bem sucedido de colaboração público-privada e pela sua constante aposta na inovação. Ano após ano, lidera os rankings como o melhor hospital de Espanha, graças à sua tecnologia de ponta, como o robô cirúrgico Da Vinci, e às suas curtas listas de espera. Destaca-se especialmente no domínio da oncologia, sendo pioneiro no acesso rápido a tratamentos de ponta e na promoção da investigação oncológica.

O crescimento de Madrid como centro de inovação é marcado pela presença de empresas como a Meta, a Google e a Microsoft, que estabeleceram escritórios na cidade. Estes gigantes tecnológicos reforçam Madrid como um centro de digitalização e desenvolvimento tecnológico, contribuindo para a criação de um ecossistema de start-ups, consolidando Madrid como uma referência na esfera digital, promovendo o desenvolvimento de projetos tecnológicos disruptivos e contribuindo para o crescimento do setor empresarial.

Madrid é também um centro educativo de referência na Europa, com universidades como a Universidad Autónoma de Madrid, a IE Business School e a Universidad Alfonso X el Sabio (UAX), que atraem estudantes internacionais e preparam a próxima geração de líderes. Este capítulo destaca como o sistema educativo da capital tem sido fundamental para fomentar o talento e a inovação em várias áreas do conhecimento.

CASA REAL

Este capítulo analisa a relevância da Casa Real como um dos maiores activos da política espanhola. Não só desempenha um papel fundamental na diplomacia e nas relações internacionais, como também é um símbolo da unidade e da estabilidade política de Espanha.

Além disso, o livro sublinha que Madrid é o centro da cultura hispânica, e este capítulo destaca o trabalho do Instituto Cervantes e da Casa de América na promoção da língua e da cultura hispânicas em todo o mundo, servindo de ponte cultural entre Espanha e a América Latina.

Madrid também se impôs como uma referência mundial no domínio jurídico e financeiro. Escritórios de advogados como Garrigues, Uría Menéndez e Sagardoy Abogados ajudaram a posicionar a cidade como um centro jurídico fundamental. Para além disso, a Bolsa de Madrid e a proliferação de startups como a Wayra colocam a cidade no epicentro financeiro da Europa, atraindo investimento, fomentando o crescimento empresarial e posicionando a cidade como um local ideal para o empreendedorismo.

A presença da UN Tourism em Madrid reforça a sua posição como uma referência no setor do turismo. Madrid tornou-se um destino turístico de luxo, com a presença de hotéis emblemáticos como o Four Seasons ou o Hotel Ritz, que complementam a oferta cultural e gastronómica da cidade. A combinação de arte, cultura, gastronomia e alojamento de luxo fez de Madrid um dos destinos mais atrativos para os turistas internacionais. Além disso, a gastronomia de Madrid impôs-se como uma das principais atrações turísticas da cidade. Restaurantes exclusivos como El Paraguas ou El Pescador oferecem uma experiência culinária única que reforça a reputação de Madrid como um destino gastronómico de luxo.

Além disso, indica que Madrid se tornou um destino-chave no circuito global do luxo e da moda, com grandes marcas internacionais a estabelecerem presença na capital. A Loewe brilha, simbolizando a alta costura espanhola e o design de luxo.

 

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 5 Maio 2025

Líderes dos partidos com assento parlamentar debatem na rádio no mesmo dia que tem início o julgamento do caso BES Angola. BPI divulga resultados.

Num início de semana marcado desde logo pela queda do preço dos combustíveis, os líderes dos partidos com representação parlamentar medem forças e argumentos no debate das rádios. No campo da justiça, arranca o julgamento do caso BES Angola, enquanto o BPI divulga os seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2025. O Banco de Portugal (BdP) divulga também a sua análise da execução orçamental referente ao mês de março

BPI divulga resultados

O BPI divulga os resultados do seu primeiro trimestre do ano esta segunda-feira. Na semana passada soube-se que o banco português BPI contribuiu no primeiro trimestre do ano com 94 milhões de euros para os lucros do grupo financeiro espanhol CaixaBank, menos 15,3% do que no mesmo período de 2024. A nível internacional, as marcas automóveis Ford e Audi também apresentam os seus resultados trimestrais.

Partidos com representação parlamentar debatem na rádio

O debate das rádios no âmbito das legislativas de 18 de maio, com todos os líderes dos partidos com representação parlamentar, acontece esta segunda-feira. O debate é transmitido em simultâneo pela Antena 1, Observador, Renascença e TSF a partir das 9h30 e vai contar com a presença dos líderes do PSD, PS, Chega, Iniciativa Liberal, PCP, Bloco de Esquerda, Livre e PAN.

Início do julgamento do processo BES Angola

Tem hoje início o julgamento do caso BES Angola, no qual Ricardo Salgado e o ex-presidente da sucursal angolana do banco, Álvaro Sobrinho, estão acusados de abuso de confiança, burla e branqueamento. O antigo presidente do BES Angola já disse que vai faltar ao julgamento do processo em que é acusado de desviar 400 milhões de euros alegando que, embora quisesse estar presente em todas as sessões, o Estado português não lhe deu condições para tal. Ainda na área da justiça, arranca também esta segunda-feira o julgamento de Cristina Rodrigues deputada do Chega acusada de ter apagado quatro mil emails do PAN, na altura em que era deputada deste partido.

Como foi a execução orçamental?

O Banco de Portugal (BdP) divulga hoje a sua análise da execução orçamental referente ao mês de março. A execução orçamental é o conjunto de operações que refletem a cobrança de receitas e o pagamento de despesas previstas no Orçamento do Estado. O BdP apresenta ainda as estatísticas do mercado secundário, ou seja, as que compreendem as transações em bolsa ou fora dela sobre títulos que se encontram em circulação, referente a abril.

Combustíveis ficam mais baratos

O início desta semana é também marcado pela queda do preço dos combustíveis. A gasolina deverá descer dois cêntimos e o gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, 1,5 cêntimos. Quando for abastecer, deverá assim pagar 1,517 euros por litro de gasóleo simples e 1,667 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Caso esta tendência se venha a confirmar, é preciso recuar à semana de 3 de julho de 2023 para encontrar o litro do gasóleo mais barato (1,484) e a 30 de setembro do ano passado (1,659) para encontrar um preço inferior da gasolina.

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7 formas de maximizar o reembolso do IRS (mesmo sendo menor)

O reembolso do IRS emagreceu, mas não a sua importância: cada euro conta. Vai deixá-lo evaporar ou transformá-lo num aliado das suas finanças?

Este ano, o reembolso do IRS chega mais magro à conta bancária das famílias. Para muitos, a surpresa foi amarga: menos dinheiro para equilibrar as contas ou até a obrigação de pagar ao Estado. Mas, se o valor a receber é agora menor do que antes, a importância de cada euro ganha ainda mais relevância. Nunca foi tão fundamental fazer escolhas inteligentes sobre o destino deste montante extra.

Nas contas das famílias, mesmo com menos margem de manobra este ano, há formas de transformar o reembolso do IRS num verdadeiro aliado das finanças familiares. Seja para aliviar encargos, investir no futuro ou pagar impostos, pequenas decisões podem ter um impacto significativo no orçamento familiar ao longo do ano. Descubra sete estratégias para dar ao seu reembolso a utilidade que ele merece.

1) Pagamento de créditos pessoais e dívidas do cartão de crédito

As taxas de juro do crédito ao consumo continuam elevadas, representando um verdadeiro fardo para as finanças familiares. Para o segundo trimestre deste ano, a taxa máxima definida pelo Banco de Portugal para cartões de crédito e linhas de crédito foi fixada em 19,3%, um aumento de 0,1 pontos percentuais face ao trimestre anterior. Destinar o reembolso do IRS para liquidar estes créditos de alto custo é provavelmente a aplicação mais rentável que pode fazer.

Mesmo no crédito pessoal, as taxas continuam significativas elevadas, variando entre os 9,2% para créditos com finalidades específicas (educação, saúde ou energias renováveis) e 16% para créditos sem finalidade específica ou para consolidação de dívidas.

2) Amortização do crédito à habitação

Se já tem os créditos de curto prazo controlados, considere amortizar o seu empréstimo da casa. Num crédito à habitação de 100 mil euros a 30 anos, indexado à Euribor a 6 meses com um spread de 1%, cada 1.000 euros de amortização reduz a sua prestação em cerca de 51 euros por ano, ou seja, cerca de 1% por mês face à atual prestação — e até ao final do ano ainda beneficia a isenção da comissão de amortização antecipada (apenas válido para quem tem empréstimos à taxa variável).

É certo que o facto de as taxas de juro estarem em movimento de queda poderá afastar esta solução do horizonte, mas o impacto da amortização do crédito da casa continua a ser um dos melhores investimentos que as famílias podem fazer, considerando o efeito dessas amortizações no longo prazo.

Por exemplo, essa mesma amortização irá traduzir-se em menos 1.550 euros a menos no final do contrato do crédito à habitação. Não há nada no mercado capaz de oferecer, com tanta segurança, ganhos desta ordem. Além disso, em cima desta poupança, beneficiará também de uma poupança considerável com o seguro de vida, já que o valor em dívida será menor.

3) Investir para o longo prazo

Outro destino para o dinheiro do reembolso do IRS poderá passar por ser usado como um ponto de partida para construir o seu património. Investir, mesmo que seja um valor modesto, pode ser o passo decisivo para garantir maior estabilidade financeira no futuro. Ao contrário dos tradicionais depósitos a prazo, que atualmente oferecem rendibilidades muito baixas, investir em instrumentos como fundos de investimento ou ações tem potencial para gerar retornos muito superiores no longo prazo, sobretudo se esta decisão for alavancada numa estratégia de reforços regulares e disciplinares.

Nos últimos 125 anos, as ações têm consistentemente superado todos os outros ativos financeiros. Segundo um estudo elaborado pelos académicos Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton em parceria com o UBS, com base na análise de 90 mercados mundiais, incluindo Portugal, as ações apresentaram uma rendibilidade real anualizada de 5,2% desde 1900 face a um desempenho de apenas 1,7% das obrigações e 0,5% dos títulos de dívida de curto prazo. Mesmo reduzido o período de análise para as últimas duas décadas, a conclusão é ainda mais marcante, com as ações a contabilizarem uma rendibilidade real anualizada de 5,2% entre 2005 e 2024, face uma performance de 1,1% das obrigações e de -1% dos títulos de dívida de curto prazo.

Se está a pensar em investir uma pequena parte do seu reembolso de IRS, lembre-se que o tempo é o seu maior aliado. Uma forma de tirar partido do mercado acionista poderá ser pela porta dos fundos de investimento e dos fundos cotados, pois permitem um investimento diversificado de forma imediata por um baixo custo.

4) Anuidade do colégio dos miúdos

Para famílias com filhos em instituições de ensino privado, o pagamento antecipado da anuidade escolar pode representar uma poupança considerável. Em instituições como o St. Peter’s School, em Palmela, a redução chega a 1,5% para pagamentos feitos até 1 de setembro, enquanto no Colégio Ribadouro, no Porto, o pagamento antecipado da anuidade até agosto garante um desconto de 3%, e no caso do colégio Paulo VI, em Gondomar, o pagamento da propina ou quaisquer outros serviços em modo trimestral beneficiam de um desconto de 2% e a modalidade de pagamento anual tem um desconto de 5%.

Com base numa mensalidade de 410,95 euros do 1.º ciclo no colégio Paulo VI, por exemplo, isso significa uma poupança anual de 206 euros — valores que, reinvestidos, podem cobrir parte das despesas com material escolar ou atividades extracurriculares.

Um pagamento antecipado para o ano letivo 2025/2026 não só garante um desconto como também protege a família de eventuais aumentos de preços ao longo do ano.

5) Obras em casa (a começar pela casa de banho)

As remodelações de casas de banho estão entre as intervenções que mais valorizam um imóvel. Um serviço de remodelação de casa de banho pode custar entre 1.500 e 15.000 euros, dependendo da complexidade do projeto e da área.

Utilizar o reembolso do IRS para financiar pelo menos parte dessa obra é um investimento com potenciais de grandes ganhos. Não só no presente, porque terá melhores condições e maior conforto, mas porque valorizar o imóvel. Segundo vários especialistas, é provavelmente a divisão da casa onde o retorno do investimento é mais garantido. Entre os trabalhos mais comuns e seus custos aproximados estão a substituição de banheira por base de duche (750 euros a 2.000 euros ou a aplicação de cerâmicos no pavimento e paredes (cerca de 35 euros por metro quadrado).

6) Pagamentos de impostos regulares

Outra estratégia para maximizar o reembolso do IRS passa por usar esse dinheiro para pagar outros impostos que surgirão ao longo do ano, como o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o Imposto Único de Circulação (IUC) do carro da família.

As taxas de IMI variam entre 0,3% e 0,45% sobre o valor patrimonial das casas, enquanto no caso de prédios rústicos a taxa é de 0,8%. Para uma família com casa própria e automóvel, estes impostos representam uma despesa anual significativa que, se não for devidamente planeada, pode desequilibrar o orçamento familiar.

Reservar o reembolso do IRS para estas despesas previsíveis é uma forma de disciplina financeira que evitará surpresas desagradáveis mais tarde.

7) Apostar na formação académica e profissional

O investimento em formação continua a ser um dos melhores a longo prazo. Considerando que o custo de um mestrado numa universidade pública em Portugal ronda os 2 mil euros, ou que uma pós-graduação pode custar facilmente 5 mil euros, o reembolso do IRS pode cobrir uma parte significativa desse investimento.

Para quem procura progredir na carreira ou adaptação a um mercado de trabalho em constante evolução, a formação contínua tornou-se essencial. Workshops especializados e cursos de curta duração também representam alternativas mais acessíveis que podem ser totalmente financiadas com o valor do reembolso.

O reembolso do IRS este ano pode ser mais “pequenino”, mas o impacto desse dinheiro nas suas finanças pessoais continua a depender, sobretudo, das decisões que tomar agora.

Mesmo que o seu reembolso do IRS seja menor este ano, lembre-se que isso significa que já usufruiu de uma carga fiscal menor ao longo de 2024. Para quem receber algum valor, o importante é utilizá-lo de forma estratégica.

Se os juros dos seus créditos são mais altos que o potencial retorno dos investimentos disponíveis, priorize a redução de dívidas. Se já tem as suas finanças equilibradas, considere iniciar ou reforçar a estratégia de investimento de longo prazo, ou pondere em fazer melhorias no seu património imobiliário.

E se também quiser oferecer um presente a si e à sua família com o pagamento das férias de 2026 (para usufruir de um desconto significativo, dada a antecedência com que está reservar), também de certeza que conseguirá fazer um belo negócio (financeiro e emocional). Mas independentemente da escolha do destino do reembolso do IRS, faça sempre uma análise cuidadosa dos custos e benefícios de cada alternativa.

O reembolso do IRS este ano pode ser mais “pequenino”, mas o impacto desse dinheiro nas suas finanças pessoais continua a depender, sobretudo, das decisões que tomar agora.

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Limitação no acesso a ‘chips’ dificulta captação de uma Gigafábrica de IA para Portugal

Bruxelas reconhece que restrições a Portugal no acesso a 'chips' são "considerações práticas relevantes" para qualquer projeto tecnológico. Mas admite que o país também tem outros pontos a favor.

Portugal parte em desvantagem na corrida às novas Gigafábricas de IA. A Comissão Europeia admite que as restrições impostas ao país pelos EUA, que limitam o acesso aos processadores necessários para o treino e uso de modelos de inteligência artificial (IA), são “considerações práticas relevantes” para qualquer grande projeto tecnológico, podendo assim prejudicar a viabilidade de avaliar uma eventual candidatura nacional. Porém, Bruxelas também admite que Portugal tem aspetos positivos “importantes”, pelo que incentiva a apresentação de candidaturas.

A equipa de Ursula von der Leyen pretende viabilizar a construção de, pelo menos, cinco Gigafábricas de IA na União Europeia (UE) com subsídios e outros apoios, em regime de parcerias público-privadas. Até 20 de junho, está em curso uma consulta não vinculativa ao mercado para aferir o interesse de consórcios privados em darem corpo a esta ambiciosa iniciativa. Serão necessários investidores com bolsos fundos, pois cada gigafábrica exigirá um investimento entre três e cinco mil milhões de euros, estima a Comissão.

Estas Gigafábricas de IA “serão instalações de grande escala dedicadas ao desenvolvimento e treino de modelos de IA complexos, com centenas de biliões de parâmetros”, e terão mais de 100 mil processadores avançados de IA cada uma. No entanto, em janeiro, Portugal foi alvo de novas restrições à compra de processadores avançados de IA por parte da anterior administração norte-americana. A decisão ainda será reavaliada, como noticiou o ECO em abril, mas poderá prejudicar uma eventual candidatura portuguesa, na medida em que, a confirmar-se, o país fica impedido de comprar mais de 50 mil processadores por um período de dois anos.

A desvantagem de Portugal é ainda agravada pelo facto de Estados-membros como Espanha, França e Itália terem escapado a esta limitação. Questionada sobre se as limitações impostas pelos EUA representam uma potencial desvantagem para trazer uma Gigafábrica de IA para Portugal, na medida em que a empresa norte-americana Nvidia fabrica os chips de IA mais avançados do mercado, fonte oficial da Comissão mostra-se preocupada com o assunto e sinaliza que sim, embora sublinhe que tal não deve desmotivar nenhuma candidatura à partida.

“A avaliação das propostas durante o futuro concurso oficial será baseada nos méritos intrínsecos consoante o que for definido nessa altura. Apesar de os fatores externos como o acesso à cadeia de abastecimento serem considerações práticas relevantes para qualquer grande projeto tecnológico, não impedem nenhum Estado-membro de participar nesta fase exploratória inicial”, responde ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia.

A mesma fonte explica ainda que não existe nenhuma localização definida neste momento. “Em última análise, a seleção no concurso formal será baseada no mérito geral e viabilidade das propostas submetidas, não apenas na localização proposta”, refere, reconhecendo, contudo, que “a localização em si será um elemento importante a ser considerado no contexto de cada proposta”. Mas não existem “quotas por país” nem nenhum critério geográfico a ser considerado neste momento, assegura a Comissão Europeia. No fundo, “muitos outros critérios serão tidos em conta” além do país da candidatura, remata.

Apesar de os fatores externos como o acesso à cadeia de abastecimento serem considerações práticas relevantes para qualquer grande projeto tecnológico, não impedem nenhum Estado-membro de participar nesta fase exploratória inicial.

Fonte oficial da Comissão Europeia

Restrição dos EUA afugenta investidores

Portugal vinha a captar o interesse de investidores estrangeiros na área dos data centers, devido à disponibilidade de energia renovável a preços acessíveis e à proximidade aos cabos submarinos. E esses fatores podem acabar por favorecer Portugal: “Parâmetros como o acesso a energia renovável e uma rede de conectividade robusta são indiscutivelmente importantes para infraestruturas de larga escala como as Gigafábricas de IA e serão elementos relevantes dentro das propostas detalhadas a serem avaliadas numa fase posterior”, garante a Comissão Europeia.

Contudo, há já um exemplo de como o impacto negativo das restrições dos EUA poderá acabar por se sobrepor a todos os outros aspetos positivos do país. Na semana passada, a Merlin Properties, uma promotora imobiliária espanhola que está a construir um data center na região de Lisboa — em Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira — em conjunto com uma empresa norte-americana, a Edged Energy, decidiu cortar a capacidade da infraestrutura para um terço do que estava inicialmente previsto.

Como se não bastasse, a redução da ambição da Merlin em Portugal irá ser compensada com um reforço da aposta da empresa em Madrid, um mercado concorrente. “Tirámos 72 MW [megawatts] que iríamos instalar em Portugal e acrescentámos 78 MW aos ativos localizados em Madrid”, disse na assembleia geral de acionistas o diretor executivo da Merlin, Ismael Clemente, citado pela imprensa espanhola.

De resto, a Comissão Europeia assume ter “fortes preocupações sobre potenciais efeitos negativos” do cerco americano às exportações de chips, na medida em que estes componentes “permitem o desenvolvimento de aplicações e sistemas de IA de ponta”. “A UE e os seus Estados-membros têm um interesse legítimo em desenvolver IA segura, resiliente e fiável em benefício dos nossos cidadãos e economia”, diz ao ECO fonte oficial.

“Acreditamos que é também do interesse dos EUA, do ponto de vista económico e de segurança, que a UE compre chips de IA avançados aos EUA: nós cooperamos de perto, em particular no campo da segurança, e representamos uma oportunidade económica para os EUA, não um risco de segurança. Estas restrições são também um potencial impedimento à cooperação em IA e suas aplicações entre as empresas dos EUA e da UE e instituições de investigação”, aponta Bruxelas, pelo que a Comissão espera para discutir “construtivamente” este assunto com a nova Administração Trump, depois de já ter apresentado “as suas preocupações” às autoridades norte-americanas.

Depois do período de manifestação de interesse para a captação de Gigafábricas de IA, a Comissão Europeia irá discutir com os consórcios interessados e aprofundar as propostas, que, nesta fase, já requerem um certo nível de detalhe, incluindo uma análise dos clientes-alvo e exigências de mão de obra. Depois, a Comissão espera poder lançar oficialmente o concurso no final deste ano.

Para já, sabe-se que, pelo menos, a PortugalDC, uma associação que representa mais de uma centena de entidades ligadas ao setor dos data centers, está a iniciar esforços preliminares para tentar mobilizar uma candidatura nacional, em resposta a um repto lançado pelo CEO do Banco de Fomento, Gonçalo Regalado, durante uma reunião com a associação no Ministério da Economia. Contactado no mês passado, o Banco de Fomento ainda não deu qualquer resposta ao ECO sobre este assunto.

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Todos contra Montenegro num debate que quase esqueceu a economia

Ao fim de quase duas horas e meia de discussão, em que a Spinumviva e a imigração transpiraram do arranque da campanha, só os liberais mostraram abertura para conferir estabilidade governativa à AD.

Poucos dias depois de o INE ter confirmado que a economia portuguesa contraiu no primeiro trimestre deste ano, face aos últimos três meses de 2024, e com as contas públicas e a vida das empresas prestes a serem pressionadas pela guerra comercial e pela necessidade de aumentar o investimento em defesa, os temas económicos passaram quase ao lado do debate de domingo à noite em que participaram os oito líderes dos partidos com representação parlamentar. Ao fim de quase duas horas e meia de discussão, em que a Spinumviva e a imigração ‘transpiraram’ do arranque da campanha, no palco televisivo foram quase todos contra Luís Montenegro, que lidera as sondagens e confirmou que só poderá contar com os liberais como governar com maior estabilidade.

O caso da Spinumviva, que conduziu à queda do Governo depois do chumbo parlamentar de uma moção de confiança, dominou a primeira parte do debate, em que Pedro Nuno Santos insistiu que Luís Montenegro “não tem credibilidade e idoneidade para o cargo que ocupa”, em que o Chega garantiu que não deixará cair uma comissão de inquérito na próxima legislatura e em que o candidato da AD repetiu que fez “tudo de boa-fé”.

Ao fim de várias rondas, Montenegro quis encerrar o caso ao concluir que “nenhuma destas sete personalidades se vai sentir algum dia esclarecida” porque “o objetivo é a luta política pura e dura”. Tal como viria a demonstrar noutras matérias, em que mostrou ser o mais próximo da coligação de direita, só a Iniciativa Liberal lamentou que nenhum partido tenha “interpretado o interesse do país” de não ir a eleições, com Rui Rocha a atirar mesmo que “a IL está disponível para assegurar ao país que tem condições para quebrar um ciclo político” de instabilidade.

No tema da imigração, que marcou o fim de semana depois de o Governo anunciar que nas próximas semanas milhates de imigrantes terão de sair do país por estarem em situação irregular, ficaram bem vincadas as diferenças entre a esquerda e a direita, embora o secretário-geral socialista tenha assinalado que o Executivo apenas está a “aproveitar o trabalho normal da AIMA para proveito próprio” e que “nunca nenhum primeiro-ministro fez gáudio ou revelou ter prazer em expulsar imigrantes”. Pedro Nuno Santos acusou Montenegro de “eleitoralismo na sua disputa com o Chega”, mas André Ventura puxou dos galões do Chega ao lembrar que o PSD votou contra as suas propostas para introduzir quotas e realizar um referendo e que há um ano foi “o único partido a dizer que este era um problema sério”.

Na resposta, Montenegro acusou o rival socialista de ter uma posição em ziguezague sobre a imigração e defendeu que “a lei é para cumprir” e que “aqueles que não cumprem as regras têm de ter uma consequência para o incumprimento”. “O PS deixou-nos uma situação de balbúrdia efetiva. O PS não sabia quem estava efetivamente no país”, acrescentou, considerando que “o que está a acontecer hoje é o desenvolvimento de um processo de normalização”. “Há 177 mil que foram notificados, mas não apareceram. Não se sabe onde estão, alguns deles até terão abandonado, e há algum tempo, o país. Como não havia organização e o PS decidiu escancarar a porta e não controlar, não há hoje essa possibilidade”, completou.

“Falhanço” do Governo na saúde e habitação. Pedro Nuno não escapou a críticas

A crise na saúde e habitação também foi usada como arma de arremesso por todos os partidos da oposição contra Luís Montenegro. No entanto, o primeiro-ministro quis destacar a obra feita com o aumento da capacidade de resposta no SNS e a entrega de casas. Montenegro começou por afastar “um falhanço” do Executivo na implementação do plano de emergência do SNS, que disse ter sido executado em 80%, ainda que tenha reconhecido que se trata de “uma política em execução com muitas dificuldades porque o ponto de partida era calamitoso”.

Perante os argumentos invocados, o líder do PS concluiu que Montenegro “está em negação” sobre o SNS e acusou até o Governo de desviar recursos do público para o privado, notando que se fosse dada maior autonomia aos gestores públicos seria possível evitar as parcerias público-privadas (PPP). O líder do Chega fez mira à AD, mas também ao PS, gracejando que Montenegro e Pedro Nuno “parecem aliens que chegaram agora a Portugal e não têm nada a ver com o que se passa”.

Já a Iniciativa Liberal avisou o PSD que “não é aceitável” que privados e setor social só sejam alternativas depois de os utentes passarem por “meses de sofrimento” pela falta de resposta do SNS e avisou para uma “divergência fundamental” para um eventual acordo pós-eleições: “a AD diz que é o SNS que está no centro do sistema de saúde; para nós são os portugueses que estão no centro”, resumiu.

À esquerda, Bloco e PCP defenderam o reforço do SNS, a contratação de mais profissionais e a valorização dos seus salários. E o Livre quer criar “programa Regressar Saúde” para atrair médicos e enfermeiros portugueses que emigraram, para “as unidades locais de saúde ULS de modelo B, públicas”, indicou Rui Tavares.

No setor da habitação, Montenegro foi igualmente alvo de duras críticas, embora o líder do PS tenha até reconheceu que, no ponto de ser “preciso construir mais”, se aproxima da AD. Ainda assim, Pedro Nuno argumentou que a reversão de restrições ao Alojamento Local fez “aumentar a pressão do lado da procura”, com Montenegro a ripostar que “ninguém deu uma machadada maior no mercado de arrendamento do que o PS” e a enumerar as conquistas do Governo: “Mais do que duplicámos o objetivo de construção e reabilitação na esfera pública, passámos de 26 mil para 59 mil casas. Estamos a trabalhar com Banco Europeu de Investimento para obter uma linha de financiamento para autarquias”, salientou.

Muitos projetos de habitação dirigidos à classe média não avançam por questões fiscais. Os portugueses são sujeitos a um martírio até conseguirem o licenciamento de uma casa.

Rui Rocha

Presidente da Iniciativa Liberal

Do lado do PS, Pedro Nuno Santos acenou com uma solução que consta do programa eleitoral socialista: “Defendemos uma conta-corrente do Estado não apenas com os lucros da CGD, mas também com verbas do Orçamento do Estado para que as autarquias construam casas que as pessoas possam pagar ou arrendar”. O socialista destacou que “a regulação do mercado é importante”, mas afastou-se das soluções à sua esquerda: o controlo das rendas proposto pelo BE, ou o alargamento dos contratos de arrendamento para 10 anos, como sugere o PCP, podem ter um “efeito perverso” no médio e longo prazo.

Lamentando que o Estado não esteja a conseguir executar as verbas disponíveis para aumentar a construção pública, o líder da Iniciativa Liberal insistiu na proposta para baixar para 6% o IVA da construção, alegando que “muitos projetos dirigidos à classe média não avançam por questões fiscais”. Outra solução dos liberais passa pela simplificação, com Rocha a dizer que “os portugueses são sujeitos a um martírio até conseguirem o licenciamento de uma casa”.

Economia quase desaparecida do debate (e Montenegro agradeceu)

Foi já na reta final do debate, com escassos dez minutos para discussão, que a economia entrou em cena. Numa breve troca de argumentos, Luís Montenegro defendeu o desempenho da economia portuguesa, enquanto Pedro Nuno Santos considerou que as previsões do Governo terão de ser revistas em baixa.

O crescimento da economia portuguesa desacelerou para 1,6% no primeiro trimestre em termos homólogos, contra uma expansão do PIB de 2,8% nos três meses precedentes. O cenário traçado pelo INE fica mais cinzento quando a comparação é feita em cadeia. Aí, o PIB contraiu-se 0,5% no arranque do ano, após um crescimento de 1,4% no último trimestre de 2024, resultado do contributo nulo da procura interna (após ter sido positiva nos últimos três meses de 2024) e do contributo negativo da procura externa líquida.

A desaceleração já era esperada pela generalidade dos economistas, uma vez que o quarto trimestre registou um forte crescimento, apoiado em larga medida no consumo. Contudo, os dados do INE surpreenderam, com as taxas a fixarem-se abaixo das expectativas. No debate televisivo, porém, o primeiro-ministro recusou a “expressão” de contração da economia. “Não é aplicável à economia portuguesa, estamos num bom momento da economia”, afirmou, com o moderador Carlos Daniel a sublinhar que a contração do PIB é uma expressão técnica.

Legislativas 2025, debate com todos os partidos na RTP. Luís Montenegro (PSD), Pedro Nuno Santos (PS) e André Ventura (Chega)Pedro Pina - RTP 4 Maio, 2025

Montenegro desvalorizou a questão e atribuiu os resultados “ao último trimestre de 2024”, sublinhando que este “teve uma taxa de crescimento muitíssimo elevado” e que “não tem paralelo” desde a entrada no Euro, “com exceção da pandemia”. “Temos todas as condições para chegar ao final com todas as nossas estimativas cumpridas. Evidentemente que temos de ser prudentes, mas também temos de ser ambiciosos”, garantiu, considerando que a redução do IRS e o do IRC permite criar condições para mais investimento. “Mantenho o otimismo independentemente de estar consciente das incertezas que a situação internacional acarreta”, afirmou o líder da AD.

Um otimismo que não é partilhado pelo líder do maior partido da oposição. Para Pedro Nuno Santos, o crescimento é “outra das áreas em que Luís Montenegro falhou”, apontando os dados do INE como sintomáticos disso mesmo. “Não dá para celebrar. O crescimento económico para 2025 já vai ter de ser revisto em baixa, o que torna o programa da AD uma impossibilidade completa. É uma mentira”, atirou o líder do PS. Pedro Nuno Santos defendeu, por isso, que o programa socialista “é mais realista porque custa metade e está mais adaptado a um cenário de incerteza económica”.

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