Trabalhadores estrangeiros aumentaram a um ritmo de 24% por ano na última década

A crescente presença de trabalhadores estrangeiros está a suprir lacunas de mão-de-obra em vários setores. Mais de 22% das empresas nacionais emprega estrangeiros, quase o triplo do que em 2014.

Nos últimos anos, o mercado laboral nacional tem assistido a uma mudança significativa no perfil dos seus trabalhadores, com um crescimento expressivo da presença de trabalhadores estrangeiros: entre 2019 e 2023, o número de trabalhadores por conta de outrem registados na Segurança Social aumentou 13%, sendo que 9,3 pontos percentuais deste crescimento são atribuíveis aos trabalhadores de nacionalidade estrangeira, refere o Banco de Portugal numa análise publicada no Boletim Económico de junho, que será divulgado na sexta-feira.

Este aumento reflete a dinâmica e as necessidades do mercado de trabalho, que tem sido impulsionado por fatores como a globalização, a redução da população em idade ativa e a procura por mão-de-obra em setores específicos.

Segundo os técnicos do Banco de Portugal, com base numa análise aos microdados mensais da Segurança Social dos últimos dez anos, “entre 2014 e 2023, cerca de um milhão de trabalhadores estrangeiros exerceram atividade por conta de outrem durante pelo menos um mês em Portugal”.

Os dados da Segurança Social revelam ainda que o número médio de trabalhadores estrangeiros foi multiplicado por nove vezes ao longo da última década, passando de 55,6 mil pessoas em 2014 para mais de 495 mil no final do ano passado, como resultado de um crescimento anual médio de 24%.

Um crescimento igualmente assinalável foi também sentido no número de empresas que emprega estrangeiros. Segundo o Banco de Portugal, “enquanto em 2014 apenas 7,9% das empresas tinham trabalhadores com nacionalidade estrangeira entre os seus colaboradores, essa proporção subiu para 22,2% em 2023”.

Empresas que contratam trabalhadores estrangeiros

Os técnicos da entidade liderada por Mário Centeno destacam que “não se observam diferenças assinaláveis em termos do peso dos trabalhadores estrangeiros entre pequenas, médias e grandes empresas. No entanto, as remunerações dos trabalhadores estrangeiros são, em média, inferiores às dos trabalhadores portugueses, com uma mediana muito próxima do salário mínimo nacional.

“A distribuição das remunerações brutas regulares dos trabalhadores por conta de outrem com nacionalidade estrangeira apresentou uma mediana e uma dispersão inferiores à distribuição para os trabalhadores por conta de outrem com nacionalidade portuguesa em 2023, quer nos mais jovens, quer nos com mais de 35 anos de idade”, destaca o estudo.

Em 2023, por exemplo, a mediana das remunerações mensais dos trabalhadores estrangeiros foi de 769 euros para os mais jovens e 781 euros para os mais velhos, contra 902 euros e 945 euros, respetivamente, dos trabalhadores nacionais.

Impacto da força de trabalho estrangeira na economia

Os dados da Segurança Social permitem concluir que os trabalhadores estrangeiros têm uma presença marcante nos setores do alojamento e restauração, atividades administrativas e construção, com estes trabalhadores a serem responsáveis por 31,1%, 28,1% e 23,2% em 2023, respetivamente, do total de empregos gerados por estas atividades.

A maioria está predominantemente concentrada no litoral, com maior incidência nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, bem como na costa do Alentejo e no Algarve. No entanto, os municípios com maior percentagem de trabalhadores estrangeiros incluem Odemira, Ferreira do Alentejo e Cinfães, destacando-se pela significativa atividade agrícola. Em Odemira, por exemplo, no ano passado, 76,1% dos trabalhadores tinha nacionalidade estrangeira.

Distribuição geográfica dos trabalhadores estrangeiros em 2023
Distribuição geográfica dos trabalhadores estrangeiros em 2023

A análise detalhada do Banco de Portugal revela também que os brasileiros são o grupo mais numeroso, com 209,4 mil indivíduos registados na Segurança Social em 2023, representando 42,3% do total de trabalhadores estrangeiros. Seguem-se os trabalhadores indianos, nepaleses, cabo-verdianos e bengalis.

A idade mediana dos trabalhadores estrangeiros é de 33 anos, o que compara com os 42 anos dos trabalhadores portugueses. E 36,7% dos trabalhadores estrangeiros são mulheres, com variações significativas entre nacionalidades. Por exemplo, mais de 40% dos trabalhadores brasileiros e cabo-verdianos são mulheres, enquanto, entre os trabalhadores indianos e bengalis, essa percentagem é consideravelmente menor, refere a análise do Banco de Portugal.

O fluxo crescente de trabalhadores estrangeiros para Portugal tem implicações significativas para a economia e o mercado de trabalho. Este fenómeno não só ajuda a colmatar a falta de mão-de-obra em setores específicos, como também contribui para a diversificação cultural e económica do país, como referem vários estudos sobre o tema.

Para o futuro, a análise do Banco de Portugal salienta a necessidade de monitorizar e analisar continuamente o impacto destes trabalhadores na economia portuguesa, garantindo que as políticas laborais e de imigração sejam ajustadas para maximizar os benefícios e minimizar possíveis desafios.

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Banco de Portugal alerta Governo para seguir uma “política orçamental prudente”

A recomendação do Banco de Portugal assenta num contexto de taxas de juro elevadas, que irá refletir-se no aumento da taxa de juro implícita da dívida pública até 2026, pelo menos.

A dívida pública nacional tem seguido uma trajetória ascendente desde 2000, com exceções pontuais em 2021 e 2023. Neste caminho, a despesa com juros tem sido uma componente crítica, explicando cerca de 70% do aumento do stock da dívida pública em termos nominais entre 2000 e 2023, segundo cálculos do Banco de Portugal.

Entre 2010 e 2014, a despesa com juros aumentou em Portugal, ao contrário do que sucedeu na área do euro, devido ao aumento do stock da dívida. Só após 2015, como resultado do crescimento da economia e com “a emergência de saldos primários positivos, é que se assistiu a uma desaceleração no crescimento da dívida pública”, que foi particularmente “notória no final da última década”.

Decomposição da variação da despesa com juros da dívida pública em percentagem do PIB

No entanto, a fatura com juros atingiu 5,1% da despesa pública total e 2,2% do PIB em 2023, valores que, embora inferiores aos picos registados na crise da dívida soberana e à média de 3,3% das últimas duas décadas, ainda representam uma carga significativa para as finanças públicas, destacam os técnicos do Banco de Portugal numa análise presente no Boletim Económico de junho, que será apresentado na sexta-feira.

Esta realidade, juntamente a um contexto atual de taxas de juro elevadas e a um previsível aumento da taxa de juro implícita da dívida nos próximos anos, leva a entidade liderada por Mário Centeno a recomendar ao Governo “a manutenção de uma política orçamental prudente”.

Segundo os técnicos do Banco de Portugal, esta estratégia visa “minimizar os montantes a refinanciar e o risco inerente através do reforço da credibilidade junto dos mercados”, lembrando que a subida da taxa de juro implícita em 2023 levou a que pela primeira vez desde 2014 os juros pagos tenham aumentado. “Ainda assim, a subida da taxa de juro implícita foi menos pronunciada em Portugal do que na área do euro”, referem.

No final do ano passado, a taxa de juro implícita da dívida pública era de 2,1%, 0,4 pontos percentuais acima dos 1,7% registados em 2022. De acordo com as projeções dos técnicos do Banco de Portugal, esta taxa deverá aumentar nos próximos anos, “ainda que a um ritmo menos pronunciado, alcançando em 2026 o nível mais elevado desde 2018” até aos 2,6%.

O impacto dessa evolução nas despesas com juros também dependerá do stock de dívida no futuro. Porém, “considerando a trajetória descendente da dívida pública em percentagem do PIB subjacente às projeções do Boletim, que é baseada na hipótese de políticas invariantes, as despesas com juros apresentam um aumento cumulativo de 800 milhões de euros entre 2023 e 2026”, calculam os especialistas. Sublinhando que, “caso se verifiquem excedentes orçamentais primários menores (maiores), tanto as necessidades de financiamento como as despesas com juros serão maiores (menores)”.

Decomposição da taxa de juro implitica da dívida publica

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Preço do gás europeu atinge nível mais alto de ano

  • Lusa
  • 3 Junho 2024

O preço do gás europeu subiu esta mais de 10%, impulsionado pelo encerramento de um gasoduto que liga a Noruega ao Reino Unido, com a Europa a continuar dependente do abastecimento norueguês.

O preço do gás europeu subiu esta segunda-feira mais de 10%, impulsionado pelo encerramento de um gasoduto que liga a Noruega ao Reino Unido, com a Europa a continuar dependente do abastecimento norueguês.

Às 11h15 TMG (mais uma hora em Lisboa), o contrato de futuros do TTF, considerado a referência europeia do gás natural, estava a ser negociado a 37,69 euros por megawatt hora (MWh), pouco depois de ter subido 13% e atingido o nível mais alto do ano, a 38,70 euros.

“Há problemas operacionais na plataforma Sleipner Riser”, um ponto de ligação do gasoduto submarino Langeled que liga a unidade de processamento de gás de Nyhamna, no oeste da Noruega, ao terminal de Easington, no centro-leste do Reino Unido, disse à AFP Randi Viksund, diretora de comunicação do operador norueguês Gassco.

“São necessárias reparações. Em consequência disso, Langeled foi fechado, o que levou a reduções no sistema” de distribuição de gás, acrescentou.

A redução nos volumes foi de 29,7 milhões de m3 no domingo e deverá ser de 56,7 milhões de m3 esta segunda-feira. “Não há entregas para Easington”, precisou Viksund, mas as de St. Fergus na Escócia não foram afetadas.

Na sequência da guerra na Ucrânia, a Noruega tornou-se o principal fornecedor de gás natural da Europa, que reduziu a sua dependência energética da Rússia.

O TTF está atualmente no nível mais alto desde dezembro de 2023. Os preços, no entanto, permanecem bem abaixo dos que foram registados logo após a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022. “Estamos a trabalhar num plano para reparar os estragos” na plataforma Sleipner Riser, indicou Randi Viksund.

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Ovar constrói 30 habitações acessíveis em Válega por 3,9 milhões de euros

  • Lusa
  • 3 Junho 2024

Município de Ovar vai construir 30 casas de renda acessível em 2024, na freguesia de Válega, num investimento de quase 3,9 milhões de euros.

A Câmara Municipal de Ovar revelou esta segunda-feira que vai abrir concurso público para arrancar, ainda em 2024, com a construção de 30 fogos de habitação acessível na freguesia de Válega, num investimento de quase 3,9 milhões de euros.

Criar no lugar do Sargaçal 15 apartamentos de tipologia T3 e outros tantos T2 é o objetivo dessa autarquia do distrito de Aveiro que, ao longo das últimas décadas, tem apostado regularmente na criação de habitação social para famílias que viviam em condições precárias, sobretudo em bairros piscatórios.

“O município de Ovar tem trabalhado para que todos os munícipes tenham condições habitacionais dignas e este é mais um passo importante para criar habitação acessível no concelho”, declarou à agência Lusa o presidente da câmara, Domingos Silva.

O autarca social-democrata adiantou que, “tendo em conta as novas construções previstas e também as soluções já existentes, muito em breve o município terá capacidade para apoiar a habitação de cerca de 300 famílias, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida”.

A data concreta para arranque da obra no Sargaçal ainda não está definida e dependerá do andamento do concurso para adjudicação da empreitada, mas o projeto de execução já foi concluído e aprovado em maio, prevendo a autarquia que, uma vez iniciados, os trabalhos tenham um prazo de execução de 18 meses.

Tendo em conta as novas construções previstas e também as soluções já existentes, muito em breve o município terá capacidade para apoiar a habitação de cerca de 300 famílias, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida.

Domingos Silva

Presidente da Câmara Municipal de Ovar

Integrando a Estratégia Local de Habitação, essa empreitada é financiada a 100% por verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e por fundos do programa europeu Next Generation, destinado especificamente a dar resposta ao contexto económico e financeiro gerado pela pandemia da Covid-19.

A escolha do Sargaçal para localização dos novos apartamentos prende-se com o facto de a autarquia já aí dispor de um terreno “com área suficiente para a construção de 30 fogos” e situado numa área “predominantemente habitacional”.

A construção desses fogos junta-se assim a um conjunto de obras de idêntico cariz que a Câmara Municipal de Ovar tem a decorrer atualmente noutros pontos do concelho, com o mesmo propósito de aumentar as condições de habitabilidade das famílias com menos poder económico. Entre essas empreitadas inclui-se: a construção de outros 13 apartamentos na Rua do Seixal, em curso desde fevereiro de 2024; a edificação de 52 frações na Avenida Dona Maria II, que arrancou em maio; e a reabilitação de três fogos em São João de Ovar, “adjudicada recentemente”.

Concluída está, desde maio, a reabilitação de 14 habitações na Rua Frederico Ulrich, na freguesia de Cortegaça, e, desde 2022, a recuperação de 50 frações no Furadouro, assim como a de quatro apartamentos no lugar do Cadaval, também em Válega, após adaptação para o efeito de um edifício escolar desativado.

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Governo pede auditoria administrativa e financeira ao INEM. Sindicato acusa Luís Meira de “gestão danosa”

Ministério da Saúde vai avançar com um pedido de auditoria administrativa e financeira ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), confirmou ao ECO fonte oficial da tutela.

O Ministério da Saúde vai avançar com um pedido de auditoria administrativa e financeira ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), confirmou ao ECO fonte oficial da tutela liderada por Ana Paula Martins.

“O Ministério da Saúde confirma este pedido de auditoria administrativa e financeira ao INEM. Demais esclarecimentos serão dados na Comissão Parlamentar de Saúde, agendada para a próxima quarta-feira”, adianta fonte oficial do ministério, em respostas a questões colocadas pelo ECO.

O pedido de auditoria foi avançado no domingo à noite pelo comentador e antigo presidente do PSD, Luís Marques Mendes, no seu espaço de comentário na SIC.

O INEM é presidido por Luís Meira, que foi reconduzido no cargo por mais cinco anos, em agosto do ano passado, pelo anterior ministro da Saúde, Manuel Pizarro. Este instituto tem como principal missão garantir o funcionamento eficaz e o desenvolvimento sustentável do Sistema Integrado de Emergência Médica.

Há pouco mais de duas semanas, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) apelou à Assembleia da República para que investigue a gestão “danosa” do INEM. “Só pode ser, porque é o dinheiro de todos nós que está a ser desperdiçado com este tipo de gestão que já criticámos na altura que mantínhamos conversações – e que deixámos ter porque ele não quer – com o presidente do INEM [Luís Meira], que nunca nos soube responder”.

Além disso, Rui Lázaro alertou, citado pela Lusa, para a escassez de técnicos de emergência hospitalar que se reflete em ambulâncias paradas e na diminuição da prestação de cuidados de emergência médica em todo o país.

Na quarta-feira, a ministra da Saúde vai ser ouvida pelos deputados na comissão parlamentar de saúde. Além deste tema do INEM, será discutida a demissão do antigo diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, que a 22 de maio disse aos deputados que a entidade deve “estar acima de questões políticas ou agendas partidárias”, embora tenha de “merecer a confiança” do Governo.

Ana Paula Martins, ministra da SaúdeFILIPE AMORIM/LUSA 29 maio, 2024

Outro dos pontos na agenda comissão parlamentar agendada para esta semana é o plano de emergência do SNS, apresentado na semana passada, e que contempla um alargamento das funções do SNS24, com uma linha para grávidas ou “vouchers telefónicos” para as cirurgias.

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Ministério Público pede julgamento para Salgado, Sobrinho e restantes arguidos do processo BESA

  • Lusa
  • 3 Junho 2024

O Ministério Público defendeu esta segunda-feira, no debate instrutório do processo BESA (BES Angola), que os cinco arguidos sejam levados a julgamento "nos exatos termos da acusação".

O Ministério Público (MP) defendeu esta segunda-feira no debate instrutório do processo BESA (BES Angola), realizado no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), que os cinco arguidos sejam levados a julgamento “nos exatos termos da acusação”.

 

Em causa estão o ex-presidente do Banco Espírito Santo Angola (BESA) Álvaro Sobrinho, que foi acusado de 18 crimes de abuso de confiança e cinco de branqueamento, e o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, a quem foram imputados cinco crimes de abuso de confiança e um de burla.

Estão também em causa os ex-administradores Amílcar Morais Pires, visado por um crime de abuso de confiança e outro de burla, Helder Bataglia, acusado de um crime de abuso de confiança, e Rui Silveira, que responde apenas por um crime de burla.

“Cabe concluir que deverão os mesmos ser pronunciados nos exatos termos da acusação“, afirmou a procuradora Rita Madeira, que repartiu durante hora e meia as alegações do MP com a sua colega Sandra Oliveira, acrescentando: “Considerou o Ministério Público que existiram fortes indícios da prática dos crimes pelos arguidos”.

O debate instrutório começou já perto das 11h00, não se chegando a ouvir o arguido Álvaro Sobrinho, uma vez que não compareceu no tribunal. O ex-banqueiro angolano é suspeito de se ter apropriado indevidamente de centenas de milhões de euros, num caso cujos factos terão ocorrido entre 2007 e julho de 2014.

“Os factos foram praticados pelos mais altos responsáveis do BES e do BESA. Indivíduos cujos conhecimentos não se compadecem com as versões simplistas, irresponsabilizantes e irreais que apresentam”, reiterou a procuradora, considerando que os factos são de “elevadíssima gravidade”.

Rita Madeira – a procuradora responsável pela recente tomada de declarações do ex-primeiro-ministro António Costa no processo Influencer – lembrou ainda o “volumoso acervo de meios de prova” e notou que os argumentos das defesas nesta fase de instrução (fase processual facultativa que visa confirmar se os indícios são suficientes para levar a julgamento) não refutaram a acusação.

O MP rebateu também a suposta falta de competência territorial relativamente a situações em Angola, assinalando aqui que “o momento de apropriação se materializa na saída dos fundos da conta do BESA domiciliada em Lisboa”, pelo que invocou que “o crime mostra-se consumado em território nacional”.

“[Álvaro Sobrinho] apelida de delirante a atuação que lhe é imputada na acusação, mas não apresentou nenhum meio de prova. Não deixa margem para dúvidas que as contas de Álvaro Sobrinho ou de estruturas societárias que lhe são associadas viram entrar milhões em fundos sem explicação”, vincou a procuradora.

Argumentou ainda que Ricardo Salgado, Morais Pires e Rui Silveira tiveram uma atuação no sentido de “esconderem dos demais membros” da administração do BES a situação do BESA e questionou o facto de nunca ter sido acionada a garantia soberana que existia em Angola.

A acusação do processo BESA foi conhecida em julho de 2022 e respeita à concessão de financiamento pelo BES ao BESA, em linhas de crédito de Mercado Monetário Interbancário (MMI) e em descoberto bancário. Por força desta atividade criminosa, a 31 de julho de 2014, o BES encontrava-se exposto ao BESA no montante de perto de 4,8 mil milhões de euros.

As vantagens decorrentes da prática dos crimes indiciados, neste inquérito, contabilizam-se nos montantes globais de 5.048.178.856,09 euros e de 210.263.978,84 dólares norte-americanos, de acordo com a acusação.

Segundo o DCIAP, além “das quantias movimentadas indevidamente a débito das contas do BESA domiciliadas no BES, em Lisboa, para crédito de contas de estruturas societárias que funcionaram em seu benefício pessoal, também em diversas ocasiões Álvaro Sobrinho utilizou a liquidez disponibilizada naquelas duas contas bancárias para fazer face ao pagamento de despesas na aquisição de bens e no financiamento direto da atividade de outras sociedades por si detidas”.

(Notícia atualizada às 14h59)

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Audiência dos debates aumenta face a 2019 com cinco a ultrapassar os 500 mil

  • Lusa
  • 3 Junho 2024

"Nas últimas eleições para o parlamento europeu, houve apenas três debates que ultrapassaram a audiência média de 500 mil telespetadores, enquanto em 2024 cinco ultrapassaram esse valor", refere a UM.

A audiência dos debates televisivos para as eleições europeias aumentou face à de 2019, de acordo com a análise da Universal McCann, agência de meios do grupo Mediabrands, com cinco a ultrapassar os 500 mil telespetadores.

As eleições europeias decorrem em 09 de junho e os debates este ano “decorreram num modelo inédito”, já que, “invés de duelos, houve confrontos com quatro partidos de cada vez, com a presença dos partidos com assento parlamentar na Assembleia da República”, recorda a Universal McCann (UM).

Além destes, “decorreu ainda um debate com todos os partidos com assento parlamentar na Assembleia da República e outro com os partidos que se apresentam à eleição, mas que não têm nenhum deputado eleito na Assembleia da República”.

A série de debates, que teve início em 13 de maio e que opôs os cabeças de lista Sebastião Bugalho (AD), Marta Temido (PS), João Cotrim Figueiredo (IL) e Francisco Paupério (Livre), terminou em 30 de maio, com o debate entre todos os partidos sem assento parlamentar.

“Nas últimas eleições para o parlamento europeu, houve apenas três debates que ultrapassaram a audiência média de 500 mil telespetadores, enquanto em 2024 cinco ultrapassaram esse valor”, refere a UM.

Recorde-se que em 2019 “o formato dos debates foi duelos entre os partidos com assento parlamentar”, num total de 15 frente-a-frentes, “sendo que, destes, apenas cinco tiveram transmissão em canal aberto, tendo os canais generalistas transmitido apenas os minutos iniciais destes confrontos, passando depois para os respetivos canais de informação”.

O debate mais visto foi o de estreia, “que contou com a presença da AD, PS, IL e Livre” e foi transmitido pela SIC e com a moderação de Clara de Sousa. Registou “uma audiência média de 852 mil telespetadores, a que correspondeu um ‘share’ de 17,3%”.

Em segundo lugar ficou o que contou com os representantes da CDU (João Oliveira), Francisco Paupério (Livre), António Tânger Corrêa (Chega) e João Cotrim Figueiredo (IL), “o único do ‘top3’ sem a presença dos partidos da AD e PS”. Este confronto, transmitido pela SIC, “contou com uma audiência média de 788 mil telespetadores e um ‘share’ de 16,9%”.

Em terceiro lugar ficou “o último debate a quatro que colocou à mesa os candidatos do PS (Marta Temido), AD (Sebastião Bugalho), BE (Catarina Martins) e Pedro Fidalgo Marques (PAN), transmitido na TVI e com a moderação de Sara Pinto”, com uma audiência média de 674 mil telespetadores e um ‘share’ de 16,6%.

“Da série de oito debates, a SIC teve os dois debates mais vistos, seguindo-se os debates transmitidos pela TVI na 3.ª e 4.ª posição” e a “RTP1 transmitiu os debates menos vistos, com os confrontos dos partidos com e sem assento parlamentar, transmitidos a partir das instalações da Nova SBE, a serem aqueles que geraram menos interesse junto dos portugueses“.

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BMCar abre stand automóvel de 2,5 milhões em Guimarães e prepara novo espaço em Famalicão

BMCar abre stand de 2,5 milhões em Guimarães que deverá conquistar quota de 10% das operações do grupo em Portugal nos próximos três anos. E prepara novo espaço em Famalicão.

BMcar Guimarães3 junho, 2024

A BMcar acaba de reforçar o posicionamento no mercado nacional com a abertura de um novo stand em Guimarães, num investimento de 2,5 milhões de euros, preparando-se para inaugurar este ano um outro espaço em Vila Nova de Famalicão. “A nossa expectativa é que a BMcar Guimarães conquiste uma quota de 10% das nossas operações em Portugal nos próximos três anos“, antecipa o CEO Pedro Rodrigues.

A BMcar anuncia que “está a realizar o maior ciclo de investimentos dos seus 30 anos de história“. Além da abertura destes stands no Minho, o grupo prevê ainda investir nas suas atuais localizações e na plataforma digital, sem, contudo, avançar com valores agregados de investimento.

Já no que diz respeito ao espaço agora inaugurado em Guimarães, o CEO da BMcar fala numa aspiração antiga. “Ter uma presença física em Guimarães era um desejo antigo que agora conseguimos concretizar. Guimarães, além de sua inegável e importante história na construção do nosso país ao longo de muitos séculos, é hoje uma cidade com um incrível dinamismo económico, social e cultural“, afirma Pedro Rodrigues.

A nossa expectativa é que a BMcar Guimarães conquiste uma quota de 10% das nossas operações em Portugal nos próximos três anos.

Pedro Rodrigues

CEO da BMcar

Dedicado exclusivamente à venda e prestação de serviços das marcas do BMW Group, o concessionário nortenho refere que “a BMcar Guimarães faz parte do plano estratégico Out of Your Mind, que visa assegurar uma cobertura geográfica de proximidade para reforçar os níveis de serviço, e fidelização dos atuais e futuros clientes”.

“Este novo espaço é um dos primeiros concessionários no mundo a introduzir os mais recentes retail standards das marcas do BMW Group“, anuncia a empresa na mesma nota. O stand disponibiliza a venda de viaturas novas BMW, BMW Premium Selection, Mini Next, BMW Service, Mini Service e os serviços financeiros do BMW Bank.

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Tiago Coder Meira é o novo sócio da SRS Legal

Tiago Coder Meira desempenhava funções de coordenador da área de Resolução de Litígios da SRS Legal. O novo sócio presta assessoria na área de contencioso civil, penal e contraordenacional.

A SRS Legal promoveu o advogado Tiago Coder Meira a sócio. Em comunicado, o escritório afirmar que esta promoção é o “reconhecimento do mérito do seu talento interno”.

Desde 2020 que Tiago Coder Meira desempenhava funções de coordenador no departamento de Resolução de Litígios da SRS Legal. Conta com mais de 15 anos de experiência como advogado, prestando assessoria aos clientes na área de contencioso civil, penal e contraordenacional.

Esta promoção sinaliza o reconhecimento das competências individuais e do contributo do Tiago para a SRS Legal e para o desenvolvimento da sua área de prática, numa trajetória de progressão sustentada, com a firme expectativa de que o seu percurso se mantenha crescente e alinhado com os valores que norteiam a sociedade. Parabéns ao Tiago com votos de que continue o seu percurso de sucesso na SRS Legal”, referiram Cesár Sá Esteves e Octávio Castelo Paulo.

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“O desafio é conseguir aproximar a marca dos portugueses”, aponta Filomena Spranger Jorge, do Burger King

Filomena Spranger Jorge começou em agências e passou por Espanha com a MediaMarkt. De regresso a Portugal, para junto da família, "a base", assumiu em fevereiro a direção de marketing do Burger King.

É sempre um momento muito interessante quando se começa a lançar uma marca no mercado, porque podemos fazer coisas muito loucas que normalmente as marcas que já estão mais consolidadas não fazem, não vão querer arriscar tanto“, considera Filomena Spranger Jorge, desde fevereiro diretora de marketing do Burger King Portugal.

Este “privilégio” teve-o ainda enquanto diretora de marketing da MediaMarkt, por altura da entrada da marca em Portugal, com o slogan “eu é que não sou parvo”, o qual “acho que toda a gente ainda se lembra e que na altura ou era muito amado ou muito odiado”.

“Essa parte, de perceber como é que íamos implementar a marca em Portugal, foi muito divertida. E depois também foi muito giro avançar com campanhas que nunca tinham sido vistas e que hoje já são normais, como o dia sem IVA. A MediaMarkt foi a primeira marca a trazer o dia sem IVA para Portugal, foi uma loucura, foi incrível. Fizemos coisas que hoje em dia são super normais, mas que na altura fomos um bocadinho pioneiros“, diz em conversa com o +M.

A sua carreira, no entanto, começou do lado das agências, com passagens pela Publicis, Zenith e McCann. Aliás, os primeiros passos foram dados nesta última, pelo que começou “logo em grande” e numa “grande escola”. “Foi no tempo em que as agências tinham grandes profissionais, grandes nomes no mercado, e portanto apanhei essa fase ainda e privei com grande parte deles“, recorda.

O percurso em agências, na sua opinião, é fundamental uma vez que “acaba por dar uma visão mais 360º daquilo que são todas as disciplinas do marketing. E ainda mais hoje em dia, em que o marketing está muito alicerçado em dados e analítica e não tem tanto a ver com aquilo que é o gut feeling. Essa visão 360º dá-nos uma amplitude muito maior naquilo que é a tomada de decisão e mesmo naquilo que é o diálogo com os nossos parceiros e as nossas agências”, considera.

A passagem para a MediaMarkt aconteceu quando a marca procurava parceiros para entrar em Portugal, pelo que Filomena Spranger Jorge esteve bastante envolvida num pitch apresentado pela Zenith. Apesar de a agência não ter ganho o concurso, Filomena ganhou um novo desafio profissional, depois de receber uma chamada.

“Ligaram-me e eu pensava que iam dar a notícia do resultado do concurso. Mas na verdade foi para me perguntarem se eu queria ir trabalhar com eles, porque estavam à procura de alguém para liderar a direção de marketing. Não ganhámos a conta mas eu ganhei um amor para a vida, e foi assim que entrei no retalho, que entrei para o outro lado, passei das agências para o cliente”, explica.

Na MediaMarkt acompanhou o desenvolvimento e a expansão da marca no mercado durante muitos anos, num percurso que atingiu a maioridade. A certa altura surgiu a oportunidade de assumir responsabilidades a nível ibérico, pelo que Filomena Spranger Jorge foi convidada para ir para Barcelona fazer a gestão da marca para Portugal e Espanha.

“E aí, efetivamente, o desafio subiu de nível porque a marca em Espanha, ao contrário do que acontece em Portugal, é uma marca muito consolidada, líder num mercado que é 10 vezes superior em termos de volume de negócio ao português. Foi muito interessante ver esse contraste, ter a visão dos dois lados da fronteira e poder gerir um negócio com as suas especificidades de um lado e do outro”, explica.

Foram assim quase quatro, os anos passados por terras espanholas, intercalados por fins de semana passados em Portugal. A decisão de ir, foi tomada “quase como que num conselho de administração”, com a família – composta pelo marido e os dois filhos (16 e 12 anos) – que é a sua “base mais sólida”.

Achámos todos que fazia sentido ir e apostar naquilo que era a minha carreira profissional, porque era um desafio extraordinário que não podia deixar passar ao lado. Foi uma decisão tomada em família“, diz.

Mas também o regresso foi uma decisão tomada em família. “Eu estava deslocada em Barcelona durante a semana, e voltava aos fins de semana para estar com a minha família, estava sempre presente aos fins de semana e longe durante a semana. É uma logística um pouco intensa para uma mãe de família, ainda por cima com uma pandemia pelo meio”, explica.

A minha família é a minha base e eu sempre fui daquelas pessoas que dizia que nunca iria trabalhar para fora e que seria incapaz de deixar a família em Portugal. E afinal nunca se diga ‘desta água não beberei’, pois acabei por fazê-lo e foi uma experiência incrível, uma aprendizagem extraordinária, cruzei-me com profissionais fabulosos, aprendi muito do negócio“, refere.

Recentemente regressou portanto a Portugal “um pouco sem plano”. Depois de ter colaborado com agências, surgiu o desafio do Burger King, uma marca “espetacular, que tem tudo a ver também com a minha forma de ser, uma marca divertida e irreverente. Acho que tenho muito para fazer essa marca crescer em Portugal e pôr estes anos todos de retalho e experiência a fazer crescer a marca e conquistar os consumidores”, considera.

A comunicação da marca, segundo Filomena Spranger Jorge, distingue-se pela sua irreverência e visão realista. “A marca trabalha sempre com um contexto muito real, não só das pessoas, como da comida. Pretende chegar às pessoas de forma a se revejam naquela comunicação”, explica.

É sobre a relação entre a pessoa e a comida. É, como se costuma dizer, ‘hand food’: comida feita com as mãos para comer com as mãos. E a comunicação reflete exatamente isso, é o desfrute, é o prazer, os sabores em primeiro plano e toda a experiência que proporciona nas pessoas“, diz. “Queremos pôr isso na nossa comunicação”, acrescenta.

Um dos grandes desafios em Portugal para o próximo ano – tendo em conta que a marca dispõe de uma estrutura ibérica e que o mercado espanhol “absorve muita da atenção” – passa por “conseguir aproximar a marca do povo português“.

“Para acontecer temos que encontrar precisamente esse ponto para comunicar, não podemos fazê-lo da mesma forma que em Espanha ou outros mercados. É o extra mile que temos de fazer para elevar a marca a outro patamar no mercado em Portugal“, explica a diretora de marketing, que em Portugal tem na equipa mais quatro pessoas.

De entre as opções do menu do Burger King, Filomena Spranger Jorge sempre foi “super fã” do Whopper. Desde que a marca lançou o “Whopper mais Whopper que nunca”, ainda ficou “mais fã”, tendo servido de embaixadora do novo produto em sua casa, por querer que todos o provassem.

A casa é em Venda do Pinheiro, localidade escolhida pela família para viver, por ter “aquela distância perfeita de Lisboa”. É o meu refúgio, onde podemos passar os fins de semana em tranquilidade, sem grande confusão, com os miúdos, a apreciar o campo, a ouvir os passarinhos, o que é importante depois de uma semana de trabalho“, explica Filomena Spranger Jorge.

Mas raramente se passam fins de semana sem “casa cheia”. “Gosto muito de passar tempo com os meus amigos e de desfrutar momentos em família. Por norma, temos sempre amigos em casa, nossos ou dos miúdos, porque acho que o mais importante é rodearmo-nos daqueles que mais gostamos“, afirma.

É também aí que encontramos energia para a semana, para enfrentar os desafios do dia a dia, as rotinas e todos os programas mais obrigatórios da semana“, conta a diretora de marketing do Burger King, que também gosta de se dedicar a outras artes, incluindo a fotografia.

Sou muito fã de fotografia. Adoro fazer álbuns digitais. Desde que inventaram as máquinas digitais fiquei um pouco preocupada sobre o que havia de fazer às milhares de fotografias que revelava, até que encontrei os álbuns digitais. Faço sempre álbuns de família – um para cada ano -, álbuns de viagens, sou um bocadinho viciada. E esse é o meu prazer secreto, ficar a rever os momentos“, diz.

Outro passatempo passa por servir de “motorista” aos filhos, ao conduzi-los seja para jogos de basquetebol, para encontros com amigos ou para irem ao parque andar de skate.

“Esse também é o meu passatempo, acompanhar os meus filhos e estar presente para eles sempre que precisam, porque acho que a família é isso mesmo, estarmos juntos. E, de alguma forma, para compensar também aquele tempo em que não consegui estar com eles de uma forma tão permanente”, conclui.

Filomena Spranger Jorge em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?
Felizmente em Portugal há excelentes exemplos de boas campanhas que são executadas na perfeição, impulsionadas por grandes profissionais de marketing e agências que têm feito trabalhos fantásticos. Digo sempre que as ideias simples são as melhores, mas é frequente serem as mais difíceis de executar. Fico com os olhos a brilhar com campanhas trabalhadas em redor de um propósito, que contam histórias e fazem a magia de nos sentirmos parte da narrativa. Acima de tudo, gosto de seguir marcas que são consistentes na sua forma de comunicar, usando as campanhas como cápsulas de conteúdos que alimentam essa construção de marca.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?
A decisão mais difícil está sempre associada ao equilíbrio que devemos garantir para colocar os recursos adequados naquilo que são as prioridades para o negócio e para a marca. Não se trata de um momento único no tempo quando se define a estratégia ou o budget anual, mas sim ter a capacidade de ter presente de forma permanente se as nossas decisões do dia a dia estão realmente a contribuir para os objetivos que temos definidos para o negócio e para a marca. O dia a dia consome tanto da nossa atenção que é fácil perder essa visão global. Tento manter-me nesse caminho e ter sempre presente a distinção entre importante, prioritário e urgente.

3 – No (seu) top of mind está sempre?
No top of mind de quem se dedica a uma marca que recebe milhares de pessoas todos os dias nos seus restaurantes não pode estar outra coisa que não sejam efetivamente os clientes. Desde a inovação, experiência nos diversos pontos de contacto, lançamento de novos produtos, comunicação, não há nada que paute mais as nossas operações que o cliente. O marketing acaba por ser ponta do iceberg, a parte visível de toda uma empresa que se organiza para ser verdadeiramente customer-centric. Não há outra forma de ver o negócio hoje em dia.

4 – O briefing ideal deve…
Deve ser construído com muita claridade sobre quais os objetivos, contar com toda a informação necessária para construir as bases do caminho e também haver entendimento sobre quais são as métricas que vão medir os resultados. Devemos evitar cair na tentação de ter demasiados objetivos camuflados num único projeto porque seria o mesmo de fazer tiro ao alvo com um canhão.

5 – E a agência ideal é aquela que…
É aquela que é verdadeiramente uma extensão da equipa, entende bem o negócio e os desafios que devem ser superados. A agência deve estar permanentemente a desafiar para sairmos da nossa zona de conforto – quer seja uma agência criativa, media, digital ou qualquer outra que faça parte do ecossistema organizativo. A agência tem também a missão nobre de nos ajudar a ter os olhos no mercado, partilhar o que melhor se faz dentro e fora, trazer inspiração e evitar que exista uma atenção seletiva. Não nos podemos esquecer que as agências são feitas de pessoas. Quando existe uma boa sinergia entre cliente-agência, na realidade falamos de uma sinergia entre pessoas que fazem parte de uma mesma equipa e trabalham para os mesmos objetivos, desde as suas diferentes áreas de responsabilidade.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?
Vou dar “aquela” resposta terrível – depende! Depende da marca, dos seus objetivos e do papel que a publicidade representa nesse caminho. Em publicidade, o que pior que pode acontecer é que os consumidores sejam indiferentes à mensagem e, como responsáveis de uma marca, temos de assegurar relevância na comunicação, evitando cair nesse campo de indiferença. Agora, a forma como a publicidade dá forma às mensagens deve estar sempre intrinsecamente ligado com os valores da marca, o seu propósito, o mercado, a posição que ocupa e, obviamente, os objetivos que persegue. Não há uma receita única, mas é certo que vibramos mais com a publicidade que arrisca, que tem a capacidade de provocar, tanto os consumidores como a concorrência. E em Portugal somos bastante bons a fazer esse jogo!

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?
Pode parecer o sonho de qualquer marketeer mas, na realidade, acho que seria bastante aborrecido. Desvirtuaria uma das principais responsabilidades de quem conduz o destino de uma marca porque deixaria de haver a necessidade de pôr critério na tomada de decisão, uma vez que tudo passaria a ser possível. Respondo antes a outra pergunta, o que faria se tivesse o dobro do orçamento? Isso sim, seria divertido! Apostaríamos ainda mais em inovação, no desenvolvimento de produtos locais e campanhas específicas para o mercado português!

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?
É um mercado pequeno, mas com muita maturidade, tanto da parte das marcas como das agências. Existe também o reconhecimento internacional, não apenas a nível de prémios, mas também dentro das estruturas das próprias marcas que frequentemente utilizam exemplos do que se faz em Portugal como case.

9 – Construção de marca é?
A construção de uma marca tem de começar dentro da organização, com a definição do seu propósito e da sua missão. Tudo o que a marca faz deve ser coerente com esse propósito, quer seja na comunicação interna ou externa. A coerência das mensagens e a consistência da experiência de cliente é o que constrói uma marca e cria maior ou menor ligação com o consumidor.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?
Não deixei para trás um plano B, mas certamente seria algo onde o contacto com pessoas fizesse parte do dia a dia.

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“Gerir a Santa Casa não é como gerir uma empresa”, alerta ministra

O novo provedor, Paulo Duarte de Sousa, promete "tornar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ainda mais forte, mas também mais sustentável", reconhecendo que a instituição vive "um momento difícil".

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social considera que a atual mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que tomou posse esta segunda-feira, tem “todas as condições” para “superar os desafios de gestão que tem pela frente”, considerando que a sustentabilidade financeira é um problema “incontornável”. “Gerir uma instituição como a Santa Casa não é como gerir uma empresa”, avisa a ministra.

Na cerimónia de tomada de posse da nova vice-provedora da SCML e dos vogais, Maria do Rosário Palma Ramalho adiantou que pesou o “mérito profissional, mas também pelo perfil humano” para escolher os novos membros da mesa da SCML, dado que “gerir uma instituição como a Santa Casa não é como gerir uma empresa”. “Hoje abre-se um novo ciclo na gestão e também na longevidade” da instituição fundada em 1498, acrescentou a governante, garantindo que a instituição “está em boas mãos” e que o desafio ” absolutamente incontornável” da nova administração passa por garantir a sustentabilidade financeira.

Da esquerda para a direita: ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho; Rita Prates (vice-provedora); André Brandão de Almeida (vogal); Luís Carvalho e Rego (vogal); Paulo Duarte de Sousa (provedor)Hugo Amaral/ECO

“Isso ditou a exoneração da mesa anterior para a atual mesa”, reiterou Maria do Rosário Palma Ramalho, garantindo que “com esta nova mesa, a Santa Casa está habilitada para cultivar a prudência na gestão e na recuperação económica para que a sua longevidade e vitalidade neste novo ciclo possam ser asseguradas”. “Mas, atenção, sem diminuição, pelo contrário, admito que seja com aumento da sua atividade social”, acrescentou.

A governante lembrou ainda que a Santa Casa “tem como missão inúmeras” atividades, que vão desde à ação social, passando pela saúde e educação e até à inovação. Pelo que, lembrando as palavras do Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), precisa “de todos”. E assegurou que vai “trabalhar quotidianamente” com a nova mesa para que esta missão possa ser assegurada e “até melhorada”.

Com esta nova mesa, a Santa Casa está habilitada para cultivar a prudência na gestão e na recuperação económica para que a sua longevidade e vitalidade neste novo ciclo possam ser asseguradas.

Maria do Rosário Palma Ramalho

Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Já o novo provedor, “perante a honra e a responsabilidade do cargo”, prometeu “tudo fazer para fortalecer a instituição”. Um compromisso que garante ser “comum” a toda a administração, prevendo “tornar a SCML ainda mais forte, mas também mais sustentável”.A SCML vive um momento difícil, mas estou certo que juntos vamos superá-lo e enfrentar os desafios que o futuro reserva”, sublinhou, lembrando que esta é “uma instituição fundamental para Lisboa e para o país e que em breve celebrará 526 anos”.

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social anunciou este domingo a nomeação de Rita Prates para nova vice-provedora da Santa Casa Misericórdia (SCML) e de David Lopes, Ângela Guerra, André Brandão de Almeida e Luís Carvalho e Rego para vogais. Os membros da nova mesa da SCML vão acompanhar o provedor Paulo Duarte de Sousa, que tinha tomado posse há cerca de 15 dias, depois de o Governo ter exonerado a anterior mesa, liderada por Ana Jorge, por “incapacidade de gestão”, na sequência dos problemas financeiros da instituição fundada em 1498.

 

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Bensaude moderniza Parque Terra Nostra nos Açores com 6,6 milhões de euros

Bensaude Hotels Collection investe 6,6 milhões de euros em novas infraestruturas e nova imagem do Parque Terra Nostra para atrair mais visitantes dos EUA, Canadá, França, Reino Unido e Suíça.

Parque Terra Nostra, Furnas, Açores3 junho, 2024

Motivo de atração de milhares de turistas pelas águas, ricas em ferro, do tanque termal alimentado por uma nascente de água vulcânica, e por ter um dos melhores jardins do mundo, o Parque Terra Nostra, em pleno Vale das Furnas, na ilha de São Miguel (Açores) tem novas valências, num investimento de 6,6 milhões de euros. A Bensaude Hotels Collection apostou em novas infraestruturas e numa nova imagem para captar mais visitantes dos EUA, Canadá, França, Reino Unido e Suíça.

A ocupar uma área de 12,5 hectares de mata e jardim, o Parque Terra Nostra tem agora novos balneários, bilheteiras, espaço de exposição, loja, acessos e iluminação cénica noturna em torno do tanque termal e 1.800 espécies botânicas, algumas delas em extinção, no jardim botânico que tem um chamariz: as mais de 800 camélias. O projeto de arquitetura é da autoria de Pedro Maurício Borges que “optou por uma construção inserida dentro da vegetação, ao invés de uma construção isolada”, descreve o grupo açoriano num comunicado.

O objetivo é modernizar a projeção do Parque Terra Nostra a nível nacional, mas também em mercados como os EUA, Canadá, França, Reino Unido e Suíça.

Bensaude Hotels Collection

Já o projeto de iluminação cénica noturna, assinado pelo arquiteto Luís Ribeiro, contempla mais de 230 pontos de iluminação equipados com tecnologia LED, alimentados por cerca de 5.900 metros de cabos elétricos, instalados subterraneamente em cerca de 2300 metros de valas.

“A modernização e a conservação são o principal foco da Bensaude Hotels Collection que quer reforçar o papel do Parque Terra Nostra como ponto de referência botânica e ambiental a nível global”, sublinha o grupo açoriano. “O objetivo é modernizar a projeção do Parque Terra Nostra a nível nacional, mas também em mercados como os EUA, Canadá, França, Reino Unido e Suíça“, frisa.

Novos balneários do Parque Terra Nosrta, Furnas (São Miguel)3 junho, 2024

Com a assinatura “Um legado que encanta”, o rebranding do Parque Terra Nostra é da autoria da Label e “marca uma nova fase na projeção internacional desta icónica atração turística de São Miguel” que nasceu em 1975 pelas mãos de Thomas Hickling, um abastado comerciante originário de Boston, cônsul honorário dos EUA em São Miguel. Vasco Bensaude adquiriu o tanque termal em 1936, dando uma nova vida ao Parque Terra Nostra.

A Bensaude Hotels Collection – Azorean Hospitality detém cinco hotéis na ilha de São Miguel — Grand Hotel Açores Atlântico, Terra Nostra Garden Hotel, Hotel Marina Atlântico, S. Miguel Park Hotel e NEAT Hotel Avenida –; um na ilha Terceira — Terceira Mar Hotel –; outro na ilha do Faial — Hotel do Canal –, e um em Lisboa — Hotel Açores Lisboa.

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