Nova equipa do Compete entra hoje em funções após parecer positivo da Cresap

Alexandra Vilela, Carla Leal e Henrique Figueiredo são os nomes que vão liderar o Compete, depois do afastamento de Nuno Mangas após a Operação Maestro. Entram em funções esta quinta-feira.

A Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap) já entregou à tutela o seu parecer sobre a nova administração do Compete. Alexandra Vilela vai substituir Nuno Mangas na presidência do programa que gere os apoios comunitários para as empresas na digitalização, inovação e qualificação. A equipa será ainda composta por Henrique Figueiredo e Carla Leal, apurou o ECO.

Após a publicação desta notícia, o Ministério da Economia confirmou “o parecer positivo da Cresap sobre o novo board do Compete”. “O despacho conjunto do ministro Adjunto da Coesão Territorial e do ministro da Economia já foi assinado e designa como presidente da comissão diretiva do Programa Temático Inovação e Transição Digital, Maria Alexandra dos Santos Vilela. São ainda designados como vogais da comissão diretiva, Henrique Figueiredo e Carla Leal”, acrescentou fonte oficial do Ministério liderado por Pedro Reis. Este despacho produz efeitos a partir de hoje, dia 5 de dezembro”, revelou ainda a mesma fonte.

Alexandra Vilela era, até agora, vogal da Agência Nacional de Inovação (ANI), a entidade que tem por missão potenciar as políticas públicas de inovação em Portugal. Consigo vai levar Henrique Figueiredo que é, há cerca de um ano, diretor da política de inovação da agência.

Para Henrique Figueiredo esta nomeação para vogal do Compete é um regresso a casa, porque já foi gestor do sistema de apoio à transformação digital da Administração Pública no Compete entre junho de 2016 e dezembro de 2023.

Alexandra Vilela também vai protagonizar um regresso, porque já foi vogal da comissão diretiva do Compete entre 2016 e 2023. Teve responsabilidades diretas na área da ciência e do sistema de incentivos ao I&DT, da transformação digital da Administração Pública, da qualificação dos trabalhadores das empresas, das infraestruturas de transporte e da auditoria.

A cúpula do Compete deverá ficar completa com Carla Leal, que é, desde janeiro, diretora da unidade de coordenação dos fundos na Agência para o Desenvolvimento e Coesão. Está na agência desde abril 2014, onde exercia o cargo de diretora da unidade de avaliação e monitorização estratégica, com responsabilidades na coordenação da Rede Portuguesa de Monitorização e Avaliação e do Plano Global de Avaliação dos Fundos da Política de Coesão. “É representante sénior de Portugal nas Redes promovidas pela Comissão Europeia dedicadas à Avaliação e Monitorização de Política de Coesão e tem uma larga experiência nas negociações que envolvem os Fundos da UE no que diz respeito ao quadro regulamentar e à programação em Portugal”, lê-se no seu currículo publicado em Diário da República, no início do ano, quando foi designada em regime de substituição.

Tendo em conta a forte pressão que existe para executar as avultadas verbas de fundos europeus de que Portugal dispõe, seja ao nível do Plano de de Recuperação e Resiliência (PRR) seja do PT2030, era fundamental a escolha da nova equipa recair sobre gestores com vasta experiência em fundos comunitários.

Assim que a Cresap concorde com os nomes que submetemos fazemos essa renovação”, disse o ministro da Economia em entrevista ao ECO Magazine, que será publicada este mês de dezembro. “Temos urgência”, acrescentou Pedro Reis.

A possibilidade de afastamento de Nuno Mangas era há muito antecipada tendo em conta a suspeita que recaiu sobre o Compete no âmbito da Operação Maestro que está a investigar, há seis anos, Manuel Serrão e várias pessoas com quem se relaciona, pessoal e profissionalmente, por uma alegada fraude que terá lesado o Estado português em 39 milhões de euros. Em causa está a apropriação indevida de fundos europeus através de faturas falsas e despesas inflacionadas.

Foi feita uma auditoria aos serviços com responsabilidade nas fraudes em investigação no âmbito da Operação Maestro — Compete, IAPMEI e Aicep. O inquérito interno, encomendado pelo ministro da Coesão, concluiu que apenas na Aicep foram identificadas “insuficiências ao nível da aplicação dos procedimentos de gestão nas fases de análise e seleção de candidaturas, verificações de gestão (administrativas, no local e encerramento) e supervisão das funções delegadas, concluindo que a mesma não foi eficaz na prevenção, deteção e correção de erros”. Mas o facto de o Ministério Público suspeitar do “comprometimento” de Nuno Mangas fragilizou o gestor, que tinha a seu cargo o segundo maior programa do Portugal 2030, com 3,9 mil milhões de euros (maior só o Pessoas 2030 com 5,7 mil milhões).

O processo de escolha da cúpula do Compete demorou mais tempo do que seria inicialmente esperado porque alguns dos nomes propostos acabaram por ser rejeitados por receio de poderem vir a ser envolvidos nas investigações à Operação Maestro, apurou o ECO.

(Notícia atualizada às 11h09 com a confirmação do Ministério da Economia)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pedro Castro e Almeida reconduzido no Santander Totta até 2027. Mulheres reforçam administração

Mulheres reforçam administração do banco detido pelo grupo espanhol no próximo mandato para 2025-2027. Pedro Castro e Almeida reconduzido para um terceiro mandato à frente da instituição.

Pedro Castro e Almeida vai ser reconduzido na liderança do Santander Totta para cumprir um novo mandato até 2027. Mas a comissão executiva vai sofrer uma alteração: Ricardo Jorge está de saída para exercer funções de âmbito global no grupo e será substituído por Susana Ferreira, até agora diretora de Tecnologia e Operações e que vai manter essas responsabilidades como administradora executiva, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

Oficialmente, o banco detido integralmente pelos espanhóis do Santander não faz comentários. Os novos órgãos sociais vão ser eleitos em assembleia geral que tem lugar esta quinta-feira pelas 12h00. O ECO sabe que os nomes ainda aguardam as autorizações dos reguladores.

Aos 57 anos, Pedro Castro e Almeida – que foi promovido a CEO em 2019 e desde o ano passado passou a comandar os negócios do Santander na Europa, incluindo os mercados do Reino Unido, Polónia e Espanha — avança para o seu terceiro mandato à frente de um banco que poderá desempenhar um papel central na consolidação em Portugal.

Recentemente, o gestor disse que em mercados maduros como o português é difícil crescer organicamente e que avançar para a compra do Novobanco seria uma “questão de oportunidade e de preço”. Estas declarações aumentaram os rumores de um eventual interesse espanhol no banco dos americanos da Lone Star, cujo processo de venda arrancará no próximo ano.

A restante equipa executiva mantém-se à exceção de Ricardo Jorge, que vai ocupar o cargo de Global Head SME Channel – Retail & Commercial do grupo Santander. Para o seu lugar entra Susana Ferreira, com experiência em processos de transformação digital com foco na simplificação e melhoria da experiência do cliente, mantendo-se responsável pela área tecnológica a nível da comissão executiva, onde continuarão Manuel Preto, Amílcar Lourenço, Isabel Guerreiro e Miguel Carvalho.

Apresentação de resultados do Santander Totta - 04FEV19

Mulheres reforçam administração do banco

Com a entrada de Susana Ferreira a representatividade de mulheres na comissão executiva aumenta para 33,3%, alinhando-se com a política de diversidade de género que o Banco de Portugal assume como desejável no setor.

Mas também ao nível do conselho de administração do Santander Totta haverá um reforço de mulheres, que passam a ter um peso de 43% com as nomeações de Ana Torres e de Cecília Richards. Há ainda um outro nome que entra para o board (que manterá José Carlos Sítima como chairman): Henrique Carvalho e Silva. De saída estão Manuel Ataíde Marques, Manuel Olazabal e Remedios Ruiz.

Quanto a Ana Torres, tem uma experiência profissional de mais de três décadas em empresas multinacionais, tendo exercido cargos a nível europeu. Cecília Richards desempenha funções globais na área de Riscos do grupo Santander. Henrique Carvalho e Silva também é um homem da casa: é membro do conselho fiscal e foi CEO da unidade de consumo em Portugal na década passada.

O banco registou lucros de 778,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais 25% em relação ao mesmo período do ano passado, beneficiando do ambiente de taxas de juro elevadas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lusorecursos admite alargar a refinaria de lítio e está de olho em novos concursos

Numa altura em que o Governo está à procura de "substitutos" para o projeto de refinação de lítio cancelado pela Galp, a Lusorecursos diz-se disponível para alargar o seu projeto.

O CEO da Lusorecursos, Ricardo Pinheiro, predispõe-se para “ocupar” o lugar que foi deixado vago pela Galp, quando desistiu da construção de uma refinaria de lítio em Setúbal. A empresa que detém a concessão da mina de lítio em Montalegre, e que tem projetada uma refinaria de lítio nessa região, afirma que pode alargar a respetiva capacidade de produção e até acelerar o projeto. Ao mesmo tempo, indica que estará atenta aos futuros concursos previstos para a prospeção de lítio, cobre e ouro.

Estamos disponíveis para aumentar a capacidade de produção da refinaria, para receber concentrado de outros projetos em curso, permitindo o pleno aproveitamento da totalidade dos recursos nacionais”, indica o CEO da Lusorecursos, Ricardo Pinheiro, em declarações ao ECO/Capital Verde. Esta empresa já contava que todo o lítio extraído da mina em Montalegre serviria para alimentar a sua própria refinaria.

A antecipação da construção da refinaria, que atualmente está prevista para 2027, com o primeiro produto refinado a ser entregue aos clientes em 2028, também é uma hipótese avançada pelo gestor, para “permitir que Portugal aproveite os fundos em tempo útil, no desenvolvimento da indústria a que estes se destinaram originalmente”, referindo-se aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que estavam prometidos ao recém-cancelado projeto Aurora, da Galp e Northvolt, no âmbito a agenda mobilizadora para criar uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal, e que ascendiam a 11 milhões de euros, mas dos quais este consórcio abdicou por não ser compatível com as datas de execução do plano.

Para já a data-limite para a execução das agendas mobilizadoras é dezembro de 2025, mas são muitos os que defendem que Bruxelas deveria estender o prazo até agosto de 2026, a fasquia estabelecida para todos os projetos. Até essa data todos os marcos e metas definidos junto da Comissão Europeia têm de estar cumpridos para assegurar o desembolso do décimo e último cheque da bazuca. O CEO defende que, caso a empresa invista de forma a acelerar o desenvolvimento de projetos de execução e o cumprimento de medidas e prazos ambientais, em conjugação com um “compromisso das entidades públicas” para acelerar o licenciamento final, a construção pode ser adiantada a tempo de o projeto usufruir destes fundos.

As declarações do CEO e administrador da Lusorecursos são proferidas depois de o ministro da Economia, Pedro Reis, ter informado que o Governo está a “mapear e radiografar” projetos alternativos ao da refinaria de lítio da Galp, após a desistência desta empresa.

O ministro avançou estes esclarecimentos na sessão de apresentação do Plano de Ação para as matérias-primas críticas, que o Governo divulgou esta terça-feira. O plano prevê a a “adoção de instrumentos e programas de apoio ao financiamento de projetos estratégicos” nesta área, que deverão surgir de uma articulação entre a Aicep – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, o Banco Português do Fomento e IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação.

Lusorecursos de olho no concurso de prospeção

Outra das medidas contidas no plano é o “lançamento de concursos de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de recursos minerais”. O lançamento destes concursos está previsto para o próximo ano, e vai incidir não só no lítio mas também no cobre, que é igualmente considerado uma matéria-prima crítica pela União Europeia, e o ouro.

Temos interesse em participar no concurso, mas depende da avaliação que iremos fazer das condições das peças do concurso.

Ricardo Pinheiro

CEO da Lusorecursos

Questionado sobre a hipótese de a Lusorecursos se candidatar, Ricardo Pinheiro afirma que irá analisar. “Temos interesse em participar no concurso, mas depende da avaliação que iremos fazer das condições das peças do concurso”, indica.

Sobre o plano apresentado pelo Governo, o gestor da Lusorecursos considera-o “bastante positivo, bastante completo, equilibrado e ambicioso”, mas ressalva: “Agora é importante que seja implementado o mais brevemente possível”.

Contactadas acerca da avaliação que fazem deste plano, se estarão interessadas nos novos concursos e de que forma o plano pode influenciar futuras decisões de investimento, a Savannah, que detém a exploração do lítio em Boticas, e a Lifthium Energy, que tem pendente a decisão de avançar com uma refinaria, escusaram-se a fazer qualquer comentário.

Antes da apresentação do plano, e em reação à desistência da Galp, a Savannah já tinha avançado que está a discutir a possibilidade, com o parceiro AMG e outros, de se construírem mais refinarias na Península Ibérica. A Lifthium Energy, empresa da José de Mello e Bondalti, afirmou-se “empenhada” em avançar com o seu projeto de refinaria, mas indicou que não tem, para já, qualquer decisão final quanto a este investimento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 5 Dezembro 2024

Em dia de Conselho de Ministros, o Mercosul discute um eventual acordo de livre comércio com a UE. O INE pinta o retrato da cultura em Portugal e o Eurostat divulga uma série de indicadores.

Esta quinta-feira, o INE lança um conjunto de estatísticas que retratam o setor da cultura em Portugal no ano de 2023, enquanto o Gabinete de Estatísticas da União Europeia divulga dados sobre os preços das importações industriais, os preços na produção industrial, bem como sobre estatísticas relacionadas com o comércio a retalho. O Conselho de Ministros reúne-se e o Mercosul discute eventual acordo de livre comércio com a União Europeia.

INE pinta o retrato da cultura em Portugal

O Instituto Nacional de Estatística lança esta quinta-feira um conjunto de estatísticas sobre o setor da cultura em Portugal, que tem como período de referência o ano de 2023. No documento é disponibilizada informação estatística sobre o setor nomeadamente no que diz respeito ao ensino, emprego, índice de preços no consumidor de bens e serviços culturais, empresas do setor cultural e criativo, comércio internacional de bens culturais, participação cultural, património cultural, artes plásticas, materiais impressos e de literatura, audiovisual e multimédia, artes do espetáculo, radiodifusão e financiamento público das atividades culturais e criativas.

Eurostat divulga indicadores

O Eurostat divulga hoje um conjunto de indicadores. O Gabinete de Estatísticas da União Europeia lança dados sobre os preços das importações industriais em outubro, bem como sobre os preços na produção industrial (externos e totais), também referentes a outubro. Além disso, divulga estatísticas sobre o comércio a retalho em outubro.

Reunião do Conselho de Ministros

Destaque esta quinta-feira para a reunião do Conselho de Ministros, na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, seguida de briefing onde serão divulgadas as decisões do Governo.

Mercosul discute eventual acordo de livre comércio com a UE

O Mercosul reúne-se hoje para debater temas como uma proposta de flexibilização do bloco, as negociações com a União Europeia para um acordo de livre comércio ou a entrada do Panamá como Estado associado. O Mercosul integra a Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (a Bolívia encontra-se em processo de adesão).

Termina consulta pública da Estratégia Digital Nacional

Termina esta quinta-feira a consulta pública da Estratégia Digital Nacional, que prevê o desenvolvimento de uma infraestrutura de cloud soberana e a criação de bolsa de horas para a Administração Pública ter resposta “musculada” em caso de ciberataques. A Estratégia Digital Nacional estava em consulta pública desde 21 de novembro e a sua primeira iniciativa a ser divulgada foi o “Amália”, um ChatGPT português, que deverá ter um custo de 5, 5 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Líderes empresariais temem recessão económica nos próximos dois anos

Os líderes colocam os problemas económicos no pódio, em quarto lugar surge a pobreza e desigualdade e a fechar o ranking estão os eventos climáticos. Destaque para riscos tecnológicos.

Os líderes empresarias da maioria dos países do G20 apontam para a recessão económica, escassez de mão de obra e/ou talentos e para o aumento da inflação como os três principais riscos para os negócios nos próximos dois anos.

Esta foi uma das conclusões do Executive Opinion Survey, um estudo anual conduzido pelo Fórum Económico Mundial (FEM) e divulgado esta quinta-feira pelos parceiros estratégicos Marsh McLennan e Zurich Insurance Group. Os resultados revelam os cinco principais riscos a curto prazo identificados por mais de 11 mil líderes empresariais de 121 países.

Perante os riscos colocados no pódio, o Group Chief Risk Officer do Zurich Insurance Group refere que se deve ir além dos riscos económicos: “À medida que as empresas navegam num cenário de risco cada vez mais complexo, é essencial alargar o foco para além dos riscos económicos”. Peter Giger alerta para as alterações climáticas: “O ano de 2024 está a caminho de ser o mais quente de sempre e, portanto, os impactos crescentes das alterações climáticas não devem ser ignorados“. Também não descarta os riscos tecnológicos: “O rápido avanço das tecnologias emergentes ajudará a superar os desafios crescentes, mas também apresenta novas ameaças“.

Já em quarto lugar surge a pobreza e desigualdade e a fechar o ranking estão os eventos climáticos. Importa notar que tal ocorre um ano depois de muitos países do G20, como o Brasil, Alemanha, Indonésia e os Estados Unidos da América (EUA) terem enfrentado inundações severas, precipitação acima da média, incêndios florestais, calor extremo ou frequência elevada de furacões.

Para enfrentar estes desafios com sucesso, as empresas precisam de permanecer vigilantes e adaptáveis

Carolina Klint, Chief Commercial Officer da Marsh McLennan Europa

Os resultados deste ano indicam ainda uma crescente preocupação com os riscos tecnológicos, que incluem os impactos adversos do uso da Inteligência Artificial (IA), como a disseminação de informações falsas. Este ano estes riscos encontraram-se entre os cinco principais riscos em seis países, o dobro do registado em 2023. Estes riscos foram apontados como o principal risco para os negócios na Indonésia, o terceiro maior riscos nos EUA e o quarto para o Reino Unido.

A Chief Commercial Officer da Marsh McLennan Europa repara que “embora vejamos algumas tendências positivas na economia global, os resultados do Executive Opinion Survey deste ano destacam um nível significativo de ansiedade entre os líderes empresariais nos países do G20″. Carolina Klint considera que “para enfrentar estes desafios com sucesso, as empresas precisam de permanecer vigilantes e adaptáveis”.

No mesmo sentido, Peter Giger assinala que “ao identificar e mitigar proativamente estes diversos riscos, as empresas podem construir resiliência e prosperar perante a incerteza. Abordar estas questões de forma direta não só protegerá as operações, mas também posicionará as empresas para o sucesso sustentável no futuro”.

Importa referir que o estudo não inclui dados de cinco países integrantes do G20, nomeadamente, da China, França, Índia, Arábia Saudita e Rússia. O “Grupo dos 20” é um órgão de cooperação internacional que reúne as maiores economias do mundo que juntas representam 90% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bitcoin faz história e ultrapassa os 100 mil dólares

Dezasseis anos depois de ter sido inventada por alguém com o pseudónimo Satoshi Nakamoto, cuja verdadeira identidade permanece em segredo, o valor da bitcoin acaba de superar os 100 mil dólares.

A bitcoin ultrapassou esta quinta-feira os 100 mil dólares, um nível que para muitos parecia impossível, mas tornado realidade após a reeleição de Donald Trump como Presidente dos EUA. O valor da bitcoin mais que duplicou este ano e subiu cerca de 45% nas quatro semanas desde a vitória eleitoral de Trump, que também viu uma série de legisladores pró-criptomoedas serem eleitos para o Congresso.

Às 02h47, a bitcoin foi negociada nos 100.027 dólares, segundo dados da Reuters, uma subida de 2,2% em relação à sessão anterior.

Esta notícia representa um momento histórico particularmente importante para a comunidade “cripto”, onde muitos entusiastas especulavam há anos que a bitcoin acabaria, eventualmente, por chegar a este valor. Mas torna-se ainda mais surpreendente tendo em conta que, desde o início de 2023 até agora, a bitcoin acumula ganhos de mais de 500%.

O ano de 2024 já estava a ser positivo para a bitcoin quando a vitória de Donald Trump nas eleições Presidenciais dos EUA no dia 5 de novembro — um antigo crítico da bitcoin que agora é visto como “amigo” das criptomoedas — deu um novo elã à generalidade dos ativos de risco, catapultando a moeda virtual para novos máximos.

Os 100 mil dólares são uma fasquia particularmente importante: há muito que os entusiastas especulam que, mais cedo ou mais tarde, a bitcoin acabaria por ultrapassar esse nível.

Entretanto, esta quarta-feira, Donald Trump anunciou que escolheu Paul Atkins para ser o próximo presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), um veterano dos mercados que é visto como um nome mais favorável aos criptoativos.

Trump, que já foi crítico das criptomoedas, é agora visto como um forte apoiante, tendo prometido durante a campanha, numa conferência que decorreu este verão, que faria dos EUA a “capital cripto do planeta” e a maior “superpotência de bitcoin do mundo” caso vencesse as eleições.

A aliança com Elon Musk, o homem mais rico do mundo e um dos principais apoiantes das criptomoedas, também tem dado alento aos especuladores.

Mas o caminho até aos 100 mil dólares não foi um passeio no parque para os investidores. O percurso foi marcado por falhanços incríveis no universo das criptomoedas, como o colapso da corretora FTX em novembro de 2022, há sensivelmente dois anos, que gerou perdas de milhares de milhões de dólares. Em março deste ano, Sam Bankman-Fried, cofundador da FTX, foi condenado a 25 anos de prisão por um tribunal federal em Manhattan, nos EUA.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Câmara de Lisboa recebe indemnização de 1,94 milhões do Metropolitano por “expropriação amigável”

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2024

A indemnização é devida pela desocupação do complexo do Baluarte do Livramento, na freguesia da Estrela, por ser necessário à execução da expansão da rede de metro de Lisboa.

A Câmara de Lisboa vai receber uma indemnização de 1,94 milhões de euros do Metropolitano de Lisboa pela “expropriação amigável” do complexo do Baluarte do Livramento devido à expansão da Linha Vermelha até Alcântara, segundo uma proposta aprovada esta quarta-feira.

Em reunião privada, o executivo municipal viabilizou a proposta de “recebimento parcial e em espécie da justa indemnização devida ao município de Lisboa e até ao montante limite de 1.943.762,30 euros”, pela desocupação do complexo do Baluarte do Livramento, na freguesia da Estrela, por necessário à execução da expansão da rede de metro de Lisboa no âmbito do prolongamento da Linha Vermelha de São Sebastião até Alcântara.

Subscrita pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), a proposta foi aprovada por maioria, com os votos a favor de PSD/CDS-PP, PS e PCP e a abstenção de Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Livre e BE, informou à Lusa fonte oficial do município.

O recebimento parcial da indemnização deve ser repartido pelo pagamento de seis imóveis habitacionais a adquirir pelo município de Lisboa e que passam a integrar o seu património, sendo o custo de aquisição suportado pelo Metropolitano de Lisboa, para realojamento dos ocupantes municipais residentes no complexo do Baluarte do Livramento, de acordo com a proposta.

O executivo camarário aprovou ainda que, para a aquisição dos imóveis, o município pode “exercer o direito de preferência na alienação de até seis imóveis que preencham os requisitos necessários aos realojamentos dos arrendatários municipais, ou através de outra forma negocial que alcance o mesmo fim”, suportando o Metropolitano de Lisboa os custos com a aquisição e até ao valor máximo de 1,94 milhões de euros.

Segundo o documento, no complexo do Baluarte do Livramento existem 12 espaços habitacionais, dos quais seis encontram-se sob gestão da Direção Municipal de Habitação e Desenvolvimento Local (DMHDL) e seis sob a gestão da Casa de Goa. “Todos os ocupantes municipais optaram por um realojamento equivalente, em detrimento da atribuição de uma indemnização”, lê-se na proposta.

A posse administrativa dos espaços ocorreu em 15 de julho, pelo que “urge libertar o complexo do Baluarte do Livramento”, é referido no documento, indicando que o Metropolitano propôs um valor indemnizatório de 1,94 milhões de euros e o município comunicou que “a quantia proposta era manifestamente insuficiente para compensar as perdas patrimoniais em causa”.

Neste sentido, a câmara aguarda “o envio de proposta revista em conformidade com novo relatório de avaliação prévia pedido pelo Metropolitano”, ressalvando que, apesar de o montante indemnizatório ainda se encontrar em discussão, a valor avançado pelo Metropolitano pode servir, desde já, para “uma atuação faseada no processo expropriativo que possibilite o rápido realojamento dos ocupantes municipais”.

Para assegurar o realojamento, o município já identificou uma fração de um prédio na freguesia de Alcântara, em que o preço de venda ascende a 230 mil euros, e que reúne as condições e é adequada para o alojamento de, pelo menos, dois dos ocupantes municipais do complexo do Baluarte do Livramento, pelo que deverá exercer o direto de preferência.

“Esta aquisição, como outras aquisições que o município possa vir a efetuar para o fim citado serão integralmente suportadas pelo Metropolitano, através de pagamento por esta entidade ou transferência dos fundos necessários para o município”, indicou o presidente da câmara.

Na reunião, o executivo discutiu e aprovou, com os votos contra do PCP e a abstenção de PS, Cidadãos Por Lisboa, Livre e BE, aditamentos aos contratos de mandato da empresa municipal Lisboa Ocidental SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, com o PS e o BE a criticarem o atraso de obras em escolas que precisam de intervenção urgente, o que a gestão PSD/CDS-PP negou.

A liderança PSD/CDS-PP esclareceu que mandatou a SRU para a execução de mais oito projetos para escolas secundárias, que se somam aos oito já previstos em contrato de mandato anterior, referindo que as obras, após a conclusão dos projetos, serão adicionadas faseadamente “assim que o Governo protocolar a transferência das verbas para o efeito”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Queda do governo francês é “sinal de como a Europa está cheia de problemas”, diz Marcelo

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2024

Já o chefe da diplomacia portuguesa recusou dar "uma importância grande" ao que é o dever normal da política de dois países.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta quarta-feira, no Porto, à margem de uma missa em homenagem a Sá Carneiro, que a queda do Governo francês é um “sinal de como a Europa está cheia de problemas”.

“Não queria dizer nada, porque estamos à saída de uma cerimónia de evocação de Sá Carneiro, mas é óbvio que é um sinal de como a Europa está cheia de problemas”, disse hoe Marcelo Rebelo de Sousa à saída da missa evocativa de Sá Carneiro, que decorreu na igreja de Cristo Rei, no Porto.

Questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa não acrescentou mais nada à sua reflexão sobre a situação política em França.

Instabilidade em França e Alemanha são “fenómenos”, diz Rangel

Já o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse esta quarta-feira que a instabilidade política em França e na Alemanha são “fenómenos” e que não afetarão o funcionamento das instituições democráticas da União Europeia.

“É evidente que é melhor ter estabilidade do que instabilidade, mas os assuntos internos de cada país têm a sua dinâmica própria. Evidentemente que eles têm sempre efeitos sobre a União Europeia, no sentido em que criam novos ciclos, interrompem ciclos, podem criar alguns impasses”, disse o ministro, em declarações à Lusa na Embaixada de Portugal em Paris, depois de ressalvar que Portugal não comenta a situação interna dos países.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros referiu que a França, cujo governo caiu esta quarta com uma moção de censura aprovada pela esquerda e extrema-direita no parlamento, e a Alemanha, que terá em fevereiro eleições antecipadas, vivem um “fenómeno” como muitos países da Europa, com “situações de alguma fragmentação parlamentar” e sem maiorias estáveis nos governos.

“Isso pode ser um efeito colateral deste tipo de acontecimentos, mas, sinceramente, vamos olhar para o normal de vida das instituições democráticas, porque é disso que se trata”, defendeu Paulo Rangel.

O chefe da diplomacia portuguesa afirmou que “poderá haver algum impacto” dentro do “desenrolar que é a vida das instituições democráticas, que têm essas vicissitudes”, com a instabilidade a criar dúvidas no mercados, nomeadamente nos investidores, mas recusou dar “uma importância grande” ao que é o dever normal da política de dois países.

Quer a França quer a Alemanha têm sistemas de Governo que foram pensados para, justamente, robustecer a estabilidade, é verdade, mas isto não quer dizer que, obviamente, de quando em vez não tenham, justamente, aquilo que é o dever normal da política e que, obviamente, cria esses ‘hiato’ ou essas aberturas”, afirmou.

Esta instabilidade vai implicar a prazo novos ciclos governativos, “na Alemanha seguramente com as eleições” e, no caso da França, “é diferente porque as eleições só podem ocorrer em julho e, portanto, com certeza que se encontrará uma solução até lá”, acrescentou.

Uma moção de censura da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), apoiada pela extrema-direita União Nacional (RN), foi hoje aprovada, na primeira vez que tal acontece em França desde 1962, resultando na queda do executivo francês, liderado por Michel Barnier (centro-direita).

Já a Alemanha vai a eleições no dia 23 de fevereiro de 2025, sete meses antes do previsto, com o chanceler Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), a submeter-se em 16 de dezembro a uma moção de confiança no parlamento alemão (Bundestag) depois da demissão do ministro das Finanças, o liberal Christian Lindner (do FDP), que culminou no fim da coligação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Secretário-geral da NATO quer desviar “fração” da despesa em pensões e saúde para gastos em defesa

  • ECO
  • 4 Dezembro 2024

O secretário-geral da NATO defende que os países têm de gastar mais de 2% do PIB em defesa e que os "políticos devem decidir" como sustentar a capacidade de dissuasão da aliança a longo prazo.

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, defendeu esta quarta-feira que as despesas em defesa sejam financiadas através do desvio de verbas do Estado social europeu. O objetivo é mesmo superar a fasquia dos 2% de gastos em defesa entre os países da aliança.

Quando se olha para o que os países gastam em pensões, no sistema de Segurança Social e na saúde, precisamos de uma fração desses gastos para garantir que os gastos com a defesa cheguem a um nível em que possamos sustentar a nossa dissuasão a longo prazo”, disse o neerlandês, em resposta a perguntas dos jornalistas, no final da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da aliança em Bruxelas.

“Cabe aos políticos decidir e fazer escolhas na escassez”, continuou, antes de vincar que o que está em jogo é “manter toda a aliança, todas as 32 nações, seguras a longo prazo”. Ainda que reconheça que existe um “debate difícil”, Rutte disse ainda que vai agora “ajudar” a convencer os mil milhões de pessoas que vivem sob o chapéu da aliança.

O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos, que iniciou funções na NATO em outubro de 2024, afirma que o seu objetivo é que os gastos em defesa ultrapassem os 2% do PIB, ou seja, acima da meta atual e que muitos países, entre os quais Portugal, ainda não cumprem. Rutte diz mesmo que seria “estranho” a manutenção da fasquia dos 2% e que está convencido de “boas decisões no próximo mês”.

Donald Trump, presidente eleito dos EUA e que toma posse em janeiro, tinha defendido a revisão em alta desta meta para 3% do PIB na próxima cimeira da NATO, que terá lugar em julho de 2025, em Haia. No centro do debate está o aumento da capacidade da indústria de defesa europeia, cuja “produção não é suficiente”, tem “preços demasiado elevados e entregas lentas”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mais de 100 artistas perguntam ao Governo se “a Cultura é estúpida”

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2024

Em carta aberta, mais de cem artistas notam que "o orçamento aprovado para estas artes é bastante menor do que o dos anos anteriores".

Mais de uma centena de artistas, do teatro à música, passando pelas artes visuais e dança, acusam o Governo de “desapego e desinteresse pelas artes performativas”, na carta aberta “E a Cultura é estúpida?”, divulgada esta quarta-feira.

Entre os subscritores da carta, disponível online e difundida na área de opinião do jornal Público, estão atores como João Reis, Isabel Abreu, Beatriz Batarda, Zia Soares, Cristina Carvalhal e Mónica Garnel, músicos como Sérgio Godinho, Lena D’Água, Filipe Sambado e Alex D’Alva Teixeira, encenadores como Raimundo Cosme, André e. Teodósio e Marco Paiva, o maestro Martim Sousa Tavares, coreógrafos como Francisco Camacho, João Fiadeiro, Victor Hugo Pontes, Vera Mantero, Clara Andermatt, Diana Niepce e Olga Roriz.

A carta aberta é também subscrita por companhias como a Cão Solteiro, Dançando com a Diferença, Teatro Praga, Teatro Griot, O Rumo do Fumo, a Plataforma 285 e o Festival Alkantara. Os subscritores defendem que “o desapego e desinteresse pelas artes performativas demonstrados pelo Ministério da Cultura até ao momento têm acentuado a crónica incerteza e instabilidade no setor artístico”.

“O recuo no orçamento da cultura para as artes performativas ou as exonerações em equipamentos centrais para o meio (o exemplo mais recente é a exoneração da presidente do Centro Cultural de Belém, Francisca Carneiro Fernandes) afetam redes de cooperação nacionais e internacionais essenciais para a manutenção de estruturas artísticas precárias”, alertam.

Além disso, referem também a “especulação sobre a exoneração da direção da Direção-Geral das Artes (DGArtes), um organismo que tem sofrido profundas mudanças e que beneficia com a estabilidade”.

Questionando “o que pretende a Ministra da Cultura” para o setor, os subscritores avisam que a “indefinição afeta desde logo as estruturas quadrienais que continuam sem saber se o decreto-lei que regula a possibilidade de renovação dos apoios quadrienais [atribuídos pela DGARtes], aprovado pelo Governo anterior, será cumprido”.

“Acresce que à data, tirando os concursos que ainda decorrem nos moldes definidos pelo Governo anterior, o orçamento aprovado para estas artes é bastante menor do que o dos anos anteriores”, referem.

Os subscritores abordam também “o fim dos concursos previstos na declaração anual da DGArtes, como Arte pela Democracia, Arte e Coesão Territorial, Rede Portuguesa de Arte Contemporânea”, decisão que os leva “a reconhecer que o atual Governo e o seu Ministério da Cultura claramente trabalham para uma desvalorização das artes performativas, recuando no crescimento que estava em curso”.

Numa altura em que o setor tem “menos orçamento, menos estabilidade, mais desconhecimento e mais fragilidade”, existe também “desqualificação de quadros de direção de equipamentos fundamentais para a colaboração com as artes performativas contemporâneas, festivais, estruturas e artistas”.

“Notamos um desinteresse por parte da ministra da Cultura em dialogar com tutelas de equipamentos estatais (o conselho de administração do Teatro Nacional D. Maria II está em gestão há um ano e com um vogal em falta) ou conhecer no terreno a realidade das múltiplas atividades culturais que, no momento, encontram na DGArtes um interlocutor que não se pode comprometer”, referem.

No momento em que se vive “de novo um ciclo de abandono das artes performativas, que se tem concentrado em exonerações e mudanças de chefia”, os subscritores acreditam que este faz parte de “um trajeto de terraplanagem de um setor de arte contemporânea que compete proteger”.

“Exigimos que se garanta a independência de missão e programa dos equipamentos e organismos (presidentes e administrações) sem interferência dos gostos e interesses do Estado”, lê-se na carta. Exigindo “respostas e visibilidade” para o setor, os subscritores entendem ser “agora” o momento em que devem falar e manifestar-se, até porque o Ministério da Cultura, “até ao momento, não manifestou interesse em ouvir o setor, os seus profissionais e as suas estruturas”.

A carta aberta, disponível online para subscrição, foi enviada hoje para a ministra da Cultura, para o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, tem sido alvo de críticas, nomeadamente após a exoneração, na sexta-feira, da presidente da Fundação CCB, Francisca Carneiro Fernandes, no cargo há menos de um ano, anunciando a nomeação para o cargo de Nuno Vassallo e Silva e justificando a decisão com a “necessidade de imprimir nova orientação à gestão da Fundação CCB, para garantir que a fundação assegura um serviço de âmbito nacional, participando num novo ciclo da vida cultural portuguesa”.

A Comissão de Trabalhadores do CCB lamentou a exoneração, horas depois de ter sido anunciada, recordando a “abertura de diálogo” e a “reestruturação fundamental” que empreendeu ao longo do ano em que esteve em funções. Entretanto, no sábado, foi divulgada uma petição em forma de carta aberta dirigida ao primeiro-ministro a exigir explicações sobre a exoneração.

A petição online reunia, pelas 19:00 desta quarta, cerca de 2.100 assinaturas, incluindo as de Aida Tavares, diretora artística para as artes performativas do CCB, e Nuria Enguita, diretora artística do MAC/CCB, o antigo administrador do CCB Miguel Lobo Antunes, entre muitos outros.

A saída de Francisca Carneiro Fernandes teve ainda eco internacional, com a União dos Teatros da Europa (UTE), que reúne 12 grandes teatros europeus, a reagir “com surpresa” à “súbita exoneração”. Numa carta aberta publicada no domingo, a UTE assinala que a exonerada presidente do CCB “tem sido vital” para a instituição “pela sua força criativa e pela sua habilidade excecional em juntar pessoas de origens, países e tradições teatrais muito diferentes”.

A UTE congrega companhias históricas como o Piccolo Teatro di Milano, o Teatro de Roma, os teatros nacionais da Catalunha, da Grécia, Hungria, Luxemburgo e da Sérvia, os teatros de Praga, na Chéquia, o SNG Drama Ljubljana, da Eslovénia, o Hungarian Theatre of Cluj, da Roménia, e o Teatro Laboratório Sfumato, da Bulgária, assim como Teatro Nacional S. João.

Entretanto, foi aprovada na terça-feira a ida da ministra da Cultura ao parlamento para uma audição sobre a exoneração de Francisca Carneiro Fernandes, requerida pelo PS e o Bloco de Esquerda (BE).

Também na terça-feira, o ator e encenador Tiago Rodrigues, diretor do Festival d’Avignon e antigo diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, num artigo de opinião no jornal Público escreveu sobre o que definiu como “atuação inaceitável” do Ministério da Cultura ao exonerar a presidente da Fundação CCB, “antes sequer de cumprir um ano em funções, sem explicação substantiva por parte do Ministério da Cultura, interrompendo um projeto que, embora no início, já dava um novo fôlego à tão necessitada instituição”.

A mudança da equipa de Évora Capital Europeia da Cultura 2027 é também referida por Tiago Rodrigues no artigo de opinião, e levou sete programadores e comissários de Capitais Europeias da Cultura a escreverem à Comissão Europeia, manifestando preocupação pela mudança na gestão de Évora2027, considerando difícil executar o programa em dois anos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rui Moreira vai a Vigo assinar manifesto a exigir comboio de alta velocidade até 2030

Norte de Portugal, Porto e Vigo assinaram manifesto para reivindicar do Governo espanhol a concretização da linha de alta velocidade em 2030 entre as duas cidades fronteiriças.

O presidente da Câmara Municipal do Porto está convicto de que é possível ter a linha ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo a funcionar em 2030. Tal só não acontecerá por uma questão política e não técnica, assegura. “A decisão de priorizar a ligação Madrid-Lisboa é política e não técnica, e temos de fazer um combate político, dizer que temos passageiros e que é tempo de ter investimentos nestes territórios” do Norte de Portugal e Espanha, exortou Rui Moreira, nesta quarta-feira, em Vigo.

Temos de trabalhar e fazer força política“, reforçou o autarca portuense, durante a sua intervenção num debate público sobre este tema, na Junta da Galiza, para pressionar os governos português e espanhol a avançarem com esta linha de alta velocidade que ligará as duas cidades em cerca de 50 minutos. E que Moreira considera mais estratégica do que a ligação entre as duas capitais ibéricas.

É um problema só político. Temos um compromisso de dizer que queremos a linha em 2030 e é possível, e temos de fazer um esforço claro com o Governo de Espanha. Do lado português estamos todos comprometidos. Temos investimento”. Moreira foi mais longe “São coisas políticas, porque a Junta da Galiza é de direita e o Governo espanhol é de esquerda“.

Juntos, o autarca do Porto, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR), António Cunha, e o presidente da Junta da Galiza, Afonso Rueda, deram mais um passo no sentido de reivindicarem a linha de alta velocidade entre estas duas regiões fronteiriças. Exigem ao Governo Espanhol o avanço das empreitadas necessárias para que o TGV entre Porto e Vigo seja uma realidade em 2030. “Portugal e Galiza exigem um calendário detalhado de investimentos, de planificação e obras“, afirmou Afonso Rueda.

Apoiado em dados do Governo português, o autarca portuense calculou que a procura entre estas duas regiões ibéricas é de 1,5 milhões, precisamente o mesmo número do eixo Lisboa-Madrid. Por isso, Moreira entende que não há razões para não se priorizar a ligação Porto-Vigo, principalmente quando, reforçou, entre Lisboa e Madrid se multiplicam as zonas de fraca densidade populacional. “Não há população”, afirmou.

“Este é um tema político e não técnico, porque necessitamos de ferrovia onde há passageiros. Não temos de procurar turistas ou passageiros, porque eles existem”, reiterou Rui Moreira. O autarca destacou o potencial de procura superior à população portuguesa. “A nossa fachada atlântica tem 11 milhões de habitantes, somos umas das regiões mais densas da Península Ibérica e todo o território tem habitantes.”

Além dos potenciais passageiros, há ainda a necessidade de transporte de mercadorias nesta região Norte Ibérica, onde se localizam os portos de Leixões e de Vigo.

A Junta da Galiza tem vindo a pedir ao Governo espanhol que defina um plano de investimentos e um calendário de medidas que deem início à construção da ligação ferroviária entre Vigo e a fronteira portuguesa.

Portugal e Galiza exigem um calendário detalhado de investimentos, de planificação e obras.

Afonso Rueda

Presidente da Junta da Galiza

Durante a sua intervenção no debate, o presidente da Junta da Galiza defendeu que se as duas regiões ibéricas querem apanhar o comboio do “progresso”, esta é a altura de reivindicar, sob pena de só acontecer em 2040.

Salientando que a Galiza e o Norte de Portugal reclamam “o que esta terra merece há muito tempo que é uma conexão à altura do potencial e dinamismo” destes territórios para crescerem, Afonso Rueda foi claro: “Não há tempo a perder!”.

O que nos falta são infraestruturas. Estamos conectados por um comboio que não é digno”, sustentou o autarca, exigindo “uma alternativa competitiva e rápida: passar de 2h30 para menos de uma hora” de viagem entre as duas localidades.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Como são as cláusulas abusivas nos contratos de seguros? APS vai responder

  • ECO Seguros
  • 4 Dezembro 2024

O objetivo é os participantes sejam capazes de dominar o conceito de cláusulas abusivas, identificar a sua existência no conteúdo dos contratos de seguro e compreender as suas consequências legais.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) anunciou um curso sobre cláusulas abusivas nos contratos de seguro, marcado para a próxima quinta-feira das 10h00 às 12h00. Os participantes podem assistir na sede da APS, em Lisboa, ou remotamente, pela plataforma Zoom.

“Os métodos de formação assentam essencialmente na análise da jurisprudência dos tribunais portugueses e na transmissão de conhecimentos doutrinários sobre o tema das cláusulas abusivas”, refere a associação.

O objetivo é que no final da formação, os participantes sejam capazes de dominar o conceito de cláusulas abusivas, identificar a sua existência no conteúdo dos contratos de seguro e compreender as consequências legais que podem acarretar.

O formador é Rui Paulo Coutinho de Mascarenhas Ataíde, professor auxiliar da Faculdade de Direito de Lisboa (FDUL) e presidente do Instituto de Direito de Consumo da FDUL.

A formação destina-se a todos os profissionais interessados no tema e, particularmente a colaboradores do setor segurador afetos a áreas jurídicas, de compliance, conduta de mercado ou que lidem com clientes.

Para mais informações e inscrição, aqui.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.