Leia aqui o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa

  • ECO
  • 9 Novembro 2023

Marcelo Rebelo de Sousa decidiu, pela segunda vez no mandato, dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições antecipadas. Leia aqui o discurso.

O Presidente da República decidiu esta quinta-feira dissolver a Assembleia da República e marcar eleições antecipadas para 10 de março. Ao mesmo tempo, Marcelo Rebelo de Sousa salvou o Orçamento do Estado para 2024 ao garantir a sua aprovação na fixação do seu calendário político.

Leia abaixo, na íntegra, o discurso do Presidente em Belém:

Portugueses,

Pela primeira vez em Democracia, um Primeiro-Ministro em funções ficou a saber, no âmbito de diligências relativas a investigação em curso, respeitante a terceiros, uns seus colaboradores, outros não, que ia ser objeto de processo autónomo, a correr sob a jurisdição do Supremo Tribunal de Justiça.

De imediato, apresentou a sua exoneração, invocando razões de dignidade indispensável à continuidade do mandato em curso.

Antes do mais, quero sublinhar a elevação do gesto e da respetiva comunicação aos Portugueses.

Quero, também, testemunhar o serviço à causa pública, durante décadas, em particular nos longos e exigentíssimos anos de saída do défice excessivo, saneamento da banca, pandemia e guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, na chefia do Governo de Portugal.

Agradeço, ainda, a disponibilidade para assegurar as funções, até à substituição, nos termos constitucionais.

Espero que o tempo, mais depressa do que devagar, permita esclarecer o sucedido, no respeito da presunção da inocência, da salvaguarda do bom nome, da afirmação da Justiça e do reforço do Estado de Direito Democrático.

Portugueses,

Chamado a decidir sobre o cenário criado pela demissão do Governo, consequência da exoneração do Primeiro-Ministro, optei pela dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições em 10 de março de 2024.

Fi-lo, depois de ouvir os partidos com assento parlamentar, e o Conselho de Estado, como impunha a constituição. Os primeiros, claramente favoráveis, o segundo com empate, e, portanto, não favorável à dissolução. Situação, aliás, que já ocorrera no passado com outros Chefes de Estado.

Fi-lo, portanto, por decisão própria no exercício de um poder conferido pela Constituição da República Portuguesa.

E fi-lo, por inúmeras razões.

A primeira – a natureza do voto nas eleições de 2022, personalizado no Primeiro-Ministro, com base na sua própria liderança, candidatura, campanha eleitoral, e esmagadora vitória.

Assim o disse, logo em 30 de março do ano passado, no discurso de posse do Governo, ao falar em eventual substituição a meio do caminho. Sublinhando o preço das grandes vitórias inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas.

Segunda – a fraqueza da formação de novo Governo com a mesma maioria, mas com qualquer outro Primeiro-Ministro, para tanto não legitimado política e pessoalmente pelo voto popular.

Terceira – o risco, já verificado no passado, de essa fraqueza redundar num mero adiamento da dissolução para pior momento, com situação mais crítica e desfecho mais imprevisível. Vivendo o Governo até lá como um Governo presidencial, isto é, suportado pelo Presidente da República e o Presidente da República como um inspirador partidário. Tudo enfraquecendo o papel presidencial, num período sensível em que ele deve ser, sobretudo, uma referência interna e externa.

Quartaa garantia da indispensável estabilidade económica e social que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado para 2024, antes mesmo de ser formalizada a exoneração do atual Primeiro-Ministro, em inícios de dezembro. A aprovação do Orçamento permitirá ir ao encontro das expetativas de muitos Portugueses, e acompanhar a execução do PRR, que não pára, nem pode parar, com a passagem de Governo a Governo de gestão, ou mais tarde com a dissolução da Assembleia da República.

Quinta – maior clareza e mais vigoroso rumo para superar um vazio inesperado, que surpreendeu e perturbou tantos Portugueses, afeiçoados, que se encontravam, aos oito anos de liderança governativa ininterrupta. Devolvendo assim a palavra ao Povo. Sem dramatizações nem temores.

É essa a força da Democracia. Não ter medo do Povo.

Portugueses,

Tentei encurtar o mais possível o tempo desta decisão. Tal como o da dissolução e convocação das eleições. E se não foi possível torná-lo mais breve, isso tem a ver com o processo de substituição na liderança no Partido do Governo, como aconteceu no passado.

Agora, do que se trata é de olhar em frente, estugar o passo, escolher os representantes do Povo e o Governo que resultará das eleições.

Um Governo que procure assegurar a estabilidade e o progresso económico, social e cultural, em liberdade, pluralismo e Democracia.

Um Governo com visão de futuro, tomando o já feito, acabando o que importa fazer, inovando no que ficou por alcançar.

Como sempre, Portugueses, confio em Vós, no Vosso Patriotismo, no Vosso espírito democrático, na Vossa experiência, no Vosso bom-senso, na Vossa liberdade. Como sempre, sois Vós – e só Vós – a certeza decisiva do futuro do nosso Portugal.

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Costa revela que propôs Mário Centeno como primeiro-ministro interino a Marcelo

  • Ana Petronilho
  • 9 Novembro 2023

"O país não merecia ser chamado a eleições", disse Costa, depois de revelar que avançou com o nome do governador do Banco de Portugal para lhe suceder. Galamba pode ser ainda demitido.

O primeiro-ministro demissionário revelou que tinha proposto ao Presidente da República o nome do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, para o suceder em São Bento. “O país não merecia ser chamado a eleições”, disse António Costa, esta quinta-feira, aos jornalistas na chegada à sede do PS, no Largo do Rato, acompanhado pela sua mulher Fernanda Tadeu, para participar na reunião da comissão política do partido.

Num contexto em que há ainda uma guerra violentíssima na Ucrânia, com um conflito novo no Médio Oriente, a economia à escala global a retrair e em recessão, aquilo que precisávamos era de ter um Orçamento aprovado e aproveitar a estabilidade que existe e mudando o primeiro-ministro, aproveitar renovar o Governo, dar nova energia e nova alma”, defendeu Costa. “Estou certo que Centeno teria todas as qualidades para o poder fazer”, poupando “o país a meses de paralisação” sendo “uma personalidade que merece a confiança, o crédito e a admiração dos portugueses”, acrescentou.

No entanto, “essa proposta não foi aceite pelo Presidente, que optou por outra solução”. Recorde-se que Mário Centeno, antigo ministro das Finanças de governos socialistas, não é militante do PS nem foi eleito deputado.

Questionado pelos jornalista se sabia que o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, tinha cerca de 76 mil euros na residência oficial de São Bento, Costa foi perentório e frisou: “É evidente que não sabia e, assim que soube, fiz o que obviamente se impunha, que foi demiti-lo”. O primeiro-ministro exonerou esta quinta-feira Vítor Escária – constituído arguido – das funções de chefe de gabinete e nomeou para o lugar o major general Tiago Vasconcelos, até agora assessor militar de António Costa.

Além disso, admite ainda demitir João Galamba, dizendo que “ficou de falar” com o Presidente da República sobre esse assunto. O ministro das Infraestruturas foi também constituído arguido no âmbito da ‘Operação Influencer’, que precipitou a demissão de António Costa como primeiro-ministro.

As declarações de Costa foram feitas minutos depois de o Presidente da República ter anunciado que ia dissolver a Assembleia da República no início de dezembro, depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2024, e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.

O primeiro-ministro aproveitou ainda a ocasião para agradecer os elogios de Marcelo e fez saber que não tem “ansiedade nenhuma” para sair do cargo e que “cá está” para se “manter nas funções até ao final”.

Sobre o seu processo-crime concreto, Costa repete que só tem sabido de informações através da comunicação social e que nada lhe “pesa na consciência sobre ter praticado qualquer ato ilícito ou até qualquer ato censurável”, acrescentando que “se a justiça entende que há alguma suspeita a meu respeito, o dever que tem é de investigar e devemos deixar o sistema de justiça funcionar”.

António Costa prestou declarações aos jornalistas à porta da sede do PS antes da reunião da comissão política sendo que a direção do partido vai propor que o congresso do partido se realize a 6 e 7 de janeiro, em Lisboa, e que as eleições diretas para o cargo de secretário-geral se realizem a 15 e 16 de dezembro.

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Joana Moniz explica como a nova Allianz Commercial quer conquistar empresas

A seguradora alemã vai mudar profundamente a sua abordagem às empresas em Portugal. A lisboeta Joana Moniz voltou a Lisboa depois de 20 anos na Allianz Munique e explica a estratégia.

Joana Moniz, CUO Commercial & SME da Allianz Portugal, em entrevista ao ECO Seguros - 30OUT23
Joana Moniz vai liderar a Allianz Commercial, área da Allianz Portugal que tomará conta do negócio empresas. De todas as dimensões.Hugo Amaral/ECO

A Allianz Portugal está a mudar a sua atitude para com as empresas. Há dois meses foi criada a direção comercial empresas em Portugal para lançar o novo conceito Allianz Commercial, marca que vai acompanhar os segurados empresa qualquer seja a porta por onde entram na seguradora. A convite de Teresa Brantuas, CEO da Allianz Portugal, a lisboeta Joana Moniz regressou a Portugal depois de 20 anos na Allianz Munique, para lançar a nova área que vai reunir todos as forças existentes na companhia, incluindo agentes e corretores, para dar resposta a crescer quota de mercado e fazê-lo através de clientes empresa.

No momento em que prepara o plano para 2024, Joana Moniz foi entrevistada por ECOseguros.

O que vai mudar com a Allianz Commercial?

Allianz Commercial é um nome comercial, não uma empresa. Nós temos uma empresa chamada AGCS (Allianz Global Corporate & Specialty) totalmente focada no que é o negócio corporate, ou seja, as que realmente consideramos empresas de grande dimensão, com faturação a partir dos 500 milhões euros. São empresas de âmbito muito internacional, estão espalhadas por todo o mundo. Depois temos, em cada país, uma Allianz local que faz tudo o que é retalho, PME e MidCorp um segmento que vai exatamente até aos 500 milhões de faturação. Percebemos, dentro do grupo Allianz que, que tínhamos ali aquele segmento de MidCorp, entre 100 e 500 milhões de faturação que estava muito pouco explorado.

Como escapou esse segmento?

É um negócio pequeno para a AGCS, mas um negócio muito grande para uma Allianz local. Tínhamos uma equipa da AGCS que falava com determinados corretores e com determinados de clientes, e uma equipa da Allianz local, que se dedicava a outro tipo de corretores e a outro tipo de clientes. Imagine-se a situação de um corretor internacional ter dois pontos de contacto dentro da mesma seguradora. Não fazia sentido. Por isso estamos a criar uma equipa que faz o ponto de entrada. Qualquer que seja o cliente, seja uma empresa pequena, seja uma empresa grande, temos uma equipa da Allianz Commercial que é o porta de entrada na companhia.

Em Portugal existe esse problema?

Portugal é diferente, não temos uma AGCS, temos em Espanha e França, por exemplo, mas não temos aqui. Queremos, a partir de agora, que a Allianz Portugal seja o ponto de entrada para empresas grandes que não são muitas em Portugal. Mas também para pequenas e médias empresas o ponto de entrada será a Allianz Portugal. A partir daí, teremos acesso a uma expertise enorme dentro do grupo. Se em Portugal não tivermos as capacidades ou oferta, por exemplo, em determinados tipos de produtos mais complexos, mais speciality, temos a expertise dentro do grupo e podemos disponibilizá-la aos nossos clientes.

Então, todas as empresas…

…são tratadas pela Allianz commercial. Essa é a mensagem. Não há uma AGCS e depois uma Allianz local, há uma Allianz Commercial. Portanto, qualquer que seja a solução, qualquer que seja o tipo de empresa, desde as muito grandes até às mais pequenas, nós temos uma solução. No background estamos a assegurar que temos um apetite de risco alinhado entre o que é uma Allianz Portugal e uma AGCS Espanha.

E como se vão arrumar corretores e agentes?

A rede nacional das agentes continua a ser extremamente importante para nós. A Allianz Portugal continua a ser todo para o espectro empresarial, sejam pequenas, médias ou grandes empresas. A nível de distribuição é banca, agentes e corretores e não só corretores internacionais. O espectro de distribuidores está incluído na Allianz Commercial.

Há mudanças de relacionamento com os distribuidores?

Criámos a nova direção de clientes empresa, que não existia até agora, e juntámos a área de distribuição de Corretores à área de subscrição relacionada com esta orientação de negócio. Temos tudo o que é uma parte de portfolio management, de resseguro e da área de produto. Depois temos a área de distribuidores. Isso não significa que, no nosso caso, vamos focar meramente nos corretores. Significa que nos queremos aproximar. É muito importante termos uma equipa de subscrição que está muito perto e muito presente no que são as conversas com a área de distribuição. Esta ideia estende-se também aos agentes, queremos muito ter uma equipa de subscrição presente quando estão em reuniões com clientes.

Como para explicar o vosso apetite de risco?

Acho que nós somos muito bons a comunicar o que é o nosso apetite de risco, mas pode haver falhas. Por exemplo a ideia de nós gostarmos ou não gostarmos de empresas de vidro ou não gostarmos de empresas têxteis. No fundo, a análise de risco é fundamental, muito mais neste negócio de médias e grandes empresas. Ou seja, há muita preocupação de ter uma equipa de subscrição e ter analistas de risco que fazem análise de risco e que não é por ser uma empresa de vidros que não vamos subscrever. Por isto, voltamos a querer a subscrição muito presente, muito perto da área de distribuição.

Qual a importância do BPI nesta nova fase?

A área do BPI e da banca é uma área que tem muito potencial e que nós queremos explorar. Está nas nossas prioridades para 2024 saber qual o potencial exato de crescimento nessa área.

Porquê o regresso às empresas agora?

A Allianz Commercial é uma iniciativa a nível do grupo Allianz mundial, portanto, dirigida a todos os países. Vai nos dar um empurrão nesta direção de cliente empresas em Portugal. A Allianz Portugal é neste momento uma empresa muito estável a nível financeiro. Fizemos em tempos um trabalho de remediação em portfolios, como, por exemplo, no portfolio de acidentes de trabalho. Neste momento está tudo remediado. É uma empresa muito estável, mas precisamos de ganhar escala em determinados segmentos, como seja o segmento de empresas locais. Notámos que o timing era o timing certo para fazer este investimento na área de empresas.

Quais os ramos em que será mais fácil crescer?

Vai ser uma estratégia muito segmentada. Voltando aos canais de distribuição, perceber quando estou a falar com o corretor, qual é a estratégia de crescimento desse corretor e qual o seu portfólio. Ou qual é a estrutura da carteira deste corretor versus a minha. E depois perceber como e quais são os ramos que eu posso fazer crescer. Acho que o ramo de responsabilidade civil, o ramo de patrimoniais, o ramo de engenharias são ramos em que temos imenso potencial e que não temos explorado até agora. Depois será caso a caso. Dentro de cada segmento para que estamos a olhar, vermos se é grandes empresas ou o segmento pequenas empresas. Se é este ou aquele corretor ou este ou aquele agente. Vamos ter uma estratégia geral e depois estratégias muito específicas, dependendo de quem é o parceiro e como podemos alavancar o crescimento.

Quais os objetivos quantitativos e qualitativos para 2024?

Estamos exatamente agora a fechar o plano para 2024. O nosso objetivo principal é crescer quota de mercado. Queremos também tornar a Allianz Portugal muito mais presente dentro do Grupo Allianz. Temos um leque de ferramentas de expertise dentro do grupo, tanto a nível de análise de risco como de riscos mais especializados, como as linhas financeiras ou o Entertainment, Aviation, multinacionais, segmentos que não têm sido explorado pela Allianz Portugal até agora. Um objetivo fundamental para 2024, é criar e pôr a máquina a andar, trazer essa expertise para dentro da Allianz Portugal para termos uma oferta muito diferente do que tínhamos até agora.

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“Inevitável”, “bizarro”, “crise de regime”. Partidos reagem a eleições antecipadas

  • ECO e Lusa
  • 9 Novembro 2023

Montenegro foi o primeiro a reagir à convocação de eleições antecipadas. "É urgente restabelecer o prestígio, credibilidade e confiança das pessoas", disse. CH, PCP e BE preferiam eleições mais cedo.

Minutos depois ser conhecida a decisão do Presidente da República, de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições para 10 de março, o PSD foi o primeiro partido a reagir com Luís Montenegro a considerar “inevitável que a palavra fosse devolvida ao povo português”. Já o Chega, tal como PCP e o Bloco de Esquerda, preferia que as eleições fossem mais cedo e classifica de “bizarro” a aprovação deste orçamento.

Montenegro promete apresentar-se em março com “humildade”

O líder social-democrata lembrou, na sede nacional do partido, que este era o “terceiro pântano político” do Partido Socialista em 22 anos e que, por isso, era “preciso cortar o mal pela raiz”. O presidente do PSD manifestou “respeito e concordância” com a decisão do Presidente da República em convocar eleições antecipadas.

Luís Montenegro defendeu ainda que “é urgente restabelecer o prestígio, credibilidade e confiança das pessoas nas instituições democráticas”. Nas legislativas marcadas para o início de março, prometeu apresentar-se “com humildade” e “sem teimosias ideológicas”.

Chega preferia eleições mais cedo

Já André Ventura criticou a opção do Presidente de esperar pela aprovação do Orçamento do Estado para 2024. “Um cenário bizarro, de estarmos a discutir um orçamento que o novo Governo vai querer retificar”, disse o presidente do Chega na Assembleia da República.

Ainda assim, o Chega tem cerca de 200 propostas de alteração a apresentar na discussão da especialidade mesmo “reconhecendo que o PS não estará aberto a nenhuma delas”.

O terceiro maior partido preferia que as eleições fossem marcadas para o final de fevereiro. “O que vai acontecer é que o primeiro semestre vai estar, do ponto de vista económico, totalmente ocupado por este OE. Em rigor, o novo governo só vai começar a governar por altura do verão e isso é negativo para Portugal”, disse.

IL acusa PS de “atrasar o país” e diz que país precisa de outro orçamento

O presidente da Iniciativa Liberal acusou, no Parlamento, o PS de “atrasar o país”, considerando que “havia condições” para as eleições se realizarem antes de 10 de março, e defendeu que “não é este” o orçamento de que o país precisa.

Na opinião do liberal, “havia condições” para as eleições se realizarem numa “data mais próxima” e considerou que “é mais uma vez o PS a atrasar o país”, dado que os socialistas vão ter de escolher um novo secretário-geral. Rui Rocha apontou também que as próximas legislativas representam “uma enorme oportunidade”, possibilitando “encerrar o livro socialista”.

Questionado sobre uma possível coligação com o PSD, o presidente da IL rejeitou, indicando que o partido vai apresentar-se a eleições com listas e candidatos próprios, bem como com a sua “visão de país”. “Era perfeitamente possível que o PS agilizasse esta decisão sobre a sua liderança e não pusesse o país em suspenso durante tanto tempo”, defendeu Rui Rocha, afirmando esperar que “seja a última vez que isso aconteça”.

O líder da IL referiu também que António Costa vai continuar a liderar o atual Governo “durante quatro meses”, mesmo estando “ferido na sua credibilidade”.

Quanto ao Orçamento do Estado, Rui Rocha criticou a decisão do Presidente da República de permitir a entrada em vigor: “Não me peçam para ter qualquer tipo de entusiasmo com a decisão de que este orçamento entrará em vigor. O Orçamento do Estado que o país precisa não é este”.

PCP também critica data das eleições

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, também considera que as “as eleições deviam ser realizadas mais cedo”, até porque este OE2024 “não dá resposta aos problemas prementes dos trabalhadores, povo e país”.

Paula Santos acredita ainda que “eleições podem, com o reforço do PCP, constituir uma oportunidade para a mudança de política”.

Eleições eram a “única solução” para Bloco

O Bloco de Esquerda foi o terceiro partido da noite a criticar a data das eleições antecipadas. Pedro Filipe Soares disse, na Assembleia da República, que preferia que a ida às urnas “fosse mais cedo”, ainda que a decisão do Presidente era a “única solução” e “saída pela democracia”.

“Todos gostaríamos que fosse mais cedo, mas acho que em democracia também impera este valor de todos estarem capacitados para concorrer às eleições sem qualquer tipo de problemas”, disse.

Em relação ao OE2024, o deputado bloquista disse que a decisão “não muda a a qualidade” do documento. “Votámos contra ele e votaremos contra ele novamente. É tão mau que agora até está a ser abraçado pelos partidos de direita”, disse.

PAN espera que Operação Influencer não afaste as pessoas

Inês Sousa Real apelou aos portugueses para participarem nas eleições e espera que os casos de justiça, como a ‘Operação Influencer’, “não afastem as pessoas”.

Quanto ao Orçamento do Estado, a líder do PAN “não atira a toalha ao chão” e garante vai apresentar propostas de alteração para que “o PS saia da bolha da maioria absoluta”. O partido absteve-se na votação na generalidade do documento.

Livre diz que Portugal enfrenta “crise de regime”

O deputado único do Livre avisou que Portugal enfrenta uma “crise de regime” e não apenas uma crise política que se resolve com eleições, considerando que o “processo orçamental está esvaziado”.

“Não há como dourar a pílula: o que temos à nossa frente, quem dera que fosse apenas uma crise política que se resolvesse com eleições. É mais sério do que isso, é uma crise de regime que todos nós temos de contribuir para debelar”, afirmou Rui Tavares numa primeira reação à decisão do Presidente. Para o deputado único do Livre, “é preciso mudar a prática política em Portugal” e também “mudar a cultura de poder”.

O deputado do Livre respeita o calendário político do Presidente para o OE2024 porque “há argumentos ponderosos a favor de fechar este orçamento e tê-lo aprovado”.

 

 

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Marcelo dissolve Parlamento e convoca eleições antecipadas para 10 de março

O Presidente da República vai deixar passar o Orçamento do Estado do Governo demissionário de António Costa e só depois marca eleições antecipadas para 10 de março.

O Presidente da República optou pela “dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições em 10 de março de 2024”, anunciou esta quinta-feira à noite Marcelo Rebelo de Sousa, depois de consultado o Conselho de Estado com o qual esteve reunido durante cerca de quatro horas.

E vai deixar passar o Orçamento do Estado para 2024 antes de assinar e publicar o decreto presidencial que formaliza a aceitação da demissão do primeiro-ministro António Costa: “Quero deixar a garantia da indispensável estabilidade económica e social, que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado, antes mesmo de ser formalizada a exoneração em inícios de dezembro”.

O Chefe de Estado tenciona assim oficializar a demissão de António Costa, e por arrasto de todo o Executivo, só no início de dezembro, dando margem para a aprovação final global, assegurada pela maioria absoluta socialista, do Orçamento do Estado para 2024 no dia 29 de novembro. A partir da publicação do decreto da demissão, o atual Governo entra em modo de gestão, estando mais limitado nos seus poderes. Apenas poderá aprovar atos estritamente necessários e quaisquer propostas de lei caducam automaticamente, segundo a Constituição.

“A aprovação do Orçamento permitirá ir ao encontro das expectativas de muitos portugueses e acompanhar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que não pára nem pode parar, com a passagem de Governo a Governo de gestão ou com a dissolução da Assembleia da República”, justificou Marcelo num discurso dirigido ao País a partir do Palácio de Belém que durou cerca de sete minutos.

De referir que a decisão do Presidente não reuniu o consenso no Conselho de Estado. Houve mesmo um empate, com oito conselheiros a favor de eleições e oito pela nomeação de um novo governo.

Marcelo destacou ainda a gravidade da investigação criminal: “Pela primeira vez em democracia ficou-se a saber que, respeitando a terceiros, uns seus colaboradores outros não, que o primeiro-ministro ía ser objeto de processo autónomo sobre a jurisdição do Supremo Tribunal de Justiça”. E deixou recados à justiça: “Espero que o tempo mais depressa do que devagar permita esclarecer o sucedido”.

Outra das razões que sustentaram a dissolução e a marcação de eleições em vez de um novo Governo proposto pelos socialistas é a “fraqueza” da solução proposta pelo PS, com a manutenção da mesma maioria mas com qualquer outro primeiro-ministro “para tanto não legitimado política e pessoalmente pelo voto popular”, explicou o Chefe de Estado.

“A devolução da palavra ao povo é a força da democracia, é não ter medo do povo”, destacou, reforçando que, “sem dramatizações, nem temores, é preciso dar a palavra ao povo” para escolher um Governo que garanta “estabilidade” e “progresso económico, social e cultural” em liberdade, pluralismo e democracia.

Marcelo explicou que tentou “encurtar o mais possível o tempo desta decisão, tal como a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições e se não foi possível torná-lo mais breve, isso tem a ver com o processo de substituição na liderança no partido do Governo, como aconteceu no passado”.

Recorde-se que o congresso do PS, que irá eleger o sucessor de António Costa à liderança do partido, só deveria realizar-se entre 15 e 17 de março. Entretanto, e face à decisão de Marcelo, a direção do partido vai propor esta quinta-feira à comissão política que o congresso ocorra mais cedo, nos dias 6 e 7 de janeiro em Lisboa e que as eleições diretas para o cargo de secretário-geral se realizem a 15 e 16 de dezembro.

O Presidente da República quis ainda deixar uma palavra de esperança: “Confio como sempre em vós, portugueses, no vosso patriotismo, espírito democrático, bom senso e liberdade, que são a certeza decisiva no futuro de Portugal”.

Na comunicação ao País, o Presidente da República elogiou o primeiro-ministro pela “elevação do gesto” na forma como se demitiu: “Agradeço a disponibilidade para assegurar funções até à substituição nos termos constitucionais”. E enalteceu “o serviço à causa pública, durante décadas, em particular nos longos e exigentíssimos anos de saída do défice excessivo, saneamento da banca, pandemia e guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, na chefia do Governo de Portugal”.

O Conselho de Estado foi convocado esta terça-feira pelo Presidente da República, depois de o primeiro-ministro se ter demitido depois de ter tido conhecimento que estava a ser investigado pelo Ministério Público, no âmbito de suspeições de corrupção ligadas aos negócios do lítio e hidrogénio verde.

Fazem parte deste órgão político de consulta do Presidente da República, 18 conselheiros, sendo que oito são por inerência direta pelos cargos que ocupam: presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, primeiro-ministro, António Costa, presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, presidente da Madeira, Miguel Albuquerque, presidente dos Açores, José Manuel Bolieiro, e os antigos presidentes da República, Ramalho Eanes e Cavaco Silva.

Cinco cidadãos são designados pelo Presidente da República: António Lobo Xavier, António Damásio, Lídia Jorge, Luís Marques Mendes, Leonor Beleza. E outros cinco são eleitos pela Assembleia da República: Carlos César, Francisco Pinto Balsemão, Manuel Alegre, António Sampaio da Nóvoa, Miguel Cadilhe.

Na quarta-feira, o chefe de Estado recebeu no Palácio de Belém os oito partidos com assento parlamentar que, à exceção do PS, se manifestaram a favor de uma dissolução e convocação de eleições legislativas antecipadas.

No entanto, os socialistas, que têm maioria absoluta de deputados, propuseram a nomeação de outro primeiro-ministro para chefiar um novo Governo apoiado pela atual maioria. Terão sido indicados personalidades como Mário Centeno, atual governador do Banco de Portugal, Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, e António Vitorino, ex-ministro da Defesa e ex-comissário europeu, para chefiar o novo Executivo. Os três nomes terão sido rejeitados por Marcelo Rebelo de Sousa.

O primeiro-ministro apresentou na terça-feira a sua demissão, que Marcelo aceitou, depois de buscas em vários gabinetes do Governo, no âmbito de uma investigação do Ministério Público em torno dos negócios do lítio e hidrogénio verde. Em causa estão suspeitas de crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

A Operação Influencer visa ainda o agora ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, que foi exonerado destas funções esta quinta-feira, depois deste ter sido constituído arguido.

O ministro da Infraestruturas, João Galamba, também foi constituído arguido. No anterior Executivo de Costa, o governante foi secretário de Estado da Energia do então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, também implicado neste processo.

O atual Governo resultou de uma dissolução do parlamento, a primeira decretada por Marcelo Rebelo de Sousa, no início do seu segundo mandato presidencial, na sequência do chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 na generalidade, e que resultou na vitória do PS com maioria absoluta nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro de 2022.

(Notícia atualizada às 20h43)

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Ministério Público investiga suspeitas nas minas de lítio

  • Capital Verde
  • 9 Novembro 2023

As duas minas de lítio que existem no país, uma em Montalegre e outra no Barroso, levantam suspeitas junto do Ministério Público, tanto quanto a aprovações ambientais como aos processos de concessão.

O Ministério Público aponta possíveis ilegalidades no processo de atribuição de uma avaliação ambiental favorável à mina da Lusorecursos, assim como no processo de concessão desta mina e da de Boticas, promovida pela empresa Savannah, noticia o Jornal Económico.

Suspeita-se que quer a DGEG, quer a APA possam ter tido intervenção ilícita naquela avaliação ambiental [da mina da Lusorecursos]”, isto “após contactos do suspeito Ricardo Pinheiro para ser favorecido”, o que o MP diz por em causa a decisão da APA de atribuir uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada ao projeto.

Em paralelo, o MP levanta questões sobre o processo de concessão, já que o direito de exploração havia sido dado a uma empresa diferente daquela que beneficiou da concessão.

Sobre a mina promovida pela Savannah, “igualmente se verificam suspeitas de ilegalidades relacionadas com a concessão da exploração de lítio na mina do Barroso”, lê-se no mesmo documento.

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Já terminou o Conselho de Estado. Marcelo prepara-se para falar ao país

  • ECO
  • 9 Novembro 2023

Terminou o Conselho de Estado que contou com a presença dos 18 conselheiros, três dos quais estiveram presentes por videoconferência. Marcelo prepara-se para falar ao país.

Depois de ter arrancado pouco depois das 15h e sem faltas, já terminou o Conselho de Estado. O encontro foi convocado pelo Presidente da República para analisar a crise política e decidir se dissolve a Assembleia da República e convoca eleições antecipadas ou, pelo contrário, irá abrir a porta a que se forme um novo Executivo. Marcelo Rebelo de Sousa prometeu comunicar a decisão depois deste encontro.

Dos 18 conselheiros que marcaram presença, três estiveram presentes através de videoconferência: Miguel Albuquerque, presidente da Madeira, está nas Canárias, o neurocientista António Damásio, vive nos EUA, e a escritora Lídia Jorge.

O Presidente da República convocou o Conselho de Estado na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, depois de buscas em vários gabinetes do Governo, no âmbito de uma investigação do Ministério Público em torno dos negócios do lítio e hidrogénio verde.

Segundo uma nota da Presidência, o Conselho de Estado foi convocado “ao abrigo do artigo 145.º, alínea a) e da alínea e), segunda parte” da Constituição – nos termos das quais compete a este órgão “pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia da República”, mas também, “em geral, aconselhar o Presidente da República no exercício das suas funções”.

O Chefe do Estado deverá anunciar ao País pelas 20h se vai ou não dissolver o Parlamento, marcar eleições antecipadas e se, neste quadro, segura o Orçamento do Estado para 2024 ou o deixa cair.

Fazem parte deste órgão político de consulta do Presidente da República, 18 conselheiros, sendo que oito são por inerência direta pelos cargos que ocupam: presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, primeiro-ministro, António Costa, presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, presidente da Madeira, Miguel Albuquerque, presidente dos Açores, José Manuel Bolieiro, e os antigos presidentes da República, Ramalho Eanes e Cavaco Silva.

Cinco cidadãos são designados pelo Presidente da República: António Lobo Xavier, António Damásio, Lídia Jorge, Luís Marques Mendes, Leonor Beleza. Cinco cidadãos são eleitos pela Assembleia da República: Carlos César, Francisco Pinto Balsemão, Manuel Alegre, António Sampaio da Nóvoa, Miguel Cadilhe.

Na quarta-feira, o chefe de Estado recebeu no Palácio de Belém os oito partidos com assento parlamentar que, à exceção do PS, se manifestaram a favor de uma dissolução e convocação de eleições legislativas antecipadas.

O primeiro-ministro apresentou na terça-feira a sua demissão, que Marcelo aceitou, depois de buscas em vários gabinetes do Governo, no âmbito de uma investigação do Ministério Público em torno dos negócios do lítio e hidrogénio verde. Em causa estão suspeitas de crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

A Operação Influencer visa ainda o agora ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, que foi exonerado destas funções esta quinta-feira, depois deste ter sido constituído arguido.

O ministro da Infraestruturas, João Galamba, também foi constituído arguido. No anterior Executivo de Costa, o governante foi secretário de Estado da Energia do então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, também implicado neste processo.

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Estado lança concurso para construir 394 casas por 60 milhões na antiga Estação Radionaval de Algés

  • Ana Petronilho
  • 9 Novembro 2023

Antiga Parque Escolar, que continua sem conselho de administração, lança primeiro concurso para a construção de habitação do Estado na antiga Estação Radionaval de Algés, em Oeiras.

O Estado lançou o concurso público internacional para a construção de 394 casas do Estado para arrendamento acessível na antiga Estação Radionaval de Algés, em Oeiras. É o primeiro concurso para habitação lançado pela Construção Pública, a antiga Parque Escolar, que cinco meses depois de ter sido criada continua sem conselho de administração.

De acordo com o anúncio publicado em Diário da República, o Estado vai investir 59,3 milhões de euros para a construção dos 394 fogos que de dividem em seis lotes. Mas no total, o projeto vai contar com 770 casas para arrendamento acessível, segundo um documento apresentado pela ministra da Habitação, Marina Gonçalves, durante o debate do Orçamento do Estado para 2024 em sede de especialidade, que está a decorrer no Parlamento.

O prazo das candidaturas termina a 8 de dezembro sendo que a construtora adjudicada terá um prazo de 21 meses para a construção das habitações, refere ainda o aviso do concurso publicado em Diário da República.

Este é também o primeiro do oito edifícios devolutos cedidos pela Defesa, em 2021, ao antigo ministério das Infraestruturas a ser transformado em habitação acessível.

Neste pacote estão ainda incluídos imóveis nos concelhos de Lisboa, Porto e Oeiras. São eles, a Quinta da Alfarrobeira para onde estão previstos 365 fogos, a Cerca do Convento da Estrela – Ala Sul onde vão ser construídas 107 casas, Hospital Militar da Estrela, em Lisboa, com 84 fogos; as instalações utilizadas pela manutenção militar e a oficina geral de fardamento e equipamento, na Avenida da Boavista, com 67 fogos, o edifício na Avenida de França com 36 casas e o Trem do Ouro e Casa do Lordelo do Ouro, no Porto, com 90 fogos. No total, nos oito edifícios vão ser construídas um total de 1.379 casas para arrendamento acessível.

O protocolo para a cedência destes imóveis foi assinado a 30 de junho de 2021, e contou com a assinatura do antigo secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, do ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho. O acordo prevê que as Forças Armadas recebam 110 milhões de euros, pela concessão por 75 anos dos direitos de superfície, para investimento nas suas infraestruturas.

No entanto, em agosto deste ano, as Forças Armadas apenas receberam 15,4 milhões da verba prometida, escreveu o Diário de Notícias.

Além disso, Carlos Moedas, que tinha aceitado que a Câmara Municipal de Lisboa fosse parceira deste plano no mais importante e valioso imóvel, a Quinta da Alfarrobeira (em Benfica, Lisboa), desistiu da operação. “Avaliada a opção em concreto e as várias implicações da mesma, entre elas a nível de encargos para a CML, reforçado ainda por alternativas e disponibilidade de outros locais que já fazem parte do património municipal, a decisão foi de que estrategicamente não fazia sentido manter essa possibilidade”, escreveu, em comunicado, a Câmara Municipal de Lisboa.

Para arrendamento acessível, segundo os dados apresentados pela ministra no Parlamento, o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) tem em curso 450 obras tendo já terminado a construção de 200 casas. Vai ainda adquirir 500 imóveis a que se somam 4.800 em fase de projeto e outros 5.100 em fase de pré-projeto. Há ainda 475 casas de edifícios que são da propriedade do Fundo Nacional para a Reabilitação do Edificado, gerido pela Fundiestamo, onde estão por exemplo, os projetos para o Quartel de Santa Bárbara e para o antigo Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, para onde estão previstos 248 fogos.

Em curso estão, por exemplo, as obras para a construção de 156 fogos na zona de Alfazina, na Costa da Caparica, ou a conversão da Clínica da Reboleira em oito fogos. No Entroncamento, no bairro Vila Verde, estão a ser reabilitados edifícios da IP que estavam devolutos para serem transformados em 40 habitações.

A ministra disse ainda no Parlamento que, desde julho, o Governo firmou mais parcerias e identificou mais 2.500 imóveis para serem transformados em habitação com arrendamento acessível. No entanto, “há imóveis que vão ser concluídos depois do fim do PRR pela sua complexidade”, avisa Marina Gonçalves.

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Suspeitas ao lítio e hidrogénio levam ambientalistas a pedir “avaliação profunda” do Simplex Ambiental

Ambientalistas defendem "avaliação profunda" ao Simplex Ambiental depois de MP ter avançado com buscas à exploração de projetos de hidrogénio, lítio e à inauguração do data center, em Sines.

A associação ambientalista Zero e a Quercus levantam dúvidas quanto à legitimidade do Simplex Ambiental na sequência da investigação aos projetos de exploração dos projetos de lítio, em Boticas e em Montalegre, e à inauguração do centro de dados e produção de hidrogénio “verde”, em Sines, no âmbito da Operação Influencer.

Ao ECO/Capital Verde, o Francisco Ferreira considera que a investigação em causa “motiva uma avaliação forte, e profunda, ao porquê da criação de um Simplex Ambiental“, revelando que na altura da sua elaboração a “Zero teve muitos contactos com funcionários e alguns dirigentes do Ministério do Ambiente e da Ação Climática” que alertaram terem “sido completamente ultrapassados por aquela legislação“.

Em causa está o Simplex Ambiental, diploma aprovado em 2022, que tem como propósito simplificar os procedimentos administrativos para a obtenção de autorizações e licenças ambientais.

Para o presidente da Zero, “com estas suspeitas sobre o processo de decisão da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)” nomeadamente no caso da inauguração do data center, em Sines, “levanta-se todo um conjunto de dúvidas sobre a recente legislação do Governo e o processo de avaliação de impacto ambiental“, diz o responsável.

Por sua vez, numa nota de imprensa, divulgada esta quinta-feira, a Quercus aponta que a aprovação do Simplex Ambiental “foi feita à custa de medidas que prejudicam a sua qualidade” e fazemtábua rasa” dos valores fundamentais que a política ambiental e o instrumento da avaliação de impacte ambiental visam proteger.

A associação liderada por Alexandra Azevedo aponta ainda que o processo de investigação criminal em curso vem “expor de forma mais visível o facilitismo e a falta de transparência na instalação de projetos que em nome da transição energética“, defendendo maior “coerência nas políticas, para a compatibilização e salvaguarda dos valores naturais e das comunidades”.

A posição é subscrita pela Zero. Para Francisco Ferreira, independentemente dos resultados da investigação, o Governo deve procurar “melhorar, e muito, a transparência e o rigor e os procedimentos na avaliação de impacto ambiental”, alertando que a falta de rigor nestes processos pode pôr em causa a legitimidade da transição energética.

“Precisamos de ter a certeza que as decisões estão a ter tomadas de forma adequada, transparente, sem influências. Os processos de AIA já levantam suspeitas e não podem ser influenciados por pressões políticas e económicas. Situações destas alimentam a desconfiança numa altura em que precisamos da transição energética e climática”, sublinha o presidente da Zero ao ECO/Capital Verde.

A posição das associações surge na sequência da operação do Ministério Público sobre os negócios do lítio e do hidrogénio, que assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o ex-porta-voz do PS, João Tiago Silveira, e a empresa Start Campus foram constituídos arguidos.

Segundo documentos a que o ECO teve acesso, Lacerda Machado terá usado a amizade com o primeiro-ministro para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus.

Ademais, estão em cima da mesa investigações às concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real e um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal.

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Construção de fábrica de avião português prevista arrancar em 2024 em Ponte de Sor

  • Lusa
  • 9 Novembro 2023

O presidente de Ponte de Sor, Hugo Hilário, prevê “o lançamento do primeiro protótipo do avião no primeiro semestre de 2026 e o segundo protótipo no segundo semestre de 2026”.

As obras de construção de uma fábrica que vai produzir a primeira aeronave portuguesa, em Ponte de Sor (Portalegre), devem arrancar em 2024, estando previsto o lançamento de dois protótipos em 2024.

Em declarações à agência Lusa, à margem da cimeira aeronáutica Portugal Air Summit (PAS) que decorre no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor até domingo, o presidente do município, Hugo Hilário, explicou que “prevê-se o lançamento do primeiro protótipo do avião no primeiro semestre de 2026 e o segundo protótipo no segundo semestre de 2026”.

“E esperamos para ano [2024], na altura da realização do PAS, lá para outubro, novembro, que já estejamos no início da construção da fábrica”, disse. O concelho de Ponte de Sor está envolvido em três agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com mais de 200 milhões de euros, esperando que sejam criados cerca de 500 postos de trabalho diretos e mais de 1.000 indiretos.

A primeira agenda mobilizadora é a “Aero.next Portugal” (um consórcio), que será responsável por produzir a primeira aeronave portuguesa, o LUS 222. Esta agenda contempla cerca de “140 milhões de euros” de investimento, “61%” dos quais para o Alentejo (75 milhões de euros), é ainda composta pela produção de uma aeronave não tripulada com capacidade “distinta” das que existem para a vigilância marítima e uma terceira componente relacionada com a mobilidade aérea avançada.

A segunda agenda mobilizadora, a “Neuraspace”, tem como objetivo “ajudar a resolver” os problemas relacionados com os lixos espaciais, sendo criado em Ponte de Sor um radar para dar resposta a esta necessidade. Este projeto envolve “cerca de 20 milhões de euros” e criará cerca de 20 a 30 postos de trabalho diretos.

A terceira agenda mobilizadora, no âmbito do PRR, a “Newspace”, está por sua vez relacionada com a produção de microssatélites e comporta “cerca de 60 milhões de euros” de investimento, criando mais de uma centena de postos de trabalho.

“As outras agendas, uma dos satélites está um bocadinho mais adiantada, tem de estar executada, como sabemos, até por imperativo do PRR até final de 2026 e espera-se que no final de 2024 /2025 já haja uma verificação efetiva da realização dessa agenda no terreno”, disse.

“Agora está na parte da preparação das agendas, naquela que é a discussão permanente obrigatória entre todos os membros dos consórcios e, portanto, é um trabalho feito por os representantes do consórcio”, acrescentou. De igual modo, Hugo Hilário sublinha que a “Neuraspace” segue “exatamente pelo mesmo caminho”, esperando que ainda em 2024 estas duas agendas estejam implementadas no território.

“Estão agora [as duas últimas agendas] na fase preparatória, mas dizer que estas agendas por estarem na sua fase preparatória, independentemente disso, já tem alguma taxa de execução considerável”, alertou. “Há aqui um trabalho de conteúdos programáticos, trabalho técnico e científico alocado a estas e de investigação tecnológica alocados a estas agendas em que o não estar ainda fisicamente no terreno a implementar, por exemplo, telescópio ou por exemplo o radar de controlo dos satélites ou a linha de produção, não quer dizer que não esteja a fazer nada”, acrescentou.

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Técnicos superiores do INE e Finanças têm aumento extra de 52 euros com efeitos a janeiro

Aumentos terão efeitos a 1 de janeiro deste ano, pelo que o cheque poderá chegar aos 736,96 euros se for pago em dezembro. Medida vai abranger cerca de 500 funcionários públicos.

Os técnicos superiores do Instituto Nacional de Estatística (INE) e das Finanças vão ter um aumento extraordinário, ainda este ano, de 52,64 euros brutos mensais com retroativos a 1 de janeiro, segundo o decreto-lei aprovado esta quinta-feira pelo Governo. A medida vai beneficiar “cerca de 500 trabalhadores”, adiantou ao ECO, o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão.

“Face ao contexto de valorização das carreiras, o Governo reconhece como necessário que as valorizações remuneratórias efetuadas na carreira geral de técnico superior tenham idêntica tradução, ainda em 2023, neste conjunto de carreiras especiais”, lê-se no comunicado do Executivo. A mesma nota salienta que o diploma pretende criar “condições de maior atratividade para a fixação de talentos”.

Recorde-se que, na semana passada, os trabalhadores do INE deixaram uma nota no calendário de publicações a dar conta do adiamento da publicação de umas estatísticas, devido à “escassez de recursos humanos”. Estas serão publicadas com cerca de uma semana e meia de atraso.

O diploma, agora aprovado, vai permitir dar um salto extra na posição remuneratória em cada um dos 14 níveis existentes. Assim, o salário de entrada destes licenciados, que está nos 1.333,35 euros brutos mensais, vai subir 52,64 euros para 1.385,99 euros. Este aumento de cerca de 52 euros vai beneficiar os trabalhadores dos restantes patamares remuneratórios. Só na última posição, que está nos 3.775,83 euros, não haverá uma valorização salarial.

Se o diploma for publicado em Diário da República até ao início de dezembro, estes funcionários públicos poderão receber já nesse mês um cheque de 736,96 euros relativo aos retroativos de 14 meses de aumento, incluindo já o relativo aos subsídios de férias e de natal.

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Compras online ultrapassam os 10 mil milhões de euros em 2022. Perspetiva é de crescimento

Há mais portugueses a fazerem compras online. Em 2022 foram mais de cinco milhões (+1,7% em relação a 2021) e o crescimento deste número verifica-se sobretudo entre os escalões etários mais elevados.

As compras online de bens e serviços em 2022 alcançaram os 10,2 mil milhões de euros em Portugal, numa subida de 1,99% em relação a 2021. Esta subida deve-se em grande medida ao aumento de 7,5%das compras online de serviços que compensaram a redução de 2,8% registada nas compras online de produtos.

Os dados são avançados no CTT e-Commerce Report de 2023 – que inquiriu 500 compradores online e 83 retalhistas com venda online – que projeta ainda que no final de 2023 seja registado um crescimento de 2,7% nas compras online de produtos em comparação com 2022, totalizando 5,53 mil milhões de euros. Já quanto às compras de serviços online, prevê-se que estas venham a crescer 6% totalizando 5,16 mil milhões de euros.

Segundo o mesmo estudo, divulgado esta quinta-feira, há mais portugueses a fazerem compras online. Em 2022 foram mais de cinco milhões, num crescimento de 1,7%em relação a 2021, sendo que os dispositivos digitais “são cada vez mais o suporte por excelência para uma compra que se quer cada vez mais, fácil, conveniente e rápida”.

Entre estes compradores, cerca de três em cada quatro têm idades entre 25 e 54 anos, sendo que o crescimento do número de compradores online verifica-se sobretudo entre os escalões etários mais elevados.

Os dados avançados no estudo referem também que, em média, 74% dos compradores online fizeram mais de uma compra online por mês, com o valor de compra médio a situar-se nos 55,61 euros. Já anualmente, cada comprador gastou em compras online de produtos uma média de 1073 euros, ou seja, mais oito euros face ao ano passado.

Por outro lado, o número anual de compras online de produtos físicos desceu para 19,3 (20,6 no ano anterior), ao contrário do número de produtos por compra que cresceu de 4,5 produtos em 2021 para 4,83 produtos.

O motivo mais apontado pelos compradores para a opção pelo canal online em 2023 prende-se com a facilidade de compra (69,5%), tendo o preço mais baixo (61,6%) sido o fator que mais cresceu, ao subir 5,8 pp face a 2022.

A possibilidade de fazer a compra a qualquer hora (60,4%), as promoções (59,4%) e uma maior variedade (46,6%) foram os outros motivos mais apontados.

O vestuário e calçado mantém-se este ano como a categoria mais popular entre os que fazem compras online (70,2%), mas registou uma queda de 2,8 pp face a 2022. As restantes categorias mais populares são as de equipamentos eletrónicos e informáticos (55,4%), higiene e cosmética (44,4%), livros e filmes (37,2%) e eletrodomésticos (33,6%).

Entre as que mais cresceram em termos absolutos encontram-se as de acessórios de moda (+10,6 pp), higiene e cosmética (+7,6 pp) e produtos e acessórios para animais (+5,8 pp).

Já para o abandono do checkout de compras online contribuem sobretudo preços finais mais caros do que o previsto (63,4%), insatisfações com o prazo de entrega (22,8%) e desconfiança quanto aos meios de pagamento disponibilizados (22%).

Os três principais métodos de pagamento são usados por uma percentagem muito idêntica dos compradores online portugueses, que preferem o PayPal (39,4%), seguido pela referência multibanco (39%) e Mbway (38,8%). Entre os três apenas o Mbway não recuou face a 2022, tendo inclusivamente crescido 5 pp.

Os portugueses também estão a pesquisar mais antes de comprar, tendo em conta que o recurso à pesquisa online está cada vez mais presente no momento da decisão de compra – quer esta seja concretizada no meio digital ou na loja física.

O grau de satisfação com as devoluções aumentou tanto para os compradores (de 71,6% para 84,9% em 2023) como para os vendedores (+1,4 pp, para 27,1%).

Enquanto um terço dos compradores diz perspetivar vir a gastar mais em compras online, cerca de metade dos vendedores também esperam um incremento de vendas no próximo ano, embora cerca 20% aponte antes para uma redução nas vendas online em resultado das suas expectativas quanto ao contexto económico do país nos próximos 12 meses.

Cerca de um terço dos compradores online dizem também ter comprado online artigos em segunda mão a particulares, sendo esta opção de compra justificada pelo fator preço, seguido pelo da sustentabilidade.

Segundo o estudo, “quem compra em segunda mão apresenta elevada propensão para voltar a vender (são grandes indutores de circularidade/reutilização)”.

Dentro deste âmbito da sustentabilidade quatro em cada dez compradores online mostra-se disposto a pagar mais por uma entrega sustentável ou para receber a sua encomenda numa embalagem reutilizável. Já 51,4% dos compradores estão mais predispostos a pagar um valor extra para receberem as encomendas no próprio dia, naquela que é uma subida de 10,7 pp face a 2022.

 

 

(Artigo alterado às 21h10, após o envio de dados CTT retificados)

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