Maior negócio de malparado do ano: LX Partners vende 4,2 mil milhões em ativos tóxicos e plataforma Algebra em Portugal

Será o maior negócio no mercado de malparado este ano em Portugal: a LX Partners colocou à venda a Algebra e os ativos tóxicos de 4,2 mil milhões de euros que comprou à banca nos últimos anos.

O mercado de malparado em Portugal arrefeceu consideravelmente este ano. Há menos carteiras à venda e os portefólios são mais reduzidos em relação às transações que aconteceram nos últimos anos. Mas entrou agora no radar dos investidores uma nova operação que será a maior deste ano. O fundo LX Partners está a vender os seus ativos de 4,2 mil milhões de euros e o servicer Algebra Capital, de acordo com várias fontes do mercado.

O nome de “código” deste projeto é “Cascais”, um processo que está a ser conduzido pela KPMG. Os investidores já estão a ser sondados. Em causa estão ativos problemáticos que a LX Partners adquiriu nos últimos anos à banca portuguesa, com um valor bruto de 4,2 mil milhões de euros, dos quais quatro mil milhões dizem respeito a crédito unsecured (sem garantias) e outros 200 milhões a crédito secured (com garantias).

Além dos ativos, que poderão estar avaliados entre 200 milhões e 300 milhões de euros, a LX Partners também está a vender o servicer responsável pela gestão desta carteira, a Algebra Capital. Uma das fontes adiantou ao ECO que a plataforma está a libertar cerca de cinco milhões de euros por ano em resultados para o acionista, o que servirá de referência para o valor a pagar pela empresa.

A LX Partners, com sede no Luxemburgo, e a Algebra não responderam às questões colocadas pelo ECO até à publicação deste artigo, apesar das insistências.

Mercado “muito morno”

A venda do negócio de malparado em Portugal por parte da LX Partners surge numa altura de grande arrefecimento do mercado. “Está muito morno, está”, observou uma das fontes contactadas pelo ECO.

As poucas carteiras que têm saído este ano são de valor reduzido, raramente superando os 100 milhões de euros. Um dos maiores processos será mesmo aquele que o Banco Montepio tem em curso, relativo a um portefólio de ativos problemáticos avaliados em cerca de 230 milhões de euros, incluindo dívida going concern, cash in court, entre outros, como revelou o ECO esta quinta-feira.

O ano de 2022 trouxe uma quebra de quase 50% nas vendas de malparado, atingindo os 1,7 mil milhões de euros, de acordo com os dados da Prime Yield. O mercado português poderá deparar-se com um novo afundanço este ano, depois de alguns anos muito intensos em resultado da forte limpeza dos balanços por parte dos maiores bancos.

Malparado em mínimos

Fonte: Banco de Portugal e APB; 2023 com dados referentes ao segundo trimestre.

Banca ainda tem 9,7 mil milhões de NPL

Há cinco anos, o sistema bancário ainda se defrontava com 31,8 mil milhões de euros em NPL (non performing loans), correspondendo a 13,6% do total do crédito. O rácio caiu para 3,1% no final de junho, abaixo do “número mágico” de 5%, totalizando os 9,7 mil milhões, de acordo com os dados disponibilizados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal. Em termos líquidos de imparidades, os NPL ascendiam a 4,2 mil milhões.

São valores que dão algum conforto aos bancos num momento em que a escalada da inflação e das taxas de juro ainda não tem feito muitas vítimas, embora várias entidades oficiais, incluindo reguladores e agências de rating, tenham lançado alertas para reforçar a monitorização da evolução da qualidade de crédito.

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Salários, impostos e habitação. É isto que patrões e sindicatos querem ver no OE2024

O Orçamento do Estado dá entrada no Parlamento na próxima semana. Patrões e sindicatos já fizeram saber ao Governo o que reivindicam. Alívio da carga fiscal é uma das principais propostas.

Faltam oito dias para o ministro das Finanças entregar no Parlamento a proposta de Orçamento do Estado para 2024. Do alívio da carga fiscal ao aumento dos salários, as confederações patronais e as centrais sindicais já deram a conhecer as suas propostas para o próximo ano, tendo o Governo mostrado abertura para discutir e ponderar o que foi colocado em cima da mesa. Do lado dos empregadores, o foco tem estado sobretudo nos impostos, enquanto do lado dos trabalhadores são os salários que estão em destaque, numa altura em que as famílias portuguesas têm estado confrontadas com um recuo do poder de compra.

No que diz respeito aos impostos, há que distinguir os tributos que são aplicados às empresas daqueles que são exigidos aos trabalhadores.

Comecemos por estes últimos: no seu caderno de encargos, o Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) sublinha que é preciso rever os escalões do IRS para reduzir o nível de tributação. “Urge enfrentar de uma vez por todas a necessidade de reduzir a tributação em sede de IRS para aumentar o rendimento líquido disponível das famílias”, salientam os patrões, que não avançam com números concretos para esse alívio.

Também os sindicatos defendem uma redução fiscal, no âmbito do Orçamento do Estado para 2024. “A UGT defende a prioridade da descida do IRS e um novo reequilíbrio face a outros impostos”, realça a central sindical liderada por Mário Mourão.

Em detalhe, a UGT argumenta que o anunciado recuo de dois mil milhões de IRS “tem de se sentir no imediato e no Orçamento do Estado para 2024“, rejeitando um adiamento desse alívio para os anos mais próximos do fim da legislatura.

Mais, esta central sindical quer que os escalões de IRS, bem como as deduções e isenções em sede de IRS, sejam atualizados em linha com os salários e “pelo menos em linha com a inflação prevista”.

A UGT defende ainda a atualização das tabelas de retenção na fonte, o reforço e alargamento do IRS Jovemo Governo já anunciou a melhoria das condições desse regime, mas o universo de beneficiários será o mesmo – e a manutenção da relação entre o salário mínimo e o mínimo de existência. “Quem recebe o salário mínimo não deve pagar IRS”, considera a central sindical. Esta hipótese chegou a ser colocada, uma vez que o Governo desligou a evolução do mínimo de existência da retribuição mínima garantida, mas o ministro das Finanças e o primeiro-ministro já vieram, entretanto, afastá-la.

Também no capítulo fiscal, a UGT quer que seja criado um benefício fiscal para a realização de formação profissional, em linha com o acordado em sede Concertação Social, que seja aumentado de 50% para 150% do benefício fiscal associado ao pagamento de quotizações sindicais e que sejam reforçadas as deduções em sede de IRS com educação, saúde e lares.

Quanto à CGTP, em entrevista ao ECO, a secretária-geral defendeu um maior equilíbrio entre os vários impostos, mas frisou que a prioridade deve ser mesmo aumentar os salários. No seu caderno reivindicativo, a central sindical defende alterações no IRS como a aplicação de mais escalões e a redução das taxas, bem como o englobamento obrigatório de todos os rendimentos, “garantindo que a progressividade se aplica independentemente da origem dos rendimentos”.

O Governo já disse que vai avançar mesmo com uma redução da carga fiscal aplicada aos rendimentos do trabalho, mas não explicou em que moldes. Em princípio, a criação de mais escalões está afastada, uma vez que Portugal já é dos países com mais patamares de rendimentos no IRS.

Menos custos para as empresas

João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e porta-voz do Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP), em entrevista ao ECOLuís Francisco Ribeiro

Do lado da tributação aplicada às empresas, foram também feitas propostas para o Orçamento do Estado por parte dos parceiros sociais.

Os patrões querem a redução da taxa normal de IRC de 21% para 17% (e para 15%, no caso das pequenas e médias empresas), bem como a eliminação progressiva da derrama estadual, “de modo a abranger apenas as empresas com lucro superior a 5 milhões de euros”.

As confederações que representam os empresários exigem também que, enquanto não for possível abolir as tributações autónomas por razões orçamentais, a tabela deste tributo deve ser atualizada, “passando a incidir apenas sobre os encargos dedutíveis“. A este nível, querem também que seja abolido a norma do Código do IRC que prevê a majoração destas taxas, quando os sujeitos passivos apresentam prejuízos fiscais.

Ainda do lado dos custos para as empresas, destaque para uma proposta antiga que os patrões decidiram recuperar: querem que a Taxa Social Única (TSU) a cargo dos empregadores desça em 1%, sendo ” acompanhada de um reforço equitativo do valor do imposto sobre o valor acrescentado (IVA)”. Ou seja, propõem que paguem menos contribuições sobre os salários e que a Segurança Social receba, em alternativa, mais receita do IVA. O Governo já fechou a porta a esta proposta, alegando que colocaria em causa a sustentabilidade da Segurança Social.

Já nos cadernos reivindicativos das centrais sindicais, a CGTP defende a “aplicação da taxa efectiva de IRC às grandes empresas, incidido sobre os resultados contabilísticos por estas apresentados”, bem como a exclusão, como regra, das grandes empresas dos privilégios atribuídos ao abrigo do Estatuto dos Benefícios Fiscais, “em quaisquer outros instrumentos usados para abater as obrigações fiscais do grande capital”.

A UGT não tem propostas relativas à tributação das empresas.

Salários são prioridade dos sindicatos

Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP-IN, em entrevista ao ECO - 22SET23
Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, em entrevista ao ECO.Hugo Amaral/ECO

Prioridade máxima“. É essa a expressão usada para o aumento dos salários pela secretária-geral da CGTP, na referida entrevista ao ECO. A central sindical defende aumentos de 150 euros para todos os trabalhadores e entende que o salário mínimo nacional deve chegar aos 910 euros em janeiro, atingindo os mil euros ainda no curso do próximo ano.

Ainda que os salários não sejam uma matéria diretamente relacionada com o Orçamento do Estado (na medida em que fazem, sobretudo, parte das contas dos privados), é importante discuti-los neste âmbito, já que o que for decidido para o globalidade do mercado de trabalho terá impacto nos ordenados pagos aos funcionários públicos e, consequentemente, nas contas do Estado.

Quanto à UGT, a proposta passa pela aplicação do referencial acordado há um ano com o Governo e os patrões: aumentos de 4,8%. A central sindical diz, porém, que há condições para ir mais longe do que estava previsto nesse entendimento no que concerne o salário mínimo nacional: em vez dos 810 euros projetados para janeiro, a UGT está a defender uma subida dos atuais 760 euros para 830 euros.

No pacote de propostas dos patrões, não há menção a este tema, mas, por exemplo, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, já disse que as empresas podem ser mais generosas do que ficou acordado há um ano, desde que haja um alívio da carga fiscal.

Parceiros não esquecem crise na habitação

A ministra da Habitação, Marina Gonçalves, numa comissão parlamentar.Lusa

Num ano marcado pela crise na habitação, os parceiros sociais não esqueceram este tema nas suas propostas para o Orçamento do Estado para 2024.

Por exemplo, a UGT defende a criação de um regime de moratória aplicável a contratos de crédito à habitação garantidos por hipoteca, sem penalizações, o fomento de alternativas no sistema bancário, a criação de linhas de crédito a juros reduzidos com a finalidade de apoiar o pagamento do aumento dos encargos nos contratos de crédito para aquisição de habitação, a retoma da dedução fiscal dos encargos com crédito à habitação, a manutenção da política de limitação do aumento do valor das rendas e a regulação do acesso às medidas de apoio mediante a modulação do critério de rendimento mensal dos agregados com critérios de perda de rendimento disponível.

Já da parte da CGTP, chegam as seguintes propostas: a alteração da lei do arrendamento urbano, nomeadamente no que toca aos despejos; Medidas de controlo das quebras, fixando tetos máximos em função dos rendimentos dos arrendatários; A adoção de medidas que travem a subida dos juros com empréstimos à habitação “e que responsabilizem o sector financeiro, nomeadamente mobilizando os lucros da banca para suportar o aumento das taxas de juro“.

Quanto às confederações patronais, a proposta apresentada por tornar extensiva a todos os contratos, independentemente da data da sua celebração, a dedução dos juros de empréstimos com a aquisição, construção ou beneficiação de imóveis para habitação própria e permanente. Para os casos em que a casa é entidade patronal, pedem que, “enquanto perdurar a crise habitacional que o país atravessa, os valores correspondentes não sejam alvo de tributação nem de descontos para a Segurança Social“.

IVA zero, mais férias e subsídio de refeição maior

Mário Mourão, secretário-geral da UGT.PAULO CUNHA/LUSA 24 Abril, 2022

À parte das propostas já referidas, a UGT defende, por exemplo, a manutenção e o alargamento do regime do IVA Zero para bens essenciais. “[Deve haver] a revisão com caráter mais permanente dos bens a que se aplica taxa reduzida”, sublinha a central sindical, que propõe ainda o aumento do aumento do valor do subsídio de refeição. Sobre este último ponto, na Administração Pública, o Governo não avançou com nenhuma proposta, o que deve significar que o limite até ao qual essa componente salarial está isenta de descontos não deverá mexer, despromovendo os aumentos pedidos pela UGT.

Da parte do CGTP, além das medidas já mencionadas, há também a realçar, por exemplo, a reivindicação do reforço do papel do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) na formação de trabalhadores ativos empregados e desempregados “que ficam à mercê das empresas e do mercado” e a eliminação de todas as taxas moderadoras na saúde, bem como o aumento do subsídio por doença, a universalidade do abono de família e o reforço da “almofada” das pensões, o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, “procedendo-se regularmente às transferências previstas na lei, que devem deixar de depender da evolução da situação económica e financeira”.

Do lado dos patrões, há um foco também na desburocratização e simplificação. Além disso, defende-se a suspensão da entrada em vigor da obrigação de submissão do SAF-T, sendo que esta é uma velha batalha dos empresários e contabilistas. Estes defendem a revogação dessa obrigação, mas até agora só têm conseguido adiamentos. Os patrões têm também várias medidas viradas para a capitalização das empresas, nomeadamente a revisão do Estatuto dos Benefícios Fiscais.

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5 coisas que vão marcar o dia

Autoeuropa retoma produção, Eurostat divulga dados do desemprego em agosto e Banco de Portugal divulga dados sobre o endividamento do setor não financeiro e da evolução da dívida pública.

Esta segunda-feira, dia 2 de outubro, o Banco de Portugal (BdP) divulga dados sobre o endividamento do setor não financeiro e sobre evolução da dívida pública, enquanto a Eurostat também divulga os dados relativos ao desemprego na Zona Euro em agosto. O dia de hoje também fica marcado com a retoma de produção por parte da Autoeuropa e pelo início do julgamento de Donald Trump.

Autoeuropa retoma produção a 2 de outubro

O dia desta segunda-feira deverá ficar marcado pela retoma da produção da Autoeuropa, embora, no entanto, “nesta fase, o número de turnos será menor que o esquema de trabalho habitual“, conforme já tinha sido avançado numa comunicação aos trabalhadores. A retoma da produção no início de outubro ocorre depois de ter sido garantido o fornecimento de uma peça fundamental para o T-Roc junto de uma empresa espanhola e outra chinesa.

Banco de Portugal divulga evolução da dívida pública

O Banco de Portugal (BdP) vai divulgar os dados da dívida pública em agosto. Em setembro o BdP divulgou que a dívida pública tinha registado um aumento de cerca de 980 milhões de euros em julho, estando acima dos 281 mil milhões de euros, batendo-se assim um novo recorde. Foi o sétimo mês consecutivo a subir. O BdP vai ainda divulgar dados sobre o endividamento do setor não financeiro, que inclui a dívida do Estado, das empresas e das famílias, relativamente a agosto, sendo que no passado mês de setembro, se soube que, em julho, o endividamento da economia portuguesa voltou a aumentar diminuiu 0,4 mil milhões de euros, para 806,6 mil milhões de euros.

Julgamento de Trump tem início

Depois de o tribunal de recurso ter rejeitado o pedido de adiamento de Donald Trump, o julgamento do ex-presidente dos Estados Unidos e dos seus filhos Eric Trump e Donald Jr. arranca esta segunda-feira. Trump é acusado de defraudar bancos e seguradoras ao longo de vários anos e de inflacionar de forma fraudulenta o valor do seu património imobiliário em 3,6 mil milhões de dólares entre 2011 e 2021. O antigo presidente norte-americano corre o risco de perder o controlo sobre algumas das suas propriedades.

Eurostat divulga dados do desemprego em agosto

A Eurostat também divulga esta segunda-feira os dados relativos ao desemprego na Zona Euro e União Europeia em agosto. Em julho de 2023, a taxa de desemprego da Zona Euro foi de 6,4%, sendo superior à taxa de desemprego na União Europeia que foi de 5,9%. Em Portugal, em agosto, o desemprego recuou para 6,2%, face aos 6,3% registados em julho.

FMI lança capítulo sobre Estabilidade Financeira Global

É também esta quinta-feira que o Fundo Monetário Internacional (FMI) lança o Capítulo 3 do Relatório de Estabilidade Financeira Global: “Políticas do setor financeiro para desbloquear o financiamento privado do clima nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento”. O lançamento virtual pode ser acompanhado aqui.

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O setor de tradução e interpretação cresceu 140%

  • Servimedia
  • 2 Outubro 2023

Longe de representar uma ameaça, a ascensão dos tradutores automáticos e plataformas de IA tem incentivado a procura. Roberto Veiga, vice-presidente de Produção da TransPerfect, analisa as mudanças.

No dia 30 de setembro comemora-se o Dia Mundial da Tradução. Desde 1991, a Federação Internacional de Tradutores (FIT) o marcou no calendário com o objetivo de destacar o trabalho das pessoas do setor.

No entanto, só foi oficializado pelo Conselho Geral das Nações Unidas em 2017. Essa data foi selecionada para homenagear a morte de Jerónimo de Estridão, também conhecido como São Jerónimo, padroeiro dos tradutores e responsável por traduzir a Bíblia do hebraico para o grego e o latim.

Os serviços de tradução estão presentes no nosso dia a dia, seja assistindo a uma série de televisão ou lendo um livro, entre muitas outras ações. Eles também fazem parte de temas atuais, como a recente adoção pelo Congresso dos Deputados do uso das línguas cooficiais na Câmara Baixa, com a implementação correspondente de serviços de tradução simultânea e legendagem para quem desejar.

Além disso, os tradutores automáticos também estão na boca de todos devido ao crescimento e à democratização da inteligência artificial (IA), usada diariamente por milhões de pessoas e passando por constantes atualizações para que essas ferramentas se tornem cada vez mais confiáveis e cometam menos erros.

Na Espanha, o setor de tradução continua ganhando importância. De acordo com a Associação Nacional de Empresas de Tradução e Interpretação (ANETI), cerca de 1.500 empresas trabalham com tradução e interpretação no país, sendo o setor editorial (25%) a principal área de negócios.

Além disso, a indústria global de serviços linguísticos experimentou um crescimento notável, passando de cerca de US$ 23,5 bilhões gerados em 2009 para mais de US$ 56,4 bilhões em 2022, um aumento de mais de 140%, segundo dados da CSA Research.

Também houve um aumento significativo no mercado de tradutores automáticos. As cifras desse mercado vêm aumentando anualmente, passando de US$ 400 milhões gerados em 2016 para uma previsão de US$ 1,5 bilhão em 2024, de acordo com a Global Market Insights.

GRANDES EMPRESAS

Uma das entidades mais destacadas na Espanha é a TransPerfect, líder multinacional americana em soluções tecnológicas e serviços de tradução para clientes globais, que conta, entre seus diversos serviços de localização geográfica, com uma divisão (TransPerfect Media) especializada em projetos de tradução documental, dobragem e legendagem.

A empresa considera a Espanha seu principal centro de produção depois dos Estados Unidos e tem sedes em Madrid, Palma de Maiorca, Valência, Alicante e Barcelona, sendo esta última a que conta com o maior número de funcionários em todo o mundo (quase mil) após a incorporação de 350 novos trabalhadores em 2021.

Por ocasião do Dia Mundial da Tradução, Roberto Veiga, vice-presidente de Produção da TransPerfect, analisa as mudanças implicadas na adoção de novas tecnologias e ferramentas de IA no setor.

“Com esses avanços, podemos continuar ajudando nossos clientes de forma mais rápida e eficiente. Embora os tradutores automáticos ainda não sejam capazes de oferecer as garantias de uma tradução humana, criamos motores de tradução automática adaptados às necessidades de cada cliente, sem deixar de contar com a participação de pessoas altamente qualificadas no processo”, indicou.

Essa “humanização” do trabalho feito pela inteligência artificial é crucial para Veiga: “Mais do que uma tradução, fazemos uma adaptação, não é uma simples cópia, pois se for feita dessa maneira, a mensagem pode mudar completamente. Os modelos de linguagem gerados pela inteligência artificial são muito interessantes, mas não são capazes de igualar a qualidade do trabalho humano no setor de tradução, nem de se adaptar ao que o cliente deseja, seja por contexto ou tipo de empresa para a qual a tradução é destinada”.

A TransPerfect entende que a presença da IA deve fazer parte do processo natural de evolução e adaptação do setor, sendo fortalecida por ela, sem adotar uma postura de confronto ou rejeição diante desse tipo de avanço tecnológico e seu desenvolvimento e implementação. Sempre de forma controlada e supervisionada por especialistas em novas soluções baseadas em inteligência artificial.

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ASF revela programa da Conferência da ASEL

  • ECO Seguros
  • 1 Outubro 2023

O encontro dos supervisores de seguros lusófonos, que se realiza na Fundação Calouste Gulbenkian no dia 3 de outubro, será um evento de destaque no setor dos seguros e da mobilidade.

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) divulgou o programa da XXVII Conferência da Associação de Supervisores de Seguros Lusófonos (ASEL), agendada para terça-feira, 3 de outubro, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian.

Integrada na 20.ª Assembleia Geral da ASEL, marcada para o dia 2 de outubro de 2023, em Lisboa, a XXVII Conferência promete reunir supervisores, bem como representantes do mercado e dos setores envolvidos nas questões em debate. O foco principal do encontro será a discussão de tópicos relevantes, como os mecanismos de proteção para as vítimas de acidentes de viação nas jurisdições lusófonas e o regime nacional do seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel (SORCA). A conferência também dedica atenção especial aos desafios associados à micromobilidade, abordando-os sob as perspetivas da prevenção de riscos e do desenvolvimento sustentável. O quadro legal de responsabilidades relacionado com a ‘micro mobilidade’ será igualmente analisado durante o encontro.

A sessão de abertura, programada para iniciar às 9h00, contará com Margarida Corrêa de Aguiar, Presidente da ASF. Como orador convidado, António Carmona Rodrigues, Presidente da Fundação Cidade de Lisboa. A partir das 9h45, a conferência mergulhará na discussão dos “Mecanismos de proteção dos lesados de acidentes de viação nas jurisdições lusófonas quando não existe seguro válido,” liderada por João Fidalgo, representante do Banco de Cabo Verde. Às 10h00, será a vez de Eduarda Ribeiro, Diretora do Departamento de Política Regulatória da ASF, e Eduardo Pereira, Diretor do Departamento de Supervisão Comportamental da ASF, apresentarem as principais linhas de desenvolvimento do “Regime nacional do seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel (SORCA)”. Haverá lugar para uma mesa redonda sobre “Os desafios da ‘micro mobilidade’: quadro legal de responsabilidades, prevenção de riscos e desenvolvimento sustentável.”. A discussão será moderada por Bruno Contreiras Mateus, Diretor do Dinheiro Vivo e Subdiretor do Diário de Notícias, e contará com a participação de Ana Paula Vitorino, Presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, José Galamba de Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, e José Rui Felizardo, Presidente do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento. O encerramento do evento está agendado para as 13h00.

A conferência promete ser um fórum de discussão para questões essenciais relativas aos setores dos seguros e da mobilidade, com especialistas e decisores a partilharem perspetivas e conhecimentos.

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Seguradoras holandesas em queda após decisões judiciais

  • ECO Seguros
  • 1 Outubro 2023

As ações das principais seguradoras holandesas registaram forte descida devido a recentes decisões judiciais que reacenderam dúvidas sobre reivindicações de compensação.

As ações das seguradoras holandesas sofreram um revés na passada quarta-feira, à medida que decisões judiciais decorrentes de uma longa disputa que envolve produtos ligados a investimentos reacenderam a perspetiva de grandes reivindicações de compensação.

Num caso contra a seguradora NN Group, um tribunal em Haia anunciou nesta terça-feira que a empresa teria, em vários momentos, fornecido aos clientes informações insuficientes sobre os custos associados aos seus produtos, revogando uma decisão de 2017 que havia absolvido a empresa dessas alegações. O mesmo tribunal chegou a conclusões idênticas para três produtos semelhantes vendidos pela Aegon, cujas atividades na Holanda foram adquiridas pela congénere holandesa ASR no ano passado. As ações da NN Group caíram quase 16%, enquanto a ASR caiu 11% e as ações da Aegon perderam 4%, à medida que a NN alertou para um possível “efeito adverso material” da decisão do tribunal interino.

Analistas do ING afirmaram que estimam que a NN precisará de uma provisão de litígio de cerca de 390 milhões de euros, enquanto a ASR terá uma exposição maior, de cerca de 488 milhões de euros. A NN Group e outras seguradoras holandesas têm lidado com problemas relacionados a essas apólices de seguro, popularmente conhecidas como “woekerpolissen”, há anos. O tema comum é que os clientes supostamente não foram informados sobre a quantia das suas mensalidades destinadas a investimentos reais e o montante que ia para cobrir os custos das seguradoras. “Isto também tem impacto nos casos legais contra outras seguradoras holandesas. Todas venderam produtos semelhantes de unidades vinculadas na época”, afirmaram analistas do KBC em resposta ao veredicto contra a NN. “Após a aquisição da Aegon NL, a ASR agora possui 2,4 milhões desses produtos de unidades vinculadas pendentes“, acrescentaram.

A NN diz que recorrerá da decisão interina para o Supremo Tribunal Holandês, e argumenta que o tribunal distrital interpretou erroneamente “a lei e as visões sociais na época em que os produtos de investimento foram vendidos”. Embora a decisão interina não tenha imposto uma obrigação imediata à NN para compensar os clientes, a empresa afirmou que o caso pode, em última instância, ter “consequências substanciais” do ponto de vista financeiro, que não podem ser estimadas de forma eficaz nesta fase. A ASR diz que vai estudar a decisão e decidir se recorre ao Supremo Tribunal, tendo recusado declarações. Entre 2008 e 2010, as seguradoras holandesas pagaram coletivamente cerca de 3 biliões de euros em compensações por políticas semelhantes, mas vários grupos de consumidores entraram com ações argumentando que a compensação foi muito baixa.

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Korean Re com sólido desempenho apesar de catástrofes naturais

  • ECO Seguros
  • 1 Outubro 2023

No primeiro semestre de 2023, a Korean Re, resseguradora de Seul, anunciou resultados financeiros impressionantes, com um lucro líquido de 268.9 biliões de wons, revelando uma notável recuperação.

A resseguradora Korean Re revelou os resultados financeiros referentes ao primeiro semestre de 2023, com lucro líquido de 268,9 biliões e lucro de subscrição de 215,3 biliões de wons sul-coreanos. No mesmo período do ano anterior, a resseguradora com sede em Seul demonstrou lucro líquido de 67,0 biliões e lucro de subscrição de 107,6 biliões de wons.

De acordo com a companhia, apesar de ter sido afetada por perdas relacionadas a incêndios na Hankook Tire e decorrentes do terremoto na Turquia, houve uma melhoria significativa no desempenho dos negócios de seguros de vida e de longo prazo, bem como em algumas linhas de negócios comerciais. A resseguradora gerou um rendimento de investimento de 127,5 biliões. Houve um aumento nos ganhos de avaliação devido a uma nova abordagem na classificação de ativos financeiros de acordo com o IFRS 9.

A Korean Re também observou que, sob o IFRS 17, os ganhos e perdas cambiais em obrigações de contratos de seguro são reclassificados do lucro e prejuízo de seguros (P&L) para rendimentos e despesas financeiros de seguros, que é um subitem do P&L de investimentos. A receita de seguros totalizou 2.981,9 biliões de wons no primeiro semestre de 2023, 5,9% menor em comparação com os 3.168,3 biliões de wons reportados no mesmo período do ano anterior.

De acordo com a resseguradora, uma das principais mudanças na demonstração de resultados com base no IFRS 17 é o reconhecimento da receita com base em acréscimos, não em base de caixa, o que permite que a receita reflita os serviços prestados e exclua depósitos. Componentes de investimento não distintos são excluídos do P&L de seguros. O lucro operacional foi de 342,8 biliões de wons, composto por 215,3 biliões de lucro de subscrição e 127,5 biliões em rendimento de investimentos.

A resseguradora afirmou: “em 2023, a Korean Re começou a divulgar os seus resultados trimestrais com base nas novas normas, o IFRS 17 e o IFRS 9. Os números comparativos do ano anterior podem não ser totalmente comparáveis com os números de 2023 divulgados de acordo com o IFRS 17 e o IFRS 9, porque os números de 2022 para o negócio de seguros são apresentados com base no IFRS 17, enquanto os números correspondentes para o negócio de investimentos ainda se baseiam no IAS 39”.

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Federação Nacional da Educação considera proposta do PSD “bastante positiva”

  • Lusa
  • 1 Outubro 2023

A Federação Nacional da Educação considerou "bastante positiva" a proposta do PSD, pagamento do tempo de serviço dos professores em cinco anos, contrariando "intransigência" do Governo.

A Federação Nacional da Educação (FNE) considerou este domingo “bastante positiva” a proposta do PSD, que pretende o pagamento do tempo de serviço dos professores faseado por cinco anos, questionando se o Governo “se vai manter intransigente”.

“Esse anúncio, vêmo-lo, por um lado, de uma forma bastante positiva, porque é o assumir da possibilidade e da justiça da recuperação de todo o tempo de serviço que esteve congelado, (…), por outro lado, vai ao encontro daquilo que foi a nossa disponibilidade para o encontro de uma recuperação faseada”, comentou à Lusa secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, lembrando que “em causa é a totalidade do tempo, ou seja, os seis meses e 23 dias”.

Pedro Barreiros disse ainda que a FNE vê o anúncio dos sociais-democratas “com um misto de preocupação”, no sentido do que será a “leitura feita” pelo Governo.

“(…) A pergunta que nós também temos de fazer é se o PS, nomeadamente o Governo, considera que esta proposta do PSD é possível e prevê já alguma coisa para o Orçamento [do Estado] para 2024 ou se, por outro lado, se vai manter intransigente, conforme tem estado, até agora, em relação a esta matéria da recuperação do tempo de serviço”, salientou.

O secretário-geral da FNE lamentou ainda não haver aproximação do Governo e do Ministério Educação.

“Estamos (…) num cenário em que há um Governo inflexível que não permite, há um Presidente da República que quer abrir um espaço negocial, há o maior partido da oposição que diz o inverso daquilo que o Governo diz e há depois os professores que querem ver o seu tempo de serviço recuperado e que obviamente olharão com bons olhos para aquilo que é a posição do PSD”, acrescentou.

A Lusa também contactou a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), mas ainda aguarda resposta.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou no sábado que o partido vai propor o pagamento faseado por cinco anos do tempo de serviço dos professores, atribuindo 20% em cada ano.

O PSD propõe ainda a dedução, em sede de IRS, das despesas daqueles professores que se encontram deslocados a mais de 70 quilómetros da área de residência.

Esta segunda-feira, vão realizar-se quatro reuniões no Ministério da Educação com os sindicatos representativos dos professores, sobre o regime jurídico de habilitação profissional para a docência na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário.

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Lusitania fecha 16 agências e coloca 100 em teletrabalho

Seguradora do Montepio avança com reestruturação da rede comercial: 20 trabalhadores de saída, 100 em teletrabalho e 16 balcões encerrados.

A seguradora Lusitania vai avançar com uma reestruturação da sua rede comercial. O plano passa pelo encerramento de 16 dos 23 balcões e pela saída de 20 trabalhadores, enquanto o restante pessoal, cerca de 100 trabalhadores, adotará o regime de trabalho remoto.

Fonte da Lusitania refere que “a operação da rede comercial continuará a assegurar a cobertura integral do território nacional e sai reforçada em termos de capacidade de resposta, por força da agregação das equipas de apoio nos já referidos espaços”, acrescentando que no futuro contarão com “uma vasta equipa comercial, munida das ferramentas de trabalho adequadas e apoiada por equipas experientes”.

A companhia afirma responder “aos desafios e exigências dos clientes e das atuais condições dos canais de distribuição, que passam por uma maior agilidade na resposta às necessidades dos clientes e dos agentes e pela disponibilização de múltiplos canais de contacto com a seguradora”

A Lusitania explica ainda que este passo é uma “evolução e simplificação da rede comercial, no sentido de garantir que a mesma fica ainda mais próxima da rede de distribuição, com uma ação comercial mais focada e a definição do esforço adequado ao perfil de cada distribuidor, estando previsto, paralelamente, o reforço dos canais de contacto com os serviços internos da companhia”.

No domínio de meios acrescidos para os 100 colaboradores que permanecem, a Lusitania garante que “foram dadas todas as condições de trabalho, desde material informático a material de escritório, para desempenharem as suas funções em regime móvel, junto dos agentes, pontualmente presencial, nos espaços próprios, ou em teletrabalho”.

Sindicato quer salvaguardar regras do teletrabalho

No entanto, Patrícia Caixinha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Seguradora (STAS), encetou um processo de esclarecimento sobre as condições apresentadas pela companhia aos colaboradores. “Tivemos acesso ao documento de proposta para prestação de teletrabalho e, após análise, fizemos divulgação interna na empresa para não assinarem e realizámos uma sessão de esclarecimento com trabalhadores”.

A presidente do STAS comprometeu-se, junto da direção de Recursos Humanos da Lusitania, a apresentar, esta segunda-feira, uma proposta do sindicato para alteração e melhoria do documento que enviaram aos trabalhadores na passada semana. “A Lusitania irá analisar a nossa proposta e vamos reunir nos dias seguintes para fechar um documento que, pela sua importância, terá de salvaguardar questões essenciais para quem ficará em regime de teletrabalho”, conclui Patrícia Caixinha.

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Açores lança concurso para maior obra portuária de sempre

  • Lusa
  • 1 Outubro 2023

Concurso público para a maior obra marítimo-portuária dos Açores foi agora lançada pelo Governo regional. O novo porto das Lajes, na ilha das Flores, tem um preço base de 172 milhões de euros.

O Governo dos Açores lançou um concurso público para a empreitada do novo porto das Lajes das Flores, na ilha das Flores, pelo preço base de 172 milhões de euros, considerada a “maior obra marítimo-portuária” da região. “Esta empreitada agora lançada pela Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, através da Portos dos Açores, S.A. é a maior obra marítimo-portuária já realizada na Região Autónoma dos Açores e vai permitir triplicar a capacidade de acostagem, garantindo novas e melhores condições de operacionalidade e um incremento substancial na capacidade de resposta de toda a infraestrutura portuária”, adiantou o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) em comunicado publicado na sua página da internet.

Segundo a nota, “quer pela sua dimensão, quer pelo fim a que se destina, quer pelas condições naturais a que está exposta, esta obra é de elevadíssima complexidade técnica, envolvendo um imenso esforço para assegurar a devida adequação das soluções de engenharia idealizadas para sustentar a infraestrutura portuária a longo prazo, tendo em conta as alterações climáticas que já se fazem sentir e que se projetam no futuro”.

“Com o novo porto, será assegurado o abastecimento de bens e a reposição plena da normal operação portuária, incluindo o tráfego de mercadorias, o transporte de passageiros e demais atividades fundamentais para o desenvolvimento socioeconómico da ilha das Flores”, assegura o executivo.

A Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas informa na nota que o concurso público para a obra foi publicado na sexta-feira em Diário da República. “O preço base do procedimento é de 172.000.000 euros, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, com um prazo de execução de 60 meses, havendo um prazo de apresentação de propostas de 60 dias”, lê-se.

A secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, já tinha definido esta obra, por diversas ocasiões, “como a mais importante do Governo dos Açores”.

A empreitada inclui, para além da reconstrução do molhe-cais, entre outros, trabalhos de dragagem, escavação, demolição e remoção dos restantes destroços do molhe anterior, o reordenamento do complexo portuário e a estabilização da falésia lateral ao acesso ao porto.

O Governo dos Açores salienta que “vai lançar a obra de proteção de emergência na ponte-cais do porto das Lajes das Flores, destruído pelo furacão Lorenzo e pela tempestade Efrain, mesmo sem comparticipação do Governo da República”.

Em outubro de 2019, o furacão Lorenzo destruiu o molhe do porto das Flores, o único porto comercial da ilha, que voltou a ser afetado, em dezembro de 2022, devido à passagem da tempestade Efrain.

“Após a passagem do furacão Lorenzo nos Açores em 2019 que, entre outras ocorrências, provocou um significativo e severo volume de danos no porto das Lajes das Flores, a prioridade foi sempre proporcionar condições de operacionalidade e segurança no local, como atestam as várias intervenções já realizadas”, lembra o executivo açoriano liderado por José Manuel Bolieiro.

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Países Baixos fecham maior jazida de gás da Europa devido ao risco sísmico

  • Lusa
  • 1 Outubro 2023

Os Países Baixos vão deixar de extrair metano da jazida de gás natural de Groningen, o maior da Europa e um dos dez maiores do mundo, devido ao risco sísmico.

Os Países Baixos vão deixar, a partir deste mês, de extrair metano da jazida de gás natural de Groningen, o maior da Europa e um dos dez maiores do mundo, devido ao risco sísmico.

De acordo com a agência Efe, o Governo já tinha optado pelo desmantelamento da jazida situada no norte do país devido aos efeitos secundários provocados pelas extrações de gás que debilitaram o subsolo da região, causando vários terramotos que afetaram habitações e edifícios, ao ponto de deixar alguns deles inabitáveis.

Apesar de estar agora a operar em níveis mínimos, a jazida continha ainda 2.800 milhões de metros cúbicos de metano, uma das maiores reservas de gás da Europa.

A operação no local é gerida pela Nederlandse Aardolie Maatschappij (NAM), uma empresa conjunta entre a neerlandesa Shell e a norte-americana ExxonMobil.

A controversa jazida de gás natural de Groningen – também conhecida como Slochteren, devido ao nome de uma pequena localidade nas proximidades – foi descoberta em 1959.

Em agosto de 2021, um terramoto de magnitude 3,6 na escala de Richter na localidade de Huizinge marcou o ponto de viragem: as autoridades já não podiam ignorar o risco sísmico provocado pela exploração de gás.

Em 2018, o primeiro-ministro liberal Mark Rutte, expressou o desejo do Governo dos Países Baixos de deixar de explorar gás em Groningen.

Na semana passada, o Conselho de Ministros demissionário confirmou como data final da extração o dia 1 de outubro.

O fim da produção não terá qualquer impacto no abastecimento na Bélgica, de acordo com o diário belga Le Soir.

No entanto, o funcionamento da jazida poderá ser reativado de forma “temporária e limitada” no caso de uma onda de frio intenso no inverno (se se verificarem temperaturas de -6,5ºC vários dias seguidos) ou, por exemplo, no caso de uma avaria em instalações de armazenamento.

A partir de 01 de outubro de 2024 começar-se-ão a desmantelar todas as instalações, de acordo com a agência Efe.

A jazida de Groningen foi uma fonte de abastecimento chave para grande parte da Europa ocidental e teve um grande peso nas finanças públicas neerlandesas desde que começou a sua produção.

No entanto, as centenas de terramotos, com magnitudes de até 3,6 na escala de Richter, causaram danos nas redondezas, levando as autoridades a ordenar o seu fecho.

O processo de fim da extração também se fez de forma gradual, já que o encerramento radical poderia também causar um aumento dos fenómenos sísmicos.

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Rota Sines-Brasil reduz viagem até 22 dias de olhos postos no hidrogénio verde e Mercosul

  • Lusa
  • 1 Outubro 2023

O Porto de Sines iniciou uma rota direta para o nordeste do Brasil que reduz até 22 dias a distância dos continentes favorecendo o hidrogénio verde brasileiro e o acordo comercial UE-Mercosul.

O Porto de Sines iniciou uma rota direta para o nordeste do Brasil que reduz até 22 dias a distância dos continentes e ambiciona ser um percurso importante no hidrogénio verde brasileiro e no acordo comercial UE-Mercosul.

“Ao estabelecer-se esta linha marítima regular direta entre Sines e Pecém, sem fazer escala, reduz muito o tempo que as mercadorias levam a chegar e vai potenciar o incremento das trocas”, disse à Lusa o cônsul de Portugal em Fortaleza, Rui Almeida, detalhando que, dada a situação geográfica, “Sines é o porto europeu mais próximo da América do Sul e Fortaleza é a cidade brasileira mais próxima de Portugal e da Europa”.

À Lusa, o diretor comercial do Complexo do Pecém, em Fortaleza, capital do estado do Ceará, no Nordeste brasileiro, explicou que esta rota, ainda em fase de teste, uma vez por semana, vem diretamente de Sines para o porto do Pecém “descarregando aqui a carga que pertence ao nordeste do Brasil, principalmente ao Ceará”.

“Alivia a carga aqui, alivia o peso e vai para Santos”, no estado de São Paulo, o maior complexo portuário da América Latina e um dos maiores do mundo, detalhou André Magalhães.

Esta rota, que está em negociações para ser alargada, ‘aproxima’ não só o Brasil à Europa, mas também a todo o continente asiático.

Agora, um dos grandes objetivos do Complexo do Pecém, alinhado com as ambições energéticas do Governo brasileiro, é capacitar as instalações para a exportação de hidrogénio verde, produzido através do processo de eletrólise da água (separação do oxigénio e do hidrogénio) e utilizado, principalmente, para a produção de fertilizantes para a atividade agrícola, mas que poderá ser usado como combustível e matéria-prima industrial para produtos farmacêuticos.

“Diminuir a dependência da Rússia, a gente vai ajudar nisso”, garantiu, referindo-se à invasão russa na Ucrânia.

Em maio, o Porto do Pecém anunciou um acordo com os Países Baixos para o transporte de hidrogénio verde entre os portos de Pecém e Roterdão, que terá a participação da empresa portuguesa EDP.

A acrescentar, no início do mês, o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior do Brasil anunciou que financiará, com recursos do Banco Mundial, em 90 milhões de dólares (cerca de 84 milhões de euros), projetos de infraestrutura necessários para a implementação de um polo de hidrogénio verde no porto marítimo de Pecém.

Em dezembro de 2022, a empresa portuguesa EDP gerou em São Gonçalo do Amarante, no estado brasileiro do Ceará, a primeira molécula de hidrogénio verde até agora criada no país e a primeira na América Latina.

Em julho último, após uma reunião bilateral no Palácio do Planalto com o Presidente brasileiro, Lula da Silva, o presidente executivo do grupo EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, numa resposta por escrito à Lusa, frisou que “o hidrogénio verde será um dos protagonistas na transição energética mundial nos próximos anos e integrar operações na vertente desse gás e de seus derivados é estar à frente no mercado de energia“.

André Magalhães adiantou que o objetivo é começar a exportar a partir de 2027.

“O porto de Roterdão [funcionará] como um hub na subida do hidrogénio verde e ele vai distribuir por todo o noroeste europeu e a Bélgica, (…) via Alemanha, através de pipelines. Esse é o início”, disse.

“Eu não duvido que daqui a pouco Portugal também esteja nessa conexão”, apostou, advertindo, contudo, que o porto de Sines terá de construir a infraestrutura necessária.

Outra das vantagens desta conexão Sines-Pecém é a possibilidade de o transporte de mercadorias ser intensificado após a assinatura do acordo comercial entre a Europa e o bloco do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai), que se espera que seja concluído no final do ano.

“Sines está extraordinariamente bem colocado do ponto de vista geográfico para ser a porta de entrada do Brasil na Europa”, enfatizou o cônsul de Portugal em Fortaleza, relembrando que “não bastam os portos, terá de haver também estrutura ferroviária”.

Ainda assim, Rui Almeida considerou que “os portos são fundamentais para que o agronegócio brasileiro consiga chegar à Europa o mais rapidamente possível e com menores custos”.

O Brasil ocupa atualmente a presidência semestral do Mercosul, que debate uma resposta conjunta às novas exigências europeias, para que o acordo que abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população do mundo, seja concluído.

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