Processo de suspeitas de corrupção na Madeira vai ser conduzido pelo juiz Jorge Melo

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

O caso que envolve o presidente da Câmara do Funchal e dois empresários, detidos numa operação em que são investigadas suspeitas de corrupção na Madeira, vai ser conduzido pelo juiz Jorge Melo.

O processo que envolve o presidente da Câmara do Funchal e dois empresários, detidos numa operação policial em que são investigadas suspeitas de corrupção na Madeira, vai ser conduzido pelo juiz Jorge Melo, segundo fonte judicial.

Os três detidos passaram a noite nas instalações da Polícia Judiciária em Lisboa e pelas 12h00 já se encontravam no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, no Campus de Justiça, no Parque das Nações, onde será feito o interrogatório, de acordo com fonte judicial.

A mesma fonte disse que o juiz Jorge Melo iria começar a identificação dos suspeitos.

Cerca das 11h00, à entrada do tribunal, Paulo Sá e Cunha, advogado do presidente da Câmara do Funchal, explicou que “em diligências urgentes de arguidos”, os detidos tem um prazo legal para ser identificados que deve ser cumprido, “senão a detenção tem de cessar”, acrescentando que o prazo é de 48 horas.

De acordo com o comunicado divulgado na quarta pela Polícia Judiciária, as detenções ocorreram nesse dia às 14h15.

O processo está a cargo do juiz Jorge Melo, após ter sido sorteado, uma vez que o juiz a quem pertencia está de baixa, informou fonte judicial.

Na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, foram detidos o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas.

No âmbito deste processo, foi ainda constituído arguido o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), tendo a sua residência particular e a Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional (PSD/CDS-PP), sido alvo de buscas.

De acordo com a Polícia Judiciária, nesta operação estão em causa suspeitas dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

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Suspeitos de corrupção na Madeira detidos começam a ser ouvidos no sábado de manhã

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

O interrogatório aos três detidos na quarta-feira por suspeitas de corrupção na Madeira vai começar no sábado às 10h00, em Lisboa, depois de terem sido identificados esta sexta-feira.

O interrogatório aos três detidos na quarta-feira por suspeitas de corrupção na Madeira, entre os quais o presidente da Câmara do Funchal, vai começar no sábado às 10h00, em Lisboa, depois de terem sido identificados esta sexta-feira, segundo um advogado.

Em declarações aos jornalistas à saída do tribunal, Raul Soares da Viega, advogado de Avelino Farinha, um dos empresários detido, disse que o seu cliente “foi apanhado de surpresa”, mas irá responder a tudo.

“Vai responder. Deixar tudo claríssimo, para não haver nenhum equívoco. Vai-se ver que aquilo que parece não é”, disse Raul Soares da Veiga à saída do Tribunal Central de Investigação e Ação Penal, no Campus de Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa.

O advogado disse ainda que a identificação dos três suspeitos decorreu esta sexta-feira de manhã e que os interrogatórios iniciam-se no sábado, às 10h00.

Raul Soares da Veiga acrescentou que só conhece parte do processo que foi entregue na altura das buscas, mas que esta sexta-feira à tarde a defesa poderá consultar a apresentação do Ministério Público.

Os advogados dos suspeitos saíram ao mesmo tempo do tribunal, mas apenas Raul Soares da Veiga prestou declarações aos jornalistas.

Paulo Sá e Cunha, advogado do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e André Navarro de Noronha, que defende o empresário Custódio Correia, não quiseram falar à saída do tribunal.

Na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em vários zonas do continente, foram detidos o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas, segundo disse à Lusa fonte da investigação.

No âmbito deste processo, foi ainda constituído arguido o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD).

De acordo com a Polícia Judiciária, nesta operação estão em causa suspeitas dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

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Lino Tranquada Gomes será o nome escolhido para suceder a Albuquerque

  • Ana Petronilho
  • 26 Janeiro 2024

PSD Madeira tem em cima da mesa cinco nomes para suceder a Albuquerque, que vai renunciar ao cargo, sabe o ECO. Lino Tranquada Gomes, ex-presidente da Assembleia Legislativa, é o nome consensual.

O PSD Madeira já chegou a um consenso para um novo presidente do governo regional. Miguel Albuquerque vai renunciar ao cargo esta tarde e deverá ser substituído por Lino Tranquada Gomes. O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira entre 2015 e 2019 saiu do cargo por imposição do CDS Madeira no acordo com o PSD Madeira para formar o último governo, sabe o ECO.

Em cima da mesa estavam pelo menos cinco nomes para suceder a Miguel Albuquerque que, sabe ainda o ECO, vai renunciar ao cargo depois de ter sido pressionado pelo PSD e após o PAN ter feito saber que rompia com o acordo firmado, que permitiu ao PSD formar um executivo com maioria absoluta, em coligação com o CDS, na Assembleia Legislativa da Madeira. Lino Tranquada Gomes será o nome mais consensual no partido.

Advogado e atual presidente da mesa da assembleia geral do Marítimo, com 65 anos, Tranquada Gomes tinha sido excluído das listas candidatas à Comissão Política e ao Secretariado do PSD/M nas últimas eleições diretas em 2020. Foi ainda líder do grupo parlamentar (após eleições internas do PSD/M) e vice-presidente da direção do grupo parlamentar do PSD/M.

No entanto, Tranquada Gomes está envolvido em algumas polémicas. Em 2016, o nome do então presidente da Assembleia da República foi envolvido no caso Panama Papers, ao aparecer nos registos da Mossack Fonseca. De acordo com as notícias publicadas à data, pelo Expresso e TVI, Tranquada Gomes terá tido procurações passadas em seu nome, e em nome de outras pessoas, por diferentes offshores, incorporadas na Mossack Fonseca, sendo apontado como tendo tido ligações entre 1994 e 2005 com procurações passadas pela Oliveira Inc, Sudotel SA (registadas no Panamá) e Dorcal International Ltd. (Ilhas Virgens Britânicas).

Mais tarde, em 2019, foi um dos ex-membros do Conselho Fiscal do Banif que foi condenado pelo Tribunal da Concorrência a pagar uma multa de 20 mil euros aplicada pelo Banco de Portugal por incumprimento do limite de 10% dos fundos próprios do banco na concessão de crédito a entidades dependentes, direta ou indiretamente, da Herança Indivisa de Horácio Roque. O tribunal condenou os ex-membros do Conselho Fiscal do Banif por causa da “gravidade e culpa elevadas” e do “comportamento doloso”, escreveu na altura o DN Madeira. Tranquada Gomes foi vogal do Conselho Fiscal do Banif entre Julho de 2007 e Março de 2012

Outro dos nomes em cima da mesa será Pedro Coelho, atual presidente da autarquia de Câmara de Lobos, escreve o DN Madeira que sublinha que fora de campo está José Manuel Rodrigues, presidente do CDS Madeira e presidente da Assembleia Legislativa, substituindo Tranquada Gomes.

Desta forma, a crise política na Madeira resulta num novo governo regional sem uma ida às urnas. O Presidente da República fez saber que está aberto à possibilidade de aceitar um novo governo regional sem convocar eleições, desde que seja liderado por uma pessoa do PSD que não tenha tido funções executivas nos últimos anos. Isto porque, escreve o Expresso (acesso pago), “grande parte das decisões que estão sob investigação foram tomadas em conselho de governo”, implicando direta ou indiretamente todos os secretários regionais. Também não podem ter qualquer ligação às empresas que foram visadas nas buscas que decorreram esta quarta-feira.

E é neste contexto que o PSD Madeira vai reunir esta sexta-feira a Comissão Política para discutir os últimos acontecimentos políticos, depois de Miguel Albuquerque ter sido constituído arguido num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder, prevaricação, atentado ao Estado de direito, entre outros crimes. A reunião dos 17 membros do órgão máximo regional do partido está marcada para as 17 horas e no fim não haverá declarações à comunicação social, escreve o DN Madeira.

Antes da reunião do partido, o ainda presidente do Governo Regional e líder do PSD-M vai reunir-se, a partir das 15 horas, na Quinta Vigia, com Rui Barreto, secretário regional da Economia, Mar e Pescas e líder regional do CDS. Durante o encontro, escreve o DN Madeira, Albuquerque vai acertar com o parceiro de coligação os próximos passos, antes da reunião da Comissão Política do PSD.

Nos últimos dias, o presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, garantiu várias vezes que não apresentava a demissão, o que levou Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, a vincar que só continuava a apoiar a coligação PSD/CDS com outro presidente no governo regional.

Perante este cenário, durante esta manhã Miguel Albuquerque reuniu, na Quinta Vigia, com o líder da bancada parlamentar do PSD Madeira, Jaime Filipe Ramos.

Entre os partidos da oposição, o Chega e PS decidiram avançar com moções de censura ao executivo liderado por Miguel Albuquerque, com os diplomas a dar entrada esta sexta-feira na Assembleia Legislativa Regional, que com a saída do presidente do governo regional perdem o efeito.

(Notícia atualizada às 19h31 com mais informação)

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Worten aposta em novo visual nas redes sociais

  • + M
  • 26 Janeiro 2024

A nova identidade visual, desenvolvida em parceria com a Fuel, já está a ser aplicada em todas as redes sociais da marca: Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, YouTube, Twitch e Pinterest.

A Worten apostou numa reformulação do seu visual nas redes sociais, com uma imagem “mais arrojada e alinhada com o look & feel da marca”. Esta nova identidade visual foi desenvolvida em parceria com a Fuel.

“Desde 2018 que as redes sociais da Worten tinham um visual próprio, com uma paleta cromática muito próxima da marca. No entanto, com o passar do tempo, sentimos que o design, os elementos gráficos e os grafismos estavam muito datados. O grande desafio foi encontrar uma nova expressão gráfica mais moderna e enquadrada no meio digital“, começa por explicar António Fuzeta da Ponte, head of brand and communication da Worten, citado em comunicado.

“Com a ajuda da Fuel, que também é responsável pelos trabalhos de direção de arte dentro de diversas áreas da Worten, definimos uma nova linha social mais fresca e alinhada com as tendências que identificámos. O resultado é uma imagem mais arrojada, mas que continua a respeitar a identidade da marca e que contribui para nos aproximar do nosso target nas redes sociais”, acrescenta.

Esta nova linha visual já está a ser aplicada em todas as redes sociais da marca (Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, YouTube, Twitch e Pinterest).

O objetivo passa por proporcionar um design “mais moderno, versátil e que continue a refletir a marca e a sua identidade visual”, algo que foi conseguido através de uma “paleta cromática que contribui para tornar a linha gráfica mais identitária, e com recurso a molduras, caixas de texto, stickers e grafismos que captam a atenção, representam modernidade e ajudam a criar dinamismo nas publicações“, refere-se em nota de imprensa.

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Taxa Euribor desce em todos os prazos após decisão do BCE

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

Esta sexta-feira, a Euribor a três meses caiu para 3,887% e a seis meses baixou para 3,873%. No prazo mais longo, a 12 de meses, a taxa caiu para 3,597%, longe do máximo de 4,228% atingido em 2023.

A taxa Euribor desceu a três, a seis meses e a 12 meses face a quarta-feira, mantendo-se abaixo de 4% nos três prazos. Com as alterações desta sexta-feira, a Euribor a três meses, que recuou para 3,887%, ficou acima da taxa a seis meses (3,873%) e da taxa a 12 meses (3,597%).

  • A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 28 de novembro, desceu esta sexta-feira para 3,597%, menos 0,065 pontos que na quinta-feira, depois de ter avançado em 29 de setembro para 4,228%, um novo máximo desde novembro de 2008. Segundo dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a novembro de 2023, a Euribor a 12 meses representava 37,4% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 36,1% e 23,9%, respetivamente.
  • No mesmo sentido, no prazo de seis meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro, baixou esta sexta-feira, para 3,873%, menos 0,038 pontos que na sessão anterior e contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,143%, registado em 18 de outubro.
  • A Euribor a três meses também caiu esta sexta-feira face à sessão anterior, ao ser fixada em 3,887%, menos 0,038 pontos e depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro inalteradas na quinta-feira. A presidente da instituição, Christine Lagarde, disse que existem riscos no que toca ao crescimento económico, que a inflação continua numa tendência descendente e que a pressão dos aumentos salariais está a decrescer.

Lagarde mencionou ainda que “as decisões do BCE estão dependentes de dados económicos e os dados em que se focam apontam para um corte de taxas de juro nos próximos meses, potencialmente abril” e indicou também que “o verão poderá chegar mais cedo este ano”. O BCE está a marcar uma pausa no ciclo sem precedentes de aperto monetário que o levou a aumentar as taxas dez vezes desde meados de 2022.

A média da Euribor em dezembro desceu 0,037 pontos para 3,935% a três meses (contra 3,972% em novembro), 0,138 pontos para 3,927% a seis meses (contra 4,065%) e 0,343 pontos para 3,679% a 12 meses (contra 4,022%).

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na Zona Euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021. As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Operação Marquês. Sócrates pode recorrer para Constitucional, mas não muda o desfecho

Sócrates não pode recorrer da substância da decisão do Tribunal da Relação. Mas pode recorrer de questões de lei para o Constitucional. Recurso interposto "não terá efeito suspensivo".

Mais uma reviravolta na Justiça portuguesa. Afinal José Sócrates vai a julgamento por mais 22 crimes na Operação Marquês, para além dos seis que tinha sido pronunciado anteriormente pelo juiz Ivo Rosa. O antigo primeiro-ministro já reconheceu a “derrota jurídica” e assumiu que vai recorrer da decisão. Mas será que pode?

Não e sim. Sócrates não pode recorrer da substância da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa. Ou seja, não pode recorrer sobre as matérias de facto, mas pode recorrer relativamente a questões de lei.

Segundo explicou ao ECO/Advocatus o advogado Pedro Marinho Falcão, “esta decisão não admite recurso ordinário”, apenas para o Tribunal Constitucional (TC) onde se discutem unicamente questões de interpretação da lei e não questões de substância. “Esta decisão não resulta na culpabilidade dos arguidos, determina apenas a ida dos mesmos a julgamento. Desta decisão não resulta imputação de responsabilidade, resulta apenas uma outra interpretação jurídica dos factos”, referiu o advogado.

Assim, o antigo primeiro-ministro pode recorrer, mas só sobre o conteúdo do acórdão. Ou seja, pode recorrer se considerar que foram violadas normas da Constituição da República Portuguesa.

Rui Costa Pereira, advogado da MFA Legal, explicou ao ECO/Advocatus que o regime de recursos para o TC tem “diversas nuances” e “especificidades” relativamente ao regime de recursos comum.

“Relativamente às situações – como a que está em causa – em que a decisão que motiva o recurso para o Tribunal Constitucional é, ela própria, proferida no contexto de um recurso anterior (no caso, do recurso que foi interposto da decisão instrutória, tomada pelo Tribunal Central de Instrução Criminal), o que a Lei do Processo do Tribunal Constitucional prevê é que o recurso interposto de decisão proferida já em fase de recurso mantém os efeitos e o regime de subida do recurso anterior“, explicou.

Sobre o recurso da decisão instrutória de não pronúncia, Rui Costa Pereira referiu que o Código de Processo Penal prevê que esse recurso “apesar de ser conhecido imediatamente”, “não tem efeito suspensivo na marcha do processo“. Logo, o advogado considera que sendo interposto recurso desta decisão, o “mesmo não terá efeito suspensivo”.

Também para Paulo Saragoça da Matta o recurso nunca teria efeito suspensivo. “Não vejo como possa recorrer para o Supremo, e podendo recorrer, para o STJ ou para o TC, nunca teria efeito suspensivo”, disse.

Ainda assim, Rui Costa Pereira diz que pode haver um “twist” devido a um pormenor: “É que antes estava-se a recorrer de uma decisão instrutória de não pronúncia; agora, diferentemente, é de uma decisão de pronúncia de que se estará a recorrer. Ora, o recurso da decisão de pronúncia, quando é admissível, tem efeito suspensivo do processo. A questão que se coloca, é se esta alteração substancial, implica, ou não, uma alteração do regime e dos efeitos de recurso que vigoraram até à decisão da Relação. Qualquer uma das duas soluções tem bons argumentos a seu favor”, disse.

Pedro Marinho Falcão considera ainda que existem questões controversas do ponto de vista constitucional, “de tal forma que a Relação invoca um acórdão do TC de junho de 2023”.

“Entenderam que o crime de corrupção está mal qualificado. Estava qualificado como corrupção sem determinação concreta do ato praticado, que tem pena de três anos e prescrevia ao fim de cinco anos. A Relação qualificou como corrupção de titular de cargo político para ato ilícito, em que a pena é de oito anos e o prazo de prescrição é de dez anos”, sublinhou.

José Sócrates vai assim a julgamento por mais 22 crimes: três crimes de corrupção, 13 de branqueamento e seis de fraude fiscal. “Esta decisão da Relação deixa-me com uma grande sensação de desapontamento”, adiantou.

“Não ficou apenas provado que não havia indícios. Pelo contrário. Foram recolhidos contra-indícios que mostraram que essas alegações, nomeadamente as que diziam respeito ao TGV ou à OPA da Sonae, todas essas alegações ficaram provadas que são falsas e agora dizem que estão indiciadas. Não estão, isso não é verdade, e eu vou recorrer dessa decisão”, argumentou.

Quem vai a julgamento?

Na quinta-feira, a acusação do Ministério Público foi quase toda reposta na íntegra pelas juízas desembargadoras do Tribunal da Relação de Lisboa. Do total de 189 crimes que estavam na acusação do DCIAP, agora são 118 crimes que levam os arguidos a julgamento, ao invés dos 17 decididos pelo juiz de instrução Ivo Rosa.

“Atento aos indícios existentes relativamente à prática, dos factos, pelos arguidos, parece-nos que, pese embora a acusação não ser uma peça sem mácula, os factos alegados, ainda que alguns sejam factos instrumentais, cujo relevo não decorre diretamente, permitem um enquadramento dos ilícitos. Deste modo, entendemos que os factos expurgados devem regressar à acusação e, consequentemente, à pronúncia”, disse o coletivo de juízas.

As juízas acabam por voltar a pronunciar quase todos os arguidos de um dos processos mais mediáticos da justiça portuguesa: José Sócrates, Armando Vara, Ricardo Salgado, Zeinal Bava, Henrique Granadeiro, Carlos Santos Silva, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Luís da Silva Marques, Diogo Gaspar Ferreira, Rui Horta e Costa, José Paulo Pinto de Sousa, Rui Mão de Ferro, João Perna, Sofia Fava, Gonçalo Trindade Ferreira e Inês do Rosário.

Do lado das pessoas coletivas, voltam também ao estatuto de arguidas pronunciadas as duas empresas do Grupo Lena e a RMF. De fora ficou Bárbara Vara, pelos crimes de branqueamento, e a sociedade Pepelan.

“A prova indiciária de que Ricardo Salgado terá corrompido Henrique Granadeiro (ex-chairman da PT) e Zeinal Bava (ex-CEO da PT) com cerca de 50 milhões de euros, para favorecer a compra de títulos de dívida do GES, é suficientemente forte”, referiram as juízas.

Ricardo Salgado estava acusado por 21 crimes – de corrupção ativa de titular de cargo político, de corrupção ativa, de branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada. Foi pronunciado por três crimes de abuso de confiança e condenado, em março de 2022, a uma pena de seis anos por esses três crimes que saíram da Operação Marquês.

Agora, a Relação decidiu acrescentar os crimes de corrupção e de branqueamento de capitais. O coletivo de juízas decidiu pronunciar o antigo presidente do BES por um crime de corrupção ativa de titular de cargo político, para atos ilícitos, relativo a negócios entre o grupo Portugal Telecom (PT) e o Grupo Espírito Santo (GES) “no que concerne aos pagamentos efetuados ao arguido José Sócrates”.

A decisão pronuncia também Salgado por outros dois crimes de corrupção ativa, para atos ilícitos, relativos a negócios entre a PT e o GES, por pagamentos efetuados aos antigos administradores da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro.

Armando VaraLusa

No caso de Armando Vara, também volta a ser pronunciado por um crime de corrupção e um de branqueamento de capitais.

Carlos Santos Silva, o empresário e amigo de Sócrates, que ficou conhecido como testa de ferro do ex-primeiro-ministro, vai ser julgado por um crime de corrupção passiva de titular de cargo político para atos ilícitos, em coautoria com José Sócrates, e por um crime de corrupção ativa para atos ilícitos, desta vez em coautoria com os arguidos Joaquim Barroca, José Ribeiro dos Santos e as sociedades LEC SA, LEC SGPS e LENA SGPS relativamente ao arguido Luís Marques. No total, vai ser julgado por 23 crimes, dois de corrupção, 14 de branqueamento de capitais e sete de fraude fiscal.

Na decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, em abril de 2021, não foi validada grande parte da acusação da Operação Marquês e decidiu pelo arquivamento na decisão instrutória de 172 dos 189 crimes que constavam da acusação original, restando apenas 17 crimes, e com a acusação mais grave, de corrupção, a cair com a decisão do juiz Ivo Rosa.

O juiz decidiu pela não pronúncia de José Sócrates no que toca aos crimes de corrupção de que estava acusado. José Sócrates, Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro, Carlos Santos Silva, Zeinal Bava, Armando Vara — e mais 20 arguidos — conheceram em abril de 2021 a decisão do debate instrutório.

No recurso, os procuradores pediam à Relação de Lisboa que reponha a acusação original da Operação Marquês, de outubro de 2017, e pediam o julgamento de José Sócrates três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 13 crimes de branqueamento de capitais e três crimes de fraude fiscal. Os seis crimes de falsificação de documento imputados na acusação que estarão sob perigo de prescrição.

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Combustíveis voltam a subir na próxima semana. Gasóleo fica três cêntimos mais caro e gasolina 2,5 cêntimos

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá pagar 1,609 euros por litro de gasóleo simples e 1,688 euros por litro de gasolina simples 95.

Os preços dos combustíveis vão voltar a subir na próxima semana. O gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, deverá ficar três cêntimos mais caro e a gasolina deverá subir 2,5 cêntimos a partir de segunda-feira, disse ao ECO uma fonte do setor.

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,609 euros por litro de gasóleo simples e 1,688 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). É preciso recuar ao final de novembro para encontrar preços mais elevados em ambos os combustíveis.

Estes preços já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras e a revisão das medidas fiscais temporárias para ajudar a mitigar o aumento dos preços dos combustíveis. A redução de impostos determinada pelas medidas atualmente em vigor é de 25 cêntimos por litro de gasóleo e de 26 cêntimos por litro de gasolina.

Os preços podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent à sexta-feira e o comportamento do mercado cambial. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. É ainda de recordar que os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, os preços do gasóleo e da gasolina subiram 1,8 cêntimos, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, que previa uma subida de dois cêntimos em ambos os combustíveis.

O preço do brent, que serve de referência para o mercado europeu, está a descer esta sexta-feira (0,66%) para 81,89 dólares por barril. Apesar de negociar ligeiramente abaixo dos 82 dólares que atingiu na quinta-feira, tudo aponta para uma forte subida semanal, alimentada pelo bom desempenho económico dos EUA e o anúncio de um novo estímulo à economia chinesa. Em causa pode estar o maior aumento semanal desde outubro, segundo a Reuters, que é suportado também pela incerteza na oferta no Médio Oriente.

A economia norte-americana terá crescido 3,3% no último trimestre do ano passado, muito acima do esperado pelos analistas, que apontavam para um crescimento de 2%. O banco central da China anunciou que iria injetar o equivalente a 140 mil milhões de dólares na economia para estimular um crescimento mais rápido, reduzindo a quantidade de reservas que os bancos locais precisam de deter. E no Médio Oriente, os huthis iemenitas atacaram esta semana um navio de carga dos EUA, após a segunda ronda de ataques a alvos no Iémen pelas forças norte-americanas e britânicas.

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Estacionar em Aveiro vai custar quase o dobro a partir de março

  • Lusa
  • 26 Janeiro 2024

Nos lugares de estacionamento em zona A o custo vai passar de 80 cêntimos por hora, para 1,20 euros, enquanto em zona B, onde a hora até agora custava 30 cêntimos, passa a custar o dobro.

A Câmara de Aveiro vai aumentar em cerca de 50% o preço do estacionamento na cidade, de acordo com uma deliberação tomada em reunião privada, revelou esta sexta-feira fonte municipal.

“As alterações correspondem a um aumento do tarifário de cerca de 50% e visam promover uma maior rotatividade na utilização dos lugares de estacionamento pago”, justifica uma nota de imprensa.

O incentivo à utilização dos parques de estacionamento periféricos e de utilização gratuita, assim como dos transportes públicos, são outros motivos invocados para o aumento, que vigora a partir de 01 de março.

De acordo com o novo tarifário, nos lugares de estacionamento em zona A o custo vai passar de 80 cêntimos por hora, para 1,20 euros, enquanto em zona B, onde a hora até agora custava 30 cêntimos, passa a custar o dobro, ou seja, 60 cêntimos por hora, podendo atingir o valor máximo de três euros a partir de cinco horas de estacionamento.

O tarifário dos Parques de Longa Duração mantém uma tarifa única de 1,50 euros por dia, em vez do atual euro diário, e os denominados “Avisos” passam para a quantia de 13,20 euros.

No que respeita ao novo parque de estacionamento do Rossio, que abre na quinta-feira, foi definida uma tarifa especial de pernoita para os moradores das ruas circundantes, entre as 20:00 e as 08:00, de um euro por noite.

“O trabalho desenvolvido pela equipa técnica da CMA privilegiou o aumento do tarifário que se mantinha constante desde 2015 e oito ajustamentos ao zonamento existente, explica a nota de imprensa.

Outras medidas que vão entrar em vigor são a eliminação da zona A1, o crescimento da zona de moradores e a eliminação progressiva dos parques de longa duração”.

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Sócrates perdeu quase todos os recursos que entregou na Justiça

O antigo primeiro-ministro Sócrates disse esta quinta-feira que julga poder recorrer para um tribunal superior da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa relativa ao recurso do Ministério Público.

Dos 52 recursos e reclamações que apresentou ao Tribunal da Relação de Lisboa e ao Supremo, o ex-primeiro-ministro José Sócrates perdeu 40 vezes. Na última década, desde que surgiu a investigação da “Operação Marquês”, em novembro de 2014, José Sócrates perdeu quase 80% dos recursos que apresentou.

O antigo líder socialista disse esta quinta-feira que julga poder recorrer para um tribunal superior da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa relativa ao recurso do Ministério Público no processo Operação Marquês. “Não me conformo com a decisão e vou recorrer dela para um tribunal superior. Acho que tenho esse direito”, disse José Sócrates aos jornalistas, à porta da sua casa na Ericeira, distrito de Lisboa, acrescentando que iria reunir-se com o advogado, Pedro Delille, para delinear a estratégia de recurso.

Sócrates vai a julgamento por três crimes de corrupção, 13 de branqueamento e seis de fraude fiscal. Para além dos seis pelos quais já estava pronunciado: três de lavagem de dinheiro e três de falsificação de documento.

No total, Sócrates vai a julgamento por 28 crimes, menos três do que estava na acusação do processo da Operação Marquês. A acusação do Ministério Público foi quase toda reposta na íntegra pelas juízas desembargadoras do Tribunal da Relação de Lisboa. Do total de 189 crimes que estavam na acusação do DCIAP, agora são 118 crimes que levam os arguidos a julgamento, ao invés dos 17 decididos pelo juiz de instrução Ivo Rosa.

Nos recurso feitos pelo ex-primeiro ministro socialista entregues na última década, só na Relação, os juízes desembargadores da Relação de Lisboa recusaram 28 dos 40 recursos que Sócrates fez na Operação Marquês. O antigo primeiro-ministro teve apenas quatro decisões favoráveis e um recurso aceite, mas só parcialmente.

O antigo primeiro-ministro José SócratesMANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Já nos recursos ao Supremo Tribunal de Justiça, Sócrates perdeu todas as vezes: desde 2013, apresentou quatro recursos penais, quatro reclamações, dois habeas corpus e duas recusas, tendo perdido todas as 12 vezes.

Logo após a decisão de quinta-feira da Relação de Lisboa, o antigo governante socialista criticou a decisão das juízas desembargadoras em recuperar indícios e alegações do Ministério Público que, na instrução do processo, dirigida pelo juiz Ivo Rosa, “ficou provado que eram falsas“.

José Sócrates apontou que neste acórdão da Relação de Lisboa “há uma alteração substancial dos factos” que o levam a ser pronunciado por crimes mais graves do que os que estava acusado, aludindo ao facto de agora a Relação o ter pronunciado por um crime de corrupção passiva de titular de cargo político, para atos ilícitos.

“É uma nulidade que vamos invocar”, disse Sócrates, com quem manteve uma conversa em tom irritado e irónico e tecendo considerações sobre o trabalho efetuado pela Comunicação Social.

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EUA suspendem novas licenças de exportação de GNL mas garantem que “compromisso” com Europa permanece “inabalável”

Biden justifica a decisão de suspender novas licenças com a falta de dados novos sobre os impactos climáticos destas exportações. Casa Branca garante que envios de GNL para a Europa vão manter-se.

A administração do presidente Joe Biden decidiu suspender a emissão de novas licenças para a exportação de gás natural liquefeito (GNL) para destinos que não constem da lista de países com os quais os Estados Unidos têm acordos de comércio livre. Das 20 nações com as quais Washington firmou um acordo de comércio livre, nem a União Europeia (UE) enquanto bloco, nem nenhum país europeu integram a lista. Em 2022, cerca de metade das exportações de GNL dos EUA tiveram como destino os 27 Estados-membros.

De acordo com o comunicado divulgado esta sexta-feira pela Casa Branca, Joe Biden e Kamala Harris asseguram que “os EUA permanecem inabaláveis no seu compromisso de apoiar os seus aliados em todo o mundo” e garantem que o comunicado de hoje “não afetará a capacidade do país de continuar a fornecer GNL aos nossos aliados a curto prazo”, sobretudo à Europa.

“Os EUA têm trabalhado com a UE para economizar com sucesso o consumo e gerir o seu armazenamento para garantir que atos de agressão não provocados [guerra na Ucrânia] não possam ameaçar o seu abastecimento”, lê-se na nota divulgada.

Ademais, a administração democrática acrescenta que, em 2022, e na sequência da guerra na Ucrânia, os dois países “comprometeram-se a trabalhar para o objetivo de garantir volumes adicionais de GNL para o mercado da UE”. Desde então, indicam, os EUA “excederam” os objetivos de exportações de GNL para a UE, em cada um dos últimos dois anos.

Através da atual infraestrutura de produção e exportação de GNL, os EUA têm [fornecido]– e continuarão — a fornecer os seus produtos aos nossos aliados“, garantem na nota.

Recorde-se que a guerra na Ucrânia veio espoletar uma reconfiguração estrutural no mercado energético a nível europeu, sem precedentes, sendo este o principal motivo que levou ao fim das relações comerciais entre a Rússia e os 27 Estados-membros, que foram durante décadas parceiros comerciais. Em paralelo, foi o início de uma nova relação comercial com os Estados Unidos, que colocaram o gás natural liquefeito no centro da nova aliança.

A Casa Branca justifica a decisão de suspender a emissão de novas licenças para exportação com o agravamento das alterações climáticas, recordando que “desde o primeiro dia, o presidente Biden tem liderado e cumprido a agenda climática mais ambiciosa da história”.

Ademais, informa que os dados económicos e ambientais que o Departamento de Energia dos EUA utiliza como critérios para avaliar a viabilidade na emissão de novas licenças já têm cinco anos e que por isso “já não têm em conta, de forma adequada, considerações como o potencial aumento dos custos da energia para os consumidores e fabricantes americanos” e até mesmo “a mais recente avaliação do impacto das emissões de gases com efeito de estufa”.

Não é claro por quanto tempo ficará suspensa a emissão de novas licenças, mas Joe Biden garante que a pausa será levantada perante situações excecionais de “emergência de segurança nacional imprevistas e imediatas”.

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Crédito à habitação cai 1,3% em 2023 com menor procura e aumento das amortizações

  • Joana Abrantes Gomes
  • 26 Janeiro 2024

Queda do stock total de crédito à habitação contribuiu para o recuo de 0,6% no montante total de empréstimos concedidos a particulares no último ano, cenário que não se verificava desde 2017.

Os empréstimos da banca para a compra de casa caíram 1,3% em 2023 face ao ano anterior, queda explicada pelo aumento das amortizações antecipadas e pela menor procura, no contexto dos níveis elevados das taxas de juro, segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP).

Em dezembro, o montante total de empréstimos para a habitação era de 98,9 mil milhões de euros, menos 1,4 mil milhões do que no final de 2022.

Isto contribuiu para que os empréstimos a particulares tenham caído em 2023 pela primeira vez desde 2017, registando uma taxa de variação de -0,6%, para 127,87 mil milhões de euros, face a dezembro de 2022. De novembro para dezembro, o montante ficou praticamente estável, com uma evolução de -0,06%.

Já o total de empréstimos ao consumo foi de 21,2 mil milhões de euros no último mês de 2023, mais 0,5 mil milhões do que no final do ano anterior. Apesar do aumento de 3,6% no ano passado, este valor ficou abaixo do registado em 2022 (5,9%).

Empréstimos a particulares para habitação e consumo

Taxa de variação anual. Fonte: Banco de Portugal

Depósitos a prazo no valor mais alto desde o início de 2017

Os depósitos a prazo continuam a disparar, tendo aumentado aproximadamente 7,0 mil milhões de euros em dezembro. De acordo com o BdP, os depósitos com prazo acordado (que são a maioria, havendo uma parcela muito reduzida de depósitos com pré-aviso) atingiram os 96,4 mil milhões de euros no final do ano passado, o valor mais alto desde janeiro de 2017.

Incluindo depósitos à ordem, que caíram 9,6 mil milhões de euros, as famílias tinham 179,8 mil milhões de euros depositados nos bancos no final de dezembro, menos 1,4%, ou 2,7 mil milhões, do que no final de 2022. “Para esta evolução, foram determinantes as reduções registadas nos primeiros meses do ano. O valor mínimo, de 173,7 milhões de euros, foi atingido em maio”, assinala o banco central.

Empresas com menos depósitos e empréstimos

Quanto aos depósitos das empresas, verificou-se uma quebra homóloga de 4,4% no final do ano, o valor mais baixo (em dezembro) dos últimos dez anos. O volume dos depósitos das empresas caiu 3,1 mil milhões de euros em relação a dezembro de 2022, totalizando 64,2 mil milhões de euros.

O total de empréstimos a empresas diminuiu em 1,8 mil milhões de euros, para 73,4 mil milhões de euros, no final de dezembro, em termos homólogos. Em 2023, a taxa de variação anual foi negativa (1,1%), o que não acontecia desde 2017.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h48)

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Juros de mora sobre pagamentos em atraso agravam-se para 12,5%

Nas transações comerciais de bens e serviços, com empresas e Estado, os juros de mora supletivos vão aumentar 0,5 pontos percentuais no primeiro semestre de 2024.

A taxa de juro de mora por pagamentos em atraso em transações comerciais, com empresas e entidades públicas, vai subir 0,5 pontos percentuais, para 12,5%, no primeiro semestre deste ano, segundo um aviso publicado em Diário da República na quinta-feira pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças, disponível para consulta no Portal das Finanças.

“A taxa supletiva de juros moratórios relativamente a créditos de que sejam titulares empresas comerciais, singulares ou coletivas”, sujeitas às medidas contra os atrasos no pagamento de transações comerciais, “em vigor no 1.º semestre de 2024, é de 12,5%”, de acordo com o mesmo diploma, assinado pela diretora-geral Maria João Araújo.

Nos restantes casos, os juros de mora também se agravam 0,5 pontos percentuais, de 11% para 11,5% na primeira metade do ano. “A taxa supletiva de juros moratórios relativamente a créditos de que sejam titulares empresas comerciais, singulares ou coletivas, […], em vigor no 1.º semestre de 2024, é de 11,5 %”, segundo o mesmo aviso.

A legislação em causa determina que estes juros moratórios legais, bem como os estabelecidos “sem determinação de taxa ou quantitativo”, sejam fixados pelo Executivo.

O aviso publicado faz referência a um decreto-lei anterior, n.º 62/2013, de 10 de maio, que estabelece as medidas contra os atrasos no pagamento de transações comerciais. Este diploma estabelece que os juros aplicáveis nos atrasos de pagamentos de transações comerciais são estabelecidos no Código Comercial ou convencionados entre as partes. Em caso de atraso, o credor tem direito a juros de mora.

Quanto aos contratos sem prazo, são devidos juros 30 dias a contar da data em que o devedor tiver recebido a fatura, após a receção efetiva dos bens ou da prestação de serviços ou após a data de aceitação ou verificação.

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