Criatividade e inovação de mãos dadas no NEXXT Leiria

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  • 3 Dezembro 2024

O primeiro dia do NEXXT Leiria ficou marcado pela presença de vários empreendedores e caras conhecidas do grande público, que explicaram como a criatividade e a inovação podem disruptivas no mercado.

A segunda edição do NEXXT Leiria, que decorreu de 18 a 24 de novembro, arrancou com a presença de vários speakers que contaram um pouco das suas histórias de empreendedorismo e, muitas vezes, de coragem, que os levou a apostar no seu talento e criatividade para chegarem onde realmente desejavam.

O evento, que decorreu ao longo de sete dias, contou com conferências, conversas, workshops e inúmeras mesas redondas, mas foi também plataforma aberta de redes de contacto, com o objetivo de dar palco aos mais variados projetos económicos e criativos da região.

“Este evento não poderia acontecer noutra cidade. Em Leiria, queremos ser mais do que espectadores da mudança, queremos ser protagonistas da mudança. Queremos estar onde a inovação acontece, seja nas nossas escolas, nos palcos, nas ruas, nas nossas vidas. Ambicionamos que Leiria seja uma cidade propícia à inovação, seja na ciência, na tecnologia, nas artes, na economia criativa”, começou por dizer Gonçalo Lopes, presidente da Câmara Municipal de Leiria.

"O que controlar os dados vai controlar o mundo. Mas tudo aquilo que não puder ser automatizado vai explodir o valor. E o que é que não pode ser automatizado? A empatia e a criatividade. Então, qual é o grande desafio? Pensar nas pessoas.”

André Coelho, criador da marca NEXXT

Ainda na abertura do evento, André Coelho, criador da marca NEXXT, explicou que ainda “existem muitas questões sobre o futuro” e que é precisamente por isso que iniciativas como esta são importantes: “É impossível prever o futuro porque existem vários futuros. A única certeza que temos é que aquilo que poderá ser automatizado vai ser automatizado. E o que controlar os dados vai controlar o mundo. Mas tudo aquilo que não puder ser automatizado vai explodir o valor. E o que é que não pode ser automatizado? A empatia e a criatividade. Então, qual é o grande desafio? Pensar nas pessoas. Pensar a partir delas e pensar com elas. E essa é a razão pela qual estamos todos aqui reunidos, para pensarmos no futuro juntos”.

Fazer arte com música e inovação

Durante a manhã, as várias sessões dedicaram-se, sobretudo, à exploração das emoções através da arte, bem como o seu impacto em contexto profissional. Nesse sentido, Paulo Lameiro, da Musicalmente, veio apresentar o projeto “Amplify”, que acontece no seguimento do “Concertos para Bebés”, nos quais os pequenos são os “verdadeiros solistas” e os músicos apenas seguem os sons que eles vão fazendo para criarem música ao vivo.

Assim, o “Amplify” vem aumentar a capacidade de criação dos bebés ao desenvolver sensores, que serão colocados nas crianças, para medir a sua frequência respiratória e cardíaca, “tudo o que ajuda a medir a emoção do ser humano”, a fim de, depois, traduzirem “o que o bebé está a sentir para uma partitura musical”.

Esta solução inovadora mostra a adaptação a um mundo cada vez mais digital e tecnológico, mas os exemplos não se ficam por aqui. Ainda dentro do mundo da música, houve espaço para uma mesa redonda, intitulada “Leiria Music City: Innovation, Creativity, Arts & Culture”, na qual os especialistas Hugo Ferreira, da OMNICHORD; John Gonçalves, dos The Gift; e Maria Miguel Ferreira, Consultora de Inovação, deixaram mais exemplos de parcerias que devem acontecer, seja com novas tecnologias, política e marcas, para potenciar o setor.

"Primeiro, é preciso criar as condições para os músicos e um ecossistema musical. Segundo, é necessário que estas condições também aconteçam para apresentações ao vivo, tanto para os nossos como para os de fora. E a terceira etapa é quando já aparecem indústrias ligadas ao setor da música.”

Hugo Ferreira, da OMNICHORD

“Há três etapas que fomos aprendendo na criação de music city. Primeiro, é preciso criar as condições para os músicos e um ecossistema musical. Segundo, é necessário que estas condições também aconteçam para apresentações ao vivo, tanto para os nossos como para os de fora. E a terceira etapa é quando já aparecem indústrias ligadas ao setor da música. Se olharmos para Leiria como paradigma deste caminho, podemos ver algo em que a música ajudou a transformar uma cidade”, começou por explicar Hugo Ferreira.

Nesse seguimento, Maria Miguel Ferreira fez um paralelo entre a indústria musical e a tecnológica: “Tal como na área da tecnologia, as incubadoras 1.0 começaram por ser espaços que alugavam infraestruturas. Depois evoluíram e, hoje, o paradigma 4.0 das incubadoras já prevê que exista uma estrutura de suporte de serviços partilhados, uma estratégia de parcerias com empresas prestadoras destes serviços, que ajudem na profissionalização e em parcerias com os investidores de capital de risco. No entanto, no caso da indústria cultural e criativa, há diferenças. O capital de risco não se interessa minimamente por projetos na área da cultura, a não ser que tenha uma base tecnológica subjacente. Por isso, é importante trazer para as incubadoras quem conheça e consiga apoiar o acesso a fundos de financiamento na área cultura, bem como programas de aceleração”.

"Os apoios do privado só existem quando há público.”

John Gonçalves, dos The Gift

Por sua vez, John Gonçalves, acrescentou, ainda, a parceria com marcas como fundamental para o crescimento do setor e, para isso, deu o exemplo dos The Gift. “Nós, nos The Gift, temos sabido cativar alguns sponsors que nos permitem fazer os projetos. Temos conseguido falar a linguagem do mercado e tivemos a capacidade e o talento de juntar o produto artístico com os sponsors“.

O músico deu, ainda, alguns exemplos de parcerias que fizeram com várias marcas conhecidas do grande público, mas também mencionou algumas marcas da região, que os apoiaram no início de carreira e continuam a prestar esse patrocínio agora. Em ambos os casos, salientou que “os apoios do privado só existem quando há público”.

As marcas enquanto alavancas da arte

A importância das marcas como parceiras das artes continuou a ser destacada por Carlos Coelho, da Ivity Brand Corp, que na sua apresentação começou por dizer que “as marcas e as artes têm poderes que devem ser valorizados”: “É uma coisa esquisita separar as marcas da cultura. Como se a cultura fosse algo que pudéssemos prescindir ou se tivéssemos alguma outra forma de nos relacionarmos com o mundo que não fosse através da nossa capacidade cultural”.

Carlos Coelho explicou, por isso, que as marcas, para terem sucesso, devem responder a três corpos, nomeadamente, o corpo físico, o corpo emocional e o corpo espiritual. “Precisamos de unir os três corpos para unificar. Inicialmente, as marcas surgiram para responder às necessidades do corpo físico, mas depois tiveram de acrescentar a emoção ao que vendiam para torná-lo mais interessante e atrativo e, agora, eu acredito que caminhamos para uma terceira geração, onde as marcas têm de ver para além do visível e conectar com aquilo que não é o óbvio, com estreita ligação com a natureza”, revelou.

A mesma opinião foi partilhada por Lourenço de Lucena, da Blug Group, que acrescentou que a tecnologia pode ajudar nesse caminho, mas se usada com equilíbrio. “A tecnologia trouxe enorme conveniência. Faz parte da dinâmica dos nossos tempos e está cá para nós facilitar a vida, mas tornou-nos preguiçosos, apáticos sensoriais, mais distantes. Então como podemos ser mais físicos e mais humanos num tempo em que somos empurrados para a tecnologia? De que forma as nossas marcas podem capitalizar a fisicalidade? De que forma podemos dar corpo sensorial para que as experiências sejam mais humanas?”, questionou.

"Um grande incentivo que as artes trazem muito para a indústria é esta ideia de autonomia e de emancipação. O grande desafio que tem de ser lançado é que o tempo da liberdade não é um tempo de passar tempo.”

José Teixeira, da DST GROUP

O responsável apresentou alguns exemplos de como a tecnologia e a arte podem ajudar nisso, como a criação de uma música associada a uma marca, algo que ele faz com o objetivo de despertar o lado sensorial dos clientes que, quando escutam determinados sons, vão sentir emoções positivas que, por consequência, acabam relacionadas à marca. Além do lado auditivo, Lourenço de Lucena vai mais longe e fala, também, de se associarem cheiros a marcas, algo que ele também faz, criando fragrâncias que, de igual forma, despertam sensações positivas em quem as cheira e que, por exemplo, ao entrar numa loja que tenha um difusor com esse ambientador vai associar isso àquele lugar.

“Um grande incentivo que as artes trazem muito para a indústria é esta ideia de autonomia e de emancipação. O grande desafio que tem de ser lançado é que o tempo da liberdade não é um tempo de passar tempo”, disse, por sua vez, José Teixeira, da DST GROUP, mais focado em perceber o lado dos trabalhadores neste benefício da arte no âmbito profissional. “Como ouvimos os trabalhadores para lá dos muros presentes? Só com a liberdade das artes é que consegue fazer isto”, garantiu.

José Teixeira afirmou mesmo que “pela nossa natureza, nós somos artistas”, mas essa liberdade de ser vai sendo perdida à medida que as pressões da vida e das profissões são impostas. “A experiência do trabalho hoje é algo que tem de mudar completamente, isto porque vivemos no trabalho com uma ausência cinestésica”, disse, mas alertou que isso é uma “clara oportunidade” para as empresas começarem a fazer diferente.

Infelicidade como facilitador da mudança

As sessões da manhã terminaram duas histórias de sucesso, nas quais a infelicidade serviu como motor para uma mudança de vida e de inspiração para muitas outras pessoas. Trata-se da história de Madalena Carey, fundadora da Hapiness Business School, e de Catarina e Filipe, mais conhecidos por All Aboard Family.

“A Happiness Business School é uma academia para a felicidade corporativa, que visa alavancar estruturas de trabalho mais sustentáveis”, começou por dizer Madalena Carey, que partilhou que esta iniciativa surgiu fruto da sua própria infelicidade, uma vez que foi diagnosticada com depressão aos 10 anos e, depois de terminar uma licenciatura, decidiu ir para a Austrália, onde começou a estudar sobre psicologia positiva e a perceber de que forma poderia ajudar outras pessoas a não passarem pelo mesmo.

Depois de perceber que a maior parte das pessoas com quem falava se sentia infeliz por questões laborais, a decisão de criar esta academia consolidou-se. “Como melhoramos? Olhando para as equipas e organizações como seres humanos e não como máquinas. A felicidade no trabalho assenta em dois pilares: resultados e relações”, disse.

"Como melhoramos? Olhando para as equipas e organizações como seres humanos e não como máquinas. A felicidade no trabalho assenta em dois pilares: resultados e relações.”

Madalena Carey, Hapiness Business School

O mesmo ponto de partida (infelicidade) também foi o que motivou o casal Catarina e Filipe a vender todos os seus bens materiais, inclusivamente a casa onde viviam, para partirem à aventura, viajando o mundo, na altura apenas com um filho, mas agora com três. Assim nasceu o projeto All Aboard Family, no qual tinham como objetivo partilhar duas coisas: como uma doença não pode paralisar uma vida e como viajar com filhos é possível e enriquecer para as crianças.

Filipe Almeida tem insuficiência renal e, desde que começou a fazer hemodiálise, sentiu que estava a ganhar vida, mas que não a estava a aproveitar. Já Catarina Almeida era team líder numa multinacional, mas questionava o que saberia fazer além daquilo e, com a doença do marido, ganhou o mesmo ímpeto de avançar: “Há um dia em que eu, muito zangada no meu trabalho, digo ao Filipe ´vamos dar a volta ao mundo´. Disse-lhe que íamos criar a nossa página para podermos partilhar a nossa história, com as nossas missões. Vendemos tudo e com esse valor fomos descobrir o mundo com o Guilherme, com dois anos”.

Educar através da arte

A segunda parte do evento, durante a tarde, começou com uma mesa redonda, intitulada “O poder das Emoções; A educação ligada à natureza, à música e ensino”, da qual fizeram parte Luís Brito e Faro, da Brave Generation Academy; Vanessa Aires, da KETI KETA, CreativeYou, TORKECC; e Ricardo Cardoso, fundador da escola das emoções.

“Eu tenho uma convicção muito forte de que nós somos pouco mais do que emoções. Podemos acrescentar a questão da mente e do pensamento, mas nada existe sem o nosso poder emocional. E isso sente-se nas empresas quando os trabalhadores não conseguem comunicar que não estão motivados. Tudo isso é o poder das emoções”, começou por dizer Ricardo Cardoso.

Esta convicção foi corroborada por Vanessa Aires, que acrescentou: “Há muitos profissionais que não estão conectados com as suas emoções. E isso acontece muito porque não aprendemos a fazer essa navegação pelas emoções. A verdade é que emoções todos temos, são inatas, mas é preciso saber navegar nelas. O desafio é chegar a essas pessoas, principalmente as que lidam com crianças, e ensiná-las a navegarem essas emoções”.

"Há muitos profissionais que não estão conectados com as suas emoções. E isso acontece muito porque não aprendemos a fazer essa navegação pelas emoções. A verdade é que emoções todos temos, são inatas, mas é preciso saber navegar nelas.”

Vanessa Aires, da KETI KETA

A importância de explorar as emoções desde criança e de ter orientadores, como progenitores, professores e educadores, a ajudar nesse caminho é fundamental. E foi com esse objetivo em mente, de permitir uma navegação mais livre nas emoções, que nasceu a Brave Generation Academy. A escola tem, de acordo com Luís Brito e Faro, “um modelo de aprendizagem auto dirigida, na qual o aluno percebe onde está, para onde quer ir, e escolhe o plano que tem de fazer para lá chegar. Percebe, ainda, quais são as suas paixões e explora isso”.

Ainda dentro de projetos dedicados à educação, Rui Amado e Gil Jerónimo apresentaram o Projeto Mus-e, que tem como objetivo promover a inclusão em contexto escolar através do desenvolvimento das áreas de expressão artística nas escolas. Atualmente, o projeto marca presença em 12 países e 265 cidades, e conta com 1022 artistas.

Em Leiria, estão presentes na EB1 Marrazes e Gil Jerónimo garante que têm conseguido, com o uso da expressão artística, fazer com que “os alunos conheçam melhor a cidade e promovam a tal inclusão na sua própria cidade”. Rui Amado acrescentou também que “o artista Mus-e é, principalmente, alguém que olha para a sociedade e para o mundo e que, com a sua arte, consegue falar sobre isso”.

Inclusão na expressão do talento

A inclusão também foi a inspiração para a criação do projeto social “Mundu Nôbu”, que empodera e inspira jovens de comunidades menos representadas a atingirem todo o seu potencial individual e coletivo através da educação, da participação cívica e da celebração cultural. Dino Santiago, criador do projeto, revelou: “Acima de tudo, o principal objetivo é fazer com que eles sintam com que a “Mundo Nôbu” é uma família, que mesmo passados aqueles três anos, vai continuar a ser uma família”.

Atualmente, o projeto, totalmente gratuito, é exclusivo para residentes dos bairros sociais do município de Lisboa, com idades entre os 14 e os 18 anos. “Esta faixa etária é importante porque é quando alguns comportamentos e decisões começam a afetar de forma importante a vida adulta. A primeira pergunta que lhes fazemos é como imaginam o seu futuro. A maioria das respostas carregam muita dor e solidão e temos de criar espaço para estes jovens saírem do modo de sobrevivência”, esclareceu Liliana Valpaços, também responsável pelo projeto.

"Não existe tradução para a palavra futuro nas línguas que se falam em Moçambique. E isso já diz muito. Mas todos os dias aprendia algo novo com aquelas crianças.”

Luís Mileu, Fotógrafo/Designer

O tema da inclusão foi também mote de uma mesa redonda, dedicada a perceber o projeto “Futuros Presidentes”, da qual fizeram parte Jorge Trindade, Big Fish; Luís Mileu, Fotógrafo/Designer; e Ricardo Henriques, Copywriter. “Este projeto nasce da necessidade de darmos visibilidade ao trabalho de 10 anos da ONG Helpo, que trabalha com crianças em idade escolar para garantir que elas conseguem estar na escola, em Portugal e Moçambique”, começou por dizer Jorge Trindade.

“Numa primeira fase, estivemos nas comunidades e divulgamos esse trabalho em cada comunidade. Depois, houve uma segunda fase, na qual demoramos 2/3 meses, para amadurecer as entrevistas e retratos que fomos fazendo”, explicou Luís Mileu. Estas entrevistas e retratos culminaram numa exposição, onde, de acordo com Ricardo Henriques, que entrevistou muitas crianças, se podia aprender muito com os seus relatos: “Não existe tradução para a palavra futuro nas línguas que se falam em Moçambique. E isso já diz muito. Mas todos os dias aprendia algo novo com aquelas crianças”.

Mas o que é o talento?

Apesar de o talento poder ser o ponto de partida para a inclusão, ele também pode ser a força motriz do propósito de cada pessoa. A questão é: sabe-se mesmo o que é um talento? Para Tiago Forjaz, da The Epic Talent Society, “a maior parte das pessoas não sabe distinguir uma skill de um talento”. “Um talento é algo que eu faço e eu gosto, mas eu posso escolher aplicá-lo de maneiras diferentes e essa aplicação é uma skill“.

A mesma pergunta também foi respondida por Raquel Machado, da BLIP – a Flutter Company, que não hesitou em dizer que a maior parte das pessoas desconhece os seus talentos e, por causa disso, “vão aceitando desafios profissionais que nem sempre ressoam com o que gostam”. “Sabiam que as empresas que investem na identificação e desenvolvimento do talento individual têm um resultado de 29% superior de lucro do que as que não fazem nada? Isto não é acaso nem coincidência. Mas sim uma estratégia usada pelas melhores empresas da Forbes 500”, revelou.

Para Rita Sambado, da The School of Being, encontrar o nosso talento parte de sair da zona de conforto e de outros dois aspetos, nomeadamente “ter uma visão extraordinária e começar grande”, sem medos, e “ter o coração lá”, reforçando que o mais importante é a pessoa sentir que aquilo lhe faz sentido. “Não interessa se quem está ao lado gosta ou entende. O que interessa é que é nosso. Só assim vamos ter o entusiasmo suficiente para continuarmos. Vamos, cada um de nós, tornar a nossa visão tão irresistível que não tem como não se tornar inevitável”, garantiu.

"Talentos podem ser identificáveis. E quando são identificáveis, eles começam a ser mais objetivos porque nos permitem construir planos de ação muito mais concretos.”

Raquel Machado, BLIP - a Flutter Company

O talento também foi o ponto de partida para a mesa redonda “Talento 4.0 – Capital Humano na Era Digital”, na qual Raquel Machado, BLIP – a Flutter Company, afirmou: “Talentos podem ser identificáveis. E quando são identificáveis, eles começam a ser mais objetivos porque nos permitem construir planos de ação muito mais concretos”.

Esses planos de ação concretos podem passar, muitas vezes, por implementar novas medidas dentro das empresas, que deixem os seus colaboradores mais livres, fator que todos concordam ser muito valorizado hoje em dia. João Mota, da Void Software, explicou que, na empresa, têm “a possibilidade de teletrabalho implementada” há muitos anos, mas, com “o fenómeno da COVID, agora passou a ser standard”, e isso fez com que houvesse “uma perda de cultura da empresa”, algo que considera abrir oportunidade para novas medidas com vista a atração de talento.

Estas remodelações acabam por ser necessárias e Paulo Pinto, da La Redoute, explicou isso muito bem, usando o exemplo de renovação na equipa de recursos humanos da sua empresa. “Criamos um programa de recursos humanos muito forte, que era o VOCÊ. Esse programa consistiu numa nova equipa de RH, sem vícios, e que tivesse vocacionada para criar valor nas pessoas, com vista a enfatizar a componente humana”, disse.

Nesse sentido, João Bogalho, da Leadzai, reforçou que as pessoas devem procurar as pessoas certas para as suas organizações serem bem sucedidas: “As pessoas certas têm de ter os valores da organização. São pessoas que entendam o que queremos resolver e que contribuem”. Para isso, Paulo Martins, da Incentea, considera importante colocar tudo o que é talento, ou seja, o que se gosta de fazer, no CV. “Há tantas coisas que não pomos no nosso CV e que nos trazem valor para o que queremos construir. Todos vivemos com um propósito e temos de ter uma visão clara do que queremos. Primeiro, é importante para o colaborador sentir a empresa como uma família, na qual quer construir algo e da qual receberá o retorno financeiro”, disse.

O papel dos líderes

Esta valorização, captação e fomento de talento partem, muitas vezes, do tipo de líderes que estão à frente das organizações. “O que nós mais gostamos é de líderes que nos inspiram, que nos fazem fazer”, referiu João Arozo, da Leadzai. No entanto, nem todas as pessoas que podem ser líderes, a começar pelas suas próprias vidas, decidem sê-lo, mas a mudança começa por aí. Quem o disse foi Sofia Castro Fernandes, criadora do blog “Às 9”.

“Há muita gente que tem a oportunidade de mudar e, ainda assim, continua em cima do prego. E as pessoas que estão a vida toda sentadas em cima de um prego encontram sempre desculpas para não fazerem nada. O importante aqui é perceber qual é o difícil que vou escolher. Vou ficar a trabalhar com este cliente difícil ou vou à procura de outros clientes? Ambas as escolhas são difíceis, então qual é o difícil que eu vou escolher?”, exemplificou.

"É muito importante nós, líderes, sentirmos e ouvirmos as preocupações da nossa equipa. E, com isso, adaptar a nossa liderança de forma a sermos mais transparentes na nossa comunicação e encontrarmos maneiras de recompensar as nossas equipas.”

Sónia Calado, do Grupo DRT

Nesse sentido, várias líderes presentes na última mesa redonda do evento dedicada ao tema, explicaram o que era uma boa liderança para elas. Sónia Calado, do Grupo DRT, ressalvou a importância de liderar com sensibilidade: “É muito importante nós, líderes, sentirmos e ouvirmos as preocupações da nossa equipa. E, com isso, adaptar a nossa liderança de forma a sermos mais transparentes na nossa comunicação e encontrarmos maneiras de recompensar as nossas equipas”.

Para Tânia Galeão, do Instituto Educativo do Juncal, trata-se de “trabalhar com o coração”. Para isso, a responsável garante que se coloca muito no lugar dos outros e que isso a ajuda: “Eu acho que é o facto de me envolver como se fosse um aluno, como se um professor, uma não docente. Tento não perder o foco nem o que se quer para a escola, mas envolvo-me muito”.

“Nós temos de servir e a nossa missão é servir no sentido de ter a capacidade de aferir as expectativas das pessoas. Acima de tudo, queremos manter o bem-estar das pessoas, as respostas adequadas às suas necessidades, e, para isso, temos de estar permanentemente a ouvir”, concluiu Catarina Louro, da Câmara Municipal de Leiria.

NEXXT Leiria 2024

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Lagos reforça orçamento para o próximo ano em 27%

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

A Assembleia Municipal de Lagos aprovou o orçamento municipal para 2025, no valor de 124,4 milhões de euros, mais 27% do que para este ano, priorizando a habitação, abastecimento de água e educação

A Assembleia Municipal de Lagos, no Algarve, aprovou o orçamento municipal para 2025, no valor de 124,4 milhões de euros, mais 27% do que para este ano, priorizando a habitação, abastecimento de água e educação, foi hoje anunciado.

O Orçamento e Grandes Opções do Plano do município do distrito de Faro foram aprovados na segunda-feira por maioria, com 16 votos a favor do PS, seis abstenções do PSD (3), CDU (2) e BE (1) e os votos contra do Chega (1) e do movimento Lagos Com Futuro (2).

Os documentos de planeamento financeiro para o próximo ano foram aprovados pelo executivo municipal no final de novembro, também por maioria, com os votos a favor dos quatro vereadores do PS e com as abstenções dos dois eleitos do PSD.

O total da receita e da despesa prevista ascende a 124.406,400 euros, um aumento de 26,312 milhões de euros em relação a este ano, cujo orçamento rondou os 98 milhões de euros, com 61 milhões agora afetos ao Plano Plurianual de Investimento.

As áreas da habitação, abastecimento de água, ensino não superior, indústria e energia, administração geral e proteção do meio ambiente e conservação da natureza, consomem 75% dos 61 milhões afetos ao plano, refere a autarquia em comunicado.

O investimento em habitação é uma das principais prioridades, com uma verba destinada de mais 14,1 milhões de euros, que inclui a construção de 260 fogos a custos controlados, no âmbito do programa 1.º Direito.

Seguem-se as áreas do abastecimento de água (9,3 milhões), ensino não superior (8,7 milhões), indústria e energia (5,4 milhões), administração geral (4,8 milhões) e da proteção do meio ambiente e conservação da natureza (4 milhões), detalhou o município.

Segundo a autarquia, as “opções estratégicas, investimentos e ações foram alinhados com os objetivos de desenvolvimento sustentável, cujo desempenho tem estado a ser monitorizado através de um conjunto vasto de indicadores que integram o índice de sustentabilidade municipal”.

Ao nível de impostos, o município vai abdicar da totalidade da taxa (5%) de participação no IRS sobre os rendimentos, no seguimento do plano, “em manter a política de desagravamento fiscal das famílias e empresas”.

Já no Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) a autarquia vai aplicar uma taxa de 0,8% para os prédios rústicos e de 0,3% para os prédios urbanos avaliados.

Ao nível fiscal vai ser mantida a minoração em 30% da taxa de IMI para os imóveis intervencionados na Área de Reabilitação Urbana (ARU) da cidade ao abrigo da concessão de licenças de utilização emitidas em 01 de dezembro de 2023 e 30 de novembro de 2024.

Vai ser igualmente mantida a majoração para o triplo da taxa de IMI para os prédios devolutos há de mais de um ano e para os prédios em ruínas situados na ARU, refere a autarquia.

Por outro lado, será aplicada uma redução na taxa de IMI tendo em conta o número de dependentes e não será lançada qualquer cobrança de derrama para as empresas.

“Num período em que a inflação tem um impacto cada vez maior nas vidas das famílias e na economia local, a autarquia lacobrigense pretende manter estas medidas de apoio como forma de mitigação desses encargos”, conclui.

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Casais suspende atividade na Alemanha pela primeira vez em 30 anos

O líder da construtora bracarense justificou a decisão com o difícil momento que o setor enfrenta no país, adiantando que "não há edificação".

Presente no mercado alemão desde 1994, o Grupo Casais tomou a decisão de suspender a atividade na Alemanha, aquele que foi “o berço da internacionalização do Grupo Casais”, confirmou o CEO da empresa de construção. De acordo com António Carlos Rodrigues, “não há edificação” no país neste momento.

Vamos suspender a nossa atividade na Alemanha pela primeira vez em 30 anos“, adiantou o empresário, numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto.

De acordo com a informação divulgada no site do grupo de construção, a Alemanha foi “o berço da internacionalização do Grupo Casais”, sendo que o primeiro projeto da empresa no país foi a requalificação de um quarteirão da cidade de Halle (Saale) e, “desde então, temos vindo a empreender obras nos mais diversos setores, nomeadamente edifícios públicos, residenciais, comerciais, escritórios, desportivos, industriais, infraestruturas hidráulicas, obras de engenharia, entre outros”, refere o site.

CEO da Casais, António Carlos RodriguesRicardo Castelo

“Nos últimos anos, temos executado predominantemente edifícios, entre os quais, as empreitadas Friends Tower, Bavaria Towers e Nockherberg, em Munique”, acrescenta a empresa na sua página da Internet.

Três décadas volvidas, a empresa não tem projetos que justifiquem manter a atividade no país, focando a sua atenção noutros mercados, com o CEO da Casais a destacar que a atividade internacional tem um impacto significativo nas contas.

Com cerca de 50% das receitas nos mercados internacionais — peso já foi maior, mas Portugal tem vindo a recuperar –, “temos de crescer lá fora porque sabemos que o nosso mercado não é elástico“, admite.

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Marcelo promulga com reparo diploma do Governo sobre contratação de médicos

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

O Presidente da República lamenta "que se regresse a um procedimento centralizado do concurso na Administração Central do Sistema de Saúde, por incapacidade atual das ULS devido a falta de meios”.

O Presidente da República promulgou esta terça-feira o diploma que altera o decreto-lei que estabelece um regime especial para admissão de pessoal médico na categoria de assistente, mas lamentou que se regresse a um concurso centralizado.

Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa deixa um reparo, “lamentando que se regresse a um procedimento centralizado do concurso na Administração Central do Sistema de Saúde, I.P., por incapacidade atual das Unidades Locais de Saúde devido a falta de meios, e o que isso implica de indefinição em áreas importantes do Serviço Nacional de Saúde”.

Nesse sentido, e “atendendo à urgência invocada pelo Governo na contratação de pessoal médico na categoria de assistente”, o Chefe de Estado promulgou o diploma que procede à alteração do Decreto-Lei n.º 41/2024, de 21 de junho, que estabelece um regime especial para admissão de pessoal médico na categoria de assistente.

O decreto-lei estabelecia um regime especial de admissão de pessoal médico, na categoria de assistente da carreira médica das entidades públicas empresariais integradas no Serviço Nacional de Saúde e da carreira especial médica.

O Presidente da República também promulgou o diploma que procede à alteração do Decreto-Lei n.º 82/2009, de 3 de abril, fixando o montante do suplemento remuneratório a pagar aos médicos que exerçam funções de autoridade de saúde.

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Câmara de Famalicão aprova orçamento de 219 milhões de euros para 2025

Câmara famalicense inscreveu um "investimento recorde de mais de 77 milhões de euros", o que representa um aumento de 98% face a 2024, “para avançar e dar continuidade a obras fundamentais".

Conferência Famalicão.30. - Estratégia de Desenvolvimento de V. N. Famalicão para 22-30 - 13JAN23
Presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Mário PassosRicardo Castelo/ECO

O município de Vila Nova de Famalicão aprovou um orçamento de 219 milhões de euros para 2025, valor que o Executivo considera ser o “maior de sempre da história das contas da autarquia”. Liderada por Mário Passos, a câmara famalicense antecipa um “investimento recorde de mais de 77 milhões de euros”, o que representa um aumento de 98% face a 2024, “para avançar e dar continuidade a uma série de obras fundamentais para o futuro” do concelho nortenho.

Em causa estão projetos “com impacto no dia-a-dia dos famalicenses” em áreas como ambiente, habitação, educação, saúde, desporto, vias e acessibilidades, assinala o presidente da autarquia. Entre as empreitadas, Mário Passos elenca a construção do centro de atletismo, das novas piscinas municipais de Famalicão e de um conjunto de intervenções no parque escolar concelhio, designadamente as obras na Secundária Padre Benjamim Salgado, em Joane.

Na área da saúde, o autarca social-democrata dá conta das “intervenções estruturais” em São Miguel-o-Anjo (Joane), nas Unidades de Saúde Familiar (USF) Urbana e do Vale do Este, e na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Ruivães e Landim. Acrescem as empreitadas de beneficiação da rede viária, nomeadamente nas estradas municipais 572, 562, 571 e 571-1 e na Avenida Marechal Humberto Delgado, além da construção de uma nova rotunda na via intermunicipal de ligação a Mogege.

[São projetos] sustentados em contas municipais sólidas, responsáveis e equilibradas, mas ao mesmo tempo na grande capacidade que a autarquia tem demonstrado de captação e execução de fundos comunitários.

Mário Passos

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

Para o autarca, estes são projetos “sustentados em contas municipais sólidas, responsáveis e equilibradas, mas ao mesmo tempo na grande capacidade que a autarquia tem demonstrado de captação e execução de fundos comunitários”.

O município contabiliza ainda um saldo corrente de mais de 2,8 milhões de euros neste orçamento para 2025 e o reforço dos apoios diretos concedidos às freguesias na ordem dos 8,4 milhões de euros.

A autarquia decidiu ainda baixar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Depois de, em 2023, Mário Passos ter reduzido o IMI dos 0,35 para os 0,34, passa agora em 2025 para os 0,335. Desde que a autarquia baixou o imposto em 2023, já abdicou de arrecadar 1,6 milhões de euros para os cofres municipais.

As famílias com um dependente terão uma dedução de 30 euros no IMI, enquanto os agregados com dois filhos terão uma dedução de 70 euros e as famílias com três ou mais dependentes terão uma dedução de 140 euros.

A câmara famalicense vai manter a taxa de 1,2% sobre o lucro das empresas para aquelas cujo volume de negócios seja superior a 250 mil euros. Todas as outras ficam isentas do pagamento da derrama. O município mantém igualmente nos 4,5% a participação do município no Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS).

O Executivo famalicense decidiu ainda não mexer no tarifário para o ano de 2025 da tarifa de Recolha de Resíduos Sólidos Urbanos assim como do Serviço Público de Transporte Regular de Passageiros. Já a tarifa de abastecimento de água e saneamento sofrerá uma atualização à taxa de inflação de 2.1% que apenas será aplicável a partir do 3.º escalão.

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“Há uma concentração absurda de poder nas mãos da distribuição”, afirma CEO da Media Capital

O CEO da Media Capital aponta baterias às operadoras de telecomunicações e também à Microsoft, dona da Open AI.

“O que se está a passar no audiovisual é uma concentração absurda de poder nas mãos da distribuição. Em Portugal, não podia ser mais bem representada do que a situação que vivemos hoje em dia na SportTV. 97 a 98% da distribuição da televisão em Portugal está no capital da SportTV, que tem vindo a acumular direitos que tradicionalmente eram distribuídos através da televisão aberta”. A afirmação é de Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital, que na conferência “A Sustentabilidade dos media em Portugal”, organizada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que está a decorrer esta terça-feira, na Assembleia da República, aponta baterias às operadoras de telecomunicações e também à Microsoft, dona da Open AI.

Em relação ao futebol, com o campeonato nacional transmitido há mais de uma década na SportTV, Morais Leitão afirma que a compra dos direitos televisivos dos jogos em casa do Moreirense, há duas semanas, “é um pequeno contributo” para “quebrar essa situação absurda que foi criada há dez anos”. “Temos a esperança de que a sociedade se aperceba de que por muito que seja bom pagar generosamente aos clubes de futebol através da SportTV, não faz sentido concentramos todos os direitos do principal campeonato desportivo português num único canal de fechado”, afirma o responsável.

O CEO da Media Capital defende ainda que os novos canais que têm aparecido no cabo, como o V+, SIC Novelas e o Now, são todos muito condicionados pela situação da distribuição. “Não decidimos lançar um novo produto com a expectativa de criarmos maior relação com o utilizador final e maior possibilidade de gerar receitas através do utilizador final. Fazemo-lo em grande medida porque acreditamos que a partir daí gerarmos mais receitas para o nosso negócio através do negócio da distribuição e isso não é bom”.

Pedro Morais Leitão diz que “não é bom que sejam outras entidades a decidir qual a posição na grelha em que fica cada um dos nossos canais e não é bom que sejam eles a determinar qual o valor que cada canal vai receber”. Em suma, “nada disso é bom e creio que nem é bom para os próprios distribuidores, que querem controlar todo o sistema mas, na prática, não é bom para eles que o façam“, reforça.

A Microsoft, dona da Open AI, criadora do ChatGPT, foi também criticada pelo responsável do grupo. “É chocante o que se passa com a Microsoft em Portugal”, atira. “Está há 30 anos em Portugal, tem relações comerciais com qualquer dos grupos de comunicação social, cobra licenças de software de valor de centenas de milhares de euros todos os anos para cada um destes grupos e recusa-se a reconhecer a obrigação de pagar qualquer coisa pelos direitos de autor que as suas plataformas estão a abusar diariamente“, acusa

“A Open Ia percorre os nossos sites todos os dias, recolhe informação dos nossos sites, para depois produzir peças que estão a valorizar permanentemente a Open AI e a sua plataforma”, descreve o responsável. “É chocante e exigiria intervenção regulatória imediata”, afirma na conferência da ERC.

Nicolau Santos concorda que há “efetivamente um problema com distribuidores” e defendeu uma ação concertada a nível europeu para enfrentar as grandes plataformas tecnológicas. “Não é que acredite muito nisso, porque até agora os passos têm sido muito pequenos e os resultados não se têm mostrado significativos. Mas, país a país, não será possível“, apontou o presidente da RTP.

Também Francisco Pedro Balsemão, que começou a sua intervenção dizendo que mais do que falar em sustentabilidade do setor o foco devia estar no crescimento, concordou com a distribuição é um fator para os media. “Este negócio está sequestrado pela distribuição. No audiovisual, no digital e no papel“, resumiu o CEO da Impresa.

 

(artigo atualizado às 14h15)

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Stellantis anuncia “comité executivo interino” até arranjar substituto de Carlos Tavares

Conselho de administração da Stellantis cria comité executivo interino para gerir a empresa até ser nomeado o sucessor de Carlos Tavares, que deixou a liderança da fabricante automóvel no domingo.

Depois do anúncio, no domingo, da saída de Carlos Tavares do cargo de CEO da Stellantis, a empresa revelou esta terça-feira que o processo de nomeação do sucessor do gestor português estará concluído na primeira metade de 2025. Até à nomeação do novo CEO, a fabricante automóvel vai ser dirigida por um comité executivo interino liderado por John Elkann.

Em comunicado, a Stellantis detalhou que o processo de nomeação do substituto de Carlos Tavares “está em curso” e a ser “gerido por um comité especial do conselho de administração”. Por enquanto, é implementado “com efeitos imediatos” um comité executivo interino que “será responsável pela direção e supervisão da companhia em nome do conselho de administração”, acrescenta a empresa.

Esta equipa de transição, além do chairman John Elkann, será composta por seis vice-presidentes executivos e um conselheiro especial que vai atuar como “elemento de ligação junto da equipa de liderança”, que será Richard Palmer, antigo administrador financeiro da empresa.

Fazem ainda parte do comité executivo interino outros nove executivos com responsabilidades nas áreas de Recursos Humanos e Património; Engenharia e Tecnologia, Software e Free2move; Fabrico e Cadeia de Abastecimento; Planeamento; Finanças; Afiliadas; e as marcas e operações da Stellantis nas diferentes regiões do mundo.

O grupo Stellantis anunciou, no domingo, que o conselho de administração, sob a presidência de John Elkann, “aceitou a demissão de Carlos Tavares do cargo de CEO com efeitos imediatos”, embora tenha anunciado, em meados de outubro, que o gestor português iria sair do grupo e reformar-se em 2026.

Mas, no comunicado divulgado no domingo, a administração da Stellantis refere que a saída de Carlos Tavares foi antecipada devido a “visões diferentes” que emergiram nas últimas semanas entre o então CEO, os acionistas e os administradores.

Entre os problemas mais destacados estão os resultados dececionantes alcançados este ano, marcados por uma forte queda das vendas e dos lucros. Só nos primeiros seis meses de 2024, a fabricante de automóveis, que tem uma unidade em Mangualde, registou uma queda de 48% dos lucros e uma contração de 15% das receitas líquidas face à primeira metade do ano passado.

A estratégia de Carlos Tavares, frequentemente descrita como focada no curto prazo, além de um estilo de gestão “implacável”, que alienou concessionários, fornecedores e políticos, exacerbou a situação no terceiro trimestre, provocando uma queda anual de 27% da faturação e uma desvalorização de 45% das ações da Stellantis.

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PRR é “oportunidade perdida” para a transição elétrica na mobilidade, lamenta Pires de Lima

Os gestores criticam o facto dos fundos do PRR terem sido usados para suprir necessidades de investimento público e lamentam que estes fundos tenham falhado o objetivo de acelerar a transição elétrica

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) falhou em promover a transição elétrica na mobilidade, revelando-se uma “oportunidade perdida”, defende António Pires de Lima, CEO da Brisa. O empresário lamenta ainda que o PRR tenha sido “desenhado para suprir deficiências de investimento público”. Uma crítica acompanhada pelos líderes da Luz Saúde e da Casais, que apontam ainda o dedo à elevada carga burocrática e regulatória que as empresas enfrentam, limitando-as na sua competitividade.

“O PRR é uma oportunidade perdida para a transição elétrica na mobilidade“, atirou Pires de Lima, numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto. Para o CEO da Brisa, o investimento “é muito limitado para que as empresas possam apostar em postos de carregamento fora das grandes cidades, ou para trocar carros antigos” por elétricos.

A participar num painel com a CEO da Luz Saúde, Isabel Vaz, e o CEO do Grupo Casais, António Carlos Rodrigues, o líder da Brisa adiantou “o PRR passou praticamente ao lado da Brisa“, demonstrando que a empresa “não dependia para o seu crescimento e desenvolvimento do orçamento do estado e destes investimentos de orçamento público”.

De acordo com o responsável, a forma como o PRR foi desenhado e questões como a burocracia levam a que “uma boa parte das empresas não esteja à espera do PRR para tratarem da sua vida”.

Também Isabel Vaz, líder da Luz Saúde, destacou que “continuamos a ser pouco exigentes, no retorno do investimento que o Estado faz“, lamentando que muito do dinheiro envolvido em projetos como o PRR “terá sido gasto em gastos correntes e não em investimento”. Num momento em que a Europa está a perder competitividade para os Estados Unidos e para a China, Isabel Vaz refere que, no caso de Portugal, há ainda um problema de escala.

“Temos um problema, que é sermos um país pequenino. Temos uma Europa que tende a regular em vez de fazer” e Portugal ainda acrescenta pontos ao que vem da Europa, o que resulta em “custos muito grandes das empresas“, aponta Isabel Vaz. “A Europa está competir com China e EUA, numa Europa que é muito complexa de gerir”, destaca.

Para a líder do grupo de saúde, “as empresas são de facto pequenas em Portugal“, num mundo em que “a grande competição entre as empresas vai ser pela tecnologia”, o que vai exigir elevados investimentos. “Na saúde temos um budget cada vez mais superior em termos de investimento em tecnologia.”

CEO da Casais, António Carlos RodriguesRicardo Castelo

António Carlos Rodrigues, CEO da Casais, destacou que o Orçamento do Estado para 2025, aprovado na última sexta-feira, com algum alívio fiscal para as empresas “é um sinal” positivo, “mas não é suficiente”, destacando que Portugal fica atrás de outros países em termis de impostos, perdendo competitividade.

Em relação a outros temas do orçamento, o empresário elogiou a “visão integrada”, focada na aposta em infraestruturas, nomeadamente no setor dos portos e da ferrovia. “É um caminho para criar este ecossistema”, aponta.

Empresários são responsáveis por saída de talento

No que diz respeito à retenção de talento, António Pires de Lima considera que as empresas têm que assumir responsabilidades, destacando que não estão a ter capacidade para oferecer empregos “à medida” dos jovens que hoje saem das universidades. “É manifesto que os empresários portugueses, com um tecido empresarial comandado por micro e pequenas empresas, não estão em condições de oferecer a esta geração empregos à sua medida”.

“É mau que este investimento que estamos a fazer nas pessoas – todos os anos produz 50 a 60 mil jovens licenciados – seja parcialmente desaproveitado, porque há cerca de um terço desses jovens que não encontra sua condições para prosseguir a vida em Portugal“, lamentou o líder da Brisa, realçando que, neste campo, não se pode atribuir as culpas ao Estado. “Temos que reconhecer as nossas responsabilidades”, adiantou, destacando que cabe às empresas oferecer “propostas de trabalho que atraiam os jovens para os reter”.

Apesar de apontar responsabilidades aos empresários, Pires de Lima não deixa de apontar que a questão do esforço do ponto de vista fiscal, ao nível do IRS e do IRC, também tem impacto na saída de talento, notando que “é positivo que tenha existido o compromisso possível entre partidos da AD e o PS para que este modelo de IRS jovem possa estar ativo para não penalizar tanto jovens até 35 anos e tenha estabilidade”.

Para Isabel Vaz, “mais do que os jovens irem para fora, o problema é que não estamos a atrair os jovens de outros países para cá. O nosso saldo migratório está negativo”.

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Serviço público de media “é indispensável” para espaço público democrático

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

"A RTP e todos os outros serviços públicos de media proporcionam uma base sólida para a concorrência de qualidade a montante", apontou Josef Trappel, professor da Universidade de Salzburgo.

O professor da Universidade de Salzburgo Josef Trappel afirmou esta terça-feira que o serviço público de media “é indispensável” para qualquer espaço democrático e que os media têm de estar equipados com meios para competir com as plataformas digitais.

O académico falava na abertura da conferência “Informação como bem público: Regulação mediática e políticas públicas”, promovida pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Na sua intervenção, Trappel salientou que o serviço público de media “desempenha um papel muito distinto tanto na qualidade quanto na excelência do jornalismo”.

A RTP e todos os outros serviços públicos de media proporcionam uma base sólida para a concorrência de qualidade a montante“, prosseguiu Josef Trappel.

Ao utilizar dinheiro público, competem com o setor comercial privado em benefício de toda a população”, mas, “ao mesmo tempo, o serviço público de media está isento da plena concorrência, uma vez que não é inteiramente livre para conceber os seus programas de acordo” com as alegadas necessidades e desejos da população, referiu.

Deste modo, “são economicamente privilegiados, mas com conteúdo restrito“, mas “em qualquer caso, a sua atuação é indispensável para qualquer espaço público democrático”.

Na sua intervenção, salientou que para “abordar qualidade, diversidade e jornalismo de excelência, as empresas de media precisam estar equipadas com meios para competir em pé de igualdade com as plataformas digitais de comunicação”.

Tendo em conta a atual situação económica do jornalismo e do negócio dos media, precisam de ser “exploradas” novas fontes de rendimento”.

Josef Trappel avançou ainda três hipóteses para discussão mais aprofundada: a primeira, o jornalismo tem “um futuro brilhante”, uma vez que as pessoas regressarão às notícias profissionais sempre que a incerteza prevalecer.

Em segundo, “o jornalismo independente requer fundos e apoio” e, por último, “o papel e a importância das agências reguladoras dos media aumentam juntamente com a legislação supranacional para proporcionar condições de concorrência equitativas para as redações editoriais e as plataformas de comunicação digital”.

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Agência alemã admite financiar projeto de lítio da Savannah até 257 milhões

"É um passo fundamental para a construção de uma solução completa de financiamento do projeto", realça o CEO, Emanuel Proença.

A Savannah Resources, empresa que tem a concessão para a exploração de lítio em Boticas, anunciou que recebeu uma carta de interesse da Euler Hermes, agência de crédito que atua em nome do Governo alemão, que abre a hipótese de esta agência vir a garantir até 270 milhões de dólares para o projeto em Portugal.

A Euler Hermes confirmou, nesta comunicação não vinculativa, a “elegibilidade em princípio” para a Savannah receber uma Garantia de Empréstimo Desvinculado para um empréstimo de até 270 milhões de dólares para a construção do projeto de lítio da mina do Barroso, em Boticas. 80% de um empréstimo seria garantido pela República Federal da Alemanha.

Este potencial apoio financeiro pressupõe uma contrapartida: o fornecimento de lítio à Alemanha através do acordo Heads of Terms da Savannah com a AMG para concentrado de espodumena durante dez anos.

É um passo fundamental para a construção de uma solução completa de financiamento do projeto“, realça o CEO, Emanuel Proença, citado no comunicado, ao mesmo tempo que assinala a oportunidade de custos e juros mais baixos para os acionistas que esta garantia de empréstimo proporciona. A Savannah afirma que continuará o seu trabalho juntamente com outras fontes potenciais de financiamento, até fechar a estrutura que melhor defenda os seus acionistas e o projeto.

Segue-se uma análise (due dilligence) por parte dos financiadores alemães e dos seus consultores, de forma a avaliar questões económicas, técnicas, jurídicas e de sustentabilidade associadas a este financiamento, de forma a consubstanciar a decisão final.

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Presidente da ERC defende “cooperação e entreajuda” para o desenvolvimento sólido nos media

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

Helena Sousa espera também que o debate promovido pela ERC com deputados esta terça "seja produtivo" e que as "palavras se transformem em escolhas" e estas últimas "em ações concretas" no setor.

A presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) defendeu esta terça-feira que é preciso “cooperação e entreajuda” para o desenvolvimento “sólido e íntegro” dos media, salientando que a “informação é um bem público”.

Helena Sousa falava na abertura da conferência “Informação como bem público: Regulação mediática e políticas públicas”, promovida pelo regulador, que está a decorrer na Sala do Senado, na Assembleia da República, em Lisboa.

“Na casa da democracia, a ERC retoma as conferências anuais enquanto espaço de debate aberto a todos os cidadãos” e “bem precisamos deste exercício”, afirmou a presidente do órgão.

“Precisamos de reflexão, pensamento, contraditório e, no essencial, precisamos de cooperação e de entreajuda para o desenvolvimento sólido e íntegro de um setor que serve os consumidores e, acima de tudo, serve os cidadãos“, sublinhou a presidente da ERC, no discurso da abertura, onde sintetizou os vários temas que vão ser abordados na conferência, e agradeceu o apoio do presidente da Assembleia da República.

O apoio do Estado “ao setor é sempre matéria de grande sensibilidade, está a ser discutida há muito ainda com poucas consequências concretas”, prosseguiu a académica.

“Esperamos que o debate” que decorre durante a tarde com os deputados “seja produtivo” e que as “palavras se transformem em escolhas” e estas últimas “em ações concretas” no setor.

“A informação é um bem público”, rematou Helena Sousa.

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Governo suspende todas as reuniões com bombeiros após protestos

Uma manifestação de sapadores, não comunicada às autoridades, fez-se ouvir esta terça-feira pelas ruas de Lisboa, mobilizando-se junto à sede do Governo, levando à suspensão das negociações.

Bombeiros Sapadores manifestaram-se junto ao Campus XXI, onde decorria a reunião entre o Governo e os sindicatos representativos dos bombeiros para a revisão da carreiraMIGUEL A. LOPES/ LUSA

Depois de uma manifestação de Bombeiros Sapadores marcada pelo lançamento de petardos e bombas de fumo esta terça-feira, o Governo decidiu suspender todas as reuniões com os sindicatos com vista à valorização salarial destes profissionais e à criação de um suplemento de risco.

Os encontros previstos para 13 e 20 de dezembro também foram, para já, cancelados, revelaram ao ECO o presidente do Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP), Sérgio Carvalho, e o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), José Abraão. As estruturas sindicais “não aceitam o fim das negociações e continuam disponíveis para reunir”, salvaguardou Abraão.

Dezenas de bombeiros sapadores manifestaram-se em Lisboa, nas imediações do edifício Campus XXI, sede do Governo, onde decorria mais uma reunião entre os sindicatos e o Governo esta manhã. Os profissionais exigiam melhores condições salariais e lançaram inúmeros petardos e bombas de fumo, num protesto ruidoso que não terá sido comunicado às autoridades.

Na sequência desta manifestação, o Executivo decidiu, inicialmente, suspender temporariamente o encontro. “O Governo suspende de imediato reunião negocial com representantes dos sapadores, por não aceitar negociar perante formas não ordeiras de manifestação. Não estão em causa, até ao momento, as condições de segurança. As negociações poderão ser retomadas se e quando forem assegurados o respeito pelo diálogo e tranquilidade no exercício do direito de manifestação”, disse ao ECO fonte oficial do Governo.

Este era quarto encontro entre o Executivo e as estruturas sindicais com vista à valorização da carreira de bombeiro. Cerca de uma hora depois, o Governo acabou por romper mesmo com o processo negocial, cancelando todas as reuniões já previstas, sem marcar novas datas.

À saída da reunião desta terça-feira com o Governo, António Pascoal, subchefe do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), afirmou que “os sindicatos não planearam qualquer manifestação”. “Isto não é uma manifestação, é uma concentração de bombeiros”, insistiu, em declarações transmitidas pela SIC Notícias.

Segundo o jornal Observador, que cita fonte da Direção Nacional da PSP, tratou-se de uma “manifestação não comunicada dos Bombeiros Sapadores”, que teve “concentração inicial no Quartel do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Alvalade, na Avenida Rio de Janeiro, seguindo-se desfile até ao edifício do Campus XXI, na Avenida João XXI”.

O Ministério da Coesão Territorial, que tutela os bombeiros, tinha proposto, na última reunião, que se realizou a 25 de novembro, um aumento salarial entre 15% e 20% até 2026 e um subsídio de risco de 37,5 euros por mês, em 2025, e de 67,5 euros, no ano seguinte. Mas, em contrapartida, quer baixar o ordenado de início de carreira de 1.075,85 euros para 1.017,98 euros, o que é altamente contestado pelas estruturas sindicais.

O caderno reivindicativo comum, assinado por quatro sindicatos, estabelece um aumento do salário de ingresso do bombeiro sapador de 204,87 euros, passando de 1.075,85 euros para 1.280,72 euros mensais brutos e um suplemento de risco mensal de 400 euros até 2026, tal como foi acordado para PSP, GNR e Forças Armadas. Esta proposta é subscrita pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP). De fora ficou o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS).

“Traçámos umas linhas vermelhas. Abaixo disso não estamos legitimados a aceitar. Reduzimos a nossa proposta inicial e agora estamos à espera de boa vontade da parte do Governo. Esperamos retomar as negociações de imediato, ainda hoje”, afirmou António Pascoal. Expectativa que ficou defraudada com a suspensão de todo o processo negocial pelo Executivo.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h34)

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