5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 4 Fevereiro 2025

Os mercados vão receber resultados financeiros de cotadas e entram em vigor taxas aduaneiras recém-impostas pelos EUA e Canadá. BdP, INE e Eurostat divulgam dados. 

No dia em que se conhecem os dados mais recentes das taxas de juro e novos empréstimos, e o INE e Eurostat divulgam estatísticas, está marcado o 6.º Conselho Interministerial para a Digitalização. Espera-se um dia agitado para os mercados, já que a dona da Google e outras cotadas apresentam resultados financeiros e entram em vigor as taxas aduaneiras impostas pelos EUA à China e ao Canadá.

Banco de Portugal divulga dados das taxas de juro e novos empréstimos

O Banco de Portugal (BdP) vai divulgar as taxas de juro e montantes de novos empréstimos e depósitos de dezembro do ano passado. Segundo os últimos dados divulgados, houve uma ligeira desaceleração no setor especialmente no crédito à habitação. Em novembro, as novas operações de empréstimos a particulares totalizaram 2.982 milhões de euros, registando uma diminuição de 106 milhões face ao mês anterior.

INE e Eurostat divulgam dados

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar dados sobre as contas do setor de bens e serviços ambientais relativos a 2022. Lá fora, o Eurostat publica estatísticas sobre as licenças de construção em outubro de 2024 e o volume de negócios industrial em novembro do mesmo ano.

Alphabet e Spotify apresentam resultados financeiros

Esta terça-feira será animada para investidores que aguardam resultados financeiros. A Alphabet, dona da Google, divulga resultados do 4.º trimestre e anuais de 2024, a UBS também apresenta resultados, assim como BNP Paris, a Spotify, Pfizer, Snap e Nintendo.

Entram em vigor tarifas dos EUA à China

Entra em vigor o decreto presidencial do presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, que determina a imposição de taxas aduaneiras de 10% aos produtos provenientes da China. Já as investidas americanas sobre o Canadá e o México foram adiadas por 30 dias.

6.º Conselho Interministerial para a Digitalização

Esta marcado para esta terça-feira o 6.º Conselho Interministerial para a Digitalização (CID), que conta com a participação da secretária de Estado da Justiça, Maria José Barros. O CID é o órgão responsável por assegurar a implementação das prioridades políticas de modernização e digitalização alinhadas em sede de Conselho de Ministros, por integrar as respetivas políticas nas iniciativas setoriais e por monitorizar o progresso da implementação. É presidido pela ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, e tem como participantes os secretários de Estado de cada área governativa com o pelouro do digital.

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Ações de renováveis pressionadas por Trump mas petrolíferas também sentem o risco

As políticas energéticas de Trump vieram pressionar sobretudo as empresas de energias limpas. As petrolíferas são apoiadas pelo novo presidente, mas os preços da matéria-prima são decisivos.

A política energética de Trump mexe com as perspetivas de muitas empresas, mas sobretudo no que toca às cotadas das energias limpas, identificam os analistas consultados pelo ECO/Capital Verde. As empresas de petróleo têm vivido uma tendência ascendente suportada pelo preço da matéria-prima, mas enfrentam o risco de uma desvalorização da mesma.

As medidas surpreenderam pela sua agressividade“, avalia o representante de Contas da ActivTrades, Henrique Valente. Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, concorda: “Embora se esperasse que a administração Trump pudesse tentar modificar ou ajustar algumas provisões da IRA [Inflation Reduction Act, um pacote de apoios às energias limpas], a suspensão abrangente de fundos e a reversão de políticas climáticas estabelecidas representam uma alteração profunda das medidas implementadas pela administração Biden“.

No que diz respeito à suspensão de fundos do IRA e da Lei de Infraestrutura Bipartidária, o Banco Carregosa aponta que estão em causa aproximadamente 50 mil milhões de dólares em empréstimos já aprovados pelo Departamento de Energia, aos quais se somam cerca de 280 mil milhões de dólares em pedidos de empréstimos pendentes. No entanto, “reverter completamente os fundos já aprovados para o IRA enfrenta obstáculos legais e políticos“, ressalva Henrique Valente. A nova administração Trump dá prioridade ainda à extração de combustíveis fósseis e opera também a reversão dos incentivos destinados aos veículos elétricos.

Renováveis e veículos elétricos sob pressão, fósseis vibrantes mas com risco

O contexto para as energias renováveis já era negro, e este acontecimento só contribuiu para que o mesmo piorasse“, afere o analista Vítor Madeira, da XTB. O mesmo observa que as empresas ligadas às energias renováveis já vinham a desvalorizar desde o final de 2022, o que se justifica com a dificuldade em melhorar os seus lucros, margens e receitas, estando muitas delas dependentes de apoios fiscais. Também prejudicadas, aponta Paulo Rosa, deverão ser as empresas do setor de veículos elétricos.

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Por outro lado, tem-se observado “uma valorização forte de empresas ligadas à exploração de gás natural e petróleo“, indica o mesmo analista. No entanto, afirma que este comportamento é “muito fruto das valorizações do petróleo e gás nos mercados internacionais”. Neste sentido, se a exploração petrolífera e de gás nos EUA continuar a aumentar, pode existir um excesso de oferta, o que pode levar os preços destas matérias-primas a corrigir e impactar os lucros e valorizações destas empresas, contrapõe.

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Na opinião de Henrique Valente, “não há grandes vencedores na sequência desta ordem executiva”, pois até as empresas mais ligadas aos combustíveis fósseis têm uma exposição substancial às energias renováveis e beneficiam de apoios à transição energética.

O Banco Carregosa acrescenta que empresas de mineração também serão favorecidas, especialmente as que atuam na extração de minerais essenciais, já que a ordem executiva destaca a necessidade de tornar os EUA um líder global na produção e processamento de minerais não combustíveis.

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Neste sentido, os analistas realçam como exemplos de empresas com piores perspetivas as de energias renováveis, como a NextEra Energy, Enphase Energy, First Solar, Shoals Technologies e, no que diz respeito ao setor dos veículos elétricos, veem um caminho potencialmente tumultuoso para a Tesla e Rivian. Do lado oposto, das mais bem posicionadas para valorizar, são nomeadas a ExxonMobil, Chevron, Texas Pacific Land Corp, EQT corp e a Coterra Energy.

No panorama nacional, a Galp Energia é uma potencial vencedora, tendo em conta o potencial de subida do petróleo — mas também pode sofrer com a quebra nas cotações. Já a EDP Renováveis “poderá enfrentar desafios significativos”, na ótica do Banco Carregosa, uma vez que a possível redução de incentivos para energias limpas pode comprometer a viabilidade económica de novos projetos e afetar o crescimento da empresa no mercado americano.

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A XTB assinala que a EDP e EDP Renováveis têm prolongado a tendência negativa “fruto da sua incapacidade em melhorar as suas métricas financeiras”. Estas empresas, em relação ao mesmo período do ano passado, já desvalorizaram cerca de 31% e 43%, respetivamente. No dia após a eleição de Trump, contudo, o CEO da EDP, Miguel Stilwell, afirmou em entrevista à CNBC que a empresa continua a olhar para os Estados Unidos “como um grande mercado” “em crescimento“, tendo em contas as necessidades energéticas que decorrem, por exemplo, do desenvolvimento da inteligência artificial.

“O cenário atual deverá levar as empresas a serem mais criteriosas nos investimentos em projetos verdes, priorizando aqueles que garantam rentabilidade mesmo sem incentivos fiscais. A curto prazo, a expectativa é de maior volatilidade”, conclui a ActivTrades.

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Concertação arranca 2025 com simplificação fiscal e Segurança Social na mira

Segurança Social não está na ordem de trabalhos oficiais, mas vários dos parceiros sociais garantem ao ECO que vão questionar o Governo, depois de ter sido criado novo grupo para analisar o sistema.

Será a primeira reunião da comissão permanente da Concertação Social de 2025. O Governo senta-se à mesa esta terça-feira com as confederações empresariais e com as centrais sindicais, com quatro pontos na ordem de trabalhos, entre os quais a monitorização do acordo de rendimentos e o pacote para a simplificação fiscal (apresentado recentemente pelo ministro das Finanças ao país). A Segurança Social e a lei do trabalho não estão oficialmente na agenda, mas são temas que deverão ser trazidos à discussão pelos parceiros sociais, de acordo com as declarações recolhidas pelo ECO.

Comecemos pela ordem de trabalhos oficial. O primeiro dos pontos é a monitorização da execução do acordo que foi assinado em outubro pelo Governo, pelas quatro confederações empresariais e pela UGT, sendo que já há reflexos efetivos desse entendimento. São exemplos a subida do salário mínimo nacional para 870 euros e a possibilidade de os empregadores pagarem um 15.º de salário aos seus trabalhadores, isento de impostos.

Ainda assim, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) diz ao ECO que está “na expectativa” quanto a dois pontos desse acordo.

Por um lado, Armindo Monteiro salienta que é preciso “reforçar as condições para que seja possível garantir os aumentos” salariais previstos nesse acordo. “Os aumentos dependem do crescimento da economia”, frisa o patrão dos patrões.

E, por outro, alerta que os contornos que ficaram no Orçamento do Estado não coincidem perfeitamente com o entendimento da Concertação Social, nalgumas medidas (nomeadamente, nas condições exigidas no acesso ao benefício fiscal destinado às empresas que façam aumentos salariais).

Já o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, realça que a agenda para o comércio e serviços prevista também no âmbito do acordo assinado na Concertação Social está “numa fase muito incipiente”, pelo que importa monitorizar o entendimento.

Do lado dos sindicatos, Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP (central que ficou de fora do acordo em questão), explica que continuará “a pôr preto no branco aquilo que são as condições de vida de quem trabalha em Portugal”, insistindo que o entendimento assinado em outubro ficou aquém das necessidades dos trabalhadores e do país.

Já o segundo ponto da ordem de trabalhos do encontro desta tarde é o pacote apresentado em meados de janeiro pelo Governo com vista à simplificação fiscal, incluindo o fim do “calvário” das faturas de quem passa recibos verdes. Ao ECO, a maioria dos parceiros sociais explica que não foi ouvida previamente pelo Executivo, pelo que a reunião desta terça-feira servirá para que seja feita a apresentação oficial.

João Vieira Lopes, por exemplo, diz que, neste momento, a CCP não tem uma posição sobre as medidas, porque a confederação que lidera não foi ouvida. Já o presidente da CIP considera que o pacote apresentado pelo Governo “tem medidas positiva, embora falte ambição em certas áreas“.

Em conversa com o ECO, Armindo Monteiro argumenta que, por exemplo, o Código do IRC, depois de alterações sucessivas, é hoje uma “manta de retalhos“, em vez de um “corpo concreto”. “Faltou olhar para a realidade e fazer a transformação que o país precisa. Isto não vai lá com pequenos placebos“, observa o patrão dos patrões.

Lei laboral, da prioridade à ausência

Maria do Rosário Palma Ramalho é ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Na reunião de Concertação Social que aconteceu no final de novembro — na qual o Governo apresentou aos parceiros as seis grandes matérias a abordar nesta sede –, as confederações empresariais foram claras: a lei do trabalho deveria ser prioritária na discussão em 2025.

O ano começou e, contudo, esse é um tema ausente da ordem de trabalhos (e os parceiros garantem que não houve reuniões sobre o assunto).

“Não há um calendário. A premência existe. Temos de começar“, atira Armindo Monteiro. Também João Vieira Lopes frisa que este é um tema que entende ser prioritário, mas assegura que não houve ainda reuniões nesse sentido.

Também da parte dos sindicatos, Sérgio Monte, secretário-geral adjunto da UGT, confirma que não há um calendário em cima da mesa, mas defende que é preciso dar estabilidade à lei do trabalho. “Não podemos andar a mudar a cada ano. Para a negociação coletiva, andar sempre a mudar não é bom“, declara, lembrando que até há matérias da Agenda do Trabalho Digno (o último pacote de alterações à lei do trabalho) que estão ainda por regulamentar, como o reforço da arbitragem e a negociação coletiva para os trabalhadores independentes.

O Governo firmou no seu programa a intenção de revisitar as alterações à lei do trabalho feitas na primavera de 2023. A ministra do Trabalho, Maria do Rosário da Palma Ramalho, tem deixado pistas quanto ao que será abordado, do travão ao outsourcing após despedimentos coletivos ao mecanismo que abre a porta a que os estafetas sejam considerados empregados das plataformas digitais.

Segurança Social gera questões

Em janeiro, a ministra do Trabalho já tinha anunciado no Parlamento que seria criado um novo grupo de trabalho para estudar a sustentabilidade da Segurança Social. E na semana passada foi conhecida a composição e a ordem de trabalho desse grupo de especialistas. Em reação, o clima tem sido de alguma intranquilidade.

Interessa-nos esclarecer com o Governo o que se pretende com o grupo de trabalho sobre a Segurança Social“, salienta Sérgio Monte, da UGT, que lembra que ainda há pouco tempo foi conhecido um livro verde sobre o regime previdencial da Segurança Social.

Este novo grupo de trabalho vai, porém, explorar mais do que esse regime, incluindo, nomeadamente, a Caixa Geral de Aposentações (CGA). “Parece-nos que se pretende misturar tudo. Vamos fazer um pedido de esclarecimento“, frisa o secretário-geral adjunto da UGT, central que quer um sistema de Segurança Social público e solidário.

Não estamos tranquilos“, diz, no mesmo sentido, Tiago Oliveira, da CGTP, que se confessa muito preocupado com a ação do Governo nesta matéria. “Estamos a falar de grupos de trabalho em cima de grupos de trabalho. Preocupa-nos o conteúdo e o rumo que o Governo quer dar“, adianta o secretário-geral. E garante que a Segurança Social não tem nenhum problema de sustentabilidade, a julgar pelos saldos positivos dos últimos anos.

Este tema, importa notar, não está na ordem de trabalhos da reunião desta terça-feira, mas deverá ser discutido, uma vez que não só as centrais sindicais estão preocupadas com o grupo de trabalho, como também as confederações empresariais tinham identificado este tema como outra das prioridades para 2025, mas até agora nada ouviram da parte do Governo.

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IRC obrigatório de 15% vai agravar imposto de empresas portuguesas com grandes benefícios fiscais

O regime internacional, ao qual Portugal também aderiu no ano passado, poderá aumentar a tributação sobre entidades nacionais que gozam de uma taxa abaixo de 15%, concluem vários fiscalistas.

O IRC mínimo e obrigatório de 15%, adotado por cerca de 140 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), incluindo Portugal e os restantes Estados-membros da União Europeia, poderá agravar o imposto a pagar por empresas nacionais que beneficiam de grandes benefícios fiscais e que, por isso, pagam uma taxa abaixo daquele limiar, concluem os fiscalistas consultados pelo ECO.

Portugal transpôs, em novembro passado, a diretiva europeia que regulamenta o regime do imposto mínimo global, designado de Pilar 2. Este mecanismo aplica-se aos grandes grupos multinacionais com volume de negócios igual ou superior a 750 milhões de euros, quando a casa-mãe e as suas sucursais pagam uma taxa efetiva inferior a 15%. A norma determina que o diferencial entre a tributação a que essas empresas estão sujeitas até ao limiar de 15% deve ser entregue no país onde têm atividade ou no território onde está a sede.

“O Pilar 2 visa, de uma forma muito sumária, assegurar a aplicação de um imposto mínimo de 15% aos grupos multinacionais e aos grandes grupos nacionais, isto é, com rendimentos anuais iguais ou superiores a 750 milhões de euros. Se a taxa efetiva aplicável a alguma das entidades constituintes do grupo for inferior a 15%, será necessário pagar um imposto complementar”, indicou ao ECO o professor de Direito Fiscal e Direito Fiscal Internacional da Universidade Católica Portuguesa, Leonardo Marques dos Santos.

Assim, e “uma vez que o Pilar 2 olha às taxas efetivas de imposto, comparando-as com uma taxa mínima de 15%, alguns benefícios fiscais poderão ser afetados na medida em que contribuem para a redução da taxa efetiva”, salienta o fiscalista, acrescentando que, nessa medida, também “as empresas portuguesas podem ser afetadas, à semelhança das restantes empresas de outras jurisdições, nos casos em que a sua taxa efetiva se situe abaixo dos 15%”.

Do mesmo modo, Pedro Almeida Jorge, tax manager da PwC, explica que “os benefícios fiscais reduzem o montante de IRC suportado” e, por isso, “poderão contribuir para baixar a taxa efetiva de um grupo em Portugal, o que poderá levar à necessidade de pagamento do imposto complementar do Pilar 2”. O fiscalista nota ainda que, “num cenário em que a nossa taxa geral de IRC baixe para 15%, como proposto no programa do Governo, estas situações podem passar a ser mais frequentes”.

Leonardo Marques dos Santos refere que “o objetivo do regime não é ‘prejudicar’ empresas, mas assegurar o pagamento de um montante mínimo de imposto, de modo que exista maior igualdade na repartição dos encargos tributários”.

No entanto, ressalva Pedro Almeida Jorge, “este é um dos tópicos que tem gerado mais controvérsia nos EUA a respeito deste regime”, uma vez que “a ala republicana entende que o modelo de incentivos fiscais por via de deduções à coleta de imposto, como deduções por investimentos em investigação e desenvolvimento, sai prejudicado em comparação com modelos de auxílios diretos por via de subsídios, alegadamente mais comuns em economias planificadas como a China”.

“Isto acontece porque os benefícios fiscais reduzem diretamente o imposto (numerador no apuramento da taxa efetiva) ao passo que os subsídios aumentam o rendimento (denominador no apuramento da taxa efetiva)”, esclarece o fiscalista da PwC.

Em Portugal, a Unidade Técnica de Avaliação Tributária e Aduaneira (U-Tax) está a avaliar os mais de 500 benefícios fiscais existentes que devem ser eliminados por não evidenciaram racionalidade económica e social. Lançado em dezembro de 2023 pelo anterior Governo de António Costa, a poucos dias de entrar em gestão, este organismo da Autoridade Tributária (AT) é uma das condições para o pagamento do oitavo cheque do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em junho.

Este novo organismo da AT foi lançado no seguimento do relatório produzido em 2019 pelo grupo de trabalho, criado pelo Parlamento, para o estudo dos benefícios fiscais. O documento identificou 542 benefícios, 120 dos quais sem objetivo económico ou social definido.

“No relatório do Orçamento do Estado para 2025, verifica-se que a perda de receita resultante de benefícios fiscais estimada para 2024 ascende a 16,2 mil milhões de euros, com destaque para as taxas reduzidas do IVA, sendo de 4,25 mil milhões de euros no caso dos impostos sobre o rendimento (IRS e IRC). A perda global de receita fiscal equivale a 5,5% do PIB, uma percentagem muito superior à observada na larga maioria dos países europeus”, de acordo com um artigo de opinião assinado pelo antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e o antigo ministro da Economia, Carlos Tavares, publicado no Observador.

Aplicação do imposto mínimo será faseada. Conheça as três regras

A taxa de IRC de 15% já vai incidir sobre os rendimentos de 2024, mas o imposto só começa a ser pago em 2026 relativamente a dois dos três mecanismos do Pilar 2, segundo Pedro Almeida Jorge. “A regra de inclusão de rendimentos, mediante a qual a entidade-mãe final de um grupo tem de pagar no seu país um imposto complementar compensatório relativamente a cada um dos países em que grupo tenha empresas subsidiárias, e a regra do imposto complementar nacional qualificado, que atribui prioridade de tributação aos países da fonte dos lucros, aplicaram-se já a respeito do exercício de 2024, devendo o imposto respetivo ser pago em 2026″, esclarece o fiscalista.

O segundo mecanismo do Pilar 2, relativo ao imposto complementar nacional, é o que permite que Portugal cobre imposto a um grupo estrangeiro com atividade no país quando se verifique que essa entidade paga uma taxa efetiva inferior a 15%. Esse diferencial “poderá ser coletado por Portugal e deduzido ao apuramento de imposto da entidade-mãe”, salienta Pedro Almeida Jorge. Cerca de três mil entidades poderão vir a ser tributadas no país ao abrigo desta regra, segundo estimativas do Ministério das Finanças.

terceira regra, denominada regra dos lucros insuficientemente tributados, “só começa a sua aplicação agora em 2025, com pagamento em 2027”, indica o tax manager da PwC. Este instrumento determina que “as próprias subsidiárias poderão ter de pagar o imposto complementar relativo a quaisquer outras entidades do grupo (incluindo a entidade-mãe) localizadas em países que não apliquem Pilar 2, caso a entidade-mãe do grupo não esteja a aplicar o regime”, detalha. Ou seja, esta norma “poderá fazer com que as subsidiárias norte-americanas na Europa paguem imposto relativo aos lucros das suas entidades-mães que estejam a ser sujeitos a uma taxa efetiva inferior a 15% nos EUA”, sublinha.

Porém, e nos casos, em que os países de origem da entidade-mãe tenham uma taxa nominal (estatutária) de pelo menos 20%, a regra dos lucros insuficientemente tributados que permite que as subsidiárias norte-americanas localizadas na Europa paguem o imposto não cobrado nos EUA será adiada para “o exercício de 2026 (a legislação portuguesa parece potencialmente adiar para 2027)”.

Tendo em conta que, neste momento, a taxa nominal na jurisdição norte-americana é de 21%, esta medida vai “dar mais tempo aos EUA para resolver as questões internas a este respeito”. Entretanto, a Administração Trump já sinalizou que quer reduzir a taxa para 15%, “o que poderá colocar em causa até este regime transitório”, frisa Almeida Jorge.

Assim que tomou posse como presidente dos EUA, Donald Trump decidiu rasgar o acordo para a introdução do regime do imposto mínimo. E assinou um memorando no qual pede ao Tesouro dos EUA para preparar “medidas de proteção” contra os países que implementaram ou que irão implementar “regras fiscais que visem desproporcionalmente as empresas americanas”.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, terá agora cerca de dois meses para apresentar as conclusões e recomendações sobre os países terceiros que não cumpram os tratados fiscais com os EUA ou que planeiam aplicar a taxa global mínima de 15%.

Em reação, o Parlamento Europeu já admite “a possibilidade de alterar a lei de uma forma a isentar as empresas norte-americanas sem prejudicar o objetivo da reforma no que diz respeito a outros países terceiros”, de modo a “evitar retaliações por parte dos EUA”, tal como o ECO já noticiou.

Se Bruxelas acatar a sugestão do Parlamento Europeu e excecionar os EUA desta regra “isso poderá levar a um sério esvaziamento da medida, por um lado, e a situações discriminatórias entre multinacionais consoante a sede da casa-mãe, por outro”, avisa Susana Estêvão Gonçalves, sócia da sociedade de advogados Pérez-Llorca, em declarações ao ECO.

“A medida já foi implementada por mais de 50 países, incluindo Portugal. A saída dos EUA pode efetivamente representar um desafio significativo para os objetivos do Pilar 2″, insiste a fiscalista.

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MB Way sobe limites das transferências. Pode receber até 5.000 euros por mês

A aplicação da Sibs permite agora receber o dobro do que era permitido até então. Bancos podem, individualmente, apertar o limite disponível para os seus clientes.

Os limites das transferências no MB Way subiram de forma expressiva, sendo agora possível enviar 2.000 euros de uma só vez através da aplicação da Sibs.

Em simultâneo, passou a existir um teto máximo mensal de 5.000 euros para as transferências recebidas, até um máximo de 50 operações, de acordo com as informações disponíveis no site do MB Way e nas páginas de alguns bancos, como o Santander e ActivoBank.

Esta alteração entrou em vigor em setembro do ano passado, disseram duas fontes do setor e confirmou oficialmente a Sibs já depois da publicação deste artigo, mas ainda não tinha sido noticiada. As duas fontes esclareceram ainda que os bancos podem, individualmente, apertar estes limites aos seus clientes.

Transferir 2.000 euros numa única operação através da popular aplicação financeira representa um aumento significativo face ao limite de 750 euros que esteve em vigor até aqui.

Existia ainda outro limite de 2.500 euros recebidos e enviados por mês. Mas, agora, o site do MB Way não faz qualquer referência a esse máximo de dinheiro enviado, mencionando apenas um limite de 5.000 euros recebidos e um máximo de 50 transferências recebidas por mês, que já existia anteriormente.

Contudo, não é assim para todos. No site do ActivoBank, esclarece-se que também existe um limite de 5.000 euros por mês para as transferências enviadas. Pelo contrário, o site do Santander, por exemplo, refere os mesmos limites indicados no site do MB Way.

“Os limites para enviar e receber dinheiro através do MB Way foram atualizados em setembro de 2024, alinhando-se com as práticas mais comuns na Europa. A evolução do serviço e os mecanismos de segurança e controle de prevenção de fraude permitem-nos oferecer uma melhor experiência aos clientes do MB Way”, confirmou fonte oficial da Sibs, já depois da publicação desta notícia.

Esta alteração já era esperada. No final de maio de 2024, o ECO noticiou que a Sibs estava a preparar alterações de fundo no funcionamento da aplicação móvel e que os limites das transferências iriam subir. Na altura, já estava programado que esta alteração entraria em vigor durante o segundo semestre.

Os novos limites do MB Way antecedem um período de mudanças nas transferências bancárias, com a entrada em vigor em janeiro deste ano de uma lei europeia que impediu os bancos de cobrarem mais pelas transferências imediatas do que o que cobram pelas transferências normais.

Enquanto isso, à medida que as transferências imediatas vão ficando tendencialmente gratuitas, tem vindo a ganhar terreno o Spin, uma funcionalidade oferecida pelo Banco de Portugal que permite transferir dinheiro através do número de telemóvel. Esta opção está disponível nas aplicações móveis dos próprios bancos, oferecendo um serviço que, na prática, assemelha-se ao do MB Way.

(Notícia atualizada às 12h42 com confirmação oficial pela Sibs)

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UE exporta 504 mil milhões em bens para os EUA. Os números de uma relação ameaçada pelas tarifas

Presidente norte-americano garantiu que irá aplicar taxas alfandegárias aos produtos provenientes da União Europeia. Terras de 'Uncle Sam' representam 16,7% das exportações europeias.

O Presidente norte-americano ameaçou que os produtos da União Europeia (UE) vão ser sujeitos a taxas alfandegárias “muito em breve” e os líderes da Alemanha e França já garantiram que se Donald Trump o fizer sofrerá retaliações económicas. O impacto económico seria acentuado, uma vez que mantêm a maior relação bilateral de comércio e, juntos, representam quase 30% do comércio de mercadorias e serviços a nível global e 43% do PIB mundial.

Olhando para as balanças comerciais bilaterais dos EUA, o país regista o terceiro maior défice comercial bilateral com a Alemanha, depois da China e do México. Dada a rapidez com que a Administração Trump implementa as promessas eleitorais, é difícil ver como a UE poderia escapar à dança tarifária“, assinalam os economistas do ING, numa nota de research.

Mas, afinal, quanto vale a relação comercial entre os EUA e a União Europeia?

De acordo com dados da Comissão Europeia, o comércio de mercadorias ascendeu a 851 mil milhões de euros, em 2023, resultado de exportações da União Europeia para os Estados Unidos no valor de 503,8 mil milhões de euros e de importações no valor de 347,2 mil milhões de euros.

Os principais parceiros comerciais da UE são:

  • EUA: 16,7%
  • China: 14,6%
  • Reino Unido: 10,1%
  • Suíça: 6,4%
  • Outros: 52,2 %

Já os principais parceiros comerciais dos EUA são:

  • UE 27: 18,6%
  • México 15,7%
  • Canadá: 15,2%
  • China 11,3%
  • Outros: 39,2%

Segundo a análise da Comissão Europeia, na última década, o comércio entre a UE e os EUA mais do que duplicou. Nas principais mercadorias que a UE importa dos EUA destacam-se os óleos de petróleo e petróleo bruto, medicamentos e produtos farmacêuticos e gás natural, enquanto nas principais mercadorias que a UE exporta para os EUA realçam-se os medicamentos e produtos farmacêuticos e os automóveis e veículos a motor.

Os economistas do ING explicam que a Administração norte-americana iniciou uma investigação abrangente sobre as relações comerciais dos EUA, cujo relatório deverá ser apresentado em 1 de abril. “Um momento crucial para a UE. No entanto, só em abril é que a UE sentirá os efeitos económicos das tarifas dos EUA”, consideram.

Mesmo excluindo o impacto de eventuais taxas sobre os produtores europeus, a UE também deverá sofrer consequências indiretamente devidos às aplicadas sobre os produtos provenientes do Canadá, México e China. “Uma vez que muitos fabricantes europeus (de automóveis) têm instalações de produção para o mercado dos EUA no México, como parte da estratégia de near-shoring e de redução de riscos dos últimos quatro anos, as tarifas dos EUA sobre o México também prejudicarão a Europa“, referem os analistas do banco.

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Trump deixa mercados à deriva. Volatilidade é a única certeza

Os avanços e recuos nas tarifas causaram instabilidade na negociação neste arranque de semana, com os analistas a alertarem para os riscos que a imposição de taxas aduaneiras tem para as ações.

Depois de uma primeira reação negativa à imposição de tarifas por parte dos EUA ao Canadá, México e China, o recuo (por agora) nas taxas aduaneiras ao México e Canadá devolveu algum otimismo aos investidores. Mas o alívio poderá ter “perna curta”. Tudo vai depender da evolução das negociações, também com outros parceiros comerciais, como a União Europeia. Os analistas antecipam vários cenários – uns mais negativos, outros menos – , mas uma coisa é certa: a volatilidade vai continuar a marcar passo na negociação.

A promessa de tarifas marcou a campanha eleitoral de Donald Trump e o novo presidente norte-americano não perdeu tempo a implementar as novas taxas aduaneiras. Há duas semanas na Casa Branca, o republicano aproveitou o início do novo mês para impor tarifas de 25% sobre as importações canadianas e mexicanas e de 10% sobre os bens que chegam da China. Quanto à Europa, Trump já avisou que novas taxas não deverão tardar.

Uma primeira reação às tarifas de Trump acelerou um sell-off nas ações europeias e americanas, após os índices terem batido novos recordes, com o setor automóvel europeu a cair um máximo de quase 4%, enquanto o dólar ganhou distância para o euro, que recuou para mínimos de dois anos, para negociar em torno de 1,025 dólares. Ainda no mercado cambial, o dólar canadiano tombou para mínimos de 20 anos.

O anúncio de um acordo com o México – e com o Canadá já depois do fecho de Wall Street – para adiar as tarifas pelo prazo de um mês trouxe algum alívio aos mercados, com as ações dos setores mais penalizados a aliviarem parte das descidas, mas não o suficiente para impedir um fecho negativo, com todas as praças do Velho Continente a perderem valor.

O índice alemão DAX caiu 1,5%, o espanhol IBEX 35 desceu 1,3%, o francês CAC 40 desvalorizou 1,2%, o neerlandês AEX perdeu 0,62%, o italiano FTSE MIB recuou 0,69% e o britânico FTSE 100 resvalou 1,04%. Já o Euro Stoxx 50, das cotadas da zona euro, fechou com uma desvalorização de 1,26%.

Quem esteve a ganhar foi a volatilidade. O índice VIX, o chamado índice do medo, acelerou para máximos de uma semana para 20,41 pontos, tendo depois aliviado para 18,43 pontos, bem acima da média 15,8 pontos do último ano. E a expectativa é que o sobe e desce dos mercados continue a refletir o nervosismo dos investidores até perceberem o rumo da política comercial norte-americana.

David Kelly, estratega global chefe da JPMorgan AM, realça que, ainda que o desfecho desta guerra comercial “permaneça muito incerto”, os investidores “têm todos os motivos para estarem preocupados com uma guerra comercial”.

“Uma guerra comercial tem o potencial para transmitir um impulso estagflacionário a este ambiente de investimento, aumentando a inflação e as taxas de juro, ao mesmo tempo que prejudica o crescimento e os lucros“, avisa o especialista.

“No nosso cenário base, não esperamos que as tarifas de 25% sobre o Canadá e o México sejam sustentadas por um período prolongado”, antecipam os analistas do UBS, num comentário diário. Os especialistas acreditam que “a administração Trump não gostaria de pôr em risco o crescimento económico dos EUA ou arriscar uma inflação mais elevada ao manter as tarifas em vigor durante um período sustentado, e uma volatilidade significativa no mercado de ações poderia levar a uma mudança de abordagem”.

O banco assume, contudo, que o tema das tarifas deverá continuar a pesar, no curto prazo, nos mercados e a criar incerteza. Dito isto, o UBS refere que, embora continue a acompanhar de perto a política comercial, o cenário base continua a indicar que o S&P 500 suba para 6.600 até ao final do ano.

É pouco provável que as tarifas sobre o Canadá e o México sejam sustentadas, o crescimento económico dos EUA deverá representar um vento favorável para as ações e continuamos a acreditar que a IA apresenta um poderoso vento estrutural favorável para os lucros e os mercados acionistas”, defende o banco suíço.

Os especialistas da Generali Investments também se mostram confiantes numa “rápida suspensão das tarifas, à medida que os países visados ​​tomam medidas para resolver as crises do fentanil e da imigração. Mas espera-se um processo complicado”.

Os especialistas avisam, porém, que a incerteza em torno da política comercial “permanece elevada”.

Da complacência ao pessimismo

Apesar das ameaças de tarifas por parte de Donald Trump, os mercados assumiram uma complacência em relação à imposição de novas taxas aduaneiras, pelo que o avanço das tarifas levou vários bancos de investimento a rever as suas estimativas.

O Goldman Sachs, por exemplo, calcula que as tarifas, a materializarem-se de forma sustentada, poderão “custar” entre 2% e 3% aos lucros das empresas do S&P 500. Já o Morgan Stanley prevê que os mercados acionistas permaneçam sob pressão.

Quanto à economia, o gigante de Wall Street antecipa que as medidas anunciadas por Trump poderão reduzir o PIB em 0,4% e aumentar a inflação em 0,7%, enquanto o Morgan Stanley estima “um impacto ainda mais severo, com potencial para reduzir o PIB dos EUA até 1,1%”.

Apesar deste recuo nas estimativas, muitos especialistas continuam a duvidar que Trump leve as tarifas avante, caso isso custe crescimento à economia.

Depois de uma semana em que a IA agitou os mercados, levando gigantes do setor, como a Nvidia a afundar, agora são as tarifas a levar o sentimento dos investidores do pessimismo ao alívio no espaço de poucas horas. Sem grande visibilidade quanto àquele que poderá ser o desfecho das negociações entre os EUA e grandes parceiros comerciais, nem sobre quais as concessões, os mercados deverão continuar a oscilar ao sabor das notícias que saem da Casa Branca.

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Tarifas de Trump são balde de água fria no crescimento e comércio mundial

Dinâmicas de compra e venda de bens serão alteradas pelas taxas alfandegárias norte-americanas. Economistas apontam para arrefecimento do comércio e impacto negativo no crescimento.

O comércio mundial mudou e iniciou uma nova fase ao concretizar-se a tão ameaçada “guerra comercial” (como o Canadá já a designou). As taxas alfandegárias anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, aos produtos provenientes do Canadá e da China entram em vigor esta terça-feira e o crescimento global deverá ser uma das vítimas, de acordo com a generalidade dos economistas. Paralelamente, ressurgem os receios de uma nova onda inflacionista, a que se junta o fator incerteza devido à imprevisibilidade do Chefe de Estado americano.

O primeiro passo da administração dos EUA em matéria de tarifas não só sublinha a determinação de utilizar as tarifas como instrumento principal na política externa, mas também marca uma revisão completa do comércio tal como o conhecemos, violando claramente os acordos comerciais existentes, como o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, assinalam os economistas do banco ING, numa nota de research.

Donald Trump oficializou no sábado uma das principais promessas da campanha eleitoral ao assinar o decreto que estabelece, a partir desta terça-feira, a imposição de taxas alfandegárias de 10% à China, de 25% ao México e de 25% ao Canadá, com exceção das importações de petróleo canadiano, que terão uma taxa de 10%. O universo abrangido pode não ficar por aqui, com o responsável americano a ameaçar impor taxas também à Europa.

O primeiro passo da administração dos EUA em matéria de tarifas não só sublinha a determinação de utilizar as tarifas como instrumento principal na política externa, mas também marca uma revisão completa do comércio tal como o conhecemos.

Economistas do ING

No entanto, na segunda-feira decidiu adiar por um mês as taxas sobre os bens provenientes do México. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, revelou na rede social X que teve uma “boa conversa com o Presidente Trump” e que chegaram “a uma série de acordos”. A governante esclareceu ainda que “o México vai reforçar imediatamente a fronteira com os EUA com 10.000 membros da Guarda Nacional para prevenir o tráfico de drogas do México para os Estados Unidos, especialmente fentanil”, escreveu.

Se com o México a questão das tarifas está em pausa, com os dois outros parceiros comerciais não é assim. “Qualquer otimismo que houvesse sobre Trump estar a fazer bluff, ou que não iria fazer o que disse na campanha, caiu por terra. A perspetiva mais otimista está a ser colocada de parte”, assinala o economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, em declarações ao ECO.

O economista considera que “apesar das tarifas poderem ser vistas como armas de arremesso em algumas questões políticas, o objetivo é verdadeiramente económico“. Neste sentido, recorda que Donald Trump assume como desígnio o equilíbrio da balança comercial, que Filipe Garcia diz que “não vai conseguir”, e aumentar a capacidade de financiamento do Estado.

Quando se está a implementar tarifas para o Canadá, México, China e Zona Euro estamos a falar de 60% das importações americanas. Mostra que é para ganhar dinheiro, indo ao que interessa”, aponta. Como consequência “o arrefecimento do comércio mundial terá de acontecer obrigatoriamente, porque os EUA são parceiros comerciais de diversos países, ainda que a China tenha maiores contrapartes mundiais do que os EUA”.

15% de todas as importações dos EUA são provenientes do México, 13,7% do Canadá e 13,9% da China. Quase metade das importações dos EUA serão afetadas por taxas alfandegárias mais elevadas.

Ou seja, com mais de 15% de todas as importações dos EUA a serem provenientes do México, 13,7% do Canadá e 13,9% da China em 2023, quase metade de tudo o que as importações dos EUA serão afetadas por taxas alfandegárias mais elevadas, levando potencialmente a perturbações nas cadeias de abastecimento.

Indústrias como a automóvel e a indústria transformadora, que estão profundamente integradas nas cadeias de abastecimento dos EUA, enfrentarão custos e perturbações crescentes, uma vez que muitas peças atravessam a fronteira várias vezes antes de se tornarem um produto final”, alertam os economistas do ING.

Os economistas recordam que a produção total da indústria transformadora dos EUA foi de 2,85 biliões de dólares em 2023, de acordo com os números do Produto Interno Bruto (PIB) – menos do que os 3,1 biliões de dólares de importações de bens nesse ano. “Como tal, o setor industrial dos EUA precisaria de mais do que duplicar a sua dimensão para permitir a substituição total, o que é inviável no curto prazo”, assinalam.

Escalada “sem precedentes”

Um estudo do Banco do Canadá prevê que com a imposição das tarifas e uma retaliação dos países afetados, o crescimento do PIB americano irá abrandar, uma vez que haverá uma substituição significativa das exportações dos EUA.

“As tarifas também aumentam os custos para as empresas dos EUA que importam fatores de produção intermédios utilizados para produzir bens finais. Esses custos mais elevados são normalmente repassados ​​aos consumidores. Isto é particularmente problemático para indústrias com cadeias de abastecimento internacionais altamente integradas, como o setor automóvel, e para indústrias que não podem substituir facilmente os fatores de produção produzidos internamente“, pode ler-se na análise do banco central.

As tarifas também aumentam os custos para as empresas dos EUA que importam fatores de produção intermédios utilizados para produzir bens finais. Esses custos mais elevados são normalmente repassados ​​aos consumidores, refere estudo do Banco do Canadá.

Ademais destaca que no Canadá, um conflito comercial afetaria negativamente tanto as exportações como as importações. “As tarifas dos EUA tornam as exportações do Canadá para os Estados Unidos – o seu maior parceiro comercial – menos competitivas, levando a um declínio significativo no volume de exportações“, argumenta.

“Se o México, o Canadá e a China levarem a cabo a retaliação anunciada, a economia global assistirá a uma escalada sem precedentes das tensões comerciais“, realçam os economistas do ING, acrescentando que “que todos os países envolvidos perdem”.

Uma simulação económica publicada pelo Peterson Institute for International Economics mostra que todos os países sofrem um impacto económico negativo e um agravamento da inflação. Como o ECO explica aqui, no caso do Canadá, as taxas tiram até 1,26% do PIB face ao cenário base, com o impacto mais acentuado em 2026 e 2027. Para o México, o impacto é ainda mais severo, chegando aos 2%.

Os EUA não ficam incólumes, embora o impacto seja bem mais contido. As taxas aduaneiras de 25% tiram até 0,26% ao PIB americano. No caso da taxa aduaneira adicional de 10% para a China, o impacto volta a ser negativo para os dois países, mas bem menos grave do que o agravamento das tarifas ao Canadá e China. O modelo usado por Warwick J. McKibbin e Marcus Noland aponta para um impacto negativo no PIB do país do oriente até 0,16% e de apenas 0,03% nos EUA.

Um outro estudo, publicado pela Tax Foundation, calcula que a imposição reduz a produção económica a longo prazo em 0,4% (0,3% devido às tarifas sobre o Canadá e o México e 0,1% derivado das tarifas sobre a China) antes de qualquer retaliação estrangeira.

Por seu lado, a Oxford Economics prevê que apesar da guerra comercial pesar sobre a economia dos EUA esta irá evitar uma recessão. “Estimamos que as tarifas retaliatórias anunciadas até agora reduzirão em 0,7 pontos percentuais o crescimento do PIB dos EUA em 2025“, referem os analistas numa nota de research a que o ECO teve acesso, que estimam que o impacto para o Canadá e o México será maior.

EPA/MICHAEL BUHOLZEREPA/MICHAEL BUHOLZER

Ainda assim, acreditam que as taxas não permanecerão em vigor durante um período demasiado prolongado. “Em teoria, as taxas sobre produtos estrangeiros fornecem subsídios para produtos nacionais, o que reduziria as importações e levaria a um aumento nas exportações líquidas. No entanto, este incentivo aplica-se a todos os países, o que representa um dilema do prisioneiro, em que a melhor resposta de cada país é aplicar tarifas, resultando num resultado abaixo do ideal para todos”, assinalam.

O decreto assinado por Trump inclui uma cláusula que implica uma escalada da guerra comercial latente, já que prevê que os EUA aumentariam as taxas sobre os países que retaliassem. A Oxford Economics destaca ainda que “as atenções também estão a mudar-se para o Reino Unido e para Zona Euro, uma vez que a guerra comercial está claramente nas fases iniciais”.

O economista e diretor da Faculdade de Economia da Faculdade do Porto (FEFP) explica, em declarações ao ECO, que “os preços nos EUA vão aumentar e com isso os consumidores vão perder e os produtores ganhar, ao mesmo tempo que o Estado também ganha porque arrecada receita”.

No caso dos EUA se somarmos os efeitos depende, porque a perda dos consumidores é maior do que os ganhos dos produtores, mas se somarmos o ganho do Estado com o dos produtores fica a dúvida“, refere. Já o resto do mundo para poder exportar para EUA “vai ter de diminuir o preço, o que significa que nesses locais vão ganhar os consumidores e perder os produtores, podendo haver um prejuízo adicional”.

Porém, caso aconteçam retaliações, como está a ser prometido pelo Canadá, “no cômputo geral haverá provavelmente menos comércio e menor crescimento“.

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Ronaldo bate novo recorde. Marca CR7 atinge os 850 milhões de euros

Avaliando a reputação, popularidade, notoriedade e potencial mediático, Cristiano Ronaldo é o desportista mais valioso do mundo e da história. A sua marca vale agora 850 milhões de euros.

Cristiano Ronaldo continua a somar, mesmo fora das quatro linhas. Prestes a celebrar 40 anos, esta quarta-feira, para muitas pessoas é incrível como o capitão da seleção nacional se mantém no ativo, contando já com 920 golos marcados. Mas além da sua carreira desportiva, também o valor da sua marca tem evoluído ao longo do tempo, tendo atingido este ano 850 milhões de euros.

Este valor, estimado pelo Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), tem origem em receitas (salários e patrocínios/direitos de imagem), nos media (inserções e referências a CR7 nas televisões, jornais, rádios e meios online), em redes sociais (seguidores nas redes sociais e referências em motores de busca), palmarés (títulos e distinções), influência social (referências em livros e artigos científicos e posições nos rankings de celebridades) e impacto (nas equipas onde joga).

O IPAM, que acompanha e avalia a evolução do valor da marca “Cristiano Ronaldo” desde 2011, tem assim verificado o crescimento contínuo, que começou em 24,5 milhões de euros em 2011 e que não tem parado de subir desde então, até ao valor recorde de 850 milhões de euros este ano.

Para este crescimento contribuíram essencialmente dois fatores, que se prendem com o “aumento extraordinário de todos os indicadores relativos à visibilidade e performance de Cristiano Ronaldo em todo o mundo” e com o “aumento explosivo da utilização e impacto das redes sociais em toda a sociedade“, explica o IPAM.

Comparando com os números de 2020 — ano em que foi feita a última análise à marca de Ronaldo e que a valorizava em 200 milhões — há uma diferença desde logo evidente que justifica este grande crescimento: o salário de Cristiano Ronaldo passou de cerca de 40 milhões de euros na Juventus para 200 milhões na Arábia Saudita.

Por outro lado, os contratos de patrocínio e direitos de imagem passaram de 28 para 150 milhões de euros, decorrentes de inúmeros contratos publicitários com diferentes marcas de vários setores de atividade, como a Nike, Tag Heuer ou Louis Vuitton.

Mas também nas redes sociais Cristiano Ronaldo continua a “marcar golos” (e a faturar), tendo-se tornado inclusive na figura mais seguida no mundo, ultrapassando os 1.000 milhões de seguidores. O Instagram é a rede onde o português agrega mais fãs, num total de 648 milhões de seguidores, seguindo-se o Facebook (170 milhões), o X (114,5 milhões) e o YouTube (73,2 milhões).

No caso do YouTube, recorde-se, o atleta lançou em agosto um canal denominado “UR · Cristiano”, tendo conquistado mais um recorde, do Guinness World Records: o de registar o maior número de subscritores num canal de YouTube em 24 horas. Isto porque foram quase 20 milhões (19.729.827) as pessoas que se inscreveram nas primeiras 24 horas de vida do canal.

Além disso, Cristiano Ronaldo gera ainda 22,3 milhões de notícias nos media anualmente e a nível mundial, regista 187 milhões de pesquisas no Google por ano, é mencionado em quatro mil livros na Amazon e está presente em 63 mil artigos científicos.

Comparando com o estudo de 2020, CR7 viu a sua influência digital crescer exponencialmente, com o número de seguidores nas redes sociais a passar de 265 milhões para mais de 1.000. Já o número de pesquisas no google passou de 56 milhões para 187 milhões.

No plano desportivo, Ronaldo coleciona 31 grandes troféus, incluindo cinco Ligas dos
Campeões, sete ligas nacionais, cinco Bolas de Ouro e um Campeonato Europeu. Ronaldo acumula também 1.042 jogos em clubes e 217 jogos nas seleções.

Paralelamente, os últimos cinco anos têm ainda sido marcados por um forte crescimento da sua atuação como investidor, com participações em setores como hotelaria, moda e saúde.

De forma global, segundo o relatório do IPAM, Cristiano Ronaldo assistiu desde 2020 a um aumento de 308% nos salários, 435% nas receitas de patrocínios e 280% nos seguidores nas redes sociais. Já o número de jogos aumentou 51% e o de golos subiu 60% no mesmo período.

Cristiano Ronaldo é muito mais do que um jogador de futebol. É uma marca global que reflete excelência, inovação e impacto em várias áreas da vida pública. O seu valor de mercado é o reflexo da sua relevância desportiva, mediática e comercial, que transcende gerações“, diz Daniel Sá, diretor executivo do IPAM e responsável pelo estudo, citado em comunicado.

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EUA suspendem tarifas aplicadas ao Canadá durante 30 dias

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2025

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, revelou que os EUA vão suspender as tarifas de 25% sobre a maioria das importações e produtos durante 30 dias, depois de uma conversa com Donald Trump.

Depois do México, o Canadá. O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, revelou que os Estados Unidos vão suspender a implementação das tarifas de 25% sobre a maioria das importações e produtos durante 30 dias, depois de uma conversa com o Presidente norte-americano Donald Trump.

O Canadá está a assumir novos compromissos. Nomearemos um responsável pela questão do fentanil, acrescentaremos os cartéis mexicanos à lista de entidades terroristas (…) e lançaremos, com os Estados Unidos, uma força de ataque conjunta contra o crime organizado, o tráfico de fentanil e o branqueamento de capitais“, adiantou Trudeau, através da rede social X.

A entrada em vigor destas tarifas sobre a maioria das importações e produtos estava prevista para terça-feira, noticiou a agência France-Presse (AFP).

À tarde, os EUA tinham chegado a um acordo com o México, para adiar, por um mês, a implementação de tarifas de 25% sobre bens importados do México, depois de o país se comprometer em reforçar o controlo das suas fronteiras. “Tivemos uma boa conversa com o Presidente Trump, com grande respeito pela nossa relação e soberania”, começou por informar a presidente do México, Claudia Sheinbaum, num tweet publicado na rede social X.

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Minalea lança produto para análise de preços de seguros no mercado

  • ECO Seguros
  • 3 Fevereiro 2025

A insurtech francesa faz estudos que podem ser focados em objetivos específicos da seguradora ou pode criar um observatório recorrente de prémios, que acompanha a evolução e mudanças no mercado. 

A Minalea, insurtech que chegou a Portugal no ano passado, anunciou o lançamento de uma nova oferta: estudos tarifários a pedido. A solução permite que seguradoras compreendam o posicionamento dos preços dos seus produtos no mercado.

Stéphane Favaretto, co-fundador da Minalea, em entrevista ao ECO Seguros - 04JUL24
Stéphane Favaretto, co-fundador da Minalea: “Não nos limitamos a fornecer resultados em bruto, oferecemos uma interface inteligente e interactiva para compreender os dados”.Hugo Amaral/ECO

Segundo comunicado enviado pela insurtech, os estudos podem ser personalizados conforme a necessidade das seguradoras. Podem ser pontuais, focados em objetivos específicos, ou pode ser criado um observatório recorrente de prémios, que acompanha a evolução e mudanças no mercado. Os resultados são apresentados através de uma solução interativa de business intelligence, que fornece uma “visão global do posicionamento e do desfasamento das tarifas em função das principais variáveis tarifárias”, indica a Minalea.

Além dos estudos de tarifários, a Minalea também oferece serviços complementares, como comparação de garantias de produtos e consultoria e recomendações, como, por exemplo, ao ajudar “as equipas de marketing a renovar os seus produtos”.

A empresa também realiza pesquisas qualitativas e entrevistas a consumidores “para compreender a evolução da sua abordagem dos seguros, as suas intenções de compra futuras assim como as suas intenções de mudar de seguradora”.

Também está incluída na oferta “o cliente mistério, que avalia o funcionamento ou da capacidade de resposta de uma rede de vendas, ou a auditoria dos percursos digitais das seguradoras para uma determinada oferta de produtos.”

Segundo Stéphane Favaretto, diretor-geral da Minalea em Portugal, a empresa já possui clientes para este serviço no país e acredita que o mercado “está à espera deste tipo de solução”. “Não nos limitamos a fornecer resultados em bruto, oferecemos uma interface inteligente e interactiva para compreender os dados. E apresentamos sempre as nossas conclusões numa sessão final de apresentação do estudo e dos resultados”, afirma.

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“Protecionismo é lamentável”, diz Maria Luís Albuquerque

  • ECO
  • 3 Fevereiro 2025

A comissária europeia considera que as tarifas, como as defendidas por Donald Trump", "prejudica a todos".

Num momento em que os EUA iniciam uma guerra comercial, com a aprovação de novas tarifas a vários países, a comissária europeia para os Serviços Financeiros classifica de “lamentável” o protecionismo como o defendido por Donald Trump. “O protecionismo, do ponto de vista económico, é lamentável”, diz Maria Luís Albuquerque, em entrevista à RTP3, transmitida esta segunda-feira. “Prejudica todos”, acrescenta, incluindo quem pensa “que se está a proteger e o resto do mercado mundial”.

Mas perante o cenário no outro lado do Atlântico – com tarifas de 25% aprovadas pelos EUA ao Canadá e de 10% à China a avançar esta terça-feira –, a antiga ex-ministra das Finanças afirma que a Europa, agora, “tem de fazer a sua parte” para “resolver os seus próprios problemas”. Até porque a União Europeia também está na lista da Casa Branca para futuras taxas alfandegárias. Entre as prioridades, e que é uma das missões de Maria Luís Albuquerque em Bruxelas, está a União dos Mercado de Capitais.

“Eliminar as barreiras, que fazem com que existam 27 mercados distintos, cada um demasiado pequeno”, sublinha a comissária portuguesa, que defende que os mercados de capitais “precisam de escala, dimensão” para serem eficientes.

O problema da Europa “não é falta de dinheiro”, acredita Maria Luís, que volta a fazer o diagnóstico: “Nós temos um mercado que está muito fragmentado e, por essa razão, não é possível, de uma forma eficiente, canalizar os recursos existentes para aquelas que são as necessidades”, como a indústria da defesa ou a transição digital e energética.

Com um mercado unificado, a comissária crê que os investidores podem olhar para outros ativos para lá do imobiliário. “Se tivermos um mercado mais equilibrado, em que os investidores tenham oportunidade de investir nas empresas – com a vantagem que tem para empresas – também vai reduzir a pressão sobre o imobiliário”, rematou.

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