Lucros da EDP Renováveis caem 53% até setembro para 210 milhões. Rotação de ativos penalizou as contas

Resultados líquidos nos primeiros nove meses foram prejudicados pela redução dos ganhos com rotação de ativos, particularmente dos projetos na Colômbia, que tiveram um impacto negativo de 65 milhões.

A EDP Renováveis EDPR 0,00% registou uma queda homóloga de 53% nos lucros nos primeiros nove meses, para 210 milhões de euros, face aos 445 milhões alcançados no mesmo período do ano passado.

A empresa liderada por Miguel Stilwell justifica que a descida dos resultados líquidos deve-se principalmente à diminuição dos ganhos com rotação de ativos, que passaram de 393 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023 para 179 milhões no mesmo período de 2024. “O resultado líquido recorrente foi de 210 milhões de euros, com o aumento de receitas operacionais a não ser suficiente para compensar os menores ganhos de rotação de ativos face ao período homólogo”, refere a empresa em comunicado enviado esta quarta-feira à CMVM.

Os números foram particularmente penalizados com um impacto negativo de 65 milhões de euros associados aos projetos na Colômbia, “com o desempenho operacional a não ser suficiente para compensar os menores ganhos de rotação de ativos” face aos resultados apresentados nos primeiros nove meses de 2023, revela a empresa.

Apesar da queda nos lucros, as receitas da empresa cresceram 5% em termos homólogos, atingindo 1.731 milhões de euros. Este aumento foi impulsionado por uma maior produção de eletricidade, que subiu 5% para 26,5 terawatt hora (TWh), compensando a queda de 4% no preço médio de venda, que se fixou em 59,4 euros por megawatt hora (MWh). “A produção de eletricidade aumentou +5% versus 9M23 devido a novas adições de capacidade e à melhoria dos recursos renováveis, principalmente nos EUA”, justifica a EDP Renováveis em comunicado.

Nos últimos 12 meses, a EDP Renováveis destaca que adicionou 3 gigawatts (GW) de capacidade renovável à sua carteira, incluindo 1,3 GW nos primeiros nove meses de 2024, revela a empresa, notando ainda que “a capacidade instalada aumentou +11% versus 9M23 para 16,8 GW”.

As contas apresentadas estas quarta-feira revelam também que o EBITDA registou uma queda homóloga de 10% para 1.294 milhões de euros, refletindo o menor contributo dos ganhos com rotação de ativos. Excluindo estes ganhos, o EBITDA teria crescido 7% face ao período homólogo, nota a empresa.

Destaque ainda para o aumento de 35% da dívida líquida, passando de 5.805 milhões de euros em setembro de 2023 (equivalente a 3,2 vezes o EBITDA) para 7.817 milhões em setembro de 2024, cerca de 4,6 vezes o EBITDA dos últimos 12 meses. O relatório explica que este aumento de 2.011 milhões de euros “reflete os investimentos de caixa feitos no período”.

A empresa liderada por Miguel Stilwell realizou quatro transações de rotação de ativos nos primeiros nove meses do ano, nos EUA, Canadá, Itália e Polónia, totalizando 1,1 GW de capacidade renovável. Segundo os resultados dos primeiros nove meses de 2024, estas operações geraram “um múltiplo combinado robusto de €1,5m EV/MW”.

O investimento bruto da empresa entre janeiro e setembro totalizou 2,3 mil milhões de euros, com mais de 80% deste valor aplicado na Europa e América do Norte. Apesar dos desafios, a EDP Renováveis revela que mantém-se focada na sua estratégia de crescimento em energias renováveis, com uma forte presença nos mercados europeu e norte-americano através de uma aposta na diversificação geográfica e tecnológica, com investimentos em energia eólica onshore e offshore, bem como em energia solar.

As ações da EDP Renováveis estão a cair 6,62% para 11,79 euros e da casa-mãe EDP cedem 3,13% para 3,463 euros.

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União Bancária teria impedido uso do dinheiro dos contribuintes na resolução do BES, diz Maria Luís Albuquerque

Comissária indigitada garante que a criação da União Bancária é um prioridade para o seu mandato, e argumenta que este mecanismo teria protegido contribuintes na resolução do BES.

Maria Luís Albuquerque colocou a “estabilidade e integridade do sistema financeiro” como prioridade do seu mandato enquanto futura comissária para os Serviços Financeiros. A ex-ministra das Finanças, que está esta quarta-feira a ser ouvida no Parlamento Europeu durante três horas, no âmbito das audições dos candidatos a comissários, afirma que “a economia europeia está a ficar para trás no que toca à competitividade” e que sem uma “ação decisiva” o bloco europeu “perderá a habilidade de decidir o seu futuro”.

Aos olhos de Maria Luís Albuquerque, que cita os relatórios de Mario Draghi e Enrico Letta, sem condições adequadas a União Europeia “não será capaz de cumprir com as suas promessas de crescimento, emprego e prosperidade” que fez perante os mais de 450 milhões de cidadãos dos 27 Estados-membros.

Assim, e perante a necessidade de criar uma “economia forte e competitiva” Maria Luís Albuquerque defende mais inovação, empreendedorismo, sustentabilidade, desenvolvimento de capital humano e proteção e empoderamento dos consumidores. E parte dessa ambição recai sobre a pasta dos Serviços Financeiros, Poupança e a União dos Investimentos.

Se for confirmada, irei garantir que as novas regras nos serviços financeiros contribuirão para uma economia mais competitiva“, afirmou perante os eurodeputados.

Se a UE quiser ter uma economia forte e competitiva, terá de unir estes elementos no sentido do progresso e prosperidade“, afirmou Maria Luís Albuquerque durante a sua intervenção inicial, sublinhando que para tal será necessário o bloco agir em conjunto.

“Vai ser necessário coragem política. Não tenho ilusões de quão desafiante será — tanto tecnicamente como politicamente”, disse referindo-se aos dois pilares da sua pasta, que no último mandato ficaram por executar: a união bancária e a união dos mercados de capitais.Este mandato será mais exigente do que o termina agora“, avisou ainda referindo-se à antecessora, Mairead McGuinness.

BES, ANA e swap. Eurodeputados exigem esclarecimentos quanto às “portas giratórias”

Durante a fase de inquérito dos eurodeputados, Maria Luís Albuquerque reiterou o seu compromisso em executar os principais compromissos do seu dossier, e relativamente a um potencial conflito de interesses derivado do facto de ter trabalhado no setor público e no privado, a ex-ministra das Finanças desdramatiza, relembrando que este tema foi mitigado aquando da avaliação da idoneidade pela comissão dos assuntos jurídicos (JÚRI).

Catarina Martins também teve oportunidade de questionar a comissária indigitada, fazendo questão de recordar as polémicas que marcaram o percurso de Maria Luís Albuquerque em Portugal, desde logo, a privatização da ANA, a venda do Banco Português de Negócio (BPN) a resolução do Banco Espírito Santo (BES), ou os contratos swap “ruinosos na REFER”. Aos olhos da eurodeputada, a atribuição da pasta dos Serviços Financeiros a Maria Luís é equivalente a um “raposa tomar conta do galinheiro”.

Já sabe para que banco vai trabalhar a seguir?“, questionou a deputada do Bloco de Esquerda, fazendo referência à sua passagem pelo Morgan Stanley e Arrow Global.

Sobre isso, Maria Luís foi clara sublinhando que todas as privatizações que acompanhou foram consideradas “válidas pelas entidades competentes” e que os contratos swap — instrumentos financeiros complexos associados a empréstimos bancários “trouxeram benefícios superiores a 40 milhões de euros para as empresas”. Sobre a ANA, Maria Luís diz ter visto uma primeira versão do relatório do Tribunal de Contas e, “por razões que ainda não” percebeu, “foi substituída por uma análise menos positiva”.

João Oliveira, do PCP, também teve oportunidade de questionar a comissária indigitada, lembrando que o colapso do BES aconteceu quando Maria Luís liderava o Ministério das Finanças e que o processo resultou em custos avultados para os contribuintes. Assim, o eurodeputado comunista rejeita a estratégia para uma União Bancária, argumentando que esta só irá promover “a concentração do setor bancário” e a” criação de ainda maiores grupos económicos”, políticas que “multiplicam os lucros [da banca] e concentram o poder na mãos de banqueiros e especuladores. Vimos isso bem com o escândalo da falência do BES”. “Opomo-nos à sua nomeação”, vincou.

Maria Luís respondeu às críticas, reconhecendo as “visões diferentes” e “irreconciliáveis” com o PCP. Ainda assim afirmou que se, de facto, já estivesse em vigor uma União Bancária, que permitisse assegurar a estabilidade do setor bancário, que a resolução do BES teria evitado consequências financeiras para os contribuintes.

Se tivéssemos uma União Bancária completa e um enquadramento para resolução bancária, teríamos, de facto, impedido que se tivesse usado dinheiro dos contribuintes para suportar o processo da resolução do BES. Esse dinheiro virá a ser recuperado, mas o facto de demorar muitos anos faz com que existisse um ónus sobre os contribuintes que não deveria existir”, sublinhou Maria Luís Albuquerque, recordando que o processo está a ser julgado em tribunal. “Estamos a falar de fraude”, disse.

Tempo da troika causou “angústia a muitas pessoas”

No seu discurso de intervenção, a comissária indigitada considerou que o seu tempo no Ministério das Finanças, durante a governação de Pedro Passos Coelho e a intervenção da troika, coincidiu “com a crise económica mais profunda que a União Europeia já enfrentou” e que em Portugal criou “uma angústia a muitas pessoas”. “Estou ciente disse”, admitiu.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda teve oportunidade de pressionar a ex-governante sobre o seu mandato, acusando-a de ter aumentado a “pobreza, desemprego e dívida pública” com as políticas do Governo da altura. “Não foi capaz de proteger os depositantes de um banco regional”, pressionou ainda Catarina Martins. Para a eurodeputada, este percurso faz com que Maria Luís seja inapta para o cargo.

Mas a ex-governante foi rápida a tentar tranquilizar a eurodeputada, reconhecendo que a situação financeira em Portugal, em 2011, foi “muito dramática” e garantindo que “os depositantes foram protegidos em Portugal”.

Maria Luís insta EUA a acelerar regras e garante ser “contra a abolição do dinheiro físico”

A comissária indigitada foi ainda questionada sobre o resultado das eleições norte-americanas, que deram a vitória ao ex-Presidente Donald Trump. No entanto, Maria Luís Albuquerque optou por não fazer comentário político, referindo-se apenas à necessidade de os Estados Unidos prosseguirem com a implementação das reformas regulatórias globais, Basel III, que servem para fortalecer a supervisão e a resiliência do setor bancário.

“Estou ciente do facto dos nossos parceiros internacionais terem pedido mais tempo para implementar o Basel III. Estou ciente da necessidade de preservar a estabilidade financeira garantir a igualdade de condições de concorrência. Insto os nossos parceiros internacionais a implementar os frameworks previstos. As condições macroprudenciais são essenciais para assegurar estabilidade do setor”, disse, reiterando o apelo deixado nas suas respostas aos eurodeputados: “temos de implementar as regras, não de as reverter”.

A seguir, e no âmbito da estratégia do euro digital, um projeto no qual o Banco Central Europeu está a trabalhar, não estando por isso no pelouro da comissária indigitada, Maria Luís Albuquerque garante que irá “resistir” às pressões de abolir o dinheiro físico. “Não será abolido”, responde.

“As pessoas devem continuar a usar dinheiro, embora a sua utilização esteja a diminuir”, explicou em resposta aos eurodeputados, argumentando que o numerário e os pagamentos digitais devem ser complementários. “O euro digital deve ser uma adição e não uma substituição”, disse “Muitas pessoas já não dão preferência ao numerário, preferem outros formatos para fazer pagamentos. Devemos satisfazer as várias opções”, defende.

Maria Luís “satisfeita” com audição

No final da audição no Parlamento Europeu, ao fim de três horas, Maria Luís Albuquerque admitiu estar “satisfeita” com a audição.

Estou satisfeita por ter chegado até aqui. Espero ter respondido de forma satisfatória às questões que me foram colocadas. Procurei sei direta, transparente, completa e refletir o que são as minhas convicções“, respondeu em declarações aos jornalistas.

Da parte da presidente da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON), Aurore Lalucq, a audição foi “produtiva” e “esclarecedora”, tendo Maria Luís Albuquerque respondido “a todas as questões de forma aberta”.

Segue-se agora um período de deliberação, estando em cima da mesa quatro desfechos possíveis quanto ao futuro de Maria Luís Albuquerque: a aprovação por unanimidade ou rejeição por unanimidade; aprovação por dois terços dos coordenadores que pertencentes a um grupo político; um pedido para a submissão de mais esclarecimentos por escritos ou uma nova audição de 1h30.

Assim que a Conferência dos Presidentes declarar encerradas todas as audições, as cartas de avaliação serão publicadas.

A votação pelos eurodeputados do colégio completo de comissários (por maioria dos votos expressos, por votação nominal) está prevista para a sessão plenária de 25-28 de novembro, em Estrasburgo.

A jornalista viajou a Bruxelas a convite do Parlamento Europeu.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h10)

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Mais de 40% dos investidores nacionais tem criptoativos

Segundo um estudo da YouGov e da Blackrock, Portugal é dos países europeus em que os investidores mais aplicam as suas poupanças em criptoativos, apesar da forte aversão ao risco dos portugueses.

Portugal destaca-se no panorama europeu do universo do investimento pela forte apetência dos investidores nacionais por criptoativos, revela um estudo realizado pela YouGov e pela Blackrock sobre tendências de investimento na Europa em 14 países junto de mais de 36 mil investidores.

Segundo o relatório “Blackrock People & Money 2024”, 43% dos investidores portugueses afirmam possuir criptoativos, quase o dobro da média europeia de 22%. Este dado coloca Portugal na liderança europeia em termos de adoção de criptoativos, à frente de países como os Países Baixos (40%) e a Suíça (34%). “Estamos a assistir a uma mudança em direção às criptomoedas na Europa, já que pouco mais de um em cada cinco investidores indicou investir em criptomoedas”, refere a Blackrock em comunicado.

Para André Themudo, diretor da Blackrock em Portugal, a elevada percentagem de investidores portugueses face à média europeia que aposta em criptoativos é um sinal dos baixos níveis de literacia financeira do país. “Quem tem mais literacia financeira vai investir menos em criptoativos”, refere o responsável da sociedade gestora norte-americana no decorrer da apresentação deste estudo aos jornalistas, na terça-feira.

Essa realidade é também espelhada nas conclusões do estudo, que apontam para o facto de as gerações mais novas em Portugal – que são também quem mais aposta em criptoativos — “reportarem que não têm conhecimentos financeiros suficientes para investir.”

O desafio da literacia financeira

Os dados referentes à popularidade dos criptoativos entre os investidores esbate na reconhecida grande aversão ao risco pela maioria dos portugueses, que é espelhada com mais de 50% do património financeiro das famílias a permanecer alocado em depósitos bancários com pouca ou nenhuma remuneração.

Esta dicotomia pode ser explicada pelo facto de, para efeitos deste estudo, a YouGov e a Blackrock terem apenas considerado como investidor alguém que possua um ou mais dos seguintes produtos de investimento: ações, fundos de investimento, obrigações, fundos cotados (conhecidos como ETF), carteira de investimento gerida por uma plataforma de investimento digital/robo-consultor, financiamento coletivo/capital de risco ou criptomoeda. Ficou assim de fora do grupo dos “investidores” os aforradores que têm as suas poupanças unicamente aplicadas em depósitos.

Enquanto as ações e os fundos de investimento permanecem os ativos financeiros mais comuns na Europa, os criptoativos têm ganhado relevância, especialmente em Portugal.

E essa poderá ser também a razão por Portugal ser não apenas um dos três únicos países entre os 14 analisados a reduzir a sua base de novos investidores entre 2022 e 2024, como ser aquele que registou a maior queda de novos investidores nos últimos dois anos, com uma contração de 12%. É que, segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal, desde novembro do ano passado que o volume de novos depósitos não para de crescer, tendo inclusive contabilizado um aumento homólogo de 8% em setembro deste ano, o valor mais elevado desde março de 2021.

Esta retração no número de novos investidores em Portugal pode também estar relacionada com o cenário financeiro e educacional no país. Entre aqueles que não investem as suas poupanças, 69% afirmam que a falta de dinheiro é a principal razão para não aplicarem o seu dinheiro, um valor ligeiramente superior à média europeia de 65%.

Este dado sugere que os desafios económicos podem estar a afetar mais severamente a capacidade de investimento dos portugueses em comparação com os pares europeus, apesar de haver no mercado várias soluções de investimento que permitem investimentos a partir de valores muito reduzidos. “Os resultados do inquérito destacam a necessidade de uma maior educação financeira em Portugal, permitindo aos investidores começarem com apenas 1 euro de investimento através de várias aplicações de investimento digital que oferecem acesso a uma ampla gama de oportunidades rentáveis”, destaca André Themudo.

São cada vez mais as mulheres a investir

A nível europeu, o número de investidores está a crescer por força de um aumento expressivo das mulheres e pelas gerações mais jovens, principalmente a Geração Z e os Millennials, destaca o estudo. Entre 2022 e 2024, o número de mulheres investidoras aumentou em 11%, enquanto o crescimento entre os homens foi de apenas 4%. Este fenómeno aponta para uma democratização gradual do investimento, quebrando estereótipos e aumentando a participação de segmentos antes sub-representados.

O aumento da participação dos jovens no universo do investimento nos últimos dois anos é também refletida em Portugal: entre os jovens com idades entre os 18 e os 24 anos, o número de investidores subiu de 34% em 2022 para 36% este ano, e entre os jovens com idades entre os 25 e os 34 anos, o número de investidores aumentou de 37% em 2022 para 41% em 2024, destaca o estudo.

Estes números são particularmente expressivos quando Portugal figura entre os países com menos investidores. Segundo o estudo, apenas 28% dos adultos investe as suas poupanças em ações, obrigações ou outros ativos financeiros. Esta percentagem compara com 34% da média dos países europeus analisados.

Os investidores devem estar particularmente atentos aos custos ocultos, aos riscos de cibersegurança e à possível exploração de fatores comportamentais por parte das plataformas digitais, alerta a CMVM.

Enquanto as ações e os fundos de investimento permanecem os ativos financeiros mais comuns na Europa, os criptoativos têm ganhado relevância, especialmente em Portugal. No entanto, os ETF têm emergido como o produto de investimento de crescimento mais rápido, com um aumento de 19% desde 2022. Este crescimento é especialmente notável entre os jovens, que investem em ETF preferencialmente por plataformas digitais de investimento — uma preferência partilhada também pelos portugueses, com 87% a investir em ETF através de plataformas digitais.

“O mercado português de ETF continua a registar um crescimento robusto, com o nosso inquérito a prever um aumento de 54% [que compara com uma percentagem de 16% na média dos países europeus], o que duplicará efetivamente a sua base de consumidores de ETF nos próximos 12 meses”, refere ainda André Themudo.

Barreiras e riscos ao investimento

Os resultados do inquérito da YouGov e pela Blackrock, realizado entre 15 de março a 10 de maio, revelam que Portugal enfrenta desafios significativos para expandir a base de investidores. Além do baixo nível de rendimentos que afeta muitas famílias, a falta de conhecimento sobre investimento continua a ser um obstáculo para muitos. Este cenário contrasta com o entusiasmo por criptomoedas, sugerindo uma preferência por investimentos de maior risco e especulação.

Com a possibilidade de crescimento nas plataformas digitais de investimento, é crucial que os investidores estejam cientes tanto das oportunidades como dos riscos associados a estas ferramenta, como alerta a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) num dos capítulos do Guia do Investidor 2024, publicado há poucas semanas.

Embora ofereçam vantagens como o acesso facilitado aos mercados financeiros, custos potencialmente reduzidos e uma variedade de instrumentos financeiros, a CMVM revela que as plataformas digitais apresentam também uma série de riscos, como seja a complexidade da informação disponibilizada que pode dificultar a distinção entre dados relevantes e irrelevantes, e o potencial para decisões impulsivas devido à facilidade de acesso.

Além disso, a ausência de aconselhamento profissional direto pode levar a erros de julgamento, especialmente para investidores menos experientes. Os investidores devem estar particularmente atentos aos custos ocultos, aos riscos de cibersegurança e à possível exploração de fatores comportamentais por parte das plataformas digitais, que podem influenciar negativamente as decisões de investimento, destaca ainda o supervisor.

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Hospitais Quirónsalud integrados em Sermas, reconhecidos com o prémio New Medical Economics 2024 para a “Melhor Iniciativa de Transformação dos Cuidados de Saúde”

  • Servimedia
  • 6 Novembro 2024

Na 10ª edição destes prémios atribuídos pela publicação digital de saúde, numa cerimónia presidida por Almudena Quintana, Diretora Geral de Cuidados de Saúde do Ministério Regional da Saúde de Madrid.

O prémio, recebido pelo Dr. Javier Arcos, diretor da Fundación Jiménez Díaz, e por Marta del Olmo, diretora regional do Rey Juan Carlos, Infanta Elena e General de Villalba, e diretora da Experiência do Paciente dos quatro centros, de José María Martínez, presidente da New Medical Economics, reconhece a transformação digital promovida pelo modelo de cuidados concebido, defendido e liderado por esta rede hospitalar, que abrange e tem impacto em três momentos dos cuidados de saúde: antes, durante e depois.

“Este prémio é possível graças à estratégia consolidada e partilhada dos nossos quatro hospitais, que permite aos nossos profissionais – não só os profissionais de cuidados de saúde, mas também os de muitos outros departamentos-chave neste domínio – liderar a mudança do modelo de cuidados de saúde através de projetos baseados na inovação, digitalização, Big Data e inteligência artificial para melhorar os resultados de saúde e a experiência dos nossos doentes”, afirmaram os Drs. Arcos e Del Olmo após receberem o prémio.

Salientaram que a sociedade atual está marcada por realidades que têm um impacto direto no modelo de cuidados de saúde e obrigam a uma mudança que visa a sua sustentabilidade e uma maior eficácia e eficiência, centrada na melhoria dos resultados finais para os doentes e para a sociedade. Entre elas, destacam-se uma mudança sociodemográfica cada vez mais intensa, que inclui o envelhecimento da população, a cronificação das doenças, novos perfis de doentes que exigem uma medicina assíncrona e têm novas formas de interação, o que se traduz numa maior sobrecarga de cuidados; um problema crescente de escassez de profissionais de saúde, tanto médicos como enfermeiros; e um défice de eficácia e grande variabilidade na prática clínica do sistema de saúde.

Perante isto, “há cada vez mais evidências dos benefícios de novos modelos organizacionais para melhorar os resultados finais, tanto em termos de prevenção e promoção da saúde, como na melhoria da experiência do paciente e da sustentabilidade do sistema através de uma utilização responsável dos recursos, e que ajudam a ser mais eficientes na resposta à crescente procura de cuidados”, diz o Dr. Arcos.

Modelos que, graças à referida estratégia baseada na utilização de dados e informação clínica para otimizar processos, às políticas de formação em saúde digital e processos organizacionais, e à sua maturidade cultural e digital, esta rede de cuidados de saúde pode implementar.

Por esta razão, afirmaram que estes hospitais conceberam, defendem e lideram uma mudança no modelo de cuidados que engloba e tem impacto nas três fases dos cuidados de saúde: antes, passando de uma medicina reativa para uma medicina proativa que permite antecipar, ter um impacto na saúde antes de abordar a doença, e em que a coordenação entre níveis de cuidados resulta numa redução do tempo de acesso ao diagnóstico e ao tratamento; durante a passagem de uma medicina de atos para uma medicina de processos e apoiada em ferramentas digitais de saúde, serviços não presenciais, novos modelos de cuidados, aplicações próprias, Big Data e inteligência artificial; e depois, ser capaz de identificar, medir e melhorar o valor real da atividade de cuidados, o que realmente importa para os doentes, acrescentando outras métricas de valor real para os doentes às métricas de volume.

Tudo isto, diz Del Olmo, “graças, por um lado, à liderança dos profissionais clínicos na conceção destes programas e iniciativas, acompanhados por muitos outros profissionais não ligados à saúde, e ao apoio das nossas próprias ferramentas digitais, permitiu-nos implementar e liderar um novo modelo de cuidados que ajuda a ultrapassar os atuais desafios do sistema de saúde, permitindo a capacidade de antecipar, ajudando a planear, reduzindo as ineficiências, melhorando a segurança clínica, encurtando os tempos, permitindo ser mais sustentável, reduzindo a carga de esforços humanos e garantindo a ética e a privacidade”.

“Um modelo que coloque novas formas de gestão ao serviço dos profissionais, novas formas de comunicação ao serviço dos doentes e que utilize ferramentas digitais de saúde para, longe de desumanizar os cuidados, personalizá-los e levá-los para além dos muros dos hospitais, otimizar a eficiência e, em última análise, melhorar a experiência e os resultados de saúde dos doentes”, concluem.

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Espanhola Sesame chega a Portugal para ser “referência na gestão digital de recursos humanos”

Nasceu como uma ferramenta de controlo de horários, mas não tardou a evoluir para a gestão de férias, recrutamento e até de avaliação de desempenho. A espanhola Sesame chega agora a Portugal.

Nove anos depois de ter nascido enquanto plataforma para controlar os horários dos trabalhadores, a espanhola Sesame expandiu as ferramentas que disponibiliza aos empregadores (somando aos horários, as férias, o recrutamento e até a gestão financeira) e saltou agora para lá das fronteiras hispânicas, chegando agora a Portugal. Em declarações ao ECO, o CEO, Albert Soriano, adianta que o objetivo é ser “uma referência na gestão digital de recursos humanos” também no mercado português.

Albert Soriano é CEO e fundador da Sesame.

Portugal é estratégico enquanto vizinho ibérico, e porque já percebemos que existe, a nível nacional, o reconhecimento do valor que software como o nosso pode aportar às empresas”, sublinha o responsável, que adianta que a proximidade cultura e geográfica foi outro fator importante para a expansão para este lado da Península.

“Sendo uma empresa espanhola, reconhecemos muitas semelhanças entre os ambientes empresariais, o que facilita a adaptação da nossa plataforma às necessidades locais. Portugal, sentimos, também valoriza a inovação e a transparência nos processos de recursos humanos“, realça Albert Soriano.

Para já, o responsável não revela quantos clientes acompanham a estreia da Sesame em Portugal. Indica apenas que a operação arranca com uma “base inicial de clientes de setores estratégicos, como a tecnologia e a consultoria” e destaca que os eventos de lançamento (em Lisboa, Porto e Braga) conseguiram reunir “mais de 100 profissionais de topo“.

“Temos sido recebidos de forma muito positiva, o que tem sido extremamente gratificante e motivador. Sobretudo, reparamos na vontade e energia dos profissionais com quem já contactámos em fazer mais e melhor pelos colaboradores das empresas onde trabalham”, afirma o CEO.

Os nossos objetivos em Portugal passam por alargar a nossa base de clientes e tornar-nos uma referência na gestão digital de recursos humanos.

Albert Soriano

CEO da Sesame

Quanto ao futuro em Portugal, o objetivo da Sesame é alargar a sua base de clientes, ter um crescimento sustentável e tornar-se “referência na gestão digital dos recursos humanos“, enumera o responsável.

E avança que, à medida que a operação crescer, será avaliada a abertura de escritórios em Portugal para oferecer apoio direto aos clientes (neste momento, há uma equipa alocada à operação portuguesa, mas o escritório é em Valência, Espanha).

Oito mil empresas e 300 mil trabalhadores em Espanha

Sesame já conta com mais de oito mil empresas clientes, que impactam diretamente cerca de 300 mil trabalhadores.

Fundada em 2015, a Sesame nasceu para dar resposta a “uma necessidade prática e num contexto específico”: controlar os horários dos trabalhadores. “Percebemos que muitas empresas gastavam tempo e recursos valiosos a gerir manualmente os horários e a assiduidade, o que afetava a eficiência e o foco das equipas”, explica Albert Soriano.

E à medida que essa primeira ferramenta de gestão digital de horários foi ganhando tração, a Sesame foi afinando a sua plataforma para incluir mais funcionalidades, como o controlo das férias e do recrutamento.

“A nossa missão tornou-se clara: desenvolver uma ferramenta que simplificasse o dia a dia administrativo, e que também promovesse um ambiente de trabalho mais organizado e eficiente”, assegura o responsável.

Hoje, a Sesame é, portanto, uma “plataforma all in one” [tudo em um, em tradução direta] de gestão de recursos humanos, com funcionalidades que vão da gestão de férias à avaliação de desempenho, passando pela gestão financeira.

Albert Soriano destaca, além, que a plataforma “é bonita e de fácil uso para qualquer pessoa”. “Creio que a minha formação em artes pode ter contribuído para essa preocupação fundamental, e acho que se reflete na velocidade de adoção que o nosso software tem tido“, declara.

Em Espanha, já contamos com mais de oito mil empresas a utilizar a nossa plataforma, impactando diretamente mais de 300 mil pessoas.

Albert Soriano

CEO da Sesame

Nove anos depois, a Sesame conta agora com mais de oito mil empresas clientes, que impactam diretamente mais de 300 mil pessoas. “O balanço tem sido extremamente positivo visto que nos conseguimos estabelecer como líderes de mercado“, comenta o CEO, que frisa que em maio a Sesame concluiu uma ronda de financiamento de 23 milhões de euros, que permitiu reforçar a plataforma e acelerar a expansão internacional.

A propósito, ao ECO, Albert Soriano revela que o objetivo da Sesame é chegar a mais de 30 países.

Na América Latina, o México é “um país chave” (a Sesame já tem operação aí há mais de um ano, com escritório próprio e uma equipa de 50 pessoas), mas esta empresa espanhola também já tem um pé noutros países (na Colômbio e na Costa Rica). Já na Europa, depois de Portugal, estão agora a avançar para outros países, como Itália.

Pôr a IA ao serviço da gestão de talento

Uma das “mais-valias” da Sesame, segundo o seu diretor executivo, é a integração de inteligência artificial nas ferramentas que a compõem, libertando os profissionais de tarefas mais repetitivas e administrativas e tornando mais ágil a tomada de decisões.

“O nosso software foi desenvolvido para ajudar as empresas a fazerem mais com menos esforço. Queremos libertar os recursos humanos das tarefas repetitivas e administrativas, para que possam focar-se no que realmente importa: desenvolver talento e promover o bem-estar dos colaboradores, enquanto aumentam a eficiência das empresas”, salienta Albert Soriano.

Segundo o responsável, com base nesta tecnologia, tarefas morosas, como o tratamento dos dados de desempenho, a triagem de candidatos em processos de recrutamento ou a gestão dos dias de férias, são automatizadas pela Sesame, agilizando-se os processos e reduzindo-se os erros manuais.

“Acelera-se a conclusão de tarefas que poderiam ser mais demoradas e estes gestores ficam mais livres para se focarem em vertentes estratégicas dentro dos seus papéis organizacionais”, diz o CEO. Por outro lado, enfatiza o mesmo, os empregados passam a ter uma relação mais transparente com o empregador, contribuindo para o bem-estar no seio das empresas.

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Martifer volta a desmantelar navios nos estaleiros de Aveiro

Três anos após perder a licença, a Navalria prepara-se para recuperar a reciclagem de navios e quer embarcações maiores. CCDR Centro já emitiu Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada.

A Navalria prepara-se para retomar a operação de reciclagem de navios nos estaleiros que ocupam uma área concessionada pelo Porto de Aveiro, que já tinha exercido entre 2012 e 2021. Mais de três anos depois de ter visto caducar o alvará como operador de gestão de resíduos, a empresa comprada em janeiro de 2008 pelo grupo Martifer está agora na fase final da renovação da licença para voltar a acolher navios para reciclagem, agora com dimensões superiores, embora mantendo a construção e reparação naval como principais atividades.

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro confirma ao ECO que já “foi emitida Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada para o projeto” apresentado, mas adverte que a Navalria “só pode [executá-lo] quando tiver sido emitida a respetiva licença de exploração”. O que ainda depende do aval à conformidade ambiental do projeto de execução e de outros no âmbito da prevenção e controlo da poluição, recursos hídricos ou operações de tratamento de resíduos.

Para poder receber navios de dimensões superiores às do passado, na área total a licenciar para a atividade de reciclagem é incluída a totalidade das infraestruturas específicas para receção e processamento naval (docas, construção, reparação e reciclagem). Segundo a descrição do projeto incluída na DIA, consultada pelo ECO, “a área a afetar à unidade de reciclagem de navios será de 21.022 metros quadrados, ou seja, 2,1 dos 12,46 hectares” do estaleiro aveirense, sendo estimada ainda uma produção anual de 10.700 toneladas de resíduos.

“Da avaliação realizada verifica-se a existência de impactes positivos significativos ao nível da emissão de gases com efeito de estufa, na medida em que se perspetiva uma redução da emissão devido ao processo de reaproveitamento dos materiais a realizar a posteriori. Destaca-se ainda a oportunidade que o projeto promove ao nível de potenciar a reciclagem de navios existentes na Ria de Aveiro, inutilizados nos cais e em degradação, atualmente em situação de passivo ambiental”, lê-se nas conclusões do Estudo de Impacte Ambiental da unidade de reciclagem de navios da Navalria.

Da pesca do bacalhau à descontaminação

Fundada em 1978 para responder às necessidades de reparação e manutenção dos navios pesqueiros da região de Aveiro, nomeadamente da pesca do bacalhau, na década seguinte, aproveitando a expansão da indústria que levou os armadores a investirem na renovação de frotas associou-se aos estaleiros de São Jacinto para aumentar a capacidade de construção de embarcações em aço. Até que nos anos 1990, o desinvestimento sucessivo na área do mar e das pescas refletiu-se na construção, e a empresa que integra atualmente a sub-holding Martifer Metallic Constructions passou nessa altura a dedicar-se apenas à manutenção e reparação.

Foi em 2009 — um ano após ser comprada pelo grupo fundado pelos irmãos Carlos e Jorge Martins, que juntou mais tarde também a subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo através da West Sea — que a Navalria se associou a um consórcio espanhol para o projeto europeu “Life + Recyship”, ficando com a descontaminação e desmantelamento de navios em fim de vida. O licenciamento como operador de gestão de resíduos permitiu ao estaleiro aveirense exercer a atividade de reciclagem em embarcações até um máximo de 104 metros de comprimento, 6,5 metros de largura e 6,5 metros de calado. Até ser excluída da lista europeia, culpando nessa altura o Estado pela transposição do regulamento e pela perda de encomendas internacionais.

Volvidos cerca de três anos, a Administração do Porto de Aveiro (APA), uma das entidades que foram consultadas diretamente pela CCDR Centro, emitiu parecer favorável ao projeto. A entidade liderada por Eduardo Feio frisou que o licenciamento para o desmantelamento e reciclagem “de modo ambientalmente correto e sustentável” possibilitará “pôr fim a situações de risco para o ambiente, provocadas por navios abandonados ao cais ou em fim de vida, e libertar infraestruturas há muito ocupadas e necessárias à operação portuária”.

A existência de “várias embarcações de pesca em fim de vida aguardando desmantelamento” foi também sublinhada na fase de consulta pública, que terminou a 16 de julho, por entidades como a Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro (AIDA) ou a ADAPI – Associação dos Armadores das Pescas Industriais, que representa 36 empresas e notou que não têm condições para serem levadas para outros estaleiros no estrangeiro, devidamente licenciados.

No primeiro semestre deste ano, em que o lucro do grupo aumentou 26% para 11,5 milhões de euros, os rendimentos operacionais na indústria naval ascenderam a 50,9 milhões, perto de 90% acima do período homólogo, com a construção a representar 62% e a reparação os restantes 38% neste segmento de negócio.

A 30 de junho, a carteira de encomendas da Martifer no ramo naval totalizava 484 milhões de euros. Um valor que inclui a adjudicação à Navalria, já em 2024, da construção de dois barcos para a Tomaz do Douro: “esteticamente aproximados aos tradicionais rabelos”, com 26,8 metros de comprimento e 6,74 metros de boca, e com capacidade para 148 passageiros sentados e dois tripulantes.

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Bruegel pede a Maria Luís Albuquerque “reforma transformadora” na supervisão dos mercados

Think thank defende que a autoridade europeia do mercado de capitais deve ter um reforço dos poderes e recomenda que essa seja a prioridade da próxima comissária para os serviços financeiros.

Maria Luís Albuquerque será ouvida esta quarta-feira no Parlamento Europeu na qualidade de comissária indigitada para a Comissão Europeia. A audiência será uma das 26 previstas para esta semana no âmbito do escrutínio dos candidatos a comissários europeus e terá a duração de três horas. Em causa está a avaliação da aptidão da antiga ministra das Finanças para os Serviços Financeiros, pasta cujo think tank Bruegel considera ser uma com mais impacto, sobretudo no que toca à reforma do sistema de supervisão bancário.

“A União dos Mercado dos Capitais (UMC) é, sem dúvida, a questão mais imediata na agenda do comissário. A supervisão dos mercados de capitais é o único domínio da UMC em que uma reforma transformadora é exequível, e deve ser priorizada“, sugere o think thank, ecoando as palavras da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, em 2023. Para tal, Maria Luís Albuquerque deverá tentar concretizar uma reforma da Autoridade Europeia de Mercados de Valores Mobiliários (ESMA, na sigla em inglês), com vista a reforçar os poderes que hoje estão concentrados em supervisores nacionais, como é o caso da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em Portugal.

Bruegel recomenda que a reforma se centre em potencializar a ESMA e não as suas agências congéneres da banca e dos seguros, “para evitar uma coligação de opositores motivada por preocupações não diretamente relacionadas com a UMC“, sugerindo que a ESMA passe a assumir um papel semelhante à da Securities and Exchange Commission (SEC), nos EUA, o supervisor responsável por moldar os mercados de capitais americanos desde a sua criação na década de 1930.

Maria Luís Albuquerque mostrou-se disponível para concretizar tal ambição. Na sua resposta ao questionário dos eurodeputados, a comissária indigitada defende que “um sistema de supervisão melhorado a nível da UE pode ser um motor essencial para a realização de todo o potencial dos nossos mercados de capitais“. Desta forma, será possível reduzir “ineficiências”, realizando economias de escala e “criando confiança no funcionamento dos mercados”. De que forma?

Por um lado, criando uma única autoridade de supervisão que ficaria responsável por supervisionar “determinados intervenientes no mercado” em diferentes Estados-membros, dando o exemplo do Mecanismo Único de Supervisão no setor bancário. Por outro, assegurando que as autoridades nacionais de supervisão, como a CMVM, “estejam melhor alinhadas nas suas abordagens e resultados, assegurando assim conjuntamente uma supervisão convergente”. O objetivo será uniformizar as regras de supervisão.

Bruegel recomenda assim que esta visão integrada da supervisão dos mercados de capitais junte o alargamento da autoridade da ESMA com uma reforma de fundo para transformar a instituição numa autoridade de supervisão “independente, eficaz e atenta ao mercado, o que não acontece atualmente em grau suficiente“, avisa o think tank. Ademais, deve ainda prever a criação de uma nova Autoridade Anti-Branqueamento de Capitais da UE (AMLA), tal como pedido pela própria presidente da Comissão Europeia na carta de missão enviada a Maria Luís Albuquerque.

Segundo o think tank, seria ideal que esta nova versão da ESMA “fosse a única autoridade de supervisão das áreas dos mercados de capitais para as quais está habilitada”, por forma a evitar “armadilhas de uma centralização excessiva”. No fundo, o objetivo é que este regulador combine o melhor dos dois mundos: a coerência e a previsibilidade das práticas, em contraste com a atual divergência de abordagens nacionais que perpetua a fragmentação do mercado; e ainda a familiaridade e proximidade adequadas com as realidades, os legados e as práticas do mercado local.

Bruegel vê união bancária como “mais importante” mas progressos não são animadores

Paralelamente à reforma da autoridade europeia do mercado de capitais, o think tank reconhece a importância da concretização da união bancária. Ainda que tenha menos expectativas quanto à sua concretização: “Os progressos no sentido da sua conclusão também parecem mais difíceis de alcançar rapidamente”, lê-se na análise.

Bruegel recorda a proposta legislativa conhecida como Gestão de Crises e Seguro de Depósitos (CMDI), apresentada pela Comissão Europeia, no ano passado, e adotada no verão pelo Conselho, dizendo que embora tivesse sido uma “tentativa de melhoria progressiva”, ficou “atolada em compromissos paralisantes entre os Estados-membros”, sendo por isso necessário que próximo comissário (ou comissária) faça progressos nesse sentido.

Segundo o think tank, a proposta “inverteria a racionalização da antiguidade dos depósitos proposta pela Comissão, introduziria mais incentivos para tratar as falências bancárias ao abrigo da legislação nacional e prejudicaria a governação do Conselho Único de Resolução da UE (CUR)”. No fundo, considera Bruegel, a CMDI “não resolveu muitos dos problemas de incompletude da união bancária e poderá estar agora irreparável”.

Assim, recomenda que o executivo comunitário, mais propriamente a futura comissária para os Serviços Financeiros, reformule a proposta por forma conceber “o duplo desafio da concentração de exposições soberanas nacionais” e de um quadro de intervenção em situações de crise mal concebido, que perpetuam o nexo banco-soberania na união monetária.

Aos olhos da instituição sediada em Bruxelas, tanto a concretização da união bancária como a UMC são desejáveis para o futuro do bloco europeu “por razões de eficiência económica, de capacidade de investimento e, como a crise da zona euro demonstrou, de estabilidade financeira na zona euro e, implicitamente, na UE no seu conjunto”.

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Parlamento Europeu testa Maria Luís Albuquerque. Assis entre os que decidirão futuro da comissária indigitada

Comissária indigitada para os Serviços Financeiros enfrenta escrutínio dos eurodeputados, um deles Francisco Assis. Futuro de Maria Luís em Bruxelas será decidido hoje, e antecessora já deixou avisos.

Três horas irão ditar o futuro de Maria Luís Albuquerque na Comissão Europeia. Historicamente, não chegam a dez o número de candidatos chumbados pelo Parlamento Europeu. E mesmo depois de uma série de obstáculos se terem apresentado diante da presidente da Comissão Europeia na formação da nova equipa executiva, não se espera que os eurodeputados rejeitem algum dos candidatos em cima da mesa. Alguns, no entanto, irão enfrentar um escrutínio intenso. Seja pelo peso político e orçamental da pasta que lhes foi atribuída – por exemplo, Mercado Interno, Economia e Transição Energética – como pelo currículo e histórico do candidato – como Robert Fitto, Olivér Várhelyi e Hadja Lahbib. Maria Luís Albuquerque é um desses nomes.

Por um lado, a pasta atribuída por Ursula von der Leyen à ex-ministra das Finanças de Portugal — Serviços Financeiros, Poupança e a União dos Investimentos — estará na linha da frente, numa altura em que a União Europeia procura recuperar parte da competitividade que perdeu nos últimos anos para os EUA e China. Tanto Mario Draghi como Enrico Letta, em relatórios recentes entregues ao executivo comunitário, apontam a futura pasta da ex-ministra das Finanças como uma peça chave para tapar o tal fosso. E parte disso será possível com a concretização da União da Poupança e dos Investimentos, fundamental para direcionar as poupanças para investimentos sustentáveis e de longo prazo, e União dos Mercados de Capitais e a União Bancária, duas reformas que tardam em concretizar-se.

Enquanto isso, o passado de Maria Luís Albuquerque será, certamente, um tema quente durante a audição desta quarta-feira. A transição do setor público para o privado, e agora de novo para o público (se passar o teste do Parlamento Europeu), é um aspeto que não convence muitos eurodeputados — sobretudo os socialistas, que alertam para um potencial conflito de interesses. A própria presidente da Comissão Europeia foi rápida a sair em defesa da candidata portuguesa, garantido que a experiência nesses dois campos confere a Maria Luís Albuquerque conhecimentos adequados para a pasta dos Serviços Financeiros.

Maria Luís Albuquerque vai ser excelente no portefólio”, garantiu Ursula von der Leyen no dia em que anunciou o nome da comissária indigitada, desdramatizando a passagem direta da antiga governante, em 2016, para a Arrow Global, empresa de gestão de ativos, e em 2022 para o banco norte-americano Morgan Stanley.

Tem uma vasta experiência como ministra das finanças e também no setor privado. Sabe as dificuldades tanto do campo político como do investimento privado. É uma pasta difícil, mas é a pessoa indicada”, ressalvou. Mas a palavra de Von der Leyen, nesta fase, tem pouco ou nenhum poder de influência.

A decisão final recairá sobre os eurodeputados. Maria Luís Albuquerque será ouvida na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON) do Parlamento Europeu. Do ECON fazem parte os eurodeputados portugueses Lídia Pereira (PSD), que terá direito a fazer um questão e Francisco Assis (PS).

O antigo presidente do Conselho Económico e Social (CES) será outro dos inquisidores que se sentará na ala socialista do ECON. Ao ECO, o agora eurodeputado não tem dúvidas quanto às suas aptidões técnicas — “é indiscutível que as tem”, diz — nem quanto ao seu percurso político — “temos de partir do pressuposto que [Maria Luís] não pensa como nós [socialistas], não temos de ter a expectativa que corresponda ao nosso posicionamento político. É provável que mantenhamos diferenças nalguns casos”, acrescenta.

O foco da audição, explica Francisco Assis, será perceber de que forma Maria Luís irá executar a pasta que lhe foi atribuída, uma vez que esta foi desenhada por Ursula von der Leyen, que, em junho, na altura em que procurava uma reeleição à frente da Comissão Europeia, assumiu perante os socialistas um leque de compromissos programáticos em troca do voto a favor da bancada socialista, “alguns deles na área que será atribuída a Maria Luís Albuquerque”.

Tenho a expectativa de que a nova comissária, dentro dessa linha de orientação corresponda às nossas expectativas. É com esse estado de espírito que parto para a audição“, refere ao ECO, detalhando que a questão que o próprio lhe fará durante a audição será no âmbito do plano de ação de Maria Luís para os próximos cinco anos.

Além de Lídia Pereira e Francisco Assis, estarão presentes na audição de Maria Luís Albuquerque os eurodeputados portugueses Catarina Martins (BE), João Oliveira (PCP) e António Tânger-Corrêa (Chega), que também procurarão saber quais são as ambições da futura comissária europeia à frente dos Serviços Financeiros. Ao todo, a ex-ministra das Finanças será inquirida por 43 eurodeputados.

Mas a ex-governante deverá ir para a audição sem grandes nervos. O seu mandato enquanto ministra das Finanças durante o tempo da troika ter-lhe-á conferido resistência a grandes pressões e a sua passagem pelas comissões de inquérito, na Assembleia da República, conferiu-lhe pulso firme.

Além de ter de prestar esclarecimentos adicionais aos adiantados nas respostas ao questionário dos eurodeputados, e nas quais são dadas garantias de ter competências para executar o mandato, Maria Luís Albuquerque deverá ser confrontada com um capítulo inesperado do seu passado: a privatização da TAP e o relatório da Inspeção Geral de Finanças (IGF) que levantou suspeitas de crime na privatização da companhia aérea. Em Portugal, já foi chamada pelo Parlamento para responder às questões dos deputados e em Estrasburgo os eurodeputados portugueses à esquerda não deverão deixar passar o assunto. Assis assim o sugere: “É possível que essa questão seja levantada. Eu, pessoalmente, não a vou levantar. Não vejo como um obstáculo“, garante.

Antecessora deixa reformas pelo meio e alerta Maria Luís

A verdade é que os Serviços Financeiros e a União de Poupança e Investimento não tendem a ser pastas mediáticas em Bruxelas e, no passado, foram muitas vezes diluídas entre outros dossiês nas mãos dos comissários. A sua antecessora, Mairead McGuinness, teve pouco tempo de antena durante os seus cinco anos de mandato, e no final, em entrevista ao The Banker, disse ter ficado “desiludida” por ter deixado o trabalho a meio, admitindo dificuldades em concretizar a união bancária e a união dos mercados financeiros visionada por Jean Claude Juncker em 2014, acusando os Estados-membros de serem individualistas.

“Com demasiada frequência, durante o meu tempo na Comissão, assisti à prioridade dada aos interesses nacionais a curto prazo em detrimento do interesse europeu a longo prazo. Isto tem de acabar”, referiu na entrevista. A irlandesa termina o seu mandato sem ter concretizado as reformas estruturais previstas, embora reconheça que ambas são urgentemente necessárias.

“O peso relativo da União Europeia na economia mundial diminuiu nos últimos 20 anos”, adverte. “Não há tempo a perder. Temos de melhorar o nosso desempenho em termos de competitividade, produtividade e crescimento”, vincou.

O testemunho será agora entregue a Maria Luís Albuquerque, se passar pelo crivo dos eurodeputados, que anunciarão o seu parecer nas 24 horas depois da audição. E depois de vários mandatos nas sombra, a expectativa é de que os Serviços Financeiros ganhem espaço na ribalta nos próximos cinco anos. Mais do que teve a Coesão, com Elisa Ferreira, ou a Inovação, com Carlos Moedas.

Por fim, a importância e influência da pasta dependerão ainda da ambição da própria comissária. Nas respostas ao questionário do Parlamento Europeu, a comissária indigitada por Portugal propõe um horizonte de cinco anos para concretizar um conjunto de medidas, desde a União dos Mercados de Capitais à União Bancária, mas também materializar uma reforma da autoridade que supervisiona os mercados financeiros e desfazer o impasse que dura há anos em torno do sistema de garantia dos depósitos. Durante este processo, diz que Bruxelas pode abrir mão de regulamentação e simplificar requisitos, para reduzir obstáculos e encargos às empresas e aumentar a competitividade. A questão agora é Maria Luís terá oportunidade de realizar esse sonho. Só o Parlamento Europeu poderá responder.

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Emilio Sanchez Vicario recebe o reconhecimento pela sua carreira nos Professional Tennis Registry Awards

  • Servimedia
  • 6 Novembro 2024

A 35ª Semana do Ténis Profissional distinguiu Emilio Sánchez Vicario pela sua carreira profissional, num evento organizado em Madrid pelo Registro Profesional de Tenis (RPT).

O tenista e fundador da Academia Emilio Sánchez recebeu este reconhecimento pela sua carreira, que inclui 65 títulos, o número 7 do mundo em singulares, o número 1 em pares e uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Seul, bem como o seu trabalho como capitão da equipa espanhola da Taça Davis que ganhou a Taça Davis em 2008.

O júri, composto pela comissão técnica e executiva da RPT, também valorizou a contribuição de Sánchez Vicario para o desenvolvimento e promoção do ténis em Espanha, tanto no âmbito competitivo como educativo. Neste sentido, a academia promovida pelo tenista celebra este ano o seu 25º aniversário e estabeleceu-se como uma referência na combinação do desporto de elite com uma proposta académica reconhecida internacionalmente.

“A RPT tem sido fundamental na minha vida de treinador. Quero agradecer ao diretor técnico, Luis Mediero, por me ter convencido tanto para que, além de formar jogadores e criar programas incríveis na academia, pudesse dar oportunidades a tantos treinadores”, disse Sánchez Vicario, num vídeo de agradecimento gravado a partir de Nápoles (Estados Unidos).

O tenista destacou ainda o papel de Espanha na formação e promoção de tenistas graças às referências que marcaram um percurso: “O grande êxito do ténis espanhol é ser o número um na formação de tenistas. E um tenista não é apenas alguém que joga bem, ser tenista é uma forma de viver o ténis, para o ténis e para dar ao ténis tudo o que ele nos deu”.

Por seu lado, a RPT atribuiu o grau de “International Master Professional”, o mais alto prémio de reconhecimento profissional concedido pelo registo e detido por apenas 56 treinadores no mundo. Entre os galardoados contam-se Stefan Ortega e Pep Plasin, treinadores da Academia Emilio Sánchez de Barcelona; Lucas Regas e Victor Hugo Camargo, treinadores da Academia Emilio Sánchez de Nápoles, na Florida, e Arantxa Sánchez Vicario.

Presente em três continentes e com escritórios em Barcelona (Espanha), Naples, Flórida (Estados Unidos) e Dubai (Emirados Árabes Unidos), a Academia Emilio Sánchez formou mais de 10.000 alunos de mais de 100 nacionalidades nos seus 25 anos de história, muitos dos quais seguiram carreiras de sucesso no ténis profissional, como Andy Murray, Grigor Dimitrov, Svetlana Kuznetsova e Daniela Hantuchova, entre outros.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 6 de novembro

  • ECO
  • 6 Novembro 2024

Ao longo desta terça-feira, 5 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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TAP anula garantias de empréstimo da Azul. Companhia brasileira recorre à CMVM

A companhia aérea portuguesa afirma num documento disponibilizado a investidores que considera sem efeito as garantias prestadas. Azul vai fazer exposição à CMVM.

A TAP informou os investidores da recente emissão de dívida de 400 milhões de euros que considera “nulas” as garantias prestadas à Azul pelo empréstimo obrigacionista de 90 milhões de euros, realizado em 2016, segundo um documento da operação. Um entendimento que veio escalar a tensão com a companhia brasileira e que contraria um parecer legal emitido na altura pela sociedade de advogados Vieira de Almeida. A Azul vai avançar com exposição à CMVM, apurou o ECO junto de fonte ligada ao processo.

O nosso conselho de administração entende que os direitos de garantia previstos no Contrato de Garantia Azul são nulos e sem efeito, com base num parecer jurídico que classifica as Obrigações Azul como equivalentes a um empréstimo acionista subordinado à TAP SGPS, com a consequência de que todas as garantias concedidas em relação às Obrigações Azul são nulas e sem efeito”, lê-se num documento legal da emissão de dívida realizada pela transportadora portuguesa na semana passada, obtido pelo ECO. Sendo considerado subordinado, deixa de ter precedência em relação aos restantes créditos.

É este o parágrafo que veio agravar a disputa legal entre a TAP e a Azul, levando esta última a considerar que a empresa portuguesa entrou formalmente em incumprimento das garantias prestadas, solicitando a intervenção do agente fiduciário da operação, como avançou o Diário de Notícias. O ECO contactou a TAP, que não quis fazer comentários.

Os advogados que estão a assessorar a Azul vão, além disso, avançar com uma exposição à CMVM do alegado incumprimento da TAP e das diligências já tomadas, antes ainda da liquidação da emissão de 400 milhões de euros, prevista para dia 7, segundo apurou o ECO.

A TAP refere no documento disponibilizado aos investidores que a Azul poderá contestar o seu entendimento em relação às garantias e “tentar executar os direitos de garantia previstos no Contrato de Garantia Azul, até ao montante máximo garantido (90 milhões de euros)“.

A companhia aérea liderada por Luís Rodrigues está a ser assessorada neste processo pela Morais Leitão. Em março de 2016, uma outra sociedade de advogados, a Vieira de Almeida, emitiu um parecer, pedido pela TAP e enviado à Azul e à chinesa Hainan Airlines, que chegou a ser acionista indireta da transportadora portuguesa, que assegura a legalidade de todo o processo, incluindo as garantias prestadas.

Todas as ações societárias necessárias ao abrigo das leis de Portugal foram devidamente tomadas, por ou em nome da TAP SGPS, para a celebração dos Acordos pela TAP SGPS e para o cumprimento pela TAP SGPS de cada uma das obrigações expressamente assumidas por esta nos termos dos Acordos.

Parecer de 2016 da Vieira de Almeida

“Todas as ações societárias necessárias ao abrigo das leis de Portugal foram devidamente tomadas, por ou em nome da TAP SGPS, para a celebração dos Acordos pela TAP SGPS e para o cumprimento pela TAP SGPS de cada uma das obrigações expressamente assumidas por esta nos termos dos Acordos“, afirma a opinião legal a que o ECO teve acesso, emitida dois dias depois da subscrição das obrigações pela Azul e a Parpública, que entrou com 30 milhões de euros.

O caso remonta a 2015, quando David Neeleman, fundador e maior acionista da Azul, venceu com Humberto Pedrosa a privatização da TAP, ficando com 61% das ações. Além de capitalizar a companhia aérea com os polémicos fundos oriundos da Airbus, por troca de um contrato vinculativo para a compra de aeronaves, o empresário brasileiro levou em 2016 a TAP SGPS a subscrever um empréstimo obrigacionista, convertível em ações, de 90 milhões de euros. Os títulos têm um juro elevado, de 7,5%, que, além disso, é composto. A fatura para a TAP SGPS já vai em 165,7 milhões.

A atravessar graves dificuldades financeiras, agora aparentemente mais sanadas, a Azul tentou encontrar liquidez adicional no empréstimo feito oito anos antes. Em setembro enviou uma carta a solicitar um “aperfeiçoamento” das garantias prestadas ou um pagamento antecipado da dívida, com negociação dos juros devidos. A TAP contestou as garantias e propôs o pagamento de 50 milhões de euros, sem no entanto avançar com uma proposta formal, como avançou o ECO.

O que levou o CEO da companhia brasileira a ameaçar romper o acordo comercial entre a Azul e a TAP no Brasil, tendo informado os interessados na privatização da companhia portuguesa dessa possibilidade. O diferendo esteve também na agenda da recente visita do ministro dos Portos e Aeroportos brasileiros a Portugal, que incluiu um encontro com o Governo e a administração da TAP.

Azul recorre a árbitro e quer reembolso antecipado

No documento da recente emissão disponibilizado aos investidores, a TAP elenca os direitos de garantia das obrigações subscritas pela Azul, que diz serem considerados nulos. São eles:

  • Um penhor sobre direitos de propriedade intelectual;
  • A cessão de créditos e penhor de contas bancárias;
  • A cessão da posição contratual em determinados contratos de software;
  • a constituição de uma nova empresa para deter e operar o programa Miles&Go (“NewCo”); e um penhor sobre as ações dessa NewCo.

A Azul decidiu recorrer ao agente fiduciário do contrato de subscrição das obrigações, a Bondholders, uma sociedade com sede em Valência, Espanha, de forma a dirimir o conflito.

Na carta, datada de 1 de novembro e enviada também à Parpública e à TAP, a Azul escreve que “identificou vários eventos e circunstâncias provocadas pelo emitente, seja diretamente ou em resultado de ações tomadas pelo acionista de controlo, (….) que consideramos Eventos de Incumprimento ao abrigo dos termos e condições das obrigações“. Dá como exemplo “a intenção de repudiar um documento financeiro”, “a violação dos compromissos de informação” ou a “violação de compromissos relativos a alienações”.

A companhia brasileira notifica o agente fiduciário para “convocar uma assembleia de obrigacionistas extraordinária” para discutir “certos Eventos de Incumprimento” e a “possibilidade de desencadear o reembolso antecipado das obrigações“.

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Factorenergia aposta na digitalização da energia para impulsionar as comunidades solares

  • Servimedia
  • 6 Novembro 2024

A Factorenergia apresentou no Smart City Expo World Congress a sua visão para as cidades do século XXI: um modelo energético sustentável e digital baseado em comunidades solares.

Segundo a empresa, este projeto de digitalização energética visa não só acelerar a transição para um consumo energético mais limpo, mas também promover o autoconsumo coletivo, reforçando o compromisso da empresa com a sustentabilidade.

Na sua intervenção no congresso realizado em Barcelona, o diretor do Departamento de Transição Energética da Factorenergia, Antoni Franquesa, explicou como as comunidades solares podem ajudar a descarbonizar as cidades, oferecendo uma alternativa eficiente que também capacita os cidadãos. Esta abordagem não só facilita o acesso à energia solar em ambientes urbanos, como também introduz a utilização da tecnologia blockchain, que permite a monitorização em tempo real do consumo de energia de cada utilizador, proporcionando transparência e fiabilidade.

Durante o congresso, a Factorenergia detalhou a sua colaboração com a Blockchain Digital Energy, que resultou na criação de um dispositivo de digitalização de energia. Integrado na aplicação da Factorenergia, este dispositivo permite ao utilizador visualizar o seu consumo individualizado e o desempenho dos seus painéis solares, com dados acessíveis e precisos em tempo real.

A Factorenergia desenvolveu mais de 40 projetos em Espanha para promover a transição energética através de comunidades solares. O seu portefólio inclui as instalações de La Pobla de Claramunt, em Barcelona, com uma potência de 123,5 kWp, e de Paterna, em Valência, com 115,5 kWp. Ambas as instalações podem abastecer mais de 100 famílias cada uma.

Além disso, a Factorenergia implementou projetos-piloto em Barcelona, como na urbanização La Mallola, em Esplugues de Llobregat, onde 14 sistemas de autoconsumo coletivo geram 511,11 kWp para mais de 150 vizinhos. Outros exemplos incluem a utilização partilhada de energia em edifícios públicos, como o Instituto Torrent dels Alous e o tribunal de Rubí, que partilham a eletricidade gerada no telhado do instituto. No setor industrial, a empresa implementou também um sistema de autoconsumo coletivo no parque industrial de Almeda, em Cornellà del Llobregat.

De 5 a 7 de novembro, Barcelona acolhe a maior edição do Smart City Expo World Congress, com 1100 expositores de 850 cidades e mais de 600 especialistas internacionais. Organizado pela Fira de Barcelona, o evento tornou-se uma referência mundial para as cidades inteligentes e inclui sessões de debate sobre soluções inovadoras para melhorar a qualidade de vida urbana.

 

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