Quatro seguradoras na corrida à compra da Esure

  • ECO Seguros
  • 3 Novembro 2024

A seguradora que vende 91% através de sites comparadores de preços foi colocada à venda pela gestora de fundos de investimento Bain. Ageas, Allianz, Aviva e os finlandeses da Sampo estão interessados.

A insurtech britânica Esure foi colocada no mercado pela sua atual proprietária, a gestora de fundos Bain Capital, que a adquiriu em 2018 por 1,21 mil milhões de libras. Segundo a Bloomberg, os conselheiros financeiros estão a lançar o valor de 1,5 mil milhões de libras e estão a procurar seguradoras com interesse em reforçar presença no Reino Unido.

Segundo a Bloomberg a Ageas estará na primeira linha após ter rompido a negociação com a Direct Line, uma concorrente da Esure. Também a Allianz e a Aviva são apontadas pela Bloomberg que revela que o Hastings Group, pertencente à gigante finlandesa Sampo, teria manifestado interesse em estudar a compra logo que se esta hipótese foi conhecida.

O Esuregroup faturou 2 mil milhões de libras em 2023, com prejuízo líquido de 60 milhões, mas está a crescer negócio 17% durante este ano. Com 102% de rácio combinado no ano passado e 92% em 2022, o grupo vende 91% dos seguros através de sites comparadores de preços e 8% através do canal direto.

Tem produtos automóvel e habitação e usa as marcas Esure, e First Alternative, como alternativas quanto ao perfil de risco dos clientes, e Sheilas’ Wheels claramente dirigido a mulheres automobilistas. O ramo automóvel significa 75% do seu negócio sendo o restante habitação.

Segundo dados recolhidos por ECOseguros, o mercado de seguro automóvel no Reino Unido vale 19 mil milhões de libras por ano, tendo como líder o AdmiralGroup (marcas Admiral, Bell e Diamond) com 13% de quota e 4,9 milhões de veículos segurados. Com cerca de 12% de quota estará a Direct Line, que também usa Churchill e Privilege como marcas e a Aviva que usa igualmente a Quotemehappy.com como canal comercial.

Nenhuma das partes quis confirmar as informações e não há data prevista para evolução do negócio.

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Afinal, ministra recua e fecha a porta a greve nas polícias

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

O MAI esclareceu que a discussão do direito à greve na polícia não fará parte das negociações previstas para janeiro com as associações sindicais, após as declarações da ministra Margarida Blasco.

O Ministério da Administração Interna esclareceu hoje que a discussão do direito à greve na polícia não fará parte das negociações previstas para janeiro com as associações sindicais, após as declarações da ministra Margarida Blasco.

No encerramento do congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) Margarida Blasco afirmou: “Vamos começar no dia 6 de janeiro um conjunto de revisões e é um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa. Neste momento não vou dizer se sim ou se não, porque vai ter de ser submetido a um estudo“, quando questionada pelos jornalistas sobre se estava disposta a conceder o direito à greve aos polícias.

Contudo, horas depois, um esclarecimento do Ministério da Administração Interna enviado às redações refere que “a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve”.

No final do congresso, que decorreu em Lisboa, a questão do reconhecimento do direito à greve na polícia foi abordada pelo presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, que destacou que esse ponto é há muito tempo reivindicado pelos sindicatos e manifestou mesmo a sua satisfação pela abertura demonstrada pela ministra.

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Oito Estados da OPEP+ mantêm cortes na produção de petróleo

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

Um conjunto de Estados que integram o grupo OPEP+ vão prolongar os cortes na produção de petróleo até ao final de dezembro, para trvar a queda dos preços.

Vários membros da aliança petrolífera OPEP+, liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia, anunciaram este domingo o prolongamento dos cortes na produção de petróleo até ao final de dezembro, pretendo contrariar a recente queda dos preços nos mercados.

Em comunicado publicado no seu portal, a aliança declarou que Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã “concordaram em prolongar por um mês os seus cortes voluntários de 2,2 milhões de barris por dia em mais um mês, até ao final de dezembro de 2024”.

A decisão destina-se a sustentar o preço do americano WTI e do Brent, referência para a Europa, perto dos 70 dólares, perante uma incerteza da procura e um aumento da oferta.

O anúncio surge um mês depois de uma reunião do comité ministerial conjunto de supervisão da OPEP+, que reúne os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros aliados, como a Rússia, ter decidido aumentar gradualmente a oferta a partir do início de dezembro, depois dos cortes da produção nos últimos dois anos.

Entre uma das medidas acordadas nessa reunião figurava o aumento de 180.000 barris diários no mês de dezembro, a cargo de oito dos 22 países da aliança.

A próxima reunião dos ministros da OPEP+ está marcada para o início de dezembro, em Viena, onde está sediada a OPEP, mas este anúncio vai empurrar o aumento da produção para o próximo ano.

Assim, a retoma da produção entrará em vigor três meses depois do inicialmente previsto, uma vez que na última reunião ministerial, em junho, OPEP e aliados previam o aumento da saída de barris já em outubro.

A agência France-Presse (AFP) assinala que os preços do petróleo têm sido prejudicados, desde há vários meses, pelas incertezas económicas – destacando-se a China, o segundo maior mercado e o principal motor do aumento da procura mundial – e nos Estados Unidos da América, de onde se aguardam os resultados das eleições de 05 de novembro.

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Alexandra Nunes nomeada diretora da Área de Especialidades da Aon Portugal

  • ECO Seguros
  • 3 Novembro 2024

Há mais de 30 anos no setor segurador, Alexandra Nunes começou sua carreira em 1991, passando por diversas seguradoras nacionais e internacionais antes de ingressar na Aon.

A Aon Portugal anunciou a nomeação de Alexandra Nunes como Diretora da Área de Especialidades, cargo que acumula com a Direção de Sinistros, função que já desempenha desde 2021.

Alexandra Nunes, que integrou a Aon em 2016, “tem liderado a gestão de sinistros da totalidade da carteira de clientes da corretora e em especial pelo acompanhamento próximo dos sinistros mais complexos.”

Carlos Freire, CEO da Aon Portugal, destaca a importância dessa nomeação: “Esta é uma das áreas de grande relevância na Aon, considerando que agrega o expertise das diversas Specialties à função relevante de Gestão de Sinistros (consultoria e gestão de sinistros).” Também elogia o conhecimento técnico e jurídico de Alexandra, enfatizando que esta combinação “terá um impacto muito positivo junto dos nossos clientes e do mercado.”

Há mais de 30 anos no setor segurador, Alexandra Nunes começou sua carreira em 1991, passando por diversas seguradoras nacionais e internacionais antes de ingressar na Aon. Formada em Direito, com uma pós-graduação em Gestão de Empresas pela AESE Business School, traz uma sólida bagagem técnica para a nova função.

Sobre o novo desafio, Alexandra comenta: “Estou muito entusiasmada com este novo desafio e com este novo ciclo na Aon, reforçando o meu contributo para continuarmos a oferecer as melhores soluções aos nossos clientes.”

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5ª Conferência: O que devem esperar empresas de seguros em 2025

  • ECO Seguros
  • 3 Novembro 2024

Carla Sá Pereira, partner de seguros da consultora EY, abriu a 5ª conferência ECOseguros abordando as perspetivas económicas do país e quais as estratégias das empresas nacionais e europeias.

Carla Sá Pereira, Partner, Insurance, Consulting Financial Service EY, preparou a audiência para o que deve esperar o ecossistema dos seguros em 2025.Hugo Amaral/ECO

A emergência da Inteligência Artificial, como ponto de absolutamente relevante no atual meio envolvente dos seguros, foi um dos pontos extra destacados por Carla Sá Pereira Partner, Insurance, Consulting Financial Service EY na intervenção inicial da 5ª Conferência ECOseguros A EY, é uma consultora de topo no setor segurador, parceira do ECOseguros desde o nosso início em 2019, e Carla Sá Pereira voltou a exercer uma capacidade de síntese exemplar para ilustrar os principais indicadores, ameaças, oportunidades e incertezas que vão condicionar o setor no próximo ano, em toda a cadeia de valor, em Portugal e no mundo

Veja, ou reveja, a intervenção da Carla Sá Pereira:

A 5ª Conferência ECOseguros com o tema geral “Os seguros como parceiros do crescimento económico e da proteção social” teve lugar na passada semana em Lisboa, no Centro Cultural de Belém.

Empresas que apoiam a Conferência

A 5ª Conferência ECOseguros foi possível devido ao apoio recebido de importantes protagonistas do setor segurador, permitindo o acesso gratuito aos profissionais inscritos. As companhias de seguros apoiantes foram a Ageas Seguros, Allianz, Azuaga, BPI Vida e Pensões, Caravela, CA Seguros, Fidelidade, GamaLife, Generali Tranquilidade, Mgen, Mútua Saúde, Prévoir e Real Vida.

Entre as corretoras e mediadoras de seguros, apoiaram a 5ª Conferência a Innovarisk Seguros, MDS, NacionalGest e Universalis/Acrisure.

Entre as tecnológicas estiveram Cleva, lluni, MPM e RandTech Computing.

Entre protagonistas especiais na área dos seguros estiveram presentes a Broseta – Advogados, EY, Future HealthCare e NTT Data.

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Bolo-rei vai sair mais caro este Natal. Matérias-primas inflacionam preço dos doces

Com o preço do cacau, manteiga e açúcar a disparar, os doces de Natal vão ficar mais caros. Pasteleiros asseguram que ajuste "não é suficiente" para cobrir o preço que pagam pelas matérias-primas.

O aumento dos preços do cacau, da manteiga e do açúcar está a ter um impacto significativo nos preços da pastelaria em Portugal. Com o Natal quase à porta, os pasteleiros vão ter que ajustar os preços, o que vai acabar por pesar na carteira dos consumidores.

Estes aumentos nos preços das matérias-primas estão a pressionar os produtores a repassar os custos adicionais para os consumidores. Como resultado, os preços dos doces de Natal aumentaram quase 20%. Por exemplo, o preço do bolo-rei aumentou cerca de um euro em comparação com o ano passado”, diz ao ECO a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP).

A Confeitaria Petúlia, localizada na zona da Boavista (Porto), famosa pelo bolo-rei, não aumentou o preço o ano passado fixado em 20 euros por quilo. No entanto, este Natal o produto pode ficar ligeiramente mais caro, embora não esteja definido o preço final. “Estamos a conversar para fazer algum reajuste no preço final para o consumidor (principalmente no Bolo-rei), nada que vá refletir o aumento que temos sentido“, afirma Filipe Moreira, pasteleiro da Confeitaria fundada em 1972 por Ilídio e Maria Amélia Pinto.

Passado mais de meio século, a Confeitaria Petúlia, que tem à frente do negócio Jorge e Eurico Pinto, dois dos quatro filhos dos fundadores, emprega 25 pessoas e fatura 1,1 milhões de euros.

Estamos a conversar para fazer algum reajuste no preço final para o consumidor, nada que vá refletir o aumento que temos sentido.

Filipe Moreira

Pasteleiro da Confeitaria Petúlia

Filipe Moreira detalha que as sultanas (do género de uvas passas usadas no bolo-rei), que normalmente vêm da Turquia, estão a um preço “absurdo”.O ano passado comprávamos sultanas a dois euros o quilo e a agora estamos a compra-las a cinco euros”, contabiliza. Durante dezembro, a Confeitaria Petúlia, vende mais de dez mil unidades de bolo-rei, embora também comercialize o produto o ano todo, já que é o produto estrela.

Fundada em 1995, por Milu Borralho e Pedro Ferrão, o bolo-rei da Padaria e Pastelaria Flor de Aveiro, localizada em Aveiro, tem vindo a ganhar vários prémios desde 2013. O ano passado, foi distinguido como o “Melhor dos Melhores” no Concurso Nacional organizado pelo Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA). O medalhado bolo-rei aveirense custa 25 euros por quilo e “para já mantém o mesmo preço”, diz Corina Cotafe, filha de Milu Borralho. A responsável admite que “vão ajustar alguns valores, mas não consegue adiantar se o ajuste vai aplicar-se ao bolo-rei”, receita original da Milu, com fabrico artesanal.

Nas palavras da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, o “cacau enfrenta uma das piores crises nos últimos 40 anos” e é caso para dizer que o aumento do preço está a amargar o negócio. A associação que representa o setor contabiliza ao ECO que o preço do cacau subiu “136% entre julho de 2022 e fevereiro de 2024, impulsionados por problemas climáticos e doenças nas plantações”. Este aumento tem um impacto direto no custo de produção de chocolates e outros doces que utilizam cacau”.

O pasteleiro da confeitaria Petúlia assegura que “têm sentido esse aumento” no cacau e tudo o que sejam derivados. Filipe Moreira realça que “o preço da manteiga de cacau triplicou nos últimos seis meses”. “É a matéria-prima mais nobre do chocolate e acaba por influenciar o preço final”, destaca.

O cacau enfrenta uma das piores crises nos últimos 40 anos, com os preços a subir 136% entre julho de 2022 e fevereiro de 2024, devido a problemas climáticos e doenças nas plantações.

Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares

Fundada há 60 anos, por Afonso Cavaleiro, a Pastelaria O Afonso, com duas lojas (uma Coimbra e outra em Tentúgal), está a sentir o peso do aumento do preço das matérias-primas. “Nos últimos tempos, o preço da manteiga, ovos, açúcar e farinha subiu muito”, comenta Margarida Cavaleiro, filha do fundador que está à frente do negócio juntamente com a irmã Olga. Apesar de ainda não terem definido se vão aumentar o preço da doçaria, a responsável garante que os pequenos ajustes, que possam vir a ser feitos, “não são suficientes” para colmatar o preço que pagam pelas matérias-primas.

A manteiga na Europa foi negociada nos mercados mundiais a um recorde de 8.706 dólares por tonelada a 29 de setembro, um aumento de 78% em relação ao ano anterior, segundo os últimos dados oficiais da Comissão Europeia.

Em Portugal, dados da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação mostram que a “manteiga subiu aproximadamente 30% no último ano, impulsionado pela crescente procura e pela redução na oferta de leite em algumas regiões, afetando especialmente produtos de pastelaria que utilizem grandes quantidades de manteiga”.

No entanto, nem tudo são más notícias com a Confeitaria Petúlia a notar um decréscimo no preço do açúcar, ao contrário da manteiga e do cacau. O pasteleiro da confeitaria portuense diz que “o passado, um quilo de açúcar custava cerca de 1,20 euros o quilo e que neste momento está a pouco mais que 70 cêntimos”. Filipe Moreira nota que esta tendência é transversal à farinha, que viu os preços aumentar devido à Guerra na Ucrânia, que encareceu brutalmente o preço dos cereais, mas já está a estabilizar.

A Associação do Comércio e da Indústria de Panificação (ACIP) tem uma opinião diferente e refere que o “preço do açúcar tem aumentado cerca de 20% nos últimos meses devido a problemas climáticos que afetaram a produção em grandes países exportadores”, acrescentando que “este aumento reflete-se diretamente no custo de produção de doces”.

A somar ao aumento do cacau, manteiga e açúcar, Corina Cotafe, da Flor de Aveiro, recorda ainda que o “preço da fruta também aumentou”.

Bolo-rei da Padaria e Pastelaria Flor de Aveiro, bolo-reiPadaria e Pastelaria Flor de Aveiro

Face ao aumento dos custos das matérias-primas essenciais como o açúcar, a manteiga e o cacau, a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação adverte que ue “os consumidores podem esperar pagar mais pelos doces de Natal”.

O pasteleiro da Confeitaria Petúlia corrobora a ideia e considera que “a inflação no preço das matérias-primas acaba por “ter algum impacto” na carteira dos consumidores, embora considere que nesta altura natalícia as famílias “dão-se ao luxo” de ter produtos com mais qualidade na mesa de Natal.

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Construção do Terminal Intermodal de Leiria arranca na segunda-feira

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

A construção do Terminal Intermodal de Leiria (TIL), que substituirá a atual estação rodoviária, arranca na segunda-feira junto ao Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa.

A construção do Terminal Intermodal de Leiria (TIL), que custará mais de dois milhões de euros e substituirá a atual estação rodoviária, arranca na segunda-feira junto ao Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, anunciou a autarquia.

Em comunicado, a Câmara Municipal de Leiria referiu que “a empreitada tem um investimento estimado em 2.256.356,15 euros e deverá ser executada num prazo previsto de 270 dias (cerca de nove meses)”. “Além do transporte coletivo de passageiros das redes interurbanas e expressos, a nova infraestrutura receberá uma praça de táxis, uma estação da Biclis e ligação ao serviço Mobilis e ao Percurso Polis, permitindo a intermodalidade de meios de transporte, numa zona de fácil acesso a diversos serviços e equipamentos”, explicou.

A nova infraestrutura terá capacidade para 15 autocarros, um edifício para serviços administrativos e sala de espera para passageiros, uma praça coberta, uma zona de descanso exterior e uma bilheteira, o que totaliza 2.918 metros quadrados de área de construção.

Segundo a autarquia, “no centro da área de intervenção estará o edifício, que, com dois pisos, terá uma sala de espera com vista para todos os cais e com uma capacidade para 100 pessoas, um lounge para 20 utilizadores e uma área de encomendas”.

No primeiro andar, os serviços administrativos terão “uma sala de reuniões, quatro gabinetes, uma copa, instalações sanitárias, espaços de apoio e uma receção ao público para atendimento de apoio ao cliente”, acrescentou.

Numa “referência conceptual à silhueta da copa dos pinheiros, às células humanas (enquanto elemento de conexão) e aos diagramas dos transportes públicos”, toda a zona de circulação pedonal estará coberta por três estruturas de alturas diferentes, o que permitirá reduzir “o impacto de ocupação do solo”.

No que respeita à sustentabilidade, a autarquia destacou “a instalação de painéis fotovoltaicos numa das coberturas, com o objetivo de produzir energia suficiente para alimentar a iluminação exterior e interior, assim como a ventilação e a rede elétrica”, de forma a reduzir a pegada ecológica do TIL.

A Câmara de Leiria acrescentou que “o projeto prevê ainda a recolha das águas pluviais para reservatórios, podendo depois ser utilizada para manutenção dos espaços verdes, limpeza ou nas instalações sanitárias”.

A autarquia recordou que a decisão de construir este equipamento foi tomada “na sequência do processo de venda das atuais instalações do terminal rodoviário na Avenida Heróis de Angola”, o que a obrigou “a avançar com uma nova solução para garantir a continuidade da prestação” do serviço. “Pretende-se criar uma central que, ao contrário do que acontece atualmente, ofereça boas condições de estadia de passageiros e de circulação de autocarros”, frisou.

O modelo em que será desenvolvido o TIL “não irá condicionar a realização de eventos como a Feira de Leiria e a atividade no Estádio Municipal, devendo ser complementada com pontos de ancoragem no centro da cidade e junto às escolas”, garantiu.

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Reis de Espanha e Sanchéz suspendem visita depois dos protestos das populações

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

A visita dos reis e do presidente do Governo de Espanha à localidade de Chiva, uma das mais afetadas, foi suspensa depois dos protestos em Paiporta. Estão confirmados 217 mortos.

A visita dos reis e do presidente do Governo de Espanha, bem como do presidente da comunidade Valenciana à localidade de Chiva, uma das mais afetadas pelo mau tempo na última semana, foi suspensa depois dos confrontos em Paiporta. A decisão foi tomada depois das 15h00 locais (14h00 em Lisboa) e após os reis Felipe VI e Letizia terem abandonado a localidade de Paiporta pouco antes, no seguimento dos protestos com que foram recebidas as autoridades, noticia a agência espanhola Efe.

A comitiva onde seguiam foi recebida com apupos e insultos pela população de Paiporta, tendo o monarca sido também atingido com lama. Imagens de televisão mostraram muitas pessoas indignadas a receberem a comitiva com insultos e confrontaram-nos, enquanto o rei e a rainha tentaram mediar com os jovens que os abordaram.

O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, abandonou a comitiva presidida pelos reis na sua visita à localidade quando foi ativado o protocolo de segurança.

Felipe e Letizia, acompanhados por Pedro Sánchez, pelo presidente da Generalitat, Carlos Mazón, e pela delegada do governo na Comunidade Valenciana, Pilar Bernabé, estiveram pouco antes no posto de comando avançado instalado em Paiporta, uma das localidades mais atingidas pela intempérie, que já fez 217 mortos.

O cortejo foi interrompido e o monarca e Carlos Mazón foram separados dos restantes. Enquanto caminhavam, dezenas de pessoas gritaram insultos e atiraram-lhes objetos e lama. Ouviram-se gritos de “assassinos“, “saiam daqui“, “socorro“, “Mazón demite-te” ou “Pedro Sánchez demite-te“.

Apesar de terem sido atingidos por lama, tanto Felipe VI como Letizia permaneceram na zona durante mais de uma hora, ouvindo queixas dos afetados e consolando quem os abordou. Os habitantes esperavam que o rei e a rainha continuassem a sua visita a Chiva, mas a decisão conjunta das instituições foi de a suspender.

Paiporta, uma cidade de cerca de 25.000 habitantes nos arredores de Valência, foi uma das mais afetadas por uma “depressão isolada em níveis altos“, um fenómeno meteorológico conhecido como DANA em espanhol e como DINA em português.

Estava previsto que a comitiva se deslocaria de seguida a Chiva, outra cidade perto de Valência que foi duramente atingida pela tragédia.

A visita aconteceu numa altura em que a Agência Meteorológica Espanhola (Aemet) emitiu um novo alerta laranja para chuvas fortes na região de Valência, onde poderão cair até 100 litros de água por metro quadrado. Foi igualmente emitido um alerta vermelho – sinónimo de perigo extremo – para a província de Almeria, na Andaluzia (sul), devido ao risco de inundações.

O leste de Espanha, em especial a região de Valência, foi atingido na terça-feira pela intempérie que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse no sábado o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma “situação trágica” na região de Valência e anunciou o envio de mais 5.000 militares para o terreno e de mais 5.000 elementos das forças de segurança.

Com este reforço, há já mais de 7.000 militares nas zonas afetadas pelas cheias e 10.000 elementos da Polícia Nacional e da Guarda Civil, no maior dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz.

O primeiro-ministro disse que as prioridades neste momento, no terreno, continuam a ser salvar vidas, recuperar e identificar cadáveres e restabelecer os serviços básicos. Os trabalhos das equipas de resgate estão a concentrar-se agora em garagens e parques de estacionamento que ficaram alagados e onde permanecem submersos milhares de carros. Além das vítimas mortais, o temporal causou danos em infraestruturas de abastecimento, comunicações e transportes.

 

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MAI garante revisão do policiamento de proximidade

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

O modelo de policiamento de proximidade pela PSP vai ser revisto, adiantou a ministra da Administração Interna, e prometeu também um maior investimento do Governo.

O modelo de policiamento de proximidade pela PSP vai ser revisto, adiantou a ministra da Administração Interna, que defendeu a sua importância junto das comunidades e prometeu também um maior investimento do Governo. “A PSP tem um programa há muitos anos que tem de ser revisitado e que é a polícia de proximidade. Isso passa por ter mais quadros formados e um diálogo que tem de ser feito com as autarquias, com a segurança social, com as associações dos bairros. Estou crente que esse trabalho vai ser feito”, afirmou Margarida Blasco, sublinhando: “É muito importante que o cidadão confie na sua polícia. O Governo confia na polícia“.

Em declarações aos jornalistas no final do primeiro congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), que decorreu este fim de semana na Faculdade de Direito de Lisboa, a governante explicou que há 500 futuros agentes a serem formados neste momento e que essa revisão passa também por um reforço das condições dos polícias.

Vamos fazer um investimento na formação e, para isso, precisamos de abrir concursos para agentes, para chefes, para oficiais. Estamos atentos e neste constante diálogo que temos com os sindicatos e os polícias, um dos programas que vamos reavivar é o policiamento de proximidade“, reforçou.

Entre os equipamentos que serão alvo de investimento estão bodycams, tasers e novas viaturas para a Polícia de Segurança Pública (PSP), mas Margarida Blasco lembrou que estas questões têm de passar por concursos públicos até poderem chegar aos agentes no terreno.

Os concursos públicos são morosos e temos de cumprir a lei. Agora, há a nossa intenção de fazer um investimento em bodycams, tasers e no material que é necessário para a atuação da polícia. Obviamente que está inscrito e estamos à espera que os concursos terminem“, vincou, esclarecendo sobre os dois concursos públicos já impugnados relativamente às bodycams que a decisão está nos tribunais e que o Governo aguarda por esse desfecho.

Margarida Blasco manifestou também a expetativa de que “brevemente” haverá conclusões sobre o inquérito que ordenou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre as circunstâncias da morte do cidadão cabo-verdiano Odair Moniz, após ser baleado por um agente da PSP na Cova da Moura (Amadora).

A ministra criticou ainda os desacatos na sequência desse caso e lembrou o motorista da Carris que ficou gravemente ferido dias depois, ao ser atingido num autocarro com um cocktail-molotov. “Os tumultos que ocorreram durante a semana passada foram provocados por pessoas que só estão a praticar crimes, não podemos dizer isto com outras palavras. Há um motorista da Carris ferido, um autocarro que estava a servir a comunidade… Tenho a certeza de que a comunidade está com a sua polícia, porque sabe que a defende quando chama“, disse.

Já sobre a relação da polícia com as comunidades de alguns bairros, como o Bairro do Zambujal ou a Cova da Moura, ambos no concelho da Amadora, Margarida Blasco reiterou que as pessoas dessas comunidades “conhecem a polícia” e que não se deve generalizar que estão contra os agentes.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no hospital.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”. Nessa semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.

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ECO Quiz. Benefícios fiscais a empresas, Volkswagen e portagens

  • Tiago Lopes
  • 3 Novembro 2024

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com o ECO Quiz.

Na semana que agora termina, o ECO publicou um especial onde revela os benefícios fiscais concedidos pelo Estado às empresas. De acordo com os dados analisados, foram perto de 86 mil as entidades que obtiveram benefícios fiscais em 2023.

Na Alemanha, a Volkswagen anunciou que está a planear encerrar várias fábricas, como parte de uma ampla reestruturação da empresa para reduzir os custos. O plano, segundo revelou a líder da comissão de trabalhadores da maior fabricante de automóveis da Europa, inclui também o despedimento de dezenas de milhares de pessoas, cortes salariais universais de 10% na principal marca e a redução permanente das restantes fábricas no país.

O ECO publica todas as semanas um quiz que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com este quiz do ECO.

 

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Prémio Nobel da Economia quer reforma da banca global

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

O economista Simon Johnson, um dos galardoados com o Nobel da Economia, considera desde há anos que é necessário reformar o setor bancário, que acumula demasiado poder e ameaça a estabilidade.

O economista Simon Johnson, que este ano foi um dos galardoados com o Nobel da Economia, considera desde há anos que é necessário reformar o setor bancário, que acumula demasiado poder e ameaça a estabilidade económica e social.

Logo em 2011, Simon Johnson escreveu, junto com o historiador James Kwak, um livro designado ’13 Bankers’ com uma análise ao setor bancário dos Estados Unidos da América. Os autores criticam o tamanho desproporcionado de muitos bancos (caso de JP Morgan e Goldman Sachs) e consideraram que o poder excessivo que ganharam levou à captura dos governos (colocando pessoas em posições chave na Administração norte-americana) e influenciou as decisões de vários presidentes norte-americanos, contribuindo decisivamente para a crise de 2007-2009 e recessão mundial. Referiram ainda os autores que esses bancos (que designam mesmo de “oligarquia”) conseguiram evitar reformas regulatórias significativas após a crise financeira.

No livro, contam que os 13 banqueiros que em março de 2009 se reuniram na Casa Branca com o presidente dos Estados Unidos – numa reunião em que Barack Obama criticou o setor, os salários milionários e a falta de financiamento a empresas após vários resgates estatais e lhes pediu apoio às reformas que queria executar – foram salvos na totalidade (os seus bónus, as suas pensões, as suas equipas, ficou tudo igual). Os autores defendem que os megabancos não só são demasiado grandes para falir como também demasiado grandes para o bem comum, pelo que defendem a redução do seu tamanho (por exemplo, ativos e passivos representarem no máximo 3% do Produto Interno Bruto do país).

Ao longo dos anos, Simon Johnson continuou a criticar o sistema financeiro e a falar na necessidade de o reforçar.

Em 2016, num artigo no Project Syndicate afirmava que uma dúzia de bancos dominava o panorama financeiro mundial e que após a crise, os resgates e as reformas nos Estados Unidos e na União Europeia, o sistema financeiro era em ambas as regiões e globalmente “semelhante ao de 2006”.

Já em 2023, numa longa entrevista ao ‘podcast’ do economista Tyler Cowen, Simon Johnson disse que continuava “muito preocupado com a concentração do poder económico e político nas mãos destes bancos muito grandes“, mas também argumenta que esse não é o único problema e que também há problemas e riscos de contágio em outras partes do sistema financeiro. Considerou ainda que “o setor bancário é um negócio difícil e repleto de problemas” e riscos para o resto da sociedade “seja como for que se organize”.

Simon Johnson, de 61 anos, foi economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e é atualmente professor na universidade norte-americana Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Há duas semanas, venceu o Prémio Nobel da Economia de 2024 em conjunto com o turco-americano Daron Acemoglu e o britânico-americano James A. Robinson. A Real Academia Sueca de Ciências galardoou-os por terem demonstrado a importância das instituições sociais na prosperidade dos países.

Em 2023, junto com Daron Acemoglu, Simon Johnson publicou o livro ‘Poder e Progresso’ sobre como o desenvolvimento tecnológico e o aumento de riqueza não significam necessariamente prosperidade para todos. Nesse livro, os autores analisam a história para dar vários exemplos. Explicam como os grandes avanços na agricultura na época medieval levaram a maior produtividade e riqueza para alguns, permitindo construir grandes catedrais na Europa, enquanto os camponeses tinham péssimas condições de vida. Recordam também as miseráveis condições da classe trabalhadora nas fábricas têxteis de Manchester, no Reino Unido, no século XIX.

Em ‘Poder e Progresso’, consideram que há um grande risco em permitir que um pequeno grupo de pessoas, uma elite, monopolize os benefícios da inovação e consideram que é fundamental que haja forças sociais e políticas fortes para que os avanços tecnológicos sejam distribuídos de maneira justa e promovam bem-estar coletivo.

Na entrevista ao podcast de Cowen, Johnson considerou que há uma visão “tecno otimisma” que considera que a tecnologia melhora a produtividade e a vida das populações, beneficiando todos, e disse discordar dessa ideia prevendo que não acontecerá se a tecnologia não for modelada para se centrar no bem comum.

Johnson cita o trabalho de Daron Acemoglu e Pascual Restrepo sobre como a automatização é usada para substituir trabalhadores sem vir daí melhoria da produtividade nem dos salários, trazendo consequências desastrosas para a sociedade desde logo no emprego. O exemplo favorito são as máquinas de ‘self-service’ nos supermercados, onde o trabalho que era dos empregados é transferido para os consumidores sem mais produtividade nem melhores salários.

Para Johnson, o que mais incomoda é a “falta de bons salários”, e sobretudo o limitado aumento salarial desde 1970 das pessoas menos qualificadas, e diz temer que a tecnologia leve à substituição de muitos trabalhadores e agudize a falta de melhorias nos salários reais.

Na semana passada, em entrevista à France Presse, Simon Johnson considerou que um dos mais graves problemas das democracias é a sua incapacidade em produzir resultados que as populações sintam como benéficos e disse que deixar o desenvolvimento e os impactos da tecnologia e da inteligência artificial nas mãos dos ‘gurus’ das grandes empresas tecnológicas (as designadas ‘big tech’) faz com que estes sirvam à sua riqueza.

Em 2010, Simon Johnson considerou que Portugal estava “à beira da bancarrota” o que desagradou ao Governo (PS). Então, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos classificou de “disparate” e “ignorância”.

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Trump ensombra ‘mega-pacote’ de apoio às energias limpas

Eventual vitória de Trump não deverá dar azo a um completo revés na política energética dos Estados Unidos, que tem apostado milhares de milhões nas energias limpas. Porém, pode enfraquecer a ação.

Depois de o setor da energia ter ganho protagonismo nos Estados Unidos ao beneficiar de um ‘mega-pacote’ de apoios concedido pela administração de Joe Biden, há nuvens que se aproximam com a candidatura de Donald Trump, assumido opositor destas políticas. Contudo, os analistas esperam que, mesmo com uma vitória republicana, que possa enfraquecer as políticas pró-clima, não exista uma completa reversão na política energética.

A EDP Renováveis é apontada como uma das empresas mais expostas aos riscos destas eleições pelo Goldman Sachs, mas a casa de investimento mantém-se otimista quanto ao potencial da elétrica e das pares do setor.

Nestas eleições, no que diz respeito ao setor da energia, o que está em causa é sobretudo o futuro do Inflation Reduction Act (IRA), um pacote de incentivos lançado em 2022 pela administração democrata chefiada por Joe Biden, e que destina 400 mil milhões de dólares à aposta em energias limpas.

Ainda em maio, o candidato republicano à presidência, Donald Trump, anunciou que, caso chegasse ao poder, iria terminar a aplicação do IRA: “vou cancelar todos os fundos que ainda não tenham sido despendidos no âmbito do mal-designado Inflation Reduction Act”.

Em oposição, a candidata pelos Democratas, Kamala Harris, lançou este mesmo pacote “verde” ainda como vice-presidente de Joe Biden. Caso Harris seja eleita, a expectativa dos analistas, de acordo com a S&P Global, é que não só este pacote seja defendido de ataques legais como, ainda, sejam finalizadas medidas em relação a emissões poluentes, como a imposição de limites às emissões de centrais elétricas a gás.

Uma viragem republicana pode enfraquecer o apoio ao IRA, sobretudo no que diz respeito aos custos”, alertam os analistas do Goldman Sachs, numa nota de análise de 29 de outubro. No entanto, a mesma entidade acredita que seria “desafiante” avançar com uma “rejeição total” do IRA, dado que cerca de 80% dos investimentos em indústria associados ao diploma verde se situam em Estados tipicamente republicanos. A mesma opinião é partilhada pela instituição financeira neerlandesa ING: “Independentemente de quem se torna presidente, o IRA dificilmente será rejeitado”, lê-se num artigo publicado a 10 de setembro.

Republicanos “tiram” às energias limpas e “dão” aos produtores fósseis

Caso o partido Republicano ganhe a presidência nas eleições de 5 de novembro, os analistas do Goldman Sachs consideram “altamente expectável” uma redução, ou pelo menos a implementação de um teto, nos incentivos atribuídos a tecnologias como carros elétricos, hidrogénio verde e captura de carbono. “Também há o potencial de menos apoio para a energia eólica offshore, tendo em conta os custos premium” desta tecnologia, complementam os mesmos analistas.

O ING também aponta o risco de incentivos às energias limpas retrocederem, mas sublinha que aqueles dirigidos ao hidrogénio e captura de carbono devem ser menos impactados. Também a modernização da rede elétrica pode ser enfraquecida se Trump for eleito.

Sob a alçada dos republicanos, os expectáveis beneficiados são outros: uma administração menos favorável às energias renováveis ​​pode intensificar o apoio ao setor de combustíveis fósseis, com a concessão de novos contratos para exploração de petróleo e gás, alívio nas regulamentações ambientais e eventuais incentivos diretos ao setor de petróleo e gás, indica o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa.

Num relatório recente sobre os cenários pós-eleições norte-americanas, a Fitch vê benefícios para o setor do petróleo e gás “pelo menos no curto prazo”, dada uma provável menor pressão para a redução de emissões poluentes, o que estimula a procura por estas fontes energéticas. Também as pressões vindas de investidores, no sentido de diversificar o negócio, podem amenizar.

Em paralelo, há outro risco que é reiteradamente referido: o das taxas de juro elevadas. A inflação nos Estados Unidos poderia ultrapassar o esperado na sequência de uma política fiscal mais agressiva, em conjunto com tarifas sobre as importações, escreve o Goldman Sachs. Neste cenário, podem verificar-se taxas de juro mais altas ou cortes mais lentos nas mesmas por parte da Reserva Federal. “Uma vez que a indústria das utilities é intensiva em capital, isto poderá ser negativo”, sublinha a casa de investimento.

EDP Renováveis entre as mais expostas às eleições

Vemos as perspetivas quanto à procura de energia na região como um fator muito mais importante para as utilities no médio prazo”, referem os analistas do Goldman Sachs, por oposição às eleições norte-americanas e subsequentes políticas. Apesar disso, esta casa de investimento reconhece que as ações podem de facto reagir a uma eventual perceção de mudança de rumo nas políticas, caso o partido Republicano retorne à Casa Branca.

Numa análise mais fina, a portuguesa EDP Renováveis está entre as empresas que o Goldman Sachs considera como mais expostas no contexto das eleições norte-americanas.

A subsidiária de energias limpas do grupo EDP, nos cálculos do Goldman Sachs, tem cerca de 55% do seu EBITDA (real e previsto) para 2024 e 2025 exposto ao mercado norte-americano, a maior percentagem entre as energéticas analisadas. Nos mercados, a empresa regista uma quebra de cerca de 20% desde meados de setembro, e que chega aos 30% desde janeiro.

Parece que as ações estão a incorporar no preço um declínio potencial no crescimento orgânico, a eventualidade de o IRA ser rejeitado e taxas de juro mais altas”, escrevem os analistas do banco de investimento. No entanto, a descida em bolsa é considerada pelo Goldman como “excessiva”, tendo em conta as perspetivas de retorno melhoradas da empresa, que são suportadas por uma procura mais forte e menor concorrência, assim como pela resiliência nos preços da eletricidade na Europa.

Com a ação a negociar abaixo do valor que o Goldman considera adequado, a casa de investimento vê a EDPR como uma “oportunidade de compra cada vez mais atrativa” para os investidores. O preço alvo apontado para esta cotada é de 19 euros, estando de momento a negociar nos 12,53 euros.

Os riscos chave que a empresa de energias limpas portuguesa enfrenta, na visão do Goldman Sachs, são os potenciais atrasos no processo de eletrificação da Europa e dos Estados Unidos, assim como um crescimento abaixo do esperado na capacidade instalada, preços da energia abaixo da expectativa, taxas de juro mais elevadas e uma depreciação significativa no dólar norte-americano e no real brasileiro.

Já na ótica do analista da Fitch Manuel Meneses, que acompanha a EDP, os riscos das eleições para esta empresa “são limitados”. A elétrica portuguesa tem um “foco significativo” de investimento nos Estados Unidos, mas a estratégia de compra de componentes está muito assente neste mesmo território, pelo que “o potencial risco das tarifas estaria largamente coberto”.

Em julho, em entrevista ao Jornal de Negócios, o CEO da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, afirmou-se “não muito preocupado” com as eleições nos Estados Unidos e garantiu que “os riscos políticos no país estão mitigados” em termos de projetos eólicos e solares. Já em meados de setembro, na conferência organizada pelo ECO “Energy 2024”, o administrador executivo Pedro Vasconcelos criticou: “[Donald] Trump é contra a transição. Tudo o que afirma vai contra a estabilidade que os investidores precisam“. O mesmo acrescentou que se revê na agenda da candidata pelo partido Democrata, Kamala Harris. Pedro Vasconcelos criticou ainda o “protecionismo muito violento” da parte dos Estados Unidos em relação aos painéis solares chineses.

Além da EDP Renováveis, os analistas do Goldman nomeiam a dinamaquesa Orsted entre as mais expostas, já que “um governo menos adjuvante na energia eólica offshore deverá ter um impacto negativo no sentimento”, caso o mercado assuma que não existirá crescimento da empresa nos Estados Unidos, no que diz respeito a esta tecnologia. Tanto no caso desta empresa como da Vestas, a atividade noutros mercados pode contrabalançar eventuais dissabores no mercado norte-americano, afirma o Goldman Sachs.

No caso da EDPR, quebras no valor da ação relacionadas com os projetos offshore seriam de “curta duração”, uma vez que a empresa já caiu “abruptamente” e tem pouco risco de acordo com os fundamentais.

Em paralelo, há outro perfil de empresa, cujo foco está nas infraestruturas de energia em vez da produção, que é particularmente sensível a oscilações nas taxas de juro e a estas eleições: é o caso da Iberdrola e National Grid, acrescenta o Goldman Sachs.

No extremo oposto, empresas com pouca exposição aos Estados Unidos, como a EON, SSE e Enel, poderiam beneficiar de uma maior turbulência na política energética da maior economia do mundo, no rescaldo das eleições presidenciais. Apesar dos receios assinalados, a recomendação de compra por parte do Goldman Sachs é comum a todas as energéticas mencionadas e ainda à Centrica, Engie e RWE.

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