Subida dos juros dificulta financiamento de Angola nos mercados

  • Lusa
  • 12 Maio 2024

Com a yield das Eurobonds do Tesouro angolano a negociarem acima dos 10%, o governo de João Lourenço procura evitar recorrer ao mercado, e com isso o investimento público fica ainda mais pressionado.

O economista-chefe do Banco Fomento Angola (BFA) considera que a evolução das taxas de juro verificada na segunda quinzena de abril está a tornar mais difícil a emissão de dívida pública por Angola.

“Esta mudança pode pôr em cheque uma potencial opção de emitir Eurobonds mais cedo no ano”, disse José Miguel Cerdeira à Lusa, apontando que “as yields da dívida angolana estavam progressivamente a caminhar para ficarem abaixo dos 10%, o que deixou de ser o caso com esta mudança de expectativas” dos investidores.

A evolução das taxas de juro exigidas pelos investidores para comprarem dívida pública angolana, que serve de indicador para potenciais novas emissões de dívida pública, mostra valores abaixo de 10% entre 19 de março e 12 de abril, tendo voltado a ficar acima de 10%, o valor considerado como limite para emissões internacionais, em quase toda a segunda quinzena de abril.

“No caso do Tesouro angolano, julgamos que não ponderará emissões com ‘yields’ acima dos 10%, e as yields a 8 anos, que andavam perto dos 10%, possivelmente a sinalizar uma descida desse patamar, estão agora claramente acima.

José Miguel Cerdeira

Economista-chefe do Banco Fomento Angola

“As yields das Eurobonds (títulos de dívida emitidos em moeda estrangeira) angolanas, em conjunto com os de outras geografias africanas e emergentes, estiveram a subir desde o início do ano, relacionado com uma convicção por parte dos mercados de que a Reserva Federal dos EUA (Fed) iria cortar juros já a meio do ano”, referiu o economista.

Esta evolução tem um impacto nas yields, que estão muito ligadas aos juros das emissões dos EUA, que dependem das taxas de juros vigentes na economia norte-americana, disse José Miguel Cerdeira.

“Essa perspetiva mudou bastante entre a primeira e a segunda quinzena de abril, o que justifica a nossa avaliação; os mercados estão agora convencidos de descidas de juros mais tardias por parte da Reserva Federal, e no caso do Tesouro angolano, julgamos que não ponderará emissões com ‘yields’ acima dos 10%, e as yields a 8 anos, que andavam perto dos 10%, possivelmente a sinalizar uma descida desse patamar, estão agora claramente acima”, salientou o economista-chefe do BFA nas declarações à Lusa.

Pressão sobre o governo de João Lourenço

A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, tinha dito em março que a emissão de novos títulos de dívida em moeda estrangeira, ou Eurobonds, dependerá do apetite do mercado para o risco e a visão do país.

Estamos abertos a participar, dependendo das condições do mercado. Naturalmente não queremos participar a um preço que nos coloca numa situação pior do que a que estamos. Então, o que estamos a fazer é analisar o mercado, analisar o apetite do mercado para o risco Angola”, afirmou Vera Daves numa entrevista à Lusa à margem das reuniões de ministros de Finanças e governadores de bancos centrais do G20, na cidade brasileira de São Paulo, na qual acrescentou: “Se entendermos que a taxa de juros é incomportável, não vamos. Se sentirmos que é uma taxa confortável, vamos”, apontou.

Na entrevista em São Paulo, em março, Vera Daves de Sousa afirmou: “A emissão de Eurobonds depende de como a dívida do país vai comportar-se; a visão do mercado sobre o país está melhor do que já esteve, mas ainda não está no nível que gostaria que estivesse, por isso vamos continuar a observar e a gerir com outras fontes de financiamento enquanto não for possível recorrer a essa”.

Dias depois, o Ministério das Finanças anunciava que pretendia realizar “uma emissão de títulos do Tesouro nacional em moeda externa, no âmbito da estratégia de fomento do mercado de títulos públicos”, mas sem adiantar datas nem montantes, especificando que o formato seria o de Bookbuilding, um processo que serve para avaliar junto do mercado o interesse pelos títulos que quem emite quer colocar.

Desde janeiro, a Costa do Marfim, o Benim e o Quénia já emitiram dívida, sempre com juros abaixo de 10%, marcando o regresso da África subsaariana aos mercados, dois anos depois da última emissão.

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CTT investiram 20 milhões de euros na compra de ações próprias no último ano

As últimas operações realizadas ao abrigo do programa de recompra de ações decorreu entre 3 de 9 de maio, com os CTT a adquirirem mais de 158 mil ações pelo preço médio de 4,46 euros.

Os CTT – Correios de Portugal CTT 11,92% anunciaram a conclusão do seu programa de recompra de ações próprias, iniciado em junho do ano passado, com um investimento total de 20 milhões de euros.

Lançado com o objetivo de otimizar a estrutura de capital da empresa, o programa permitiu aos CTT adquirir 5.475 milhões de ações que “serão oportunamente canceladas, conforme aprovado na Assembleia Geral Anual que ocorreu em 23 de abril de 2024”, refere a empresa em comunicado enviado à CMVM.

As últimas operações realizados ao abrigo desde programa de recompra de ações decorreu entre os dias 3 e 9 de maio, com os CTT a adquirirem mais de 158 mil ações no mercado pelo preço médio de 4,46 euros, despendendo assim quase 707 mil euros nestes negócios.

As ações encerram na última sexta-feira a negociar nos 4,37 euros e desde o início do ano que acumulam ganhos de 25,2%. Para dia 16 deste mês está agendado o pagamento dos dividendos referentes aos resultados alcançados em 2023, que se traduz em 17 cêntimos por ação — a partir de 14 de maio os títulos passam a negociar sem direito a dividendo (ex-dividendo).

Os Correios revelam ainda que, com esta operação, a empresa liderada por João Bento acumula 11.560 milhões de ações recompradas no mercado desde 2022 num investimento global de 41,6 milhões de euros.

Este programa foi executado sob a supervisão do Banco BPI, que agiu como intermediário financeiro, permitindo aos CTT deter à data de hoje mais de 6,8 milhões de ações próprias representativas de 4,76% do capital social.

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China expande poder energético com conquista no Iraque

A China deu um passo significativo este sábado no reforço da liderança energética com a aquisição dos direitos de exploração de vários campos de petróleo e gás no Iraque.

O Iraque, no seu mais recente leilão de petróleo e gás, demonstrou uma vez mais o seu papel central no xadrez energético global, atraindo o interesse predominante de empresas chinesas.

Num sábado decisivo, o país lançou a uma ronda extra de licenciamento para 29 projetos de exploração e produção, com a expectativa de desenvolver as suas vastas reservas de gás, impulsionar a economia nacional e atrair milhões de dólares em investimentos.

Espalhados por 12 áreas nas regiões central, sul e oeste do Iraque, os blocos de exploração incluíram, pela primeira vez, um bloco offshore nas águas do Golfo Árabe do Iraque. Este leilão marca uma nova fase na estratégia de diversificação das fontes de energia do país, que procura reduzir a sua dependência das receitas petrolíferas tradicionais.

O domínio chinês na participação deste leilão foi evidente, com cinco dos campos principais leiloados a serem concedidos a empresas da China, revela a Reuters.

A Zhongman Petroleum and Natural Gas Group assegurou a extensão norte do campo de Eastern Baghdad, localizado na capital, e o campo de Middle Euphrates que se estende pelas províncias sulistas de Najaf e Karbala. Adicionalmente, o China’s United Energy Group ganhou a licitação para desenvolver o campo de Al-Faw em Basra, ao sul, enquanto a ZhenHua ficou com o campo de Qurnain, situado na fronteira entre o Iraque e a Arábia Saudita, e a Geo-Jade desenvolverá o campo de petróleo e gás de Zurbatiya, no leste da província de Wasit.

Apesar da crescente atenção global voltada para critérios ambientais, sociais e de governance, que têm desacelerado alguns investimentos, o Iraque, que é o segundo maior produtor de petróleo do mundo a seguir à Arábia Saudita, mantém ambições elevadas para o seu setor energético. Sinal disso mesmo é o facto de ter registado um crescimento da sua capacidade de produção 3 milhões para cerca de 5 milhões de barris por dia nos últimos anos.

Contudo, a saída de gigantes do setor como a Exxon Mobil e a Royal Dutch Shell de diversos projetos, devido a retornos abaixo do esperado, semeia incertezas sobre o crescimento futuro da produção de petróleo e gás no país.

O recente leilão, que também incluiu uma nova “sexta ronda” com 14 projetos, não contou com a presença de grandes petrolíferas norte-americanas, diferentemente de rondas anteriores. Este fato reforça uma reconfiguração do interesse internacional no Iraque, com uma presença significativa de grupos europeus, chineses, árabes e iraquianos, refletindo uma diversidade crescente de atores dispostos a investir no potencial energético iraquiano.

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Marcas e futebol feminino, uma relação mais que financeira

O objetivo dos patrocínios ao futebol feminino parece ir além do mero apoio financeiro em troca de exposição. Derrubar estigmas ou promover a igualdade de género também entram em jogo.

  • Este artigo integra a quinta edição do ECO magazine, que pode comprar aqui.

As competições, equipas e seleções de futebol feminino têm contado com uma visibilidade crescente e atraído cada vez mais atletas, espetadores e apoiantes, mas também marcas e patrocinadores. Estes apoios são uma “importante fonte de receita” para os clubes e permitem um maior investimento na modalidade, melhoria de infraestruturas, captação de talento e desenvolvimento da formação, diz a Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Mas o que leva as marcas a investir?

Uma maior exposição da sua marca, junto de um público que lhe interessa, aportando também novos valores à sua marca e permitindo atrair novos clientes e fidelizar os atuais”, garante José Eduardo Coelho, administrador financeiro da Marec – Espaço Casa, marca que apoia o SL Benfica.

“Se pensarmos na ótica do custo/benefício de um patrocínio desportivo, acaba por ser altamente compensatório para as marcas, em função de um número elevado e diferenciado de iniciativas de que poderá beneficiar, que não se esgotam apenas na colocação de uma marca numa camisola de jogo”, acrescenta.

A Solverde – que com o apoio à equipa feminina do Valadares Gaia FC, se tornou esta época a primeira casa de apostas em Portugal a patrocinar uma equipa de futebol feminino – parece concordar. Pretende que o seu apoio se traduza em “mais do que visibilidade para a marca na competição, nas camisolas e nos suportes de comunicação da equipa”, apostando na dinamização de ativações e merchandising geradores de “ganhos mútuos” em determinados jogos, explica Carlos Ferreira, gestor de patrocínios e ativações da Solverde.pt.

Mas há mais ganhos nessa aposta. “Contribuir para derrubar certos estigmas e caminhar para uma igualdade de oportunidades no desporto nacional” são metas traçadas por Carlos Ferreira. Já apoiar a construção de uma sociedade mais justa, promover a igualdade de género e dar continuidade ao crescimento e consolidação do futebol feminino em Portugal, são os objetivos apontados por José Eduardo Coelho.

Para a AE Economics, que apoia a equipa feminina do Sporting CP e do GD Estoril Praia, estes patrocínios são fundamentais para que o crescimento da modalidade “seja cada vez mais consistente e crie condições estruturais e financeiras estáveis para que os clubes possam apostar na formação e em equipas seniores cada vez mais competitivas”, refere Madalena Morais, consultora da AE Economics.

Quando, em 2018, falou pela primeira vez com a FPF para estabelecer uma parceria, o principal objetivo do BPI era já o apoio ao futebol feminino, garante Constança Macedo, diretora executiva de comunicação do BPI. “Hoje é fácil olhar para trás e perceber que foi a aposta certa”, acrescenta, apontando para o forte crescimento no número atletas federadas – que, em pouco mais de uma década subiu de 6.750 (época 2013/2014) para 18.299 (época 2023/24), segundo dados da Federação –, nas audiências e o “caminho de sucesso” das jogadoras, clubes e seleções.

Além de patrocinador da seleção feminina, o BPI é responsável pelo naming da principal liga feminina portuguesa (Liga BPI). Em novembro, quando renovou a parceria com a FPF até 2030, passou também a patrocinar a Taça da Liga feminina. Segundo Constança Macedo, o acordo representa uma “fatia importante do orçamento global de promoção da marca BPI”, ao qual se acrescenta o investimento publicitário feito em jogadoras como Kika Nazareth que, em julho, se tornou embaixadora do banco.

O “investimento significativo” feito pelo BPI tem crescido não só a nível financeiro, mas também social, através do desenvolvimento de projetos de inclusão social e da criação de bolsas de estudo, diz a Federação. “A parceria entre a FPF e o BPI é um caso de sucesso que demonstra o potencial do futebol feminino para inspirar e unir as pessoas, e que vai além do apoio financeiro”, refere.

O patrocínio da AE Economics – que se estende aos escalões de formação – vai também além do apoio na área desportiva. A marca procura “incentivar diariamente a carreira dual através de um apoio específico aos estudos”, diz Madalena Morais. Para isso, atribui anualmente uma bolsa à jogadora com a melhor nota académica e desportiva em cada escalão.

No verão passado, a seleção feminina de futebol portuguesa participou pela primeira vez no Campeonato do Mundo de Futebol Feminino, reunindo o apoio de marcas como a Sagres, o BPI, a CUF, o Continente, a Altice ou a Nike. Foram várias as campanhas lançadas em apoio à equipa das quinas que acabou por cair na fase de grupos.

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Livre defende união à Esquerda para conquistar a Presidência da República

  • Lusa
  • 11 Maio 2024

Isabel Mendes Lopes defendeu a união das forças de esquerda para eleger uma figura presidencial comprometida com a justiça social, ambiental e o aprofundamento democrático.

A líder parlamentar do Livre defendeu hoje uma união das forças de esquerda para que a Presidência da República tenha uma figura “que defenda liberdades e direitos cívicos” assim como o aprofundamento da democracia em Portugal.

Há quase 20 anos que a direita ocupa o Palácio de Belém, muitas vezes colocando em causa ou tentando adiar e protelar avanços sociais importantes. E se podemos dizer que isto aconteceu por organização e união das áreas da direita, podermos dizer também que a esquerda não se tem organizado como devia” referiu Isabel Mendes Lopes.

A deputada eleita nas legislativas de março pelo círculo de Lisboa falava no pavilhão municipal da Costa de Caparica, no concelho de Almada, no 14.º Congresso que decorre até domingo para eleger os novos órgãos internos e aprovar o programa eleitoral para as eleições europeias de 9 de junho.

Isabel Mendes Lopes, que lidera a lista A candidata ao Grupo de Contacto, adiantou que as constantes divisões à esquerda resultam num adiamento de Portugal e defendeu a sua união para que a Presidência da República tenha, de novo, “uma figura que defenda a justiça social e ambiental”.

É preciso fazer um caminho conjunto, entre forças progressistas, para garantir que cenários de desunião e desentendimento não resultem em mais anos perdidos na Presidência da República. É preciso uma figura que defenda liberdades e direitos cívicos; igualdade e justiça social; aprofundamento da democracia em Portugal e construção de uma democracia europeia; ecologia, sustentabilidade e solidariedade intergeracional”, reforçou a deputada.

Na sua intervenção, Isabel Mendes Lopes defendeu ainda que o Livre vai continuar o seu caminho “preparado para uma mudança de ciclo e um próximo governo das esquerdas”.

Continuaremos a fazer uma política positiva e pro-positiva, que mostre a todas as pessoas um caminho claro de participação coletiva, que desmonte discursos de ódio e polarização e que apresente, no seu lugar, um futuro desejável e alcançável”, frisou, adiantando que o partido está “no melhor momento de sempre”.

A líder parlamentar do Livre considera que o país tem hoje um cenário difícil, com grandes ameaças à democracia e aos direitos humanos, com o crescimento da extrema-direita que faz com que a estabilidade governamental e parlamentar estejam fragilizadas e constantemente em causa.

Por outro lado, Isabel Mendes Lopes adiantou que “o campo da direita democrática tem sido inconstante quanto à sua disponibilidade para dialogar e entender-se com a extrema-direita, e também isto deve deixar todos os democratas alarmados e atentos”.

Isabel Mendes Lopes alertou que o partido tem agora a grande responsabilidade de corresponder ao crescimento recente, com desafios exigentes, entre eles os processos eleitorais dos próximos dois anos.

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Está iminente uma ofensiva terrestre de Israel em Rafah

As Forças de Defesas Israelitas recorreram à rede social X para apelarem à evacuação de Rafah, após uma noite de bombardeamentos que provocaram a morte de 24 palestianos.

Israel intensificou o seu apelo para que os palestinianos evacuem mais áreas da cidade de Rafah, no sul de Gaza, direcionando-os para uma zona humanitária alargada em Al-Mawasi.

Este apelo, feito através de um post na rede social X pela conta das Forças de Defesas Israelitas, surge como um indicativo claro de que Israel está a prosseguir com os seus planos para um ataque terrestre na região.

A pressão sobre os residentes de Gaza aumentou também no norte da região, com apelos direcionados às pessoas deslocadas na área de Jabalia e em outras 11 vizinhanças do enclave, para que se desloquem imediatamente para os abrigos a oeste da Cidade de Gaza.

Segundo a agência de notícias palestiniana WAFA, a última noite foi marcada pela morte de 24 palestinianos após bombardeamentos de jatos israelitas em várias áreas do centro de Gaza.

Apesar da intensa pressão dos EUA e do alarme expresso por residentes e grupos humanitários, Israel declarou que avançará com a incursão em Rafah, onde mais de um milhão de deslocados procuraram refúgio durante os sete meses de conflito.

Até ao momento, cerca de 300 mil habitantes de Gaza movimentaram-se em direção a Al-Mawasi, conforme indicado pelo exército israelita, que sustenta que a vitória no conflito passa necessariamente por erradicar milhares de combatentes do movimento islâmico Hamas, que acredita estarem posicionados em Rafah.

Na sexta-feira, tanques israelitas capturaram a principal estrada que divide as secções oriental e ocidental de Rafah, cercando efetivamente o lado oriental numa ofensiva que levou Washington a suspender a entrega de alguma ajuda militar ao seu aliado.

A Casa Branca expressou na sexta-feira a sua preocupação com as operações israelitas, que parecem centrar-se em torno da travessia fechada de Rafah e não indicam uma invasão em larga escala da cidade. Além disso, a administração Biden apontou também que o uso de armas fornecidas pelos EUA por Israel pode ter violado a lei humanitária internacional durante a operação em Gaza, naquela que foi a crítica mais forte até à data por parte dos EUA.

Contudo, a administração não chegou a uma avaliação definitiva, mencionando que, devido ao caos da guerra, não foi possível verificar instâncias específicas em que o uso dessas armas poderia ter estado envolvido em alegadas violações.

O conflito foi desencadeado por um ataque liderado pelo Hamas no sul de Israel, resultando na morte de aproximadamente 1.200 pessoas e no sequestro de mais de 250, segundo o governo israelita. A operação militar de Israel em Gaza, que visa eliminar o Hamas, já resultou na morte de cerca de 35 mil palestinianos, segundo o ministério da Saúde de Gaza.

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Crescimento do PIB de Moçambique deverá abrandar para 4,6%

  • Lusa
  • 11 Maio 2024

Confiança dos empresários e atrasos no recomeço dos projetos de gás natural em Cabo Delgado condicionam crescimento da economia em 2024.

A consultora Oxford Economics prevê que a economia de Moçambique abrande o crescimento para 4,6% este ano, no seguimento da redução da confiança dos empresários e atrasos no recomeço dos projetos de Cabo Delgado.

Os empresários em Moçambique estão a sentir-se menos confiantes sobre o futuro da atividade económico, num contexto em que o projeto de exploração de gás natural no norte de Moçambique continua fechado e enfrenta novos possíveis atrasos”, escrevem os analistas do departamento africano da Oxford Economics.

Num comentário aos números sobre a confiança dos empresários, que desceu em março para terreno negativo, pela quarta vez em cinco meses, os analistas salientam que “o crescimento económico deverá abrandar, de 5% em 2023, para 4,6% este ano devido ao crescimento menor da produção de gás natural e aos atrasos na construção do projeto da TotalEnergies”.

Os últimos números do índice PMI, que mostra a confiança dos empresários na evolução da economia de um país, “não são indicativos de um abrupto abrandamento do crescimento económico, mas mostram, na verdade, que as condições empresariais não estão a melhorar substancialmente e que a confiança dos empresários está, de alguma forma, enfraquecida”.

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

A previsão da Oxford Economics para o país liderado por Filipe Nyusi desde 2015 aponta para o regresso da TotalEnergies a Moçambique “no princípio do segundo semestre”, beneficiando da extensão da presença das tropas do Ruanda no norte de Moçambique, para garantir mais segurança no recomeço dos trabalhos de construção do megaprojeto de exploração das vastas reservas de gás natural neste país lusófono africano.

O índice PMI de atividade empresarial em Moçambique desceu em março para terreno negativo, pela quarta vez em cinco meses, sinalizando “fraca atividade económica”, disse o Standard Bank em abril.

Este índice tinha subido em fevereiro (50,7 pontos), pela primeira vez em cinco meses, registando então o maior crescimento desde julho de 2023, mas voltou em março a terreno negativo (49,7 pontos).

Citado no estudo, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, comentou que a “o PMI de março sinaliza uma fraca atividade económica no final do primeiro trimestre deste ano, com contrações nos setores da manufatura e do comércio, mas com a agricultura e os serviços em geral a crescerem”.

Na apresentação dos números, Fáusio Mussá disse ainda que “o subíndice de expectativas futuras permaneceu em território positivo, mas registou uma descida para um mínimo de seis meses em março, o que sugere que os fenómenos climáticos recorrentes, assim como os atrasos na implementação dos projetos de gás natural liquefeito (GNL) em Cabo Delgado têm impactado a confiança dos empresários”.

O Purchasing Managers Index (PMI) publicado mensalmente pelo Standard Bank resulta das respostas de diretores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do setor privado.

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado. Dois desses projetos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

  • Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
  • O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
  • Um terceiro projeto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, diretamente no mar, que arrancou em novembro de 2022.

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Cânhamo em Portugal procura superar obstáculos burocráticos

  • Lusa
  • 11 Maio 2024

O mercado do cânhamo em Portugal tem espaço para esticar as raízes, prometendo tanto revigorar terrenos como engolir dióxido de carbono, mas os desafios regulatórios não ajudam.

O mercado do cânhamo tem margem para crescer em Portugal, permitindo a regeneração dos terrenos e a captação de dióxido de carbono, mas as regras em vigor são penalizadoras para o setor, defendeu Graça Castanho da confraria Cannabis Portugal.

O cânhamo é uma planta da espécie ‘cannabis sativa’, utilizada nas indústrias têxtil e cosmética, na alimentação, produção de papel e na construção.

“Na literatura da especialidade estão consagrados 25.000 produtos e subprodutos à base de cânhamo, uma vez que se trata de uma super-planta com potencialidades tremendas, capazes de dar uma resposta eficaz, sustentável e biodegradável às mais poluentes e devastadoras indústrias poluentes do mundo, como o combustível fóssil, indústria automóvel, têxteis com fibras sintéticas, plásticos, cosméticos e construção civil”, apontou, em resposta à Lusa, a presidente da Assembleia da Confraria Internacional Cannabis Portugal, Graça Castanho.

A Confraria Internacional Cannabis Portugal espera um ‘boom’ no setor nos próximos anos, tendo em conta o número de interessados em projetos de produção de cânhamo.

Segundo a também docente universitária e fundadora da CannaPortugal e CannaAzores (Expo de canábis e cânhamo), em Portugal continental, a matéria-prima que resulta da produção de cânhamo destina-se, sobretudo, ao fabrico de blocos têxteis.

Já nos Açores contabilizam-se agora oito produtores — em São Miguel, Terceira e Flores –, que pretendem focar-se em áreas como a construção civil, gastronomia, alimentação para animais, têxteis, chá, cosméticos e tabaco. Ainda assim, lembrou que Portugal aguarda a possibilidade de utilização das flores para a produção de óleos terapêuticos.

“A população em geral está cada vez mais aberta às soluções que o cânhamo permite. Sente-se, porém, que os jovens são os mais informados e entusiastas”, referiu, destacando que em Portugal existe margem para o crescimento deste mercado.

Para Graça Castanho, Portugal está ainda muito abaixo do seu potencial, sendo necessário produzir em larga escala para a “regeneração dos terrenos, despoluição das águas, descontaminação de solos, captação de CO2 [dióxido de carbono] e expansão de novas indústrias da sustentabilidade”.

Bloqueios ao crescimento do setor

As maiores produções de cânhamo em Portugal estão no Alentejo, em particular, em torno da fábrica de blocos da Cânhamor.

A Confraria Internacional Cannabis Portugal espera um ‘boom’ neste setor, nos próximos anos, tendo em conta o número de interessados em projetos de produção de cânhamo. Contudo, deseja que a regulamentação possa ser “mais flexível e ajustada” ao mercado.

Neste âmbito, considerou que os produtores de cânhamo estão a ser penalizados face aos restantes, exemplificando que estes não se podem candidatar a créditos de carbono.

Os limites de área, os limites relativos aos métodos de cultivo e propagação, a restrição à fibra e sementes […] fazem com que esta atividade seja muito pouco atrativa para os pequenos agricultores.

Associação Portuguesa do Cânhamo (CannaCasa)

Atualmente, as restrições aplicam-se, por exemplo, às dimensões dos terrenos, além da proibição da exploração das flores e da reutilização de sementes de ano para ano. “Com estes constrangimentos mal temos matéria-prima para as necessidades das indústrias existentes. Exportar cânhamo é, neste cenário, algo fora do nosso alcance”, concluiu.

Por sua vez, a Associação Portuguesa do Cânhamo (CannaCasa) lamentou que o setor tenha vários dos seus agricultores “com processos judiciais” a decorrer ou com os seus materiais apreendidos. Alguns destes casos dizem respeito ao início da produção, sem a aprovação regulamentar específica, o que já foi descrito como um ato de protesto contra os atrasos no licenciamento, a cargo da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

A CannaCasa vincou ainda que as restrições violam princípios como o direito ao minifúndio ou à agricultura familiar. “Os limites de área, os limites relativos aos métodos de cultivo e propagação, a restrição à fibra e sementes […] fazem com que esta atividade seja muito pouco atrativa para os pequenos agricultores”, insistiu.

Os esclarecimentos técnicos da DGAV revelam que a produção de semente certificada para sementeira, da espécie cannabis sativa, independentemente do uso, está abrangida por um decreto que regula a sua produção, o controlo e a certificação.

Os produtores são obrigados a estar licenciados pela DGAV e as variedades têm de estar inscritas no Catálogo Comum de Variedades de Espécies agrícolas. No caso da produção de plantas para plantação, os operadores têm de ser licenciados pelo Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde).

É necessário um passaporte fitossanitário para cada lote de plantas destinadas a ser movimentadas dentro da União Europeia. Para as plantas destinadas a outro operador de Portugal é necessária uma declaração da entidade recetora das plantas, a identificação do número de licenciamento, denominação dos clones e número de plantas, bem como a assinatura de um técnico responsável.

Caso estas sejam destinadas a um operador de outro Estado-membro, é exigida uma cópia do certificado de exportação e de importação e a descrição da remessa.

Segundo dados da Comissão Europeia, a superfície dedicada ao cultivo de cânhamo, na União Europeia, passou de 19.970 hectares para 34.960 hectares entre 2015 e 2019. Neste período, a produção aumentou de 94.120 toneladas para 152.820 toneladas, um acréscimo de 62,4%. Destaca-se França, que representa 70% da produção da UE, seguida pelos Países Baixos (10%) e pela Áustria (4%).

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Empresas atraem imigrantes com habitação, formação e acesso à saúde

Empresas disponibilizam habitação (em alguns casos gratuita), garantem o acesso à educação e saúde, dão formação, ajudam nos trâmites legais e incentivam os imigrantes a trazerem as famílias.

A Casa Mendes Gonçalves, Quinta do Quetzal, Vitacress, Vialsil, Natixis e Euronext são algumas das empresas que recrutam mão-de-obra imigrante e criam condições para a integração destes colaboradores. Disponibilizam alojamento, dão formação profissional e suporte na legalização e até incentivam os colaboradores a trazerem as famílias para Portugal. Existem empresas que até garantem o acesso à saúde e educação dos imigrantes e das suas famílias.

A agroalimentar Casa Mendes Gonçalves, fabricante dos molhos Paladin na Golegã, no distrito de Santarém, emprega 370 trabalhadores, sendo que 90 são imigrantes oriundos de 12 nacionalidades. Desses 90 imigrantes, 60 são refugiados ou asilados do Afeganistão, Paquistão, Índia e Iraque.

A empresa fundada em 1982 e liderada por Carlos Gonçalves estabeleceu uma parceria com a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN) que tem como afiliada uma agência de ajuda humanitária a Focus, para acolher pessoas em “enormíssima vulnerabilidade” e “outros cidadãos que vieram para Portugal e estavam a trabalhar na região no setor agrícola em condições muito diferentes” daquelas que a empresa proporciona, conta ao ECO a responsável pelos programas de integração dos colaboradores imigrantes da Casa Mendes Gonçalves.

A Casa Mendes Gonçalves contrata mão-de-obra imigrante desde 2020 e tem vindo a desenvolver políticas de acolhimento neste sentido. A empresa comprou imóveis e reabilitou-os para proporcionar aos imigrantes “habitação digna”. “Até este momento todos estes 60 migrantes refugiados, juntamente com as famílias têm beneficiado de habitação e despesas sem qualquer custo“, afirma Alexandra Marques, responsável pelos programas de integração dos colaboradores imigrantes da Casa Mendes Gonçalves. Os imigrantes, como os restantes colaboradores, ganham acima do salário mínimo nacional.

Até este momento todos estes 60 migrantes refugiados, juntamente com as famílias têm beneficiado de habitação e despesas sem qualquer custo.

Alexandra Marques

Responsável pelos programas de integração dos colaboradores imigrantes da Casa Mendes Gonçalves

Com o principal objetivo de financiar habitação a preços acessíveis, a Casa Mendes Gonçalves foi a primeira empresa portuguesa a emitir obrigações sociais em Portugal, com um valor de 2,5 milhões de euros e uma maturidade de cinco anos, numa operação privada totalmente subscrita pela Caixa Banco de Investimento (BI).

Para além do apoio aos imigrantes, a dona dos molhos Paladin, que fatura 56 milhões de euros, garante ainda aos imigrantes e às suas famílias o acesso à saúde através de consultas de medicina geral e familiar, “tendo em conta que muitos colaboradores e as suas famílias não têm acesso a médico de família”, lamenta a responsável pelos programas de integração dos colaboradores imigrantes da Casa Mendes Gonçalves.

Para além do acesso à habitação e saúde, a Casa Mendes Gonçalves tem um programa próprio de aprendizagem da língua portuguesa, com duas formadoras residentes, direcionado aos imigrantes e às famílias. Alexandra Marques afirma que a “formação em língua portuguesa é absolutamente crítica para a integração e inclusão”. Paralelamente de forma a ajudar a estabelecer uma melhor comunicação com a escola dos filhos dos imigrantes têm tradutores para a língua Farsi.

A empresa tem ainda a Associação para a Educação e Inovação Social Vila Feliz Cidade, uma associação dentro da Fundação Mendes Gonçalves — criada em agosto do ano passado — que tem como objetivo “criar uma política de habitação acessível subsidiada pela empresa que é um benefício não só para os refugiados, mas para qualquer colaborador a partir de determinados critérios, priorizando sempre as pessoas com maior vulnerabilidade”, conta Alexandra Marques que é também presidente da direção da Associação. “Estamos a alargar esta política com imóveis que ainda estão a ser reabilitados e outras soluções para que a habitação seja um benefício para todos. A equidade é importante”.

A empresa vai investir sete milhões de euros para criar uma escola pública direcionada à comunidade, desde à creche ao primeiro ciclo. A escola deverá abrir portas no ano letivo de 2025/2026. Um benefício que poderá beneficiar os filhos dos imigrantes.

Vialsil oferece habitação gratuita aos imigrantes nos primeiros seis meses

A Vialsil, que opera na área das vias de comunicação de autoestradas de todo o país, emprega 134 colaboradores, sendo que 24 são imigrantes oriundos do Brasil (2) Índia (7), Senegal (8), Vietname (6) e Timor Leste (1). “A partir do momento que começamos a ser reconhecidos por recrutar imigrantes, abriu-se um leque de fontes de recrutamento que até à data não estavam a ser exploradas, passamos a ser contactados por associações representativas de emigrantes de várias nacionalidades em Portugal e pelo Centro Nacional de Apoio à Integração de Migrantes a referenciar potenciais candidatos”, explica Paula Carvalho, responsável do departamento de recursos humanos da Vialsil.

A empresa liderada por Paulo Portela começou a contratar mão-de-obra imigrante em agosto de 2019 e implementou várias políticas: disponibiliza alojamento gratuito em habitação cedida pela empresa nos primeiros seis meses de duração do contrato de trabalho. No entanto, a empresa esclarece que “depois do período de integração (meio ano), a responsabilidade financeira de alojamento passa para o colaborador”.

Nos primeiros seis meses de duração do contrato de trabalho é dado aos colaboradores alojamento gratuito em habitação cedida pela empresa.

Paula Carvalho

Responsável do departamento de Recursos Humanos da Vialsil

A empresa de Baião dá suporte na legalização dos cidadãos em Portugal (Finanças, Segurança Social, AIMA), através de apoio legal. A responsável do departamento de recursos humanos da Vialsil acrescenta, ainda, que é “concedida ajuda para abertura de conta bancária, registo no serviço nacional de saúde, equivalência de habilitações, garantia de condições de subsistência (alimentação, roupa), incluindo adiantamento de valores para alimentação para os casos em que tal é necessário”.

À semelhança da Casa Mendes Gonçalves, a Vialsil “incentiva os colaboradores a trazerem as famílias” para Portugal.

Quinta do Quetzal tem um subchefe do Bangladesh

Localizada na Vila de Frades, Beja, a Quinta do Quetzal emprega 20 pessoas, sendo que quatro são imigrantes oriundos do Nepal e Bangladesh. Trabalham na cozinha e serviço de mesas, sendo que um deles, oriundo do Bangladesh, já é subchefe. “Começou sem saber cozinhar há dois anos e hoje já é subchefe. Está num alto nível e nunca foi para uma escola de hotelaria. Começou com 850 euros e hoje já ganha um vencimento base de 1.500 euros“, garante Reto Jörg, general manager da Quinta do Quetzal.

O general manager da Quinta do Quetzal realça ainda que “dois dos imigrantes vivem numa casa que é propriedade da empresa sem qualquer custo”. Paralelamente, a empresa alentejana dá formação em restauração aos imigrantes e ajudam-nos a aprender a língua portuguesa.

Reto Jörg garante estar “muito contente com o desempenho destes colaboradores” e recorda que “hoje em dia é difícil encontrar pessoas que queiram trabalhar numa cozinha”. Acrescentando que como recebem muitos turistas no segmento do enoturismo e os imigrantes falam inglês “acabam por ser uma mais-valia para o serviço de mesa”.

Hoje em dia é difícil encontrar pessoas que queiram trabalhar numa cozinha.

Reto Jörg

General manager da Quinta do Quetzal

A população estrangeira residente em Portugal aumentou em 2022 pelo sétimo ano consecutivo, totalizando 781.915 cidadãos, mantendo-se a comunidade brasileira como a mais representativa e a que mais cresceu, de acordo com dados do SEF. No final de 2022, viviam em Portugal 239.744 brasileiros, seguido dos cidadãos do Reino Unido (45.218), de Cabo Verde (36.748), Índia (35.416), Itália (34.039), Angola (31.761), França (27.512), Ucrânia (25.445), Nepal (23.839) e Guiné-Bissau (23.737).

O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal afirmou que a mão-de-obra imigrante em Portugal representa já 15% do total. Bernardo Trindade prevê que o “futuro vai ser construído com imigrantes e que é preciso dignificar estes trabalhadores”.

Vitacress facilita a acomodação inicial em habitações próprias

Dos 420 colaboradores da Vitacress, o negócio agroalimentar do grupo RAR, 20% são oriundos de diversas nacionalidades, incluindo europeus, americanos e asiáticos. Carlos Vicente, diretor-geral da empresa, justifica que “estes trabalhadores concorrem à Vitacress atraídos por empregos estáveis e oportunidades de carreira a longo prazo, dado que a nossa operação não é sazonal”.

Cerca de 20% da nossa equipa é composta por colaboradores de diversas nacionalidades, incluindo europeus, americanos e asiáticos. Estes trabalhadores concorrem à Vitacress atraídos por empregos estáveis e oportunidades de carreira a longo prazo, dado que a nossa operação não é sazonal.

Carlos Vicente

Diretor-geral da Vitacress

A empresa que foi comprada em 2008 pelo Grupo RAR e fatura atualmente 40 milhões de euros, “facilita a acomodação inicial de novos colaboradores em habitações próprias, proporcionando apoio durante a sua adaptação à vida local”. O gestor garante que a empresa “assegura igualdade de acesso a todas as oportunidades de formação e progressão na carreira, baseadas no mérito e competências individuais”.

O tema da imigração tem feito correr muita tinta e partidos como o Chega têm adotado discursos anti-imigração. O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse que “quem for contra a imigração é contra o desenvolvimento do país”. O antigo embaixador, que assumiu a presidência da CAP no ano passado, destacou a importância dos trabalhadores estrangeiros para setores como a agricultura, turismo ou construção, que dependem desta mão-de-obra “para a sua sobrevivência”.

No caso particular da agricultura, o presidente da confederação lembrou que algumas empresas chegam a ter 300 trabalhadores imigrantes, uma vez que em Portugal seria impossível recrutar este número. Porém, ressalvou que deve haver controlo para que as pessoas sejam contratadas “em boa e devida forma”, com contratos de trabalho.

Natixis e Euronext apostam na diversidade cultural

Para além dos setores mais tradicionais, as tecnológicas também recrutam mão-de-obra imigrante. A Natixis e a Euronext têm nas suas equipas colaboradores de várias nacionalidades. No caso da tecnológica Natixis, dos 2.400 colaboradores que trabalham em Portugal, 20% corresponde a perfis internacionais, de 37 nacionalidades distintas.

Para Maurício Marques, diretor de recursos humanos da Natixis em Portugal, as empresas só têm a ganhar com esta diversidade, que na ótica do gestor “garantem não só skills específicas de certas geografias (normas internacionais, conhecimento de línguas, entre outras), como também uma melhor adaptação à cultura do cliente através da incorporação de um modo de pensar e agir global na forma como nos relacionamos com as equipas localizadas nos vários continentes”.

O diretor de recursos humanos da Natixis em Portugal enumera que a empresa “disponibiliza alojamento para apoiar os colaboradores que venham de outras geografias” e tem “ainda prevista a disponibilização de suporte na obtenção do visto de trabalho e outros documentos necessários para a legalização da situação em Portugal”.

A Euronext assume-se como “diversa e inclusiva” e conta com mais de 60 nacionalidades representadas no conjunto dos 18 países onde opera, distribuídos por três continentes – Europa, América do Norte, e Ásia. Em Portugal, tem 24 colaboradores permanentes provenientes de 11 países – Irão, Brasil, Venezuela, Argentina, Chipre, Países Baixos, França, Angola, e Reino Unido.

No caso dos trabalhadores que vieram especificamente de outros países para trabalhar especificamente na Euronext, a empresa salienta que “existe uma estrutura de apoio para o estabelecimento do colaborador no país, nomeadamente através do apoio no registo junto das entidades relevantes (fiscalidade, residência, entre outros)”, adianta fonte oficial da Euronext ao ECO.

A Euronext, que tem um centro tecnológico no Porto, tem ainda um programa específico dedicado à Diversidade e Inclusão. Entre as iniciativas está uma formação em multiculturalismo (para todos os colaboradores) para promover o respeito por diferentes normas culturais e programas de mentoria. Celebram ainda o Dia Internacional da Diversidade Cultural através de workshops de sensibilização para a diversidade, e até degustações de alimentos provenientes de diferentes geografias.

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Casa da Moeda e NAV também entregaram dinheiro a Medina para baixar a dívida

  • ECO
  • 11 Maio 2024

Além da Águas de Portugal, também a Casa da Moeda e a NAV contribuíram financeiramente para ajudar Fernando Medina a reduzir a dívida pública no ano passado.

Para assegurar a redução do rácio da dívida pública em 2023 para baixo do limiar dos 100% do PIB, Fernando Medina dedicou-se, nos últimos dias do ano anterior, a angariar recursos financeiros por parte de três empresas públicas.

Além da Águas de Portugal (AdP), como o ECO noticiou, o Público (artigo fechado) revela que também a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM) e a NAV Portugal contribuíram para este esforço, com o intuito dos objetivos do Governo serem alcançados em matéria de controlo da dívida pública.

Depois dos 100 milhões de euros transferidos pela Águas de Portugal por via do pagamento de um dividendo extraordinário, a administração da Casa da Moeda foi chamada pelo Ministério das Finanças a 22 de dezembro a antecipar receitas no valor de 20 milhões de euros, devido ao bom desempenho da empresa.

A empresa acabou por transferir 10 milhões por via de duas tranches até ao final do ano passado, tendo posteriormente, a 28 de março, em assembleia-geral, a Casa da Moeda sugerido a não distribuição de resultados adicionais referentes ao exercício de 2023.

Além destas transferências para os cofres públicos, também a NAV, que depende diretamente do Tesouro, contribuiu para este esforço de consolidação das contas públicas, com a antecipação de 15 milhões de euros.

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Carlos Gomes da Silva ‘vice’ de Villas-Boas, notáveis no Conselho Consultivo

Ex-presidente da Galp, Carlos Gomes da Silva é um dos nomes propostos para a SAD do FC Porto. Na lista ao conselho consultivo, estão Mário Ferreira, Carlos Mota Santos, António Portela e João Talone.

André Villas-Boas apresentou a lista aos órgãos sociais da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do FC Porto a ser votada na assembleia geral a realizar no dia 28 de maio para o quadriénio 2024/2028: Carlos Gomes da Silva como vice-presidente e Ana Lehman como administradora são duas das novidades propostas pelo recém-eleito presidente dos dragões, de acordo com um comunicado enviado à CMVM.

O conselho de administração da SAD do FC Porto terá, assim, cinco membros: Além de André Villas-Boas, presidente, são propostos os nomes de Carlos Gomes da Silva, José Pedro Pereira da Costa (também na comissão executiva), Ana Lehman e Maria do Rosário Moreira. Já a proposta de Villas-Boas para presidente da Comissão de Vencimentos é Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia do Porto, enquanto o presidente do Conselho Fiscal será Angelino Ferreira.

No Conselho Consultivo, já se sabia que seria presidido por Freire de Sousa. A lista de notáveis é extensa, e inclui nomes como Mário Ferreira, Carlos Mota Santos, António Portela, Ângelo Paupério, Fernando Teixeira dos Santos e João Talone.

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O maior desafio do cross media measurement passa pela confiança no sistema

A ideia foi defendida numa mesa redonda do Better Marketing, conferência organizada pela Associação Portuguesa de Anunciantes.

Sérgio Carvalho, diretor de marketing da Fidelidade, foi o moderador da mesa redonda dedicada ao tema do cross media measurement.

O maior desafio com o cross media measurement (capacidade de avaliar as campanhas nos variados meios ou canais) passa pela credibilidade e confiança no sistema a ser implantado, defendeu-se numa mesa redonda do Better Marketing, conferência organizada pela Associação Portuguesa de Anunciantes – APAN.

“Vejo aqui alguns desafios mas não tanto tecnológicos ou técnicos, porque a tecnologia evoluiu de uma maneira que torna isto possível. O desafio é conseguir mostrar ou criar a credibilidade no sistema. Isto foi talvez a coisa mais difícil quando se montou o sistema de audiências em Portugal em que – apesar de ser sofisticado e comprovado em vários países – se investiu muita energia para se conseguir que toda a indústria acreditasse que o sistema protegia os dados, representava bem a população”, afirmou Inês Lima, diretora-geral da McDonald’s.

Francisco Pedro Balsemão foi concordante com a ideia de que deve existir uma base de confiança entre os diferentes players de mercado, defendendo que a mesma deve ser construída através da CAEM (Comissão de Análise de Estudos de Meios), responsável pela regulação, até porque “há sempre alguns interesses que não são convergentes”, entre os stakeholders.

Sendo a SIC uma “marca de confiança”, e neste que é um processo em que ainda é preciso trabalhar, a Imprensa parte de uma base de confiança que já existe para esse “novo mundo” de medição de audiências, considera o CEO do grupo.

Nós, enquanto meio, queremos não estar só envolvidos, mas a liderar estas conversas. Estamos a falar aqui de investimentos dos anunciantes e de planeamento das agências e queremos fazer isto bem feito. Mas, no final do dia, este é o nosso negócio, somos nós que estamos a gerar as audiências, são os nossos conteúdos, são os nossos investimentos”, disse ainda Francisco Pedro Balsemão

Na opinião de Inês Lima, o cross media measurement é um tema cada vez mais importante para os anunciantes, uma vez que há uma proliferação cada vez maior de meios e formatos e que os orçamentos não acompanham esta variedade.

A nossa comunicação está menos eficaz, por um lado. Por outro, a parte da análise tornou-se muito mais complexa e difícil. O que acho mais importante é que estamos a dar um mau serviço de publicidade aos consumidores, porque na realidade estamos a duplicar muitos contactos e muitas vezes não temos o alcance que queremos“, afirmou ainda a responsável da McDonald’s.

Já Sandra Leal Vera-Cruz, diretora-geral da Mondelez Portugal, defendeu que o que se pretende é que cada euro investido tenha o melhor retorno possível em termos de contacto e atenção – sendo que, até certo ponto, há um limite de saturação em cada meio – pelo que o cross media measurement ajuda a perceber como se pode ir investindo e crescendo noutros meios que permitam chegar a novos consumidores.

O cross media measurement vai permitir ter a comparabilidade entre meios para sabermos onde investir, de acordo com os targets a que queremos chegar“, afirmou.

Sandra Leal Vera-Cruz disse também que a perspetiva legal também é uma das grandes preocupações, sendo “fundamental este trabalho inicial de uma boa base, para daí para a frente podermos todos, à confiança, entrar“.

A diretora-geral da Mondelez Portugal referiu ainda que este modelo mede a atenção e o reach, mas que “é também importante medir a conversão dos consumidores, em termos de consumo efetivo ou compra efetiva”.

Sobre esta questão, Francisco Pedro Balsemão ressalvou que existem diferentes formas de ver se os objetivos são cumpridos, até porque às vezes o objetivo da comunicação das marcas não passa só (ou tanto) pela conversão e pelas vendas, mas também pela construção de marca.

Segundo o CEO da Impresa, e fazendo menção ao trabalho desenvolvido pelo grupo em transportar o conteúdo audiovisual para outras plataformas – como a acontece com a Opto -, o cross media measurement é uma oportunidade para se “medir de forma transversal e uniforme aquilo que são os nossos conteúdos noutras plataformas e sermos devidamente monetizados, porque, de facto, estamos também a investir nessas plataformas”.

Para Inês Lima esta ferramenta de medição de audiências pode vir a ser a moeda futura da indústria, numa verdadeira “moeda única para meios, agências e marcas, para planear, medir, comprar“. Para isso “é preciso garantir que continuamos todos alinhados ao longo deste processo, no desenvolvimento de um mecanismo que todos continuamos a acreditar como sendo aquele que reflete a realidade“, disse a diretora-geral da McDonald’s.

Já Francisco Teixeira, por seu lado, afirmou não acreditar na ideia de uma métrica “única” e “mágica”, devido à existência de muitas variáveis. “Acredito mesmo que vai ser difícil esta ideia de ter o Santo Graal. De uma forma muito pragmática, acho que temos de ir fazendo este caminho com a cabeça muito aberta, não esquecendo nunca que o consumidor muda, e estar à frente da mudança é sempre a forma mais fácil de acompanharmos e beneficiarmos“.

Ainda antes disso, o CEO do GroupM disse que o que toda a gente quer são resultados “eficazes” e “eficientes” e que se faça um bom uso do dinheiro, algo que só é possível “se tivermos resultados rastreáveis”.

Não há nenhuma dúvida se queremos ou não queremos. Como e quando são as duas únicas dúvidas que persistem“, defendeu, e isto “porque o diabo às vezes vive nos detalhes, e uma boa ideia morre muitas das vezes pela forma como foi implementada”.

O CEO do GroupM avançou ainda que não é só importante medir aquilo que acontece em cada um dos canais mas também, e acima de tudo, “termos a capacidade de não desvalorizar o conteúdo“, tendo em conta que “hoje em dia é evidente que o conteúdo vai muito além do canal”.

Já Philippe Infante defendeu que no que toca à publicidade exterior também já existe uma medição muito robusta – principalmente através da digitalização e com o programático – referindo que já há vários anos que houve falar nestas ferramentas e adiantando que “queremos entrar e participar”.

“No entanto, é importante lembrarmo-nos dos aspetos específicos de cada meio”, prosseguiu, acrescentando que podem ser integrados na análise para o cross media measurement outros critérios para ajudar à tomada de decisão, como o da pegada ambiental, acrescentando que a publicidade exterior é o meio mais amigo do ambiente e que é um meio que emprega muito localmente.

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