Espanhóis da Mondragón compram tecnologia para fábricas criada em Guimarães

A tecnológica Sentinel, que faz máquinas e programas de visão computacional e 3D para o setor da indústria, foi adquirida pelo maior grupo empresarial do País Basco.

O grupo Mondragón, a maior holding empresarial do País Basco, comprou a tecnológica Sentinel, uma startup de Guimarães que desenvolve maquinaria e programas de software de visão computacional para fábricas. A empresa espanhola pretende entrar no negócio da “visão artificial” – controlo digital dos processos de produção – para começar a trabalhar com mais grupos industriais e diversificar a operação.

A sede da Sentinel vai-se mudar para o país vizinho, rumando a Rubí, em Barcelona, segundo uma publicação na rede social Linkedin. Portugal vai manter-se com a atividade comercial (vendas), serviços e desenvolvimento de produto. É o que o cofundador Joel Alves descreve ao ECO como “centro tecnológico”. Por exemplo, a empresa criou um software chamado “Vision Core”, uma ferramenta de alta performance para deteção e resolução dos problemas na cadeia de montagem, e também câmaras e sensores de análise aos processos produtivos (na fotografia abaixo).

A venda da empresa de TI , assessorada pela sociedade de advogados Morais Leitão, ocorre apenas quatro anos desde o seu lançamento. “Estamos prontos para dar um grande passo para o futuro. Estamos a juntar-nos à Mondragón Corporation, um dos grupos industriais mais importantes de Espanha, com o objetivo de reforçar a nossa posição e levar a nossa inovação ainda mais longe”, escreveu a Sentinel na mesma publicação online.

A Sentinel, que emprega 16 pessoas, considera que se afirmou como “uma referência em soluções de visão artificial em Portugal”. Com um volume de negócios de dois milhões de euros e clientes como Continental, Amorim ou Sociedade Ponto Verde, a previsão é que a faturação mais que quadruplique para os oito ou 10 milhões de euros.

Em declarações ao ECO, o cofundador Joel Alves garante que todos os colaboradores vão passar para a nova empresa e estão a contratar comerciais e administrativos para Espanha. O plano é que a nova equipa técnica opere em Barcelona e, mais tarde, se criem mais empresas desta área da Sentinel no México, em França e na Alemanha.

A transação, cujo valor não foi tornado público, realizou-se através da Mondragón Corporation, uma cooperativa integrada na divisão de automação industrial da empresa sediada em Gipuzkoa, a a MIA. Uma das executivas do grupo comprador, Nerea Aranguren Achotegui, disse ao jornal Expansión que pretende alargar a atuação da MIA, cujo foco tem sido mais linhas de fabrico e automação.

“Com esta aliança estratégica, a Sentinel embarca na sua jornada como um grupo internacional, mantendo o nosso forte compromisso com soluções inovadoras de visão artificial, bem como o desenvolvimento do nosso próprio software, abrindo caminho para o futuro”, acrescenta a empresa fundada por um grupo de engenheiros composto por Joel Alves, Álvaro Oliveira e Rui Moreira, que entretanto deixou a sociedade.

 

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Press Link assume assessoria de imprensa do Revolution Hope Imagination

  • + M
  • 6 Fevereiro 2025

O RHI junta-se assim a outros "recentes" clientes que compõem o portefólio da Press Link, como as cervejarias Gulden Draak e Delirum C Café, a Novex ou o Global Teacher Prize Portugal.

A Press Link foi a agência escolhida para trabalhar a assessoria de imprensa do RHIRevolution Hope Imagination.

Este evento vai assim voltar a realizar-se em várias cidades portuguesas “garantindo a vinda a Portugal de vários programadores culturais estrangeiros que vêm participar num vasto programa de palestras, workshops e showcases… e, naturalmente, descobrir novos talentos”, refere-se em nota de imprensa.

“O RHI posiciona-se como uma espécie de trampolim para palcos internacionais, já que estes programadores de topo estão em Portugal como uma espécie de ‘olheiros da cultura’, em busca de novos talentos para lançar nos seus palcos. A prová-lo, temos já vários exemplos de sucesso, fruto de edições passadas”, diz a fundadora do Arte Institute e dinamizadora deste acontecimento, Ana Ventura Miranda, citada em comunicado.

O RHI junta-se assim a outros “recentes” clientes que compõem o portefólio da Press Link, como as cervejarias Gulden Draak e Delirum C Café, a Novex ou o Global Teacher Prize Portugal.

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BCP admite avançar para a compra do Novobanco com “preço adequado” e se “criar valor para acionistas”

Miguel Maya admite interesse do BCP no Novobanco, mas se tiver um "preço adequado" e se "criar valor para os acionistas". Rejeita em participar num IPO.

O BCP admite avançar para a compra do Novobanco se tiver “um preço adequado” e se “criar valor para os acionistas”, adiantou o presidente executivo do banco, Miguel Maya, afastando qualquer interesse em participação num eventual IPO.

“Se o preço for um preço adequado, se criar valor para os acionistas e fizer sentido para a economia portuguesa, poderemos considerar”, admitiu Miguel Maya, à margem da conferência Observatório do Imobiliário, em declarações à Lusa. “Mas não precisamos disso, não faremos isso como algo que é importante para o banco”, acrescentou logo a seguir.

Miguel Maya considerou que “para o BCP ou qualquer outro banco, a fazer sentido [avançar para a compra do Novobanco] seria numa lógica de consolidação para ir buscar eficiências de produto e operativas”.

“As coisas não são incompatíveis. Pode fazer um IPO e mais tarde haver consolidação”, explicou. Porém, esclareceu logo a seguir, “o BCP em nenhuma circunstância irá participar no IPO do Novobanco”.

Apesar de admitir interesse no banco rival, Miguel Maya ressalvou que o Novobanco “não é fundamental para a estratégia” do BCP. “Temos uma quota de 20% de mercado, uma eficiência muito elevada, já em patamares adequados, temos um rigor de gestão de capital, só fazemos investimentos se criarem inequivocamente valor para o banco”, adiantou.

“Não há aqui um campeonato de ganhar dimensão, o nosso campeonato de ter quota de mercado relevante e ser um banco muito rentável”, resumiu.

Revelou ainda que não há nenhuma equipa especial do banco a estudar o Novobanco. “Temos equipas que estão a analisar diversas oportunidades de venda de ativos e aquisição de ativos. Nós fazemos o seguimento de todos os bancos em Portugal, saber como estão a evoluir e em que áreas comparamos menos bem para melhorar essas áreas. O acompanhamento que estamos a fazer o Novobanco é exatamente o mesmo acompanhamento que estamos a fazer a outras entidades”, notou.

“Comportamento excecional na bolsa”

Sobre o desempenho das ações do BCP, Miguel Maya destacou o “comportamento absolutamente excecional” que tiveram no ano passado e associado o bom momento na bolsa ao trabalho de recuperação empreendido na última década.

“Já estamos com um price to book value acima de 1. Isto é francamente positivo, não é obra do acaso. É todo um trabalho feito ao longo de mais de uma década de preparação do banco para um novo contexto”, disse. Para Miguel Maya, “é o fruto” de que estava à espera de recolher depois do período de recuperação.

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Chinesa Shein tem três semanas para provar à UE que não tem produtos ilegais

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2025

A Shein deve fornecer as informações necessárias até 27 de fevereiro e, com base na avaliação das respostas, a Comissão Europeia determinará as próximas etapas.

A plataforma de comércio eletrónico Shein tem três semanas para provar à Comissão Europeia que está a adotar medidas para atenuar riscos relacionados com a proteção dos consumidores e a saúde pública, como removendo produtos ilegais.

O prazo surge depois de esta quinta-feira o executivo comunitário ter enviado um pedido de informações à Shein ao abrigo da nova Lei dos Serviços Digitais.

No documento, a Comissão solicitando “que a Shein forneça documentos internos e informações mais pormenorizadas sobre os riscos associados à presença de conteúdos e produtos ilegais no seu mercado, sobre a transparência dos seus sistemas de recomendação e sobre o acesso aos dados por parte de investigadores qualificados”.

Ao mesmo tempo, a instituição pede à Shein “que forneça informações pormenorizadas sobre as medidas adotadas para atenuar os riscos relacionados com a proteção dos consumidores, a saúde pública e o bem-estar dos utilizadores”, assim como sobre a proteção dos dados pessoais dos utilizadores.

A Shein deve fornecer as informações necessárias até 27 de fevereiro e, com base na avaliação das respostas, a Comissão Europeia determinará as próximas etapas.

O anúncio surge um dia depois de a Comissão Europeia ter comunicado esta investigação à plataforma chinesa de comércio eletrónico Shein para determinar a existência de práticas desleais na União Europeia (UE), após ter feito o mesmo com a Temu, e ter defendido mais fiscalização às encomendas baratas no espaço comunitário.

Após uma ação semelhante iniciada em novembro passado contra outra plataforma chinesa de comércio eletrónico, a Temu, e no dia em que avançou com uma comunicação sobre comércio eletrónico na UE, a instituição garantiu apertadas monitorizações europeias com as autoridades nacionais, como fiscalizações surpresa, testes e outros controlos para detetar e recolher produtos perigosos do mercado.

Na comunicação sobre comércio eletrónico na UE, o executivo comunitário garantiu estar “a tomar medidas para fazer face aos riscos decorrentes das importações de baixo valor vendidas através de retalhistas ‘online’ de países terceiros e de mercados que acolhem comerciantes de países terceiros”, como da China.

Dados de Bruxelas agora divulgados indicam que, no ano passado, cerca de 4,6 mil milhões de encomendas de baixo valor, ou seja, mercadorias com um valor não superior a 150 euros, entraram no mercado da UE, o que equivale a 12 milhões de encomendas por dia. Este número é o dobro do registado em 2023 e o triplo do registado em 2022, sendo que muitas destas mercadorias foram consideradas não conformes com a legislação europeia.

Estima-se que cerca de 70% dos cidadãos europeus comprem regularmente produtos ‘online’.

A UE tornou-se, desde final de agosto passado e após um período de adaptação, a primeira jurisdição do mundo com regras para plataformas digitais como X, Facebook e Instagram, que passam a estar obrigadas a remover conteúdos ilegais.

As companhias que não cumprem as novas leis podem ter coimas proporcionais à sua dimensão.

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Aos 100 anos, a Santíssima Trindade da Cartier ganha novas formas<span class='tag--premium'>premium</span>

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 6 Fevereiro 2025

2024 foi ano de celebração na maison francesa: Trinity, uma das linhas mais icónicas, entrou no seu centenário. Um bom pretexto para fazer uma reinterpretação das suas formas.

Este artigo integra a 12.ª edição do ECO magazine. Pode comprar AQUI. O ano que passou foi palco de variadas celebrações do centenário da coleção Trinity da Cartier. O anel Trinity, com o seu design icónico com três aros em ouro branco, amarelo e rosa interlaçados, foi a primeira peça da coleção e foi uma criação de Louis Cartier em 1924. Reza a lenda que o escritor-pintor-poeta Jean Cocteau teve um sonho que envolvia os anéis de Saturno e falou nisso a Louis. O joalheiro desenvolveu o conceito ao querer capturar, numa peça de joalharia, a essência das relações humanas e as emoções universais, com uma noção de infinitude e unidade. Nasceu assim o anel Trinity, pleno de simbologia, a começar pelas cores do ouro utilizado: amarelo para lealdade e fidelidade; rosa para amor e cumplicidade;

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Musk ‘castigado’ na Europa? Vendas da Tesla afundam após aliança com Trump

  • Joana Abrantes Gomes
  • 6 Fevereiro 2025

Só na Alemanha e em França, quedas atingiram os 59% e 63%, respetivamente, face a janeiro do ano passado. Analistas admitem reação negativa dos consumidores a comentários polémicos de Elon Musk.

O ano não arrancou bem para a Tesla na Europa. A empresa norte-americana viu as vendas dos seus veículos caírem por todo o continente em janeiro, depois de já ter registado uma quebra de cerca de 13% no ano passado.

Só na Alemanha, o único país europeu que acolhe uma fábrica da marca, o tombo foi de 59% face ao mesmo mês de 2024, o que poderá dever-se à desatualização dos seus modelos. Mas também há especialistas que atribuem este declínio a uma reação negativa dos consumidores ao recente envolvimento do fundador e dono da Tesla, Elon Musk, na campanha para as eleições legislativas de 23 de fevereiro, ao ter declarado apoio ao partido de extrema-direita AfD.

De acordo com a Autoridade Federal Alemã de Transportes Motorizados, o maior fabricante mundial de veículos elétricos registou apenas 1.277 automóveis novos na Alemanha no mês de janeiro. Tendo em conta que o total de vendas de veículos elétricos na maior economia da Zona Euro cresceu mais de 50% no arranque do ano em comparação com o ano anterior, a quota de mercado da Tesla no país baixou de 14% para 4%.

A quebra das vendas da fabricante norte-americana foi ainda pior na segunda maior economia da Europa. Os franceses compraram 63% menos novos Tesla no início de 2025 do que há um ano, sendo que as vendas totais de automóveis em França caíram apenas 6% e as de veículos elétricos, em particular, recuaram apenas 0,5%.

No Reino Unido, as vendas da marca norte-americana encolheram de forma menos acentuada: apenas 12%. Contudo, o total de vendas de veículos elétricos no mercado automóvel britânico cresceu 35% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2024. Além disso, nenhum modelo da Tesla aparece na lista dos dez carros mais vendidos no país no arranque deste ano, o que acontecia regularmente no passado.

As vendas da Tesla também registaram quedas significativas na Suécia (-44%), onde uma greve de mecânicos contra a fabricante norte-americana vai para o seu segundo ano, assim como na Noruega (-38%) e nos Países Baixos (-42%).

Em Portugal, pela primeira vez, o número de unidades vendidas da chinesa BYD (de Build Your Dreams) em janeiro foi maior do que o da marca norte-americana: 392 carros comercializados, contra 389, respetivamente, sendo que no caso da BYD também estão incluídos modelos híbridos, segundo os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).

Controvérsias de Musk estão a afastar clientes

Segundo o analista automóvel Matthias Schmidt, citado pelo Financial Times, um dos fatores subjacentes ao decréscimo das vendas da Tesla na Alemanha pode ser o facto de os consumidores estarem à espera da atualização do Model Y, que deverá ser lançada no final de março.

Porém, há outros fatores que podem estar em jogo, designadamente uma reação negativa de alguns consumidores às recentes declarações polémicas de Elon Musk. Quando faltavam poucos dias para o 80.º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, o multimilionário declarou o seu apoio à AfD durante um comício eleitoral do partido. Antes, na cerimónia de tomada de posse de Donald Trump, já tinha feito um gesto amplamente interpretado como uma saudação nazi.

Musk tem sido também acusado de propagar desinformação e amplificar as contas de extrema-direita com o algoritmo da rede social X, mas rejeitou as críticas, dizendo que são uma afronta à liberdade de expressão.

Também no Reino Unido o dono da Tesla tem mostrado apoio a movimentos políticos alternativos, como o partido populista de direita Reform UK, numa tentativa de afastar Keir Starmer, o atual primeiro-ministro, do Partido Trabalhista. Musk tem-se servido da sua plataforma no X para criticar o Governo britânico, tendo mesmo chegado a pedir a prisão do líder do Executivo.

Um inquérito realizado no final de janeiro pelo Electrifying.com revelou que 59% dos britânicos que têm veículos elétricos e daqueles que tencionam comprar um carro desse tipo afirmaram que a influência de Musk os dissuadiria de adquirir um Tesla.

Citado pela Reuters, o CEO do Electrifying.com, Ginny Buckley, afirmou que “a influência de Musk na marca está a tornar-se cada vez mais polarizadora, levando muitos compradores a procurar noutro lado”, e, “com mais de 130 modelos de veículos elétricos convencionais atualmente disponíveis no Reino Unido — em comparação com apenas 25 em 2020 –, a concorrência nunca foi tão feroz e a Tesla já está a sentir a pressão“.

Ainda assim, o presidente executivo da organização New AutoMotive, Ben Nelmes, considera que a queda das vendas da Tesla decorre menos das atitudes de Musk e mais do fracasso em lançar um novo modelo convencional desde o Model Y em 2020, enquanto as marcas concorrentes, incluindo da China, têm produtos mais frescos no mercado. “Não é devido às opiniões de Musk ou dos automobilistas britânicos sobre Musk. Eles [Tesla] pararam de inovar após o Model Y“, disse.

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Alexandre Miguel Mestre sai da Abreu Advogados

Alexandre Miguel Mestre decidiu abandonar a Abreu Advogados para se focar na candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal.

Após 10 anos ao serviço da Abreu Advogados, Alexandre Miguel Mestre decidiu abandonar o escritório para se focar na candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP).

“Foram mais de 10 anos de trabalho conjunto, muito gratificantes e enriquecedores no exercício da profissão. Decidi dar um novo rumo à minha carreira e dedicar-me a outros interesses pessoais e profissionais, como é o caso do Movimento Olímpico“, refere em comunicado Alexandre Miguel Mestre.

O advogado afirma ainda ter “muito orgulho” de ter feito parte da história da firma. “Saio com uma grande ligação de amizade e respeito pelas pessoas e pela própria sociedade, que se tornou uma referência da advocacia em Portugal“, acrescenta.

Alexandre Miguel Mestre tem centrado a sua prática em direito do desporto, tendo sido também secretário de Estado do Desporto e Juventude no XIX Governo Constitucional, entre junho de 2011 e maio de 2013.

O advogado prepara agora a sua candidatura ao COP, cujas eleições decorrem já em março. “Trata-se de um projeto que mobiliza o legado do Comandante Vicente Moura e do Doutor José Manuel Constantino, somando-lhe a ambição de ir mais longe no apoio a atletas, técnicos, federações”, revela.

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PS quer ouvir ministra sobre alegado fim de devolução de propinas para quem tem IRS Jovem

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2025

PS quer que ministra esclareça se devolução das propinas continuará ou não a aplicar-se aos trabalhadores que peçam o IRS Jovem.

O PS requereu hoje a audição da ministra da Juventude e da Modernização para debater o alegado fim da devolução de propinas para quem beneficia do IRS Jovem, acusando o Governo de estar a gorar as expectativas de vários jovens.

“O Grupo Parlamentar do PS quer que a ministra da Juventude e Modernização [Margarida Balseiro Lopes] esclareça, no parlamento, a notícia vinda a público que dá conta que o ‘prémio salarial de valorização das qualificações no mercado de trabalho (prémio salarial)’ passará a aplicar-se apenas a quem não beneficiar do IRS Jovem”, lê-se num comunicado do PS.

Em causa está uma notícia do Diário Notícias, divulgada na passada sexta-feira, de que o Governo pretende que o Prémio de Valorização da Qualificação passe a aplicar-se a quem optar por não beneficiar do IRS Jovem e apenas a quem obtiver o grau académico a partir de 01 de janeiro de 2025.

Este prémio foi criado pelo anterior Governo do PS, liderado por António Costa, e consistia numa devolução do valor das propinas para os jovens que tinham terminado a licenciatura ou o mestrado e decidiam ficar a trabalhar em Portugal.

No comunicado, o PS acusa o atual Governo da Aliança Democrática de ter adotado “restrições na devolução das propinas para os jovens que entregavam o IRS em conjunto com os seus pais”.

“Esta injustiça foi corrigida em 2025, por proposta da oposição parlamentar no âmbito do Orçamento do Estado, apesar dos votos contra do PSD e do CDS-PP e, a partir deste ano, os dependentes que declarem IRS em conjunto com os pais também poderão candidatar-se ao regime de ‘devolução de propina'”, afirma o partido.

No entanto, o PS aborda a notícia do Diário de Notícias de sexta-feira para salientar que o Governo, “ao arrepio do espírito cumulativo da criação dos benefícios no IRS Jovem em simultâneo com a devolução de propina”, prevê que esse prémio só passe a ser aplicado para quem obtenha o diploma universitário a partir deste ano e opte por não beneficiar do IRS Jovem.

“Os socialistas querem esclarecer várias questões, nomeadamente se os processos de devolução de propina aceitas no ano de 2024 deixam de receber se beneficiarem do IRS Jovem, ou como esta mudança no espírito cumulativo dos benefícios em curso é alterado sem qualquer aviso ou discussão, deixando sem resposta ou gorando as expectativas de vários jovens cujos processos se encontram suspensos”, lê-se.

O PS acrescenta ainda que, quando o Governo de António Costa optou por criar o prémio de devolução de propinas, tinha “o duplo objetivo de recompensar o prosseguimento dos estudos superiores e de contribuir para a valorização dos rendimentos dos jovens qualificados que trabalham no país”.

“Além desta devolução integral da propina a todos os estudantes, o anterior Governo previa também, e cumulativamente, o alargamento do IRS Jovem para todos os licenciados, nos primeiros quatro anos do término da licenciatura, com isenção total no primeiro ano, de 75% no segundo, 50% no terceiro e quarto ano de descontos e 25% no quinto”, refere-se.

Esta quarta-feira, no debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República, este foi precisamente um dos temas levantados pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que acusou o Governo de ter retirado a devolução das propinas aos jovens, “sem nunca ter dito nada antes e sem nunca ter havido debate sobre o assunto”.

Luís Montenegro não pôde, no entanto, responder a esta interpelação de Pedro Nuno Santos por já ter esgotado o tempo regimental que lhe foi concedido.

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Carolina Afonso é a nova Chief Digital & Marketing Officer dos hotéis Valverde

  • + M
  • 6 Fevereiro 2025

Nos últimos dois anos e meio CEO do Gato Preto em Portugal e Espanha, Carolina Afonso regressa à área do marketing e digital, agora na Estoril 802, gestora de hotéis de luxo.

Carolina Afonso, até este mês CEO do Gato Preto em Portugal e Espanha, é a nova chief digital & marketing officer da Estoril 802, grupo que gere os hotéis Valverde Hotel Lisboa & Garden, Valverde Santar Hotel & Spa e Valverde Sintra Palácio de Seteais.

Nesta função, a profissional será responsável pelas áreas de eCommerce, Marketing e IT, com o objetivo de impulsionar a transformação digital e fortalecer a presença da empresa no setor hoteleiro em Portugal e nos mercados internacionais onde opera, descreve a empresa. “Com a integração de Carolina Afonso, a Estoril 8023 reforça o seu compromisso com a inovação digital e a excelência no setor da hotelaria de luxo, visando proporcionar experiências únicas e memoráveis aos seus hóspedes bem como nas insígnias multimarca que a marca trabalha”, descreve o grupo.

É um desafio que faz todo o sentido no meu percurso profissional, desde sempre ligado à alta direção nas áreas de gestão, marketing e IT. Chegou a hora de mudar de setor. É com enorme entusiasmo que me mudo para a Avenida da Liberdade e que assumo este novo desafio na Estoril 8023. Acredito que a inovação aliada à tecnologia e ao marketing desempenham um papel crucial no setor hoteleiro, e estou motivada para contribuir para o crescimento e consolidação das marcas do grupo”, acrescenta, citada em comunicado, a também professora do ISEG/Universidade de Lisboa.

Carolina Afonso foi CEO do Gato Preto em Portugal e Espanha de setembro de 2022 até agora, após cerca de um ano como diretora de marketing. Antes, e durante cerca de 15 anos, foi diretora de marketing da Toshiba Printin Soultions, Asus, Konica Minolta. É também professora no ISEG/Universidade de Lisboa e coordenadora de vários cursos no ISEG Executive Education, autora de vários livros e diretora da Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing (APPM).

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BCP teve “melhor ano” do século no crédito a jovens

Miguel Maya explicou que as medidas públicas de apoio aos jovens levou a um “aumento da procura muito expressivo” por crédito da casa no ano passado.

Em 2024, o BCP teve o “melhor ano” na produção de crédito à habitação no segmento mais jovem desde 2001, revelou o CEO do banco, Miguel Maya, explicando que as medidas do Governo, como a isenção de IMT, levaram a “um aumento da procura muito expressivo” da parte dos clientes mais jovens.

“Foi talvez o melhor ano de produção para este segmento desde 2001”, adiantou esta quinta-feira Miguel Maya na conferência Observatório do Imobiliário, que decorreu em Lisboa.

Para Miguel Maya, não há uma solução simples para o problema da habitação em Portugal, mas referiu que podia ter sido “minimizado” se as políticas públicas tivessem antecipado que o tema da falta de casas ia surgir. “Era evitável, pelo menos era possível ter sido minimizado. Sabíamos quantas pessoas iam chegar ao mercado de trabalho”, reclamou o líder do BCP.

Sobre a garantia pública para apoiar os jovens na compra de casa, o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa revelou que a procura se tem concentrado sobretudo em Lisboa e no Porto, onde “o preço por metro quadrado está além da zona vermelha”. “Isto leva a que muitos dos jovens que nos procuram tenham ajuda de alguém” quando vão pedir um financiamento ao banco, nomeadamente dos pais.

Pediu ainda para se atuar com rapidez no tema da falta de habitação para evitar um aumento das tensões sociais. “É dos assuntos em que não há partidos, ideologias, não há lados. E o tempo urge”, disse.

João Pedro Oliveira e Costa avisou para não “apontarem os canhões” contra os bancos, pois têm capacidade financeira para apoiar quer a construção promovida pelo Estado, quer aquela que seja promovida pelo setor privado. “Há capital nos bancos para apoiar”, disse.

Miguel Maya sugeriu que se ponderasse a medida macroprudencial do prazo máximo do crédito à habitação. “As macroprudenciais são muito relevantes. Mas tudo carece de afinação, porque a realidade altera-se. (…) Aqui acho que deve haver afinação”, apontou.

Na mesma ocasião, o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, considerou que “é preciso intervir no preço dos terrenos para as casas terem um custo menor e da libertação de terrenos para casas”.

Temos um défice [de casas] significativo para os jovens e para os imigrantes sobretudo num segmento de preços médios. É preciso ver para que segmento estamos a orientar”, frisou o responsável máximo do banco público.

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Trabalhadores com IRS Jovem descontam sobre a parte salarial não isenta de imposto. Fisco explica as regras

Instruções da AT determinam que deve ser aplicada a taxa de retenção habitual sobre a parcela não isenta. Por exemplo, um jovem no quarto ano de atividade a ganhar 1.800 euros deve reter 65 euros.

Trabalhadores por conta de outrem até aos 35 que beneficiem do novo regime do IRS Jovem devem descontar sobre a parte salarial não isenta de imposto, aplicando a taxa de retenção na fonte habitual para a totalidade dos rendimentos, segundo um novo ofício-circulado da Autoridade Tributária, publicado esta quinta-feira, com as regras de aplicação das tabelas de retenção na fonte. Estas novas instruções surgem depois de terem sido suscitadas várias dúvidas e alertas designadamente por parte da Ordem dos Contabilistas Certificados.

O ofício anterior da AT já esclarecia que a taxa de retenção teria de ser a mesma que já era aplicada para o salário inteiro. Mas agora vem reforçar essa regra com um exemplo: um jovem solteiro e sem filhos que esteja no quarto ano de atividade com um ordenado de 1.800 euros brutos mensais deve descontar 65 euros e não zero, de acordo com a fórmula apresentada pelo Fisco. Se não optasse pela aplicação do IRS Jovem, iria reter 262 euros.

Os trabalhadores que estejam abrangidos pelo novo IRS Jovem que dá uma isenção de entre 100% e 25% até 55 vezes o Indexante dos Apoios sociais, isto é, até aos 28.737,5 euros anuais, em 2025, não precisam de esperar pelo acerto de contas com o Fisco na primavera do próximo ano para sentir o alívio fiscal previsto nesse regime. Podem pedir já às empresas para as quais trabalham para fazer refletir essa benesse na retenção na fonte de IRS, tal como já tinha explicado ao ECO fonte oficial do Ministério das Finanças. Isto significa que os jovens podem ver o seu rendimento líquido subir já todos os meses.

Mas, nos últimos dias, a bastonária da Ordem dos Contabilistas, Paula Franco, alertou que um trabalhador com um salário de 1.500 euros e uma retenção de 186 euros, depois de pedir às entidades empregadoras para aplicar as isenções do novo IRS Jovem nos descontos que faz mensalmente, viu-se confrontado com uma taxa de retenção de zero, arriscando-se a pagar imposto no próximo ano, quando até agora tinha direito a reembolso.

“Aquando da entrega da declaração modelo 3 no ano seguinte, poderá ter de pagar cerca de 700 euros. Caso opte por não fazer a retenção reduzida, no final vai recuperar uma boa parte daquilo que tinha retido, ou seja, neste caso, cerca de 1.700 euros”, escreveu Paula Franco nas redes sociais.

A própria AT reconhece que se tem “verificado, em determinadas situações, que o cálculo da retenção na fonte mensal não está ajustado ao imposto devido a final, com a emissão da respetiva nota de liquidação, pelo que, reponderado o assunto, importa emitir novas instruções“, lê-se na circular assinada pela subdiretora-geral para área dos impostos sobre rendimento, Helena Pegado Martins.

E apresenta um exemplo: “Uma empresa recebe a informação de um seu trabalhador que reúne as condições para beneficiar do regime do IRS Jovem e que o ano de 2025 corresponde ao quarto ano de obtenção de rendimentos. Como deve proceder no cálculo da retenção na fonte, tendo em conta que o trabalhador é solteiro, sem filhos e que o rendimento bruto mensal sujeito a retenção na fonte (incluindo a parte isenta) é de 1.800 euros?”

O Fisco explica que, “na determinação do valor de retenção, a empresa deve apurar a taxa de retenção que seria devida para a totalidade do rendimento e aplicar apenas à parte que não esteja isenta”.

“No caso concreto, a uma remuneração de 1.800 euros corresponde uma taxa marginal máxima de 32% e uma parcela a abater de 313,99 euros, donde resulta um montante de retenção de 262,01 euros (1.800,00 euros x 32% – 313,99 euros = 262,01 euros) e uma taxa efetiva de retenção de 14,56% (262,01 euros ÷ 1.800,00 euros = 14,56%)”, mostra a AT.

Uma vez que 2025 corresponde ao quarto ano de isenção, 75% do rendimento do trabalhador não paga imposto. Ou seja, a parte isenta do salário é de 75%: 1.350 euros. Este valor é inferior ao limite mensal isento, de 2.052,68 euros, tendo em conta que o benefício do IRS Jovem abrange rendimentos até 55 IAS, que corresponde, este ano, a 28.737,50 euros. Dividindo esse montante por 14 meses, dá então os 2.052,68 euros.

Neste caso, o trabalhador pode então beneficiar do máximo da isenção que tem direito: 1.350 euros, indica a AT. Assim, apenas 450 euros do seu salário terão de ser tributados. Sobre esse valor deve-se então aplicar a taxa de retenção habitual, de 14,56%, o que significa que “a retenção na fonte será 65 euros (450 euros x 14,56% = 65,52 euros)”, segundo as contas da Autoridade Tributária.

Apesar destas novas instruções, o ofício da AT, publicado em julho de 2023, já esclarecia que, “sendo beneficiário do IRS jovem, a entidade que proceda à retenção na fonte dos rendimentos deve aplicar a taxa de retenção […] para a totalidade dos rendimentos, incluindo os isentos, apenas à parte dos rendimentos que não esteja isenta, consoante o ano”.

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Máquinas paradas em Boticas é “uma batalha ganha” para opositores à mina de lítio

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2025

Proprietários dos terrenos abrangidos pela servidão administrativa para prospeção de lítio vivem "um dia de festa". Os “donos do território” chamaram a GNR para exigir a retirada das máquinas.

Com as máquinas da Savannah paradas esta quinta-feira em Covas do Barroso, Boticas, os proprietários dos terrenos abrangidos pela servidão administrativa para prospeção de lítio mostram-se satisfeitos pela “batalha ganha”, embora reconheçam que a suspensão pode ser temporária.

“Para nós é um dia de festa, para nós é uma batalha ganha, embora seja por poucos dias, não sabemos o que o tribunal irá decidir, mas para nós é uma vitória”, afirmou Benjamim Gonçalves, de 65 anos.

Benjamim foi um dos proprietários que interpôs a providência cautelar contra a servidão administrativa emitida pelo Ministério do Ambiente, que deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela, e que levou hoje à suspensão dos trabalhos.

O despacho de admissão da providência suspende todos os trabalhos na área de servidão até decisão futura do tribunal.

“Assim não pode ser, temos que os travar, depois logo se irá ver, o tribunal terá que ter uma decisão”, salientou Benjamim Gonçalves, referindo que, mal a servidão administrativa foi emitida, em dezembro, as máquinas da Savannah entraram no seu terreno, cortando árvores e abrindo estradões de terra batida e um buraco.

E aos “donos do território”, que são os residentes, fazem “umas peripécias destas”. “Julgo que, pelo menos, por uns dias, isto irá parar e depois logo iremos ver o que o tribunal irá decidir”, disse Benjamim Gonçalves.

Um cartaz onde se lê “Não à Mina” em protesto contra a existência de minas a céu aberto em Covas do Barroso, concelho de Boticas, 12 de janeiro de 2019. A população de Covas do Barroso, em Boticas, receia que a mina de lítio a céu aberto vá esventrar os montes e prejudicar a atividade agrícola e apícola e, por isso, uniu-se para travar o projeto. PEDRO SARMENTO COSTA/LUSAPEDRO SARMENTO COSTA/LUSA

A secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, emitiu um despacho, publicado a 06 de dezembro em Diário da República, que autoriza a constituição de servidão administrativa, pelo prazo de um ano, o que permite à empresa Savannah aceder a terrenos privados para a prospeção de lítio.

Esta decisão foi contestada por proprietários afetados e autarcas.

Aida Fernandes, da comunidade dos baldios de Covas do Barroso, disse que a decisão do tribunal dá “um certo alento”. “Afinal vale a pena lutar e vale a pena defender o que é nosso e a maneira como as coisas foram feitas, como fomos bombardeados. Não bastou sermos atacados por uma servidão administrativa, que não faz sentido, passados poucos dias foi a ameaça de expropriação por parte da empresa. Ou seja, é toda uma tentativa de nos intimidar, amedrontar e de nos fazer desistir”, realçou.

Considerou também que é “uma vitória” chegar hoje aos terrenos e ver “todas as máquinas paradas”.

Um grupo de pessoas percorreu os terrenos onde decorriam os trabalhos da Savannah, num deles encontrou alguns trabalhadores que garantiram estar a recolher o material e equipamento para irem embora.

A responsável explicou que foi chamada a GNR ao local porque exigem a retirada das máquinas dos terrenos. “Estamos com a GNR para fazer uma referenciação das áreas, caso eles não tirem as máquinas, para comunicar ao tribunal. Que usem a mesma rapidez, que usaram para entrar, para sair”, frisou.

O marido de Maria Loureiro, 57 anos, foi também um dos proprietários que avançou com a providência cautelar para, segundo explicou, impedir que “continuem a estragar os terrenos” e “que abusem”.

“Isto é uma destruição, como estamos a ver. Destroem tudo sem terem pena nem dó de ninguém e temos de tentar porque estes terrenos fazem-nos falta, foram deixados pelos nossos antepassados, outros comprados e fazem-se falta porque vivemos da agricultura”, realçou.

É nestes terrenos que pasta o gado que cria e onde retira a lenha e, por isso, Maria disse que tem que zelar pelo que é seu. “Para já é uma vitória, embora vamos ver depois o resultado”, afirmou Maria Loureiro, sublinhando que, para já, estão a conseguir atrasar o processo.

A Savannah Resources confirmou que já foi notificada da providência cautelar contra a servidão administrativa que lhe permitia fazer prospeção mineira de lítio em Boticas, tendo interrompido os trabalhos.

“Confirmamos que fomos notificados da providência cautelar. Já a esperávamos e com normalidade a acatamos. As equipas no terreno pararam já temporariamente o trabalho que têm vindo a fazer nos últimos dois meses, estando hoje apenas a fazer manobras de segurança”, respondeu ao ECO.

Na mesma resposta, a Savannah refere que “a providência cautelar é um direito estabelecido na lei, tal como as suas consequências para todos”. “Com serenidade, trataremos este processo como os tantos outros já intentados pelo mesmo grupo opositor, e esperamos regressar ao trabalho rapidamente”, conclui a resposta.

A Lusa contactou o Ministério do Ambiente e Energia e aguarda resposta.

Após o anúncio da servidão administrativa, em dezembro, a empresa Savannah Resources anunciou poder “retomar o trabalho de campo e as perfurações necessárias” para o estudo definitivo (DFS) e o processo de conformidade ambiental do projeto lítio do Barroso, prevendo concluir estas etapas em 2025.

A empresa prevê iniciar a produção em 2027. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) viabilizou ambientalmente a exploração de lítio na mina do Barroso emitindo uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada em maio de 2023.

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