Iberifier quer expandir investigação sobre desinformação a outros países lusófonos

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

O Iberifier, que passará a integrar 26 entidades, pretende levar a aprendizagem adquirida nos últimos três anos para intercâmbios com Cabo Verde, Moçambique, Angola ou Brasil.

O trabalho do observatório sobre desinformação Iberifier, que junta mais de 20 entidades públicas e privadas de Portugal e Espanha, vai prolongar-se por mais três anos e expandir-se a outros países lusófonos e hispânicos, foi anunciado esta sexta-feira.

O projeto completa em março o triénio inicial de atividade e recebeu recentemente um novo financiamento da Comissão Europeia de 1,27 milhões de euros, para uma nova fase de três anos de trabalho, até 2026, revelou esta sexta-feira numa conferência em Madrid o coordenador do Ibirifier, o investigador e professor da Universidade de Navarra Ramón Salaverría.

O Iberifier é um consórcio ibérico que integra a rede de observatórios de meios digitais e desinformação promovidos pela Comissão Europeia.

Nesta nova fase, o Iberifier – Observatório Ibérico de Media Digitais passará a integrar 26 entidades (atualmente são 23), com a incorporação, em Portugal, do Instituto Politécnico de Viseu e do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, assim como, em Espanha, do site Newtral.

Já fazem parte do Iberifier outros 23 centros de investigação e universidades ibéricas, as agências noticiosas Lusa (portuguesa) e EFE (espanhola), e fact checkers como o Polígrafo e Prova dos Factos – Público, de Portugal, e Maldita.es e Efe Verifica, de Espanha.

Sobre o objetivo de expandir “a análise dos fenómenos de desinformação ao conjunto dos países hispanos e lusófonos”, como foi anunciado em Madrid, o coordenador do Iberifier em Portugal, Gustavo Cardoso, disse à Lusa que a intenção é levar a aprendizagem adquirida nos últimos três anos para intercâmbios com Cabo Verde, Moçambique, Angola ou Brasil.

Segundo Gustavo Cardoso, já houve, no âmbito do Iberifier, “algumas experiências” na área da literacia dos media e do fact checking com entidades de outros países lusófonos, como o Brasil.

O investigador do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa sublinhou ainda como outra grande novidade da segunda fase do Iberifier a atenção às plataformas de distribuição de conteúdos na internet (como a Google ou as redes sociais do grupo Meta).

Assim, haverá “um enfoque que já não é apenas no jornalismo, naquilo que as pessoas fazem”, mas que abrangerá também as “práticas das plataformas” e de “como é que estão a cumprir aquilo com que se comprometeram” a nível de desinformação, explicou.

Na segunda fase do Iberifier, os coordenadores pretendem ainda potenciar a vertente “da sensibilização e da formação cidadã”, que no primeiro triénio esteve sobretudo focada na literacia mediática na área da educação, com formações especificamente dirigidas a professores.

Na conferência desta sexta-feira em Madrid, que encerrou o primeiro triénio do projeto Iberifier, foi apresentado um balanço da atividade até agora do observatório.

Entre os dados apresentados estão cerca de 4.500 conteúdos sujeitos a fact checking em Espanha e Portugal, mais de uma dezena de relatórios e outras publicações com tendências da desinformação e manuais de boas práticas, mais de 40 seminários para jornalistas, ações de formação para professores ou dezenas de artigos académicos divulgados em publicações científicas.

“Tudo, além disso, acompanhado de um mapeamento exaustivo dos meios digitais espanhóis e portugueses que constitui a primeira ferramenta digital destas características no mundo”, segundo uma informação escrita distribuída hoje na conferência de Madrid.

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Projeto de renovação da Gare do Oriente para a alta velocidade vai custar 8,5 milhões

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

O ajuste direto no valor de 8.477.500 euros, sem IVA, foi atribuído ao arquiteto espanhol Santiago Calatrava, autor do projeto original para a estação.

O projeto de renovação da Gare do Oriente, em Lisboa, para receber os serviços de alta velocidade ferroviária vai custar quase 8,5 milhões de euros à Infraestruturas de Portugal, segundo um contrato celebrado com o arquiteto Santiago Calatrava.

De acordo com dados publicados esta semana no portal de contratação pública Base, já noticiados pelo Página Um, o ajuste direto no valor de 8.477.500 euros, sem IVA, foi atribuído ao arquiteto espanhol Santiago Calatrava, autor do projeto original para a estação, construída no final dos anos 1990.

O prazo do contrato para desenvolver o projeto de execução da ampliação da estação do Oriente e a construção de um viaduto ferroviário de transição (VFT) é de 465 dias (um ano e pouco mais de três meses), e o recurso ao ajuste direto deve-se ao facto de o projeto só poder ser atribuído a Calatrava, por se tratar de uma obra de arte, segundo a fundamentação da Infraestruturas de Portugal (IP).

O projeto consiste na ampliação das atuais oito linhas da estação ferroviária para 11, através de um alargamento da gare para poente, posicionando-a sobre a estação do Metropolitano de Lisboa. Em 2008, a antiga empresa dinamizadora dos projetos de alta velocidade ferroviária em Portugal (RAVE) adjudicou a expansão da estação a Santiago Calatrava, mas como o projeto não avançou, o contrato foi extinto em 2011.

“A IP pretende, agora, que o projeto desenvolvido pela ex-RAVE em 2011 seja revisto e atualizado, de acordo com o normativo legal em vigor e com os novos requisitos técnicos e funcionais do projeto AV e, complementarmente à ampliação, que seja desenvolvido o projeto de reabilitação da estação atual”, lê-se em documentos da IP sobre o projeto, consultados pela Lusa.

Segundo os mesmos documentos, “as duas novas plataformas de passageiros devem possuir 420 metros úteis de comprimento e 760 milímetros de altura” e, dado que a IP assume que “as barreiras corta-vento existentes da estação ferroviária, localizadas no topo das fachadas nascente e poente, não garantem o conforto dos passageiros nem a proteção necessária à intempérie”, “deve ser prevista a alteração/revisão da solução arquitetónica das barreiras novas e existentes”.

“Complementarmente, devem ser previstos abrigos/corta ventos, em todas as plataformas atuais e futuras, localizados no ponto de paragem dos comboios e de maior acumulação de pessoas”, é ainda referido nos documentos. A linha de alta velocidade deverá ligar as duas principais cidades do país em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Vila Nova de Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.

A primeira fase (Porto-Soure) deverá estar pronta em 2030, com possibilidade de ligação à Linha do Norte e encurtando de imediato o tempo de viagem, estando previsto que a segunda fase (Soure-Carregado) se complete em 2032, com ligação a Lisboa posteriormente, assegurada via Linha do Norte.

Prevê-se a realização de 60 serviços por dia e por sentido, dos quais 17 serão diretos, nove com paragens nas cidades intermédias (Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia), e 34 serviços mistos (com ligação à rede convencional). O projeto prevê transportar 16 milhões de passageiros por ano na nova linha e na atual Linha do Norte, dos quais cerca de um milhão que atualmente fazem a viagem de avião.

Paralelamente, está também a ser projetada a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), com estações no aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga e Valença (distrito de Viana do Castelo). No total, segundo o Governo, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.

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Obras suspendem circulação ferroviária entre Cais do Sodré e Algés em dois fins de semana

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

A interdição de circulação de comboios entre Cais do Sodré e Algés terá início às 23:00 de sexta-feira e terminará às 2:00 de segunda-feira nos fins de semana de 24 e 25 de fevereiro e de 2 e 3 março.

A circulação ferroviária entre o Cais do Sodré e Algés vai ser suspensa no último fim de semana deste mês e no primeiro de março, devido à modernização da Linha de Cascais e expansão do Metropolitano de Lisboa. O anúncio foi feito esta sexta-feira através de um comunicado assinado pela Infraestruturas de Portugal (IP), CP – Comboios de Portugal e Metropolitano de Lisboa.

Segundo o comunicado, nos fins de semana de 24 e 25 de fevereiro e de 2 e 3 de março “haverá suspensão da circulação de comboios da CP na Linha de Cascais, entre o Cais do Sodré e Algés”. A suspensão deve-se às obras de modernização da Linha de Cascais em curso e à expansão da rede do metro, mas “a circulação de comboios do Metropolitano de Lisboa não será afetada”, refere-se na nota.

Para “assegurar o serviço e minimizar o impacto dos trabalhos que decorrem de forma faseada e maioritariamente no período noturno e fins de semana”, a interdição de circulação de comboios da CP entre Cais do Sodré e Algés terá início às 23:00 de sexta-feira e terminará às 02:00 de segunda-feira, afirmaram as empresas.

No fim de semana seguinte, a interdição será idêntica, iniciando-se às 23:00 de 01 de março e terminando às 02:00 de 4 de março. “Estas interrupções nestes dois fins de semana prendem-se com a construção da linha Circular do Metropolitano de Lisboa, que envolve a construção de um novo túnel para ligação da nova estação Santos à atual estação Cais do Sodré, que será efetuada em técnica de escavação a céu aberto, situação que implicará a realização de alterações provisórias do traçado da Linha de Cascais”, explica-se na nota.

As empresas destacam que esta intervenção tem de ser feita “com a maior segurança e rigor, que não será compatível com a circulação dos comboios da CP”. Os trabalhos prendem-se, igualmente, com a construção de um novo átrio (poente) na estação Cais do Sodré do Metropolitano de Lisboa, com dois acessos diretos à superfície para a plataforma da CP, que permitirá “um aumento do escoamento dos clientes do Interface do Cais do Sodré, onde operam o metro, CP, Carris e Transtejo”, explicam.

Além dos serviços rodoviários de substituição disponibilizados pela CP no âmbito das obras de modernização da linha de Cascais, o metro de Lisboa, a CP, a IP, a Carris e outros operadores de transporte, em articulação com a Câmara de Lisboa, vão adotar medidas para minimizar os constrangimentos causados pela suspensão do transporte ferroviário naqueles dois fins de semana.

Assim, será criado um circuito alternativo em autocarros, no trajeto Cais do Sodré/Algés e sentido inverso, com partida da paragem dedicada à CP no Cais do Sodré, Praça Duque da Terceira (gelataria Fiori), via 24 Julho/Avenida da Índia, com paragem em Santos, Alcântara-Mar, Belém, e chegada/partida em Algés, no Largo da Estação (terminal rodoviário, junto à Av. Marginal).

Um circuito direto em autocarros entre o Cais do Sodré/Algés e sentido inverso funcionará ao sábado e domingo, das 10:00 às 20:00, com partida do Cais do Sodré, na Rua da Cintura ao Porto de Lisboa (lado rio), após a Estação Fluvial, e de Algés, da Av. Dr. Alfredo Magalhães Ramalho, frente à entrada principal do IPMA.

As carreiras da Carris que poderão ser utilizadas para circulação junto às estações da CP são a 15E, 751, 714, 728, 727, 732 e 201 (rede da madrugada) e, de Algés/Belém para o centro da cidade, a 723, 729, 750, 751, 727 e 728. Aos clientes da CP com passe Navegante válido para o percurso Cais de Sodré/Algés, recomenda-se na nota a utilização do elétrico 15E, com paragem da Carris no Cais do Sodré (lado terra), e no Jardim de Algés, na Praça 25 de abril.

No comunicado informa-se ainda que, “no serviço rodoviário de substituição, os tempos de trajeto podem variar em função das condições de trânsito” e que, “entre o Cais do Sodré e Algés, não é garantida a ligação aos comboios de horário, exceto ao último comboio da noite, com partida de Algés às 02:05”.

“Os autocarros ao serviço da CP estarão identificados e estarão equipados com rampas de acesso para pessoas com mobilidade reduzida, não sendo permitido o transporte de bicicletas”, alertam ainda a IP, CP e metro, acrescentando que “o transporte de animais de companhia de pequeno porte é permitido se o animal viajar acondicionado em contentor apropriado” e transportado “como volume de mão”.

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Lote de barrita Milka Oreo Choco retirado do mercado

  • ECO
  • 16 Fevereiro 2024

Em causa está o lote OSK0934422 da barrita Milka 37G Oreo Choco, com data de validade de 01/08/2024 e código de barras 7622210718693. Restantes produtos da marca não foram afetados.

A Mondelēz International decidiu retirar preventivamente um lote da barrita Milka 37G Oreo Choco, depois de detetar “a possível presença de fragmentos de plástico em algumas unidades”, anunciou esta sexta-feira em empresa. Empresa pede aos consumidores que já compraram o produto que não o consumam.

“A Mondelēz International confirma que este problema é um caso isolado neste lote específico”, lê-se, notando que”o restante portfólio de produtos Oreo e Milka da Mondelēz Portugal não se encontra afetado por este incidente”. Em causa está o lote OSK0934422 da barrita Milka37GOreo Choco, com data de validade de 01/08/2024 e código de barras 7622210718693.

Não obstante, a Mondelēz International aponta ainda que “foram tomadas as medidas de prevenção necessárias em coordenação com as autoridades” e que “foi solicitada a recolha de todas as barritas do lote afetado”. Por isso, apela ainda aos consumidores que compraram o produto em causa que não o consumam.

“Por outro lado, para qualquer consumidor que tenha o produto afetado e deseje devolvê-lo ou solicitar qualquer esclarecimento, a empresa oferece o Serviço de Atenção ao Consumidor através do 800 100 951, de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 18h00; ou pelo formulário de contacto no site“, lê-se.

“Esta decisão obedece apenas a uma medida meramente preventiva”, acrescenta a empresa, sublinhando que “lamenta” o incidente e reforça o compromisso com a segurança dos consumidores e a qualidade dos produtos.

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Contratação de trabalhadores altamente qualificados financiada pelo Portugal 2030

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

Os programas Algarve 2030, Norte 2030 e Centro 2030 têm candidaturas abertas para o apoio à contratação de recursos humanos altamente qualificados.

A contratação de trabalhadores altamente qualificados pelas empresas, de norte a sul do país, conta com o financiamento que pode ultrapassar os 50% da despesa pelo programa Portugal 2030 (PT 2030). Os programas Algarve 2030, Norte 2030 e Centro 2030 têm candidaturas abertas para o apoio à contratação de recursos humanos altamente qualificados (RHAQ) por micro, pequenas e médias empresas, instituições científicas e laboratórios.

Os trabalhadores em causa devem ser licenciados, mestres, doutores ou pós-doutorados. Para a região algarvia foram lançados dois avisos, um geral e outro específico para as regiões de baixa densidade. Nos dois casos, o período de candidaturas teve início no final de janeiro, estando previstas três datas para a decisão final – 30 de abril (primeira fase), 30 de agosto (segunda fase) e 30 de dezembro (terceira fase).

A contratação de recursos humanos altamente qualificados em infraestruturas científicas, instituições científicas e tecnológicas e laboratórios colaborativos tem 2,4 milhões de euros de dotação e uma taxa máxima de cofinanciamento de 60%. Já a contratação de recursos humanos altamente qualificados por empresas – territórios de baixa densidade tem uma dotação indicativa de 200.000 euros e um cofinanciamento máximo de 50%.

Para a região Norte estão abertos dois avisos desde 30 de dezembro de 2023 e até 29 de março do corrente ano. O primeiro aviso, que diz respeitos aos territórios de baixa densidade, conta com 4,5 milhões de euros de dotação e uma taxa de financiamento máxima de 50%.

O segundo, destinado aos territórios de baixa densidade, tem 1,5 milhões de euros de orçamento e um máximo de cofinanciamento de 50%. O programa Centro 2030 também abriu dois avisos para a contratação de trabalhadores altamente qualificados, com candidaturas desde novembro de 2023 até dezembro de 2024.

Para os territórios de baixa densidade no Centro a dotação global é de quatro milhões de euros, enquanto para os restantes é de seis milhões de euros, com um máximo de 50% de cofinanciamento. O PT 2030 conta com uma dotação de 22.995 milhões de euros até 2027.

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Embedded Savings: a conversão de aforradores em investidores

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  • 16 Fevereiro 2024

A conversão de aforradores em investidores tem sido um desafio para a banca de retalho em Portugal. Num momento chave para a promoção do investimento, as fintech podem ser a solução.

Os hábitos de poupança em Portugal tem sido extensamente discutidos, tipicamente associados a uma baixa literacia financeira quando comparada a nível europeu ou a uma tradicional aversão ao risco. Adicionalmente, poderiam ser incluídos fatores como a capacidade de poupança ou fatores culturais, como a utilização do imobiliário como forma de poupança/investimento.

De acordo com o Inquérito à Situação Financeira das Famílias 2021, promovido pelo Banco Central Europeu, a penetração de instrumentos de poupança em Portugal é quase sempre inferior à média europeia (18,7% das família tem planos voluntários de pensão versus 28,4% a nível europeu, 0,8% e 4,7% detêm obrigações e ações correspondentemente comparando com 3,2% e 10,9% da zona euro). Estes indicadores apontam para uma realidade onde as poupanças são mantidas em depósitos ou contas à ordem.

O setor financeiro nacional tem realizado apostas na simplificação de jornadas de subscrição, ao mesmo tempo que tem focado os canais digitais mobile e na criação de conteúdos e plataformas educativas, mas existem ainda oportunidades a explorar. Esse será o foco do painel sobre Embedded Savings, com a participação do Nuno Pereira, da Paynest, e David Conde, da Coinscrap Finance.

Embedded Savings representa a disponibilização de ferramentas que, no contexto adequado, promovem ou facilitam a poupança e tem sido explorado pelo ecossistema fintech como estratégia para acelerar a poupança.

Para a banca, embedded savings apresenta duas principais oportunidades:

  • Por um lado, a criação de novas funcionalidades que aumentem o envolvimento do utilizador com as suas poupanças, desde simuladores de longo prazo (caso da inveert), a motores de regras de poupança (caso da Coinscrap Finance) ou até abordagens open banking aos investimentos (caso da Flanks).
  • Por outro lado, começam a surgir opções de poupança disponibilizadas por players não bancários. Veja-se o exemplo da Apple Wallet, que começou a disponibilizar opções de poupança remunerada para o cashback recebido. A nível europeu, a Coverflex, uma fintech dedicada à gestão da compensação e benefícios de colaboradores, disponibiliza aos utilizadores jornadas digitais para subscrever um Plano Poupança Reforma, de forma a criar um novo contexto para gerar poupança. Assim, geram-se novas oportunidades para a banca encontrar também novos parceiros para distribuir opções de poupança de forma contextualizada.

No próximo dia 27 de Fevereiro, a Embedded Everything Conf dará palco a este tema, discutindo de que forma poderão os players financeiros criar novas formas de converter aforradores em investidores.

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Quem são os oito executivos que saíram da Farfetch?

Entre os diretores de saída destaca-se a veterana da indústria de luxo Elizabeth von der Goltz, Kelly Kowal, e os portugueses Hélder Dias, diretor de produtos, e Luís Teixeira, diretor de operações.

A notícia, esta quinta-feira, da saída do português José Neves da liderança da Farfetch, menos de dois meses após o anúncio da venda aos sul-coreanos da Coupang e duas semanas após a conclusão do negócio, surpreendeu o mercado. Mas a saída do fundador e até então CEO do markplace de produtos de luxo luso-britânico é apenas a ponta do iceberg. Além do empresário português, a empresa agora liderada pelo dono da Coupang perdeu outros oito importantes diretores, num momento em que já está a ser apontada a porta de saída a muitos profissionais da Farfetch em Portugal.

Foi através de um email dirigido aos trabalhadores que a Farfetch informou que “José Neves decidiu demitir-se como CEO com efeitos imediatos” e “Hélder Dias, Kelly Kowal, Edward Sabbagh, Sindhura Sarikonda, Tim Stone, Luís Teixeira, Nick Tran e Elizabeth Von Der Goltz seguirão em frente para outros projetos”, não detalhando se estes executivos saem pelo próprio pé ou se já fazem parte do plano de despedimentos que a “nova” Farfetch vai implementar.

Na lista de diretores de saída sobressai o nome da veterana da indústria de luxo Elizabeth von der Goltz, que era diretora de merchandising, e a diretora de plataformas Kelly Kowal, juntamente com funcionários de longa duração daquele que foi o primeiro unicórnio de capital português, como os portugueses Hélder Dias, diretor de produtos, e Luís Teixeira, diretor de operações.

Veja quem são os executivos de saída da Farfetch.

Elizabeth von der Goltz, Chief Fashion and Merchandising Officer e CEO of Browns

Com uma longa carreira no mundo da moda, que inclui passagens pela MatchesFashion, Bergdorf Goodman e Net-a-Porter, Elisabeth von der Goltz chegou ao universo Farfetch apenas no ano passado, quando foi convidada para assumir o departamento de moda e merchandising da empresa e ser CEO da Browns Fashion.

A saída da veterana da moda foi apontada pelos meios especializados como uma das principais machadadas na equipa executiva da Farfetch, dada a sua experiência e ter sido uma das apostas da plataforma de roupa de luxo no início de 2023.

Kelly Kowal, diretora de plataformas

Kelly Kowal é outra das executivas que está de saída da Farfetch. A responsável pelas soluções de plataformas conta com uma longa carreira na tecnológica. Começou a trabalhar na Farfetch em novembro de 2010, como diretora de marketing digital. Com uma carreira de mais de duas décadas, exercia o cargo de diretora de plataformas há mais de quatro anos.

Com a entrada da Coupang, Kowal despede-se da Farfetch, agora controlada pelos sul-coreanos.

Luís Teixeira, diretor de operações

Luís Teixeira exercia as funções de diretor de operações, sendo responsável internacionalmente por todas as áreas de operações da Farfetch e pela supervisão de todas as equipas na área de service, order experience e content creation. Era ainda responsável por todas as operações da Farfetch nos quatro escritórios portugueses da empresa, no Porto, Lisboa, Guimarães e Braga.

Licenciado em Gestão e Engenharia Industrial pela Universidade do Porto e com um MBA em Logística pela Porto Business School, Luís Teixeira contava com quase 12 anos de Farfetch e era considerado um dos elementos mais importantes da equipa executiva.

Hélder Dias, diretor de produtos

O português Hélder Dias é outro dos membros da comissão executiva que abandonou esta semana a Farfetch. Há oito anos na equipa de Matosinhos, no Porto, Hélder Dias, enquanto diretor de produtos, era responsável por garantir a estratégia global, organização e alinhamento da equipa de Produto e Engenharia, tendo contribuído para a Farfetch se assumir como uma plataforma global no retalho de luxo.

Engenheiro de formação, passou os primeiros 15 anos de carreira a trabalhar com retalhistas em todo o mundo. Chegou à Farfetch em 2016 e liderava toda a estratégia de evolução de produtos do primeiro unicórnio de capitais portugueses.

Tim Stone, administrador financeiro

Tim Stone foi apontado como o novo chief financial officer (CFO) da Farfetch apenas no passado mês de setembro, substituindo no cargo Elliot Jordan, cuja saída tinha sido anunciada em fevereiro do ano passado. Foi ele quem apanhou com a turbulência financeira da plataforma de bens de luxo, antes da venda à Coupang, devido à iminência de uma entrada em situação de rutura financeira.

“Este é um momento maravilhoso para ingressar na Farfetch. A empresa está a liderar, com sucesso, a digitalização da indústria da moda de luxo, colocando-a no centro de um mercado de crescimento global de longo prazo. Com o foco nos nossos clientes e parceiros, no crescimento lucrativo e na execução operacional, estamos bem posicionados para impulsionar a geração de fluxo de caixa livre”, comentava em comunicado no passado mês de agosto.

Formado em contabilidade pela University of Southern California, nos Estados Unidos, ao longo da sua carreira profissional, Tim Stone passou pela Ford, tendo desempenhado a função de CFO, e pela Amazon, onde esteve mais de 20 anos, assumindo, por último, o cargo de vice-presidente. Sai da Farfetch menos de meio ano depois de ter sido contratado.

Sindhura Sarikonda, presidente da Farfetch na América

Sindhura Sarikonda foi contratada em janeiro de 2023 para assumir a operação no continente americano. Sete meses depois, em setembro, juntou-se à comissão executiva da plataforma criada por José Neves. A sua contratação foi anunciada na mesma altura que a de Elizabeth von der Goltz.

No currículo, Sarikonda, que é formada pela universidade da Pensilvânia, acumula cargos na Klarna, Walmart eCommerce e na Jet.com.

Edward Sabbagh, Chief Marketplace Officer

Edward Sabbagh iniciou a sua carreira na Farfetch em 2017. Na empresa desempenhou vários cargos como diretor, até assumir o cargo de chief marketplace officer em setembro de 2022, altura em que passou também a integrar o quadro de executivos da empresa.

O seu percurso profissional começou, contudo, no mundo financeiro, tendo iniciado a sua vida profissional na KPMG, onde trabalhou na área bancária e de fundos de investimento. Mais tarde juntou-se à L’Óreal, onde desempenhou funções de analista financeiro, tendo ainda passado pelo Chalhoub Group, antes de se ter juntado à Farfetch.

Nick Tran, Chief Marketing Officer

O ex-TikTok Nick Tran foi contratado em abril do ano passado, ficando a reportar a Edward Sabbagh, o então chief marketplace officer. Ficou responsável pelas operações de marketing a nível global, com especial foco nas gerações mais jovens, os millennials e a geração Z.

Com uma carreira de mais de 20 anos, Tran tem experiência premiada na construção de marcas, no desenvolvimento de equipas de elevado desempenho e na criação de estratégias de marketing inovadoras. Além de ter ganho vários prémios de marketing, passou ainda pela plataforma Hulu, onde desempenhou o cargo de vp of brand and culture marketing, e pela Samsung, como diretor de marketing e head of social media & brand culture.

“O marketing de sucesso requer inovação constante e vontade de ir mais além, algo que Nick mostrou no TikTok [onde exerceu funções de diretor de marketing global]. Com Nick no comando dos nossos esforços de marketing e incríveis equipas de marketing global, estou confiante que a nossa marca continuará a prosperar e a evoluir, o que é um foco fundamental para o novo capítulo dos marktplaces da Farfetch”, adiantou Edward Sabbagh, o antigo Chief Marketplace Officer da Farfetch, aquando da contratação.

Com a saída destes oito diretores, cai metade da equipa executiva da Farfetch. José Neves deixa de ser CEO mas vai continuar para já na empresa, a prestar serviços de consultoria, nesta fase de transição de gestão para as mãos dos sul-coreanos.

Já nos próximos dias deverão ser conhecidos novos detalhes sobre o plano de despedimentos da companhia, que vai abranger entre 25% e 30% das equipas a nível global.

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IGCP realiza na próxima quarta-feira dois leilões de Bilhetes do Tesouro

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

O leilão duplo de Bilhetes do Tesouro será de sete meses e 11 meses, para angariar até 1.500 milhões de euros.

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realiza na quarta-feira, dia 21 de fevereiro, um leilão duplo de Bilhetes do Tesouro (BT) a sete meses e a 11 meses, para angariar até 1.500 milhões de euros.

Num comunicado divulgado esta sexta-feira, a agência que gere a dívida pública portuguesa refere que “vai realizar no próximo dia 21 de fevereiro pelas 10:30 horas dois leilões das linhas de BT com maturidades em setembro de 2024 e em janeiro de 2025”.

O leilão tem um montante indicativo global entre 1.250 milhões e 1.500 milhões de euros. No último leilão de BT a um prazo de 11 meses, realizado há cerca de um ano, em 15 de fevereiro de 2023, foram colocados 300 milhões de euros à taxa de juro média de 2,975%.

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Tiago Oliveira é o nome apontado para substituir Isabel Camarinha na CGTP

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

Isabel Camarinha vai deixar de ser secretária-geral da CGTP no próximo congresso da intersindical, que se realiza nos dias 23 e 24, no Seixal, por atingir o limite de idade para mais um mandato.

Tiago Oliveira, coordenador da União de Sindicatos do Porto, é o nome apontado para suceder a Isabel Camarinha na liderança da CGTP, uma decisão que deverá ser confirmada na segunda-feira, na comissão executiva, disse fonte sindical à Lusa. Isabel Camarinha vai deixar de ser secretária-geral da CGTP no próximo congresso da intersindical, que se realiza nos dias 23 e 24, no Seixal, por atingir o limite de idade para mais um mandato de quatro anos.

Segundo fontes sindicais contactadas pela Lusa, “é quase certo” que o nome do sindicalista do norte Tiago Oliveira reúna consenso para suceder a Isabel Camarinha na reunião da comissão executiva da CGTP, agendada para segunda-feira. O nome será depois votado no congresso da intersindical. O coordenador da União de Sindicatos do Porto é operário e tem uma ligação próxima ao PCP. Com 43 anos de idade, poderá fazer mais do que um mandato como líder da CGTP, uma vez que tem uma margem de progressão na intersindical de 20 anos.

A CGTP tem um limite de idade para o acesso aos corpos sociais da central. Ou seja, os sindicalistas não podem candidatar-se a um novo mandato quando têm a perspetiva de atingir a idade de reforma nos quatro anos seguintes. No XV congresso da intersindical vão ser substituídos 38 dirigentes sindicais dos 147 que integram o Conselho Nacional, entre os quais a secretária-geral Isabel Camarinha, por limite de idade, uma vez que tem 63 anos.

Dos 38 dirigentes que vão ser substituídos, 19 estão de saída devido à idade e os outros 19 saem por terem sido substituídos na coordenação das respetivas uniões ou federações sindicais.

Entre os dirigentes que vão sair da Comissão Executiva da CGTP por motivo de idade estão, além de Isabel Camarinha, Mário Nogueira (líder da Fenprof – Federação Nacional dos Professores), Libério Domingues (ex-coordenador da União de Sindicatos de Lisboa), José Manuel Oliveira (coordenador da Fectrans – Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações) ou Vivalda Silva (dirigente do STAD – Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas).

Assim que for eleito no congresso, o novo Conselho Nacional da CGTP tem a responsabilidade de eleger a Comissão Executiva e o próximo secretário-geral da intersindical. Isabel Camarinha (63 anos) foi eleita secretária-geral da CGTP no anterior congresso, em fevereiro de 2020, para um mandato de quatro anos que agora termina.

Antes de substituir Arménio Carlos como líder da CGTP, Isabel Camarinha era presidente do Sindicato do Comércio e Serviços de Portugal (CESP) e coordenadora da Federação dos Sindicatos do Comércio e Serviços de Portugal.

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CMVM alerta que Wave Makers LTD não pode exercer intermediação financeira

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

A CMVM advertiu também que a Wave Makers "não se encontra legalmente habilitada para realizar publicidade ou prospeção de clientes dirigidas à celebração de contratos de intermediação financeira".

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) alertou esta sexta-feira que a entidade Wave Makers LTD, que opera o site Binarycent, não está autorizada nem registada para o exercício de qualquer atividade de intermediação financeira em Portugal.

Em comunicado, a entidade avisou que a entidade Wave Makers LTD que opera o website Binarycent, https://www.binarycent.app/ não está “autorizada nem registada junto da CMVM para o exercício de qualquer atividade de intermediação financeira em Portugal”.

A CMVM advertiu também que “a referida entidade não se encontra legalmente habilitada para realizar publicidade ou prospeção de clientes dirigidas à celebração de contratos de intermediação financeira”.

O regulador aconselhou que “para assegurar que uma determinada entidade que oferece serviços de investimento em instrumentos financeiros está autorizada a exercer atividade em Portugal” devem ser consultadas “as listas de entidades habilitadas a prestar serviços financeiros em Portugal”.

 

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Gestores do Negócio são também Gestores Financeiros

  • Conteúdo Patrocinado
  • 16 Fevereiro 2024

Quando os recursos financeiros são abundantes, as taxas de juro baixas, e o acesso a financiamento é fácil, otimizar o capital circulante não é de todo prioritário.

Mas estes não são os tempos de agora. Ainda mal saídos de uma pandemia mundial com todas as consequências nas cadeias logísticas, nas alterações dos hábitos de consumo, na gestão e retenção das pessoas, o mundo viu-se confrontado com uma guerra, e, depois, com outra. E, com as economias à beira da recessão e taxas de juro elevadas, as empresas mudaram a sua atitude em relação ao endividamento e à gestão do chamado capital circulante. O equilíbrio depende mais da capacidade de ter cash disponível do que ter acesso a financiamento.

Otimizar o capital circulante é, agora, obrigatório!

A sustentabilidade dos negócios, em particular das pequenas e médias empresas, passou a exigir um esforço redobrado para reduzir custos, melhorar o serviço e libertar capital, condições necessárias para continuar a investir e fazer crescer os negócios.

A gestão eficiente do capital circulante parece ser algo de elementar, básico. Muitas vezes esta gestão aparece associada ao gestor financeiro, uma vez que é ele o responsável por angariar os recursos financeiros para fazer face aos investimentos.

Contudo, a responsabilidade pela otimização do capital circulante, por assegurar que o negócio liberta cash, vai para além das atribuições do gestor financeiro. Está dependente das características da indústria, da capacidade de negociação dos clientes e fornecedores, e também da habilidade e competências dos gestores operacionais na forma como gerem as componentes das necessidades em fundo de maneio.

Ora, vejamos.

Partindo da informação contabilística, o capital circulante resulta da diferença entre os ativos correntes e os passivos correntes. Ou seja:

Capital Circulante = valores em stocks, tesouraria, dívidas de clientes, adiantamentos a fornecedores e outros valores a receber no curto prazo – valores de dívidas a fornecedores, adiantamentos de clientes e outras obrigações a pagar no curto prazo

O capital circulante deverá ser positivo, demonstrando a capacidade da empresa em gerar liquidez para fazer face às obrigações de curto prazo. Demasiado positivo pode significar má gestão das disponibilidades financeiras (tesouraria parada); negativo significa pressão sobre a tesouraria provocada pelas obrigações de curto prazo.

É responsabilidade do gestor financeiro assegurar a adequada estrutura de capital da empresa, o equilíbrio do capital circulante e, naturalmente, a contratação do financiamento adequado para que a empresa tenha liquidez que lhe permita solver compromissos e manter a exploração do negócio de forma sustentável.

Ana Maria Simões, Comissão Executiva do Iscte Executive Education (IEE), Diretora da Pós-Graduação em Controlo de Gestão e Execução da Estratégia e da Pós-Graduação em Finanças e Controlo Empresariais (IEE)

Agora, é responsabilidade da gestão operacional gerir algumas das variáveis de negócio que impactam no capital circulante. E estas variáveis traduzem-se financeiramente naquilo que se designa por necessidades em fundo de maneio.

As necessidades em fundo de maneio (NFM) traduzem as necessidades e recursos financeiros cíclicos que resultam do ciclo de exploração da empresa, tendo em conta o desfasamento temporal existente entre as compras e os recebimentos.

As NFM são habitualmente quantificadas em valor absoluto:

NFM = Stocks + Crédito concedido a clientes – Crédito obtido de fornecedores +/- outras necessidades ou recursos associados ao ciclo de exploração.

Quando as NFM são iguais ou inferiores a zero, significa que o ciclo de exploração se autofinancia. De forma simplificada, os créditos de fornecedores financiam os créditos a clientes e os stocks. NFM negativas resultam de um ciclo de exploração que liberta cash. A velocidade de recebimento dos clientes é superior à do pagamento a fornecedores e, por isso, o ciclo de exploração é favorável à tesouraria. NFM positivas significam necessidade de financiar parte dos ativos cíclicos por endividamento ou capitais próprios.

Por norma, as NFM elevadas encontram-se associadas a ciclos de exploração longos, ou seja, com grande desfasamento temporal entre as compras e os recebimentos de clientes, como o caso das empresas industriais ou os projetos de construção.

As empresas comerciais ou de serviços tendem a manter ciclos de exploração mais curtos e, por isso, NFM mais reduzidas. Alguns negócios são mesmo caracterizados por manterem NFM negativas, ou seja, com prazos de realização dos ativos cíclicos menores do que os prazos de exigibilidade das dívidas. É o exemplo típico do setor da distribuição com recebimento a pronto, elevada rotação de stocks e prazos de pagamentos a fornecedores alargados.

Quanto menor o capital empregue em NFM, menor o custo de financiamento exigido ao negócio. E, por isso, mesmo sabendo que as características das indústrias influenciam a duração dos ciclos de exploração, e que há inúmeros fatores exógenos não controláveis, os gestores operacionais têm a responsabilidade de ponderar e implementar práticas, políticas, processos que reduzam o capital empregue no ciclo de exploração. Ficam algumas sugestões:

  • Privilegie os canais de venda, mercados e clientes bons pagadores. E negoceie melhor o prazo de recebimentos concedido a clientes.
    Receber de imediato, ou até de forma antecipada, será o ideal. As vendas online vieram potenciar esta prática eliminando, por vezes, intermediários. Não sendo possível receber de imediato, negoceie bem os prazos de recebimento, tente reduzi-los, conjugue-os com descontos financeiros. Certifique-se que o cliente é bom pagador. Em síntese, procure reduzir os dias de crédito concedidos a clientes, mesmo com o volume de negócios a crescer.
  • Negoceie bem com os fornecedores, minimize e rode o stock.
    Garanta uma gestão eficiente dos stocks. Implemente os processos necessários para evitar ruturas, mas sem criar gorduras no armazém ou ao longo do processo produtivo. Promova a rotação do stock. Negoceie, com o fornecedor, quantidades, mas com entregas e pagamentos parcelares. Ganhe a sua confiança e pague nos prazos combinados. Se alargados, melhor. Em síntese, seja eficiente na relação com cadeia de abastecimento, e na gestão dos stocks. Se ainda for possível, reduza o tempo de permanência do stock e alargue prazos de pagamentos a fornecedores.
  • Implemente boas práticas de gestão e reduza custos.
    Em particular nas empresas industriais e de projeto, um bom planeamento das necessidades e alocação dos recursos permitirá com certeza obter ganhos de eficiência ao nível dos custos e do capital empregue. Implemente metodologias e práticas de gestão que promovam a redução de stocks, dos tempos de espera, de produção, de setups, da ocupação de espaços, de desperdício de recursos.
  • Melhore a qualidade da prestação de serviços.
    Se prestar um bom serviço, dentro dos prazos, de qualidade, o cliente terá maior dificuldade em apresentar argumentos para atrasar o pagamento. Aliás, pelo contrário, um serviço de excelência pode servir de argumento para antecipar recebimentos, negociando com o cliente adiantamentos que farão reduzir as NFM.

Estas e outras dicas contribuirão para, por um lado, reduzir o ciclo de exploração do seu negócio – tempo entre as compras e os recebimentos de clientes – e, por outro, para ganhar eficiência ao nível das NFM. Atente-se que reduzir ou ganhar eficiência ao nível das NFM significa libertar cash e ganhar liquidez.

Não é muitas vezes visível para os gestores operacionais. Mas a gestão eficiente das NFM apresenta benefícios para a performance financeira do negócio, como por exemplo:

Redução de custos – não só a redução dos custos operacionais muitas vezes decorrentes da melhoria dos processos, mas também a redução dos custos de financiamento (juros ou custo de oportunidade) do capital empregue em NFM.

Aumento do cash flow – maior eficiência das NFM significa reduzir o ciclo de exploração do negócio e, por conseguinte, receber mais rápido. As disponibilidades financeiras da empresa incrementam. Criam-se novas oportunidades para investir e crescer.

Melhoria da rendibilidade – NFM mais baixas reduzem o capital empregue no negócio e, por isso, aumentam a taxa de rendibilidade.

Criação de valor para o investidor – maior eficiência das necessidades em fundo de maneio, resultará no incremento do resultado residual gerado para o investidor.

A gestão das variáveis que verdadeiramente impactam as NFM é da responsabilidade dos gestores operacionais. Claro que o gestor financeiro estará vigilante até porque é ele que tem a responsabilidade de angariar o financiamento necessário e de negociar o seu custo. Mas são os gestores operacionais que no terreno tomam, a montante, as decisões que determinam maior ou menor capital empregue em NFM. E, por isso, devem ter visibilidade e monitorizar a informação relativa ao comportamento e performance destas variáveis.

Não esquecer, por exemplo, que quando o departamento comercial dá mais crédito aumenta as necessidades de financiamento da empresa, e por isso os custos financeiros. Em períodos de taxas de juro elevadas o efeito é mais impactante. Claro que se pode compensar o crédito com o pricing, com volume; ou a montante, com uma melhor negociação dos créditos e preços com fornecedores. Os gestores operacionais devem ponderar estes vários efeitos conjugados. Ficam alguns indicadores que podem ajudar os gestores operacionais neste processo:

*A taxa de custo de capital deve traduzir o custo de financiamento da empresa, incluindo o custo de oportunidade decorrente do financiamento via capitais próprios.

O efeito global da gestão das múltiplas variáveis com que os gestores de negócio são confrontados – pricing, eficiência, produtividade, custos, política de créditos, gestão de stocks, tempos, setups, volume …. – pode ser monitorizado pelo resultado residual.

O resultado residual integra a performance económica do negócio, mas também o custo de financiar as NFM associadas ao ciclo de exploração. Custo de capital elevado, como o que se assiste agora, penaliza a performance financeira do negócio e obriga a uma melhor gestão das NFM. Os gestores operacionais, os que estão mais próximo do negócio, têm muito a dizer sobre a redução do ciclo de exploração do negócio. Fazem a gestão das operações e, de forma menos visível, são também gestores financeiros porque são responsáveis, no dia-a-dia, pela otimização do capital investido no ciclo de exploração das empresas. Reduzir o tempo de ciclo de exploração significa libertar liquidez para investir nos atuais ou novos negócios.

Agora, é essencial dar visibilidade aos gestores dos negócios desta responsabilidade. É essencial partilhar, fazer-lhes chegar informação, indicadores que lhes mostre os benefícios de fazer uma boa gestão das variáveis que impactam no capital investido no ciclo de exploração. E quando o dinheiro custa mais caro, o essencial passa a prioritário.

Ana Maria Simões, Comissão Executiva do Iscte Executive Education (IEE), Diretora da Pós-Graduação em Controlo de Gestão e Execução da Estratégia e da Pós-Graduação em Finanças e Controlo Empresariais (IEE)

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Oficiais da PSP alertam em carta aberta para “o colapso” da polícia

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

O sindicato que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP indica que as exigências dos polícias "não vão parar nas questões remuneratórias".

Os oficiais da PSP alertam, numa carta aberta, para “o colapso” da polícia por falta de investimento e de agentes, e pela pouca atratividade da carreira, associada ao “estado deplorável” em que se encontram viaturas, instalações e equipamentos.

“O colapso está mesmo diante dos nossos olhos, pena que seja apenas dos nossos”, escreve o Sindicato Nacional dos Oficiais da Polícia (SNOP), numa carta a que Lusa teve hoje acesso, aprovada na quinta-feira à noite num jantar que reuniu oficiais da PSP para debater a segurança interna e o futuro da Polícia de Segurança Pública.

Na carta, intitulada a “Segurança é o ‘petróleo’ de Portugal”, o SNOP denuncia a baixa atratividade da carreira policial, a falta de efetivo e uma polícia envelhecida, bem como uma PSP “depauperada por imperativos governamentais e falta de investimento”. O sindicato que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP indica que as exigências dos polícias “não vão parar nas questões remuneratórias” e que é preciso “uma discussão profunda sobre o nível de investimento e financiamento para manter as forças de segurança a trabalhar adequadamente”.

O SNOP sublinha que “a gestão miserabilista das forças de segurança vem de longe” e que mais de 90% do seu orçamento é absorvido com despesas de pessoal, um “número inédito na Europa”.

“O investimento numa força de segurança como a PSP, com quase 5.000 viaturas, 400 instalações e um inumerável stock de equipamento técnico e operacional não passa, por ano, dos 13 milhões de euros, ou seja, menos de 2% do orçamento”, escreve o sindicato, sustentando que a lei de programação “apenas consegue executar dois terços dos montantes aprovados” e, destes “apenas um terço vai para equipamentos ou instalações” das polícias.

“Pouco mais do que um quinto do valor aprovado nos Conselhos de Ministros é efetivamente dedicado às instalações, viaturas e equipamentos das forças de segurança, e é aqui que reside a verdade. Percebe-se por isso o estado deplorável em que se encontram. Nenhuma instituição consegue funcionar com esta estrutura financeira”, precisam os oficiais.

Sobre os recursos humanos, o SNOP salienta que a idade média dos polícias é 11 anos mais baixa do que a da população em geral, a taxa de suicídio é quase o dobro, o número de polícias mortos em serviço é de 1,4 por ano (32 casos totais) e de polícias agredidos é de 901 por ano, valores médios, entre 2000 e 2022. Segundo o SNOP, no ano passado, 18% dos polícias da PSP (3.719) reuniam os requisitos para a pré-aposentação e 53% (11.060) tinham mais de 45 anos de idade, num total de 20.870 elementos da PSP.

“Dentro de cinco anos, 34% dos polícias reunirão os requisitos para a pré-aposentação. O cenário é ainda mais preocupante quando os resultados dos últimos quatro concursos de admissão para ingresso na carreira de agente demonstram que a Polícia portuguesa vai enfrentar uma grave ameaça à sua prontidão e eficácia operacional por não conseguir substituir, completar e rejuvenescer os agentes de polícia, tal como havia sido planeado”, frisam.

Os oficiais da PSP sustentam que o número de candidatos aprovados nos últimos quatro concursos tem ficado “muito aquém do esperado” e não permitiu preencher a totalidade das vagas anunciadas politicamente e que constam do Plano Plurianual de Admissões. De acordo com o SNOP, entre 2019 e 2023 estava previsto o alistamento de 4.200 novos polícias, mas apenas entraram para a PSP 2.849 novos agentes, ou seja, menos 1.351.

“Este é o resultado do ataque vil à dignidade das carreiras policiais e do papel essencial das forças de segurança”, refere o sindicato, dando ainda conta de que cerca de 20% dos polícias com formação superior que ingressaram na PSP entre 2008 e 2014 já saíram da instituição, tendo a maioria como destino PJ, SEF e outras carreiras de técnico superior dentro da Administração Pública.

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