Plataformas recusam integrar estafetas. Ações abertas pela ACT já estão a chegar a tribunal

ACT abriu mais de mil ações de reconhecimento de contratos de trabalho entre estafetas e plataformas digitais, mas estas têm contestado existência de uma relação de trabalho dependente.

Apesar das notificações enviadas pelos inspetores da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), as plataformas digitais insistem que os estafetas não são trabalhadores por conta de outrem, mas trabalhadores independentes. As ações desencadeadas com vista ao reconhecimento de contrato de trabalho já estão, por isso, a chegar aos tribunais. Em Lisboa, por exemplo, já foram distribuídos mais de dezena e meia de processos, que têm como réus a Glovo e a Uber Eats.

A meio de novembro, a ministra do Trabalho anunciou no Parlamento que já tinham sido desencadeadas cerca de mil ações de reconhecimento de contratos de trabalho entre os estafetas e as plataformas digitais. Mas, entre a abertura dessas ações e os resultados efetivos, há ainda um caminho a percorrer.

Em declarações ao ECO, o Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT) já tinha explicado que, após notificação da ACT, as plataformas digitais teriam dez dias para regularizar a situação ou pronunciar-se “dizendo o que tiverem por conveniente“.

Findo esse prazo, “sem que a situação do trabalhador se mostre devidamente regularizada, a ACT remete em cinco dias a participação dos factos para os serviços do Ministério Público junto do tribunal do lugar da prestação da atividade“, adiantou a estrutura sindical.

Ora, no momento em que Ana Mendes Godinho foi ao Parlamento anunciar as tais mil ações abertas pela ACT, a maioria destas (“a quase totalidade”, segundo o SIT) ainda estava na primeira dessas fases.

Mas, entretanto, esses processos já começaram a chegar aos tribunais, o que significa que, mesmo depois de terem sido notificadas, as plataformas digitais recusaram integrar os estafetas como trabalhadores, considerando que o que está em causa é trabalho independente, e não trabalho por conta de outrem.

“Ou seja, após notificação, a plataforma não reconheceu a existência de um contrato de trabalho com o estafeta“, esclarece o advogado Tiago Cochofel de Azevedo, da Antas da Cunha ECIJA, que ressalva que a plataforma pode sempre afastar a presunção de trabalho, “demonstrando que a natureza do vínculo com o estafeta não é laboral”.

E agora que os processos já estão distribuídos, as etapas que se seguem poderão ser “particularmente céleres”, de acordo com esse advogado. Isto uma vez que “não há realização de audiência de partes“.

Os passos seguintes seguintes são: petição inicial, contestação (isto é, a fase de articulados) e audiência final no prazo de 30 dias. “A celeridade é tal que o juiz pode, inclusive, decidir logo o mérito da causa a seguir aos articulados“, sublinha Tiago Cochofel de Azevedo.

Apesar do “fim meritório”, lei tem falhas

Para o advogado, apesar de ter um “fim meritório”, a nova lei tem falhas. Por exemplo, caso fique demonstrada a existência de contrato de trabalho entre plataforma e estafeta, “passam a ser aplicáveis as normas do Código do Trabalho compatíveis com a natureza da atividade desempenhada“, opção que, na sua visão, gera “incerteza e interrogação“.

“Parece-me que mais do que ver o mundo de modo dicotómico, seria porventura mais adequado reconhecer os diversos tons de cinzento e matizes das modernas relações laborais, prevendo um regime especial e adaptado ao trabalho em plataforma. Forçar a aplicação de um conjunto de normas a uma realidade para a qual não foram pensadas irá certamente trazer desafios exigentes, muitos dos quais evitáveis“, salienta o advogado.

Convém explicar que em maio entrou em vigor um pacote de alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno, que abre a porta a que os estafetas sejam considerados trabalhadores das plataformas digitais, desde que sejam identificados alguns indícios de subordinação. Por exemplo, se a plataforma fixa a retribuição, tem poder disciplinar ou controla a prestação de serviço, pode estar em causa um laço de subordinação.

Da parte das plataformas, a Associação Portuguesas das Aplicações Digitais (APAD) — que junta a Bolt, a Glovo e a Uber — continua a garantir que cumpre “escrupulosamente a lei em vigor” e frisa que “esta não impede o trabalho independente“.

Aliás, os responsáveis assinalam que, segundo um estudo do ISCTE, nove em cada dez estafetas preferem manter a sua atividade de estafeta num regime de freelancer.

“Os estafetas indicam que a flexibilidade e os rendimentos são exatamente as características que mais valorizaram no trabalho através de plataformas. Sendo este o modelo desejado pela esmagadora maioria de estafetas, deve ser preservado e melhorado, não eliminado”, defendeu a APAD em declarações recentes ao ECO.

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Municípios já receberam 138 milhões de euros para aumentarem acesso à habitação

Este montante foi transferido dos cofres do Estado ao abrigo do programa 1.º Direito, sendo que 36,9 milhões de euros tiveram como destino 36 municípios a título de adiantamento.

Os municípios já receberam cerca de 138 milhões de euros no âmbito do programa 1.º Direito, avançou ao ECO fonte oficial do Ministério da Habitação, sendo que quase 27% deste montante foram atribuídos como adiantamentos.

O 1.º Direito, um dos programas desenhados pelo Governo em 2018 e gerido pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), é executado, sobretudo, pelas autarquias para apoiar as famílias no acesso à habitação. Assim, “até 23 de novembro, já foram transferidos para os municípios cerca de 138 milhões de euros no âmbito do 1º Direito”, avançou fonte oficial do Ministério liderado por Marina Gonçalves.

Deste montante, 36,9 milhões de euros foram transferidos a título de adiantamento, isto porque, desde maio, as entidades que se candidatam ao 1.º Direito — autarquias, empresas municipais, instituições particulares de solidariedade social ou misericórdias — passaram a poder receber um adiantamento de 25% do investimento previsto, à semelhança do que acontece com os restantes beneficiários do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Segundo o Ministério da Habitação, estes 36,9 milhões de adiantamentos foram pagos a 36 municípios, sem adiantar quais.

Por exemplo, a maior autarquia do país não está incluída no grupo destas 36 Câmaras. “O Município de Lisboa ainda não submeteu nenhum” pedido de adiantamento, disse ao ECO fonte oficial da Câmara liderada por Carlos Moedas. Está, neste momento, a “aguardar a aprovação por parte do IHRU de 20 candidaturas submetidas referentes a 677 habitações para, então, decidir o pedido de adiantamento”, acrescentou a mesma fonte.

Em termos globais, “o Município de Lisboa tem candidatado até ao momento um investimento de 226 milhões de euros para 1.694 fogos habitacionais”, acrescentou a mesma fonte oficial, precisando que, no programa 1.º Direito já foram “reembolsados 18,38 milhões referentes a um conjunto de 12 contratos aprovados para 526 habitações; no programa PRR somam 35,88 milhões referentes a 27 contratos aprovados para 1.040 habitações”.

O Programa 1.º Direito tinha a 9 de novembro uma execução de 116 milhões de euros, tendo sido concluídas e entregues 2.100 habitações, segundo o balanço feito pela ministra da Habitação, no Parlamento. Marina Gonçalves disse que a perspetiva era “duplicar” os 116 milhões “até final do ano, tendo em conta também as novas regras do 1.º Direito”.

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Fraude de ex-gestor em Espanha. Novobanco obrigado a caução de 19 milhões concedida por outro banco

Um antigo gestor do Novobanco em Espanha terá burlado 80 clientes em 50 milhões. Tribunal obrigou o banco a apresentar uma caução de 19 milhões concedida por terceiros.

O Novobanco foi obrigado a prestar uma caução de 19 milhões de euros por conta de uma fraude milionária cometida por um antigo gestor de um balcão em Espanha. O banco português tentou que fosse ele próprio a assegurar essa fiança, mas o pedido foi agora rejeitado pelo tribunal espanhol. A caução terá de ser concedida por uma terceira parte, determinou a juíza que acompanha este caso cujo ator principal – Jacobo Vidal, ex-gestor da agência da cidade de Santander – foi comparado ao “Lobo de Wall Street”.

Este caso foi descoberto no início de 2020. Através de um esquema de pirâmide, que terá durado mais de uma década, Jacobo Vidal terá burlado 80 clientes da região de Santander em cerca de 50 milhões de euros. Entretanto, já foi despedido do banco, depois de ter revelado o esquema às autoridades, logo após o Novobanco ter encerrado aquele balcão.

Na altura, o então CEO António Ramalho deslocou-se ao país vizinho para se inteirar dos acontecimentos e tomou diretamente conta deste dossiê desde a primeira hora. O banco avançou com auditorias interna e forense para apurar responsabilidades, cujos resultados ainda não são conhecidos, pelo menos publicamente.

Seguiu-se o processo em tribunal da parte dos clientes afetados pela fraude e no qual o Novobanco surge na dupla condição de acusador (contra o ex-funcionário) e de responsável subsidiário. E por conta disso foi obrigado, em 2021, a apresentar uma fiança de 19 milhões de euros. O banco queria dar ele próprio essa garantia por uma eventual responsabilidade sua nesta fraude. A outra parte recorreu porque essa fiança deveria ser concedida por um terceiro. No mês passado, a juíza responsável por este caso rejeitou as pretensões do banco português, de acordo com o jornal Europa Press (acesso livre, conteúdo em espanhol).

Jacobo Vidal está a ser investigado por fraude, falsificação de documentos e gestão desleal, mas também o Novobanco está a ser investigado. Quando transmitiu as irregularidades perante o Ministério Público e admitiu-as no tribunal, aquele antigo gestor implicou também o banco porque sabia o que fazia e “olhava para o lado” devido às vantagens que a sua atividade lhe trazia, conta o mesmo jornal.

Prometia juros de 14%, vítimas reclamam 50 milhões

As vítimas de Jacobo Vidal são sobretudo famílias abastadas daquela região do Norte de Espanha, e outros empresários com quem o ex-banqueiro tinha trabalhado no passado. Reclamam 50 milhões de euros. Estes clientes com grandes fortunas foram atraídos pela promessa de retornos de investimento até 14%. As poupanças eram aplicadas em produtos de risco, e Jacobo Vidal foi ocultando as perdas, pagando os juros com o dinheiro dos novos clientes.

Logo na altura, o Novobanco disponibilizou-se em devolver o capital aplicado, mas não os juros prometidos pelo ex-gestor, segundo relatou a imprensa local. Mas o caso é complexo. O banco escuda-se no facto de algumas das vítimas terem um perfil de investidor mais sofisticado e com conhecimentos financeiros suficientes para terem suspeitado dos elevados retornos que Jacobo Vidal prometia.

Entretanto, o Novobanco Espanha foi vendido ao Abanca em 2021, mas as contingências relacionadas com este caso permaneceram na esfera do Novobanco, que não comenta os últimos desenvolvimentos deste processo.

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Na COP 28 chovem milhares de milhões. Mas são precisos biliões

A cimeira do clima tem sido rica em anúncios de financiamento. Apesar de bem-vindos, ainda estão muito aquém das necessidades.

O financiamento climático é um dos grandes “palavrões” em destaque na 28.ª cimeira mundial do clima, a COP2 8. A transição para um mundo sem emissões poluentes, e as consequências que as alterações climáticas já se fazem sentir, exigem, além de vontade e compromissos, muito dinheiro para os concretizar. Vão chovendo dólares na cimeira, mas, tal como acontece num planeta cada vez mais quente, esta chuva (de dinheiro) é escassa. Conheça os números em cima da mesa.

O balanço, dado pelo próprio presidente da COP 28, aponta para 57 mil milhões de dólares como o total do financiamento angariado para todo um conjunto de fins desde a área da mitigação, adaptação e perdas de danos nos quatro primeiros dias da conferência. “Parece um número elevado mas fica muito aquém do necessário“, relativiza a organização não-governamental Zero, que participa nesta COP.

A maior fatia diz respeito a um novo fundo climático, o Alterra, para o qual os Emirados Árabes Unidos (EAU) reservam 30 mil milhões de dólares. Este fundo destina-se a financiar projetos que reduzam emissões poluentes, especialmente em países do hemisfério sul. Até ao fim da década, o fundo deverá angariar 250 mil milhões, esperam os EAU.

Mas primeira conquista neste âmbito foi apresentada logo no primeiro dia: angariaram-se cerca de 300 milhões de dólares destinados ao fundo de Perdas e Danos, que foi criado na última COP28 com o objetivo de ajudar os países mais vulneráveis a enfrentarem os efeitos, já bem palpáveis, das alterações climáticas. Mas, na COP27, ficou-se mesmo só pelo compromisso de levar isto avante, sem qualquer resposta ao “como?”. Na COP28 deram-se, por isso, passos importantes, o de juntar fundos e o de definir a entidade responsável pela gestão do fundo, o Banco Mundial. No conjunto dos primeiros quatro dias, já estão prometidos 800 milhões neste âmbito.

Esforço financeiro ainda muito aquém

Apesar das verbas comprometidas, nem tudo são boas notícias. Para começar, o valor reservado para as Perdas e Danos é manifestamente baixo em comparação com as necessidades identificadas — hoje em dia, os desastres climáticos já custam 400 mil milhões por ano, um número com tendência a agravar-se. E, entre os contribuintes para este fundo, assinala-se uma discrepância notória: os Estados Unidos, o país com maior responsabilidade na crise climática, vão ceder apenas 17,5 milhões para este fundo, que contrasta negativamente com os 100 milhões avançados tanto pelos Emirados Árabes Unidos como pela Alemanha. Só Portugal, abriu mão de cinco milhões.

Isto, olhando apenas à primeira conquista da COP. Mas, havendo um afastamento para ver o cenário completo, a discrepância dos números com a realidade é mais gritante. Para fazer investimentos a favor da transição para a neutralidade carbónica, e que incidam em ativos de energia e no uso dos solos, serão necessários 275 biliões de dólares entre 2021 e 2050, ou seja, 9,2 biliões de dólares por ano, estima a Mckinsey no relatório “A transição para o net-zero: quanto custará e o que trará”. Isto significa mais 3,5 biliões anuais do que aquilo que está a ser despendido atualmente. 3,5 biliões é um número alto, o equivalente, em 2020, a metade dos lucros das empresas a nível mundial, ou a um quarto das receitas obtidas com impostos.

Muitos investimentos têm perfis de retorno positivos e não deviam ser vistos como meros custos.

Mckinsey

Relatório A transição para o net-zero: O que custará e o que trará

E, no entanto, a realidade parece desenrolar-se no sentido contrário. A Global Sustainable Investment Alliance regista uma quebra no mercado global para investimentos sustentáveis (ESG). Em 2022, 30,3 biliões de dólares foram alocados em ativos ESG, menos que os 35,3 biliões registados em 2020. Nos Estados Unidos a descida é ainda mais expressiva: os 17 biliões investidos em sustentabilidade em 2020 reduziram-se a 8,4 biliões no ano passado. Por um lado, a queda está relacionada com o uso de uma diferente metodologia para fazer estas estimativas. Mas o lóbi da indústria fóssil e as opiniões negativas quanto à sustentabilidade do lado do partido Republicano estarão a contribuir para o descrédito destes investimentos.

Muitos investimentos têm perfis de retorno positivos e não deviam ser vistos como meros custos“, lê-se no relatório da Mckinsey. E há um bónus. “A inovação tecnológica pode reduzir os custos de capital para as tecnologias mais rápido que o esperado”, acrescentam.

Da blended finance à resiliência

Há “todo um novo mundo de finanças da transição a ser criado à medida que nós falamos”, garantiu Mark Carney, enviado especial das Nações Unidas para a Ação Climática e Finanças, conhecido também como antigo governador do Banco de Inglaterra. Carney falava num dos fóruns da cimeira.

Na mesma sede, falou esta segunda-feira a co-responsável por Investimento Sustentável e ESG na gestora de ativos Lazard Asset Management. Para Nikita Singhal, a crise climática é vista, demasiadas vezes, como um risco para os portefólios, enquanto as oportunidades de lucrar não têm tanta atenção.

Mark Carney, enviado especial das Nações Unidas para a Ação Climática e Finanças, na COP28 Foto: COP28 / Mahmoud Khaled

Mas há algumas ideias em cima da mesa para escalar o investimento no clima. De acordo com a Bloomberg, um dos termos que tem sido mais discutido é “blended finance”, que se refere a estruturas que juntam fundos públicos e privados. As instituições públicas podem diminuir o perfil de risco de determinados projetos avançando com algumas garantias ou seguros que deem mais confiança ao capital privado, defendem personalidades como Larry Fink, gestor do Blackrock, ou Noel Quinn, que está à frente do banco HSBC. “Uma proposta que tem marinado na última década, mas que está a ganhar tração”, escreve a Bloomberg. “Governos e empresas terão de agir em conjunto e com uma união singular”, reforça a Mckinsey, no já citado relatório.

Para a consultora, as instituições financeiras em particular têm “um papel central no suporte à realocação de capital em larga escala, ao mesmo tempo que gerem os próprios riscos e oportunidades”. Já “os governos e as instituições multilateriais poderiam usar ferramentas regulatórias, de políticas públicas e fiscais, existentes e novas, para estabelecer incentivos, apoiar os agentes mais vulneráveis e procurar uma ação coletiva”.

Em paralelo, a Blackrock lançou, já este mês, o relatório “Resiliência climática: um tema de investimento emergente”, defendendo que investimentos em, por exemplo, infraestrutura mais resiliente face às alterações climáticas são complementares ao investimento na descarbonização, e que estarão a ser “subvalorizados” pelos mercados financeiros.

Meta coletiva a fervilhar

Apesar da oportunidade e necessidade que são identificadas, ainda não é nesta COP que as partes avançam com um “Novo Objetivo Coletivo Quantificado de Finanças Climáticas” (NCQG, na sigla em inglês). Em 2016, as várias nações concordaram que, até 2025, deveria ser definido este objetivo, que começaria com um mínimo de 100 mil milhões de dólares por ano.

Em 2022, marcou-se 2024 como o ano das grandes decisões sobre este tema. Assim, na COP deste ano, algumas partes defendem que se adiante parte dos trabalhos, por exemplo, a criação de uma linha cronológica para a aplicação do objetivo e os princípios gerais.

Mas não parecem sobrar muitas opções senão investir na transição. De acordo com os cálculos da Blackrock, os danos económicos relacionados com o clima podem levar o Produto Interno Bruto (PIB) mundial a retrair-se, em média, 5% variando muito consoante a região.

Na visão da Mckinsey, partilhada no já citado relatório, “mudanças económicas podem ser substancialmente mais acentuadas no caso de uma transição desordeira. (…) Os custos económicos e sociais de uma transição adiada e abrupta aumentariam o risco de ativos parados, disrupções com os trabalhadores e uma revolta que adiaria mais a transição”. Aliás, os riscos existem mesmo no caso de uma transição gradual. Caso o decréscimo de tecnologias altas em emissões não seja adequadamente compensado por tecnologias de baixas emissões, podem verifica-se “escassez, aumentos de preços e volatilidade”.

Neste sentido, conclui a consultora, “muito depende de como a transição é gerida“.

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Aeroporto em Alcochete cria riqueza de 1,3 mil milhões e 30.500 empregos. É o que tem maior impacto económico

A opção por Alcochete é a que cria mais riqueza e emprego. Santarém é a que tem menos impacto, mas beneficiaria mais a coesão territorial.

A construção de um aeroporto em Alcochete é a opção com maior impacto económico, concluem os estudos realizados no âmbito da Avaliação Ambiental Estratégica para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, divulgados esta terça-feira.

O relatório estimou os impactos totais das oito opções estratégicas estudadas em vários períodos, nomeadamente quando a solução final estivesse já estabilizada, em 2040. O Campo de Tiro de Alcochete sobressai como aquele que cria mais riqueza – 1,3 mil milhões de euros – e também o que gera mais emprego: 30.490 postos de trabalho.

A diferença em relação às outras soluções não é muito significativa, “porque também a previsão de passageiros associada a cada uma das localizações é relativamente próxima”, assinala o relatório. Ainda assim, a riqueza criada por Alcochete é 8% superior à opção com menos impacto, uma conjugação do Humberto Delgado com Santarém.

A opção pela base da Força Aérea em Alcochete é também a que gera maior impacto regional, criando uma riqueza de mil milhões de euros para a Área Metropolitana de Lisboa e 23.502 empregos. Por outro lado, uma combinação do Humberto Delgado com Santarém “é a que apresenta maior vantagem em termos de coesão territorial”, “dada a menor densidade económica e peso na economia nacional da região envolvente da localização Santarém”.

Alcochete é também o aeroporto cuja operação gera mais receitais fiscais por ano, no cenário para 2040: 368,65 milhões, repartidos entre 138 milhões para IVA e 230,6 milhões para outros impostos.

A Comissão Técnica Independente (CTI), responsável pela Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), afirmou na terça-feira que uma combinação da Portela com uma nova infraestrutura em Alcochete é a que tem mais vantagens tendo em conta os vários critérios analisados.

Esta opção gera ligeiramente menos emprego (28.911 postos de trabalho) e riqueza (1,237 milhões de euros) do que Alcochete sozinho. No entanto, é preciso ter em conta a perda que geraria a saída do aeroporto da Portela, dada a centralidade do Humberto Delgado em termos de localização e pela elevada densidade económica da região de Lisboa. Ou seja, “a transferência de passageiros para uma localização mais distante de Lisboa resultará num efeito negativo”. Daí que, globalmente, a opção dual Humberto Delgado e Campo de tiro de Alcochete “é a que resulta em maior impacto macroeconómico”.

Das opções únicas, o Campo de Tiro de Alcochete destaca-se pela sua maior proximidade a Lisboa e também pela sua maior densidade económica, gerando maiores impactos regionais, fomentando, ao mesmo tempo, a coesão regional.

Relatório da Comissão Técnica Independente

“Das opções únicas, o Campo de Tiro de Alcochete destaca-se pela sua maior proximidade a Lisboa e também pela sua maior densidade económica, gerando maiores impactos regionais, fomentando, ao mesmo tempo, a coesão regional”, conclui a análise coordenada por Fernando Alexandre, da Universidade do Minho.

O relatório da CTI estima que sejam necessários sete anos para a construção da primeira pista na localização na margem sul, com um custo total para o aeroporto de 8 mil milhões de euros.

A Avaliação Ambiental Estratégica foi lançada no ano passado pelo Governo, num acordo com o PSD, para servir de base à decisão política sobre o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, onde a única infraestrutura está já sobrelotada.

Foram analisadas oito opções estratégicas em seis localizações: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas.

Para a análise das várias opções foram considerados cinco fatores críticos de avaliação: segurança aeronáutica; acessibilidade e território; saúde humana e viabilidade ambiental; conectividade e desenvolvimento económico; investimento público e modelo de financiamento. Cada um daqueles fatores inclui vários critérios, num total de 24, avaliados à luz de uma bateria de 88 indicadores.

Com a demissão de António Costa, a decisão política passa para o Executivo que sair das eleições antecipadas de 10 de março. O desejo de conciliar uma decisão entre PS e PSD mantém-se.

O relatório que será apresentado esta quarta-feira ainda é preliminar. Após a realização da conferência no LNEC, o relatório será disponibilizado para consulta pública até dia 19. Só depois será elaborado o relatório final, previsto para março.

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ANA arrisca perder novo aeroporto de Lisboa se discordar da decisão

Caso o Governo opte por esta localização e a concessionária não concordar, o Estado fica livre para lançar um concurso público e selecionar outro operador. A gestora terá de ser indemnizada.

Caso o Governo decida localizar o novo aeroporto da região de Lisboa em Alcochete e a ANA não concordar, a gestora dos aeroportos do País arrisca perder a concessão da nova infraestrutura, porque o Estado fica livre para contratualizar com outro operador, revelou esta terça-feira Raquel Carvalho, que integra a Comissão Técnica Independente (CTI) que apresentou o relatório preliminar sobre a expansão da capacidade aeroportuária da região de Lisboa. Neste caso, a concessionária terá direito a uma indemnização.

“Alcochete está dentro do território da concessão da ANA. Era bom que a ANA se entendesse com o concedente, caso contrário o Estado é livre de lançar concurso público internacional e escolher outro operador”, esclareceu a professora da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, depois de questionada pelo ECO sobre o que aconteceria se a ANA rejeitasse a solução Alcochete.

É conhecida a preferência da ANA pela localização no Montijo, até por ser mais barata e de mais fácil execução. Mas a CTI concluiu que a construção de uma infraestrutura naquele concelho, ainda que menos dispendiosa, na ordem dos quatro mil milhões contra os mais de oito mil milhões que custará Alcochete, seria apenas uma solução de curto prazo sem perspetivas de futuro. Ou seja, daqui por uns anos, o País voltaria a estar a braços com um aeroporto sobrelotado.

Entretanto, a concessionária, detida pelo grupo francês Vinci, já mostrou “a sua preocupação pela ausência de uma solução de curto prazo, perante as atuais necessidades do País”, segundo fonte oficial da empresa em declarações ao Negócios. “A comissão assumiu uma orientação, dando uma resposta a uma visão idealista de longo prazo, sem conseguir responder às problemáticas reais e pragmáticas do curto e médio prazo fundamentais para o País”, sublinhou.

A ANA revelou ainda que “foi ouvida durante o processo, mas não, lamentavelmente, na qualidade de especialista do setor”. Ainda assim, garante que fica à disposição do Estado português para partilhar o seu conhecimento das problemáticas complexas deste setor e implementar a solução que será objeto da sua decisão”.

Face à solução Alcochete, a ANA pode sempre apresentar uma localização alternativa, “quando a concessionária ‘considere que as especificações mínimas para o novo aeroporto de Lisboa não são, à data, a solução mais eficiente para o desenvolvimento da capacidade aeroportuária para a área de Lisboa'”, de acordo com um parecer jurídico, coordenado por Raquel Carvalho, anexo ao relatório preliminar da CTI.

Contudo, a opção apresentada pela ANA tem de garantir que não há um novo risco de congestionamento na Portela no espaço de 10 anos, a contar da data da conclusão do novo aeroporto (complementar ou principal), “o que parece difícil, senão mesmo impossível”, de acordo com o mesmo documento.

Neste cenário, o Estado pode pedir à ANA uma modificação da alternativa apresentada. “Tal implica a consensualização da modificação contratual e o eventual direito da concessionária à reposição do equilíbrio financeiro do contrato”, lê-se no parecer jurídico. Ou seja, o Governo pode solicitar à gestora que mude a alternativa para Alcochete, mas terá de compensar financeiramente a operadora pelos custos acrescidos que tal solução poderá implicar.

Caso não haja acordo, “a concessionária deixa de beneficiar da opção (right of first option) de desenvolver o novo aeroporto de Lisboa, nos termos do contrato de concessão”, segundo o parecer. A partir de então, o Estado pode “celebrar, a qualquer momento, acordos para aumentar a capacidade aeroportuária na zona de Lisboa com um terceiro”, conclui.

A partir daqui, o Estado pode então resolver o contrato de concessão, com efeitos que, salvo decisão sua em contrário, apenas deverão produzir-se antes “do início das atividades das linhas aéreas comerciais” em Alcochete e “do encerramento das atividades das linhas aéreas comerciais no Aeroporto da Portela” ou “do momento a partir do qual uma nova entidade concessionária, escolhida pelo Estado, inicie a exploração da concessão”, de acordo o mesmo parecer jurídico. “Neste cenário, ainda, a concessionária terá direito a uma indemnização”, conclui a análise coordenada por Raquel Carvalho.

Estado impedido de financiar nova infraestrutura em solução dual

O relatório da CTI conclui que a melhor solução para a expansão da capacidade aeroportuária da região de Lisboa é começar com uma estratégia dual Humberto Delgado + Campo de Tiro de Alcochete. Mas, no longo prazo, o objetivo é que aquele concelho passe a acolher o novo hub intercontinental, substituindo integralmente a Portela.

Uma estratégia deste calibre implica um investimento de mais de oito mil milhões de euros. E se o Estado injetasse dinheiro público para conseguir avançar com a obra? Bruxelas só autoriza numa situação de desmantelamento do Humberto Delgado e relocalização do aeroporto em Alcochete. Ou seja, a solução inicial dual não pode ser financiada pelo Estado.

“Qualquer financiamento público do funcionamento do aeroporto Humberto Delgado ou do novo aeroporto de Lisboa, que se enquadre nos requisitos de auxílio de Estado, será provavelmente considerado incompatível com o mercado interno, já que, para ser elegível para um auxílio ao funcionamento, o tráfego anual do aeroporto não deve exceder os três milhões de passageiros, e porque os auxílios ao funcionamento de aeroportos apenas são autorizados por um período transitório que, previsivelmente, se esgotará em 2027″, segundo um parecer jurídico assinado pelo professor Manuel Fontaine Campos, anexo ao relatório da CTI. De salientar que, em 2022, passaram pelo aeroporto Humberto Delgado mais de 28 milhões de passageiros.

“De facto, a Comissão Europeia assume que não são necessários auxílios ao investimento para aeroportos com um tráfego anual superior a cinco milhões de passageiros e não prevê sequer intensidades de auxílio para aeroportos com esse tráfego. No entanto, abre a possibilidade excecional de concessão de auxílios, cumpridos um conjunto de requisitos muito exigentes, que se julga difícil serem respeitados no caso do aeroporto Humberto Delgado”, de acordo com o mesmo documento.

Ou seja, o Estado não pode suportar os encargos com o novo aeroporto, numa solução dual, mas pode compensar financeiramente a operadora, como já foi escrito em cima, para “reposição do equilíbrio financeiro do contrato”.

Por outro lado, o Estado poderá injetar dinheiro público, no momento em que o aeroporto em Alcochete substituta integralmente o Humberto Delgado e este venha a ser desmantelado. De salientar que os custos com a destruição do aeroporto de Lisboa, na ordem dos 300 milhões de euros, terão de ser suportados pelo erário público.

A Comissão Europeia assume a necessidade de um auxílio estatal em caso de relocalização de um aeroporto existente e a proporcionalidade da cobertura do défice de financiamento calculado”, indica o professor da Faculdade de Direito da Universidade Católica.

“Sendo plausível o cumprimento dos restantes requisitos, desde a contribuição para a realização de um objetivo de interesse comum, como aumentar a mobilidade dos cidadãos da União Europeia (UE) ou combater o congestionamento do tráfego aéreo nos principais aeroportos da UE, passando pela adequação e pela produção de um efeito de incentivo, até à prevenção de efeitos negativos sobre a concorrência e as trocas comerciais, o cumprimento cumulativo desses requisitos conduzirá a um juízo positivo de compatibilidade pela Comissão Europeia”, conclui o documento.

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Stoneshield investe 50 milhões em duas residências universitárias no Porto

Stoneshield Capital, de Filipe Morenés, filho da presidente do Santander, Ana Botín, e de Juan Pepa, investiu 50 milhões na aquisição de duas residências universitárias no Porto, com 500 camas.

Residência Big City Asprela conta com 230 quartos e 251 camas.DR

O fundo liderado por Filipe Morenés, filho da presidente do Santander, Ana Botín, e por Juan Pepa investiu 50 milhões de euros na aquisição de duas residências universitárias no Porto, a Big City Asprela e Milestone Porto Asprela, segundo anunciou esta quarta-feira.

A compra foi concretizada através da ESAF (Evergeen Student Housing Core+), fundo apoiado pela Stoneshield Capital (de Filipe Morenés e Juan Pepa) e financiado por investidores institucionais do UBS Asset Management.

Localizadas junto ao Campus Universitário da Asprela, as duas residências universitárias dispõem de um total de 500 camas, com quartos premium e espaços comuns, cumprindo os requisitos de sustentabilidade do fundo. Vão ser geridas pela Micampus, que já faz a gestão das outras 46 residências detidas pela ESAF, distribuídas por 24 cidades em Espanha e Portugal.

Residência Milestone Porto Asprela tem 200 camas.DR

“O mercado português tem sido um dos principais para a Stoneshield e continua a ser um dos locais de investimento mais atrativos da Europa”, frisou Felipe Morenés, cofundador da Stoneshield Capital, destacando que Portugal apresenta das maiores taxas de crescimento do PIB na região e regista uma evolução positiva da taxa de desemprego, entre outros fatores.

“Planeamos continuar a investir e a apoiar o crescimento das empresas do nosso portfólio no país”, acrescentou o mesmo responsável que co-lidera uma sociedade que gere cerca de três mil milhões de euros de investimentos que vão da habitação até à logística, empregando mais de 1.000 pessoas nas suas operações.

Do total de investimentos, cerca de mil milhões estão alocados nos chamados Purpose Built Student Accommodation (PBSA). “Esperamos duplicar a curto prazo”, apontou o outro co-fundador da Stoneshield, Juan Pepa. O objetivo passa por ser líder do setor PBSA no mercado do Sul da Europa, onde a ESAF conta com mais de 9.200 camas e 53 mil residentes.

“É a região mais carenciada do continente, e com um sistema universitário sólido e em crescimento”, afirmou Pepa.

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Biden admite corrida às presidenciais só por causa de Trump

"Se Trump não se candidatasse, não sei se me candidataria. Não podemos deixar que ganhe, pelo bem do nosso país", disse o presidente norte-americano.

O presidente dos Estados Unidos admitiu que só se candidatará a um segundo mandato na Casa Branca por causa de Donald Trump. Joe Biden, que celebrou o 81º aniversário no passado mês de novembro, admitiu esta terça-feira, numa angariação de fundos em Massachusetts, que não avançaria para uma corrida às presidenciais em 2024 se o seu antecessor não estivesse a preparar uma candidatura apoiada pelos republicanos, nas próximas eleições.

Se Trump não se candidatasse, não sei se me candidataria. Não podemos deixar que ganhe, pelo bem do nosso país“, cita a Bloomberg as declarações do atual inquilino da Casa Branca.

Numa sondagem conduzida pela Ipsos, encomendada pela Reuters e divulgada a 15 de novembro, foi revelado que uma disputa eleitoral entre Joe Biden e Donald Trump seria renhida, com o republicano a ganhar 51% das intenções de voto enquanto o atual presidente conseguiu 49%.

No inquérito, os eleitores inclinados a votar em Joe Biden dizem que o fazem para impedir que Donald Trump regresse à Casa Branca. As eleições nos Estados Unidos estão agendadas para 5 de novembro de 2023, sendo o presidente empossado em janeiro de 2025.

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Lisboa ameaça dificultar entrada de passageiros de cruzeiros se não pagarem taxa turística

  • Lusa
  • 5 Dezembro 2023

"É realmente vergonhoso que haja uma resistência tão grande por parte dos operadores a não pagar essa taxa turística", disse Carlos Moedas sobre o turismo de cruzeiros.

O presidente da Câmara de Lisboa lamentou esta terça-feira a resistência dos operadores de cruzeiros na cobrança da taxa turística aos passageiros que desembarcam na cidade e anunciou que, se não o fizerem, vai dificultar as entradas. “É realmente vergonhoso que haja uma resistência tão grande por parte dos operadores a não pagar essa taxa turística”, afirmou Carlos Moedas, referindo-se ao turismo de cruzeiros em Lisboa.

Na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, para apresentar e responder sobre o trabalho do executivo camarário entre setembro e outubro, o autarca foi questionado pela deputada do PS, Simonetta Luz Afonso, sobre a cobrança da taxa turística aos passageiros de cruzeiros. Em resposta, o presidente da câmara disse que é “uma luta comum a todos” para que os cruzeiros paguem a taxa turística, de dois euros por noite, indicando que o valor anual a arrecadar rondará um milhão de euros.

“A partir de janeiro, já anunciei que, se [os operadores de cruzeiros] não o fizerem, eu vou fazer aquilo que tenho no meu poder que é dificultar de certa forma as entradas. Não posso ir para lá à porta a receber dinheiro das pessoas, obviamente isso não faria sentido. Posso dificultar a mobilidade dos próprios autocarros e vou fazê-lo se eles não pagarem”, declarou Carlos Moedas.

Na cidade de Lisboa, a taxa turística começou a ser aplicada em janeiro de 2016 sobre as dormidas de turistas nacionais (incluindo lisboetas) e estrangeiros nas unidades hoteleiras ou de alojamento local. Inicialmente era de um euro por noite, mas a partir de janeiro de 2019 aumentou para dois euros.

Relativamente à eletrificação do Terminal de Cruzeiros de Lisboa, para minimizar a poluição causada pelo transporte marítimo, o social-democrata indicou que o município está a colaborar com o Governo e explicou que o processo demora porque há muitas instituições à volta da mesa.

A deputada do PS Simonetta Luz Afonso questionou também sobre mobilidade, ação social, cultura, educação e habitação, concluindo a intervenção com palavras de apoio a Carlos Moedas: “Acreditamos no seu empenho e da sua equipa, partilhado connosco [PS] em prol da nossa Lisboa”.

O Partido Socialista, como vossa excelência, senhor presidente, quer uma Lisboa inclusiva, multicultural, cosmopolita e solidária, e como oposição responsável apresentaremos alternativas viáveis e consistentes que respeitem as regras democráticas e as instituições e contribuam para um objetivo comum, que é melhor cidade para todos e para todas”, disse Simonetta Luz Afonso.

Em resposta, Carlos Moedas agradeceu a intervenção da deputada do PS e destacou o “tom de capacidade de falar”, considerando que “é uma das primeiras vezes que isso acontece”.

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“Estado tem de decidir” se quer “aeroporto maior do que o de Frankfurt ou Heathrow”, avisa presidente da ANA

Presidente da ANA avisa para os encargos dos acessos ao novo aeroporto, que Vinci não irá suportar. "Fora do aeroporto tem que se fazer um terceira travessia e ferrovia e a Vinci não pode pagar", diz.

O Presidente do Conselho de Administração da ANA Aeroportos rejeita que a Vinci suporte os custos de construção dos novos acessos para o novo aeroporto, em Alcochete. Em entrevista à TVI, José Luís Arnaut aponta que a terceira travessia sobre o mar e a expansão ferroviária “não podem, legalmente” ser pagas pela Vinci, estando a multinacional responsável apenas pelas obras a nível do “domínio aeroportuário”.

“Fora do aeroporto tem que se fazer um terceira travessia e ferrovia, e a Vinci não pode pagar legalmente, só no domínio aeroportuário“, começou por referir o responsável da ANA, esta terça-feira.

“A ANA vai fazer o que o Governo nos vier chamar, mas o Estado tem de decidir se quer gastar 8 mil milhões num aeroporto maior do que o do Frankfurt, [na Alemanha] ou maior do que o de Heathrow, [em Inglaterra] – que é o que eu gostava – ou se quer fazer os hospitais que não estão feitos”, alertou, dando conta que serão os “contribuintes quem vão pagar” pela obra.

As declarações de Arnaut surgem no dia em que o relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) apresentou o relatório preliminar, que será sujeito a consulta pública, e servirá de base para a decisão do Governo sobre o novo aeroporto.

Das nove opções em estudo, a CTI indicou que Alcochete é a que apresenta mais vantagem, com uma primeira fase em modelo dual com o Aeroporto Humberto Delgado, passando depois para uma infraestrutura única na margem sul do rio Tejo.

Já a gestora aeroportuária da multinacional Vinci considerou, à Lusa, que a CTI “assumiu uma orientação, dando uma resposta a uma visão idealista de longo prazo, sem conseguir responder às problemáticas reais e pragmáticas do curto e médio prazo fundamentais para o país”.

A ANA foi ouvida durante os trabalhos da comissão, mas lamentou que tal não tenha acontecido na qualidade de especialista do setor. “Ficaram assim sem qualquer referência várias observações transmitidas à comissão nas matérias económicas, comerciais, operacionais e técnicas”, sublinhou. A ANA informou ainda que vai participar na consulta pública.

Na apresentação do relatório, o primeiro-ministro também avançou que no próximo Conselho de Ministros, antes da demissão do Governo, na quinta-feira, no Porto, será aprovada uma resolução a impor à ANA obras imediatas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

Em reação, a ANA garantiu que vai fazer as obras que o Estado entender necessárias no Aeroporto Humberto Delgado, no entanto manifestou preocupação pela ausência de solução de curto prazo no relatório da comissão técnica do novo aeroporto.

“No Aeroporto Humberto Delgado, a ANA vai continuar a realizar obras necessárias para o seu bom funcionamento, assim como as obras que o concedente entender necessárias”, garantiu a gestora aeroportuária, em comunicado enviado à agência Lusa.

A ANA manifestou-se ainda disponível para ficar “à disposição do Estado Português para partilhar o seu conhecimento das problemáticas complexas deste setor e implementar a solução que será objeto da sua decisão“.

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Santa Maria esclarece que auditoria interna não se resume ao caso das gémeas

  • Lusa
  • 5 Dezembro 2023

Auditoria interna "não se centra em casos isolados", indica o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que indica que o objetivo é "avaliar o sistema de controlo interno em funcionamento".

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) esclareceu esta terça-feira que a auditoria interna sobre o processo de administração de medicação para a atrofia muscular espinhal não se resume ao caso das gémeas luso-brasileiras.

Em 8 de novembro, o CHULN anunciou que “decidiu dar início a uma auditoria interna para aferir sobre os procedimentos que foram realizados antes e durante o tratamento para a atrofia muscular espinhal administrado a duas gémeas em 2020 e que foi alvo de reportagem na comunicação social”. Questionado pela Lusa sobre a auditoria interna, o centro hospitalar afirmou que a investigação “não se centra em casos isolados”.

“O Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte deliberou em novembro de 2023 realizar uma auditoria interna ao processo assistencial de doentes com atrofia muscular espinhal tratados com o medicamento Zolgensma no CHULN, tendo como objetivo avaliar o sistema de controlo interno em funcionamento, abrangendo os procedimentos realizados antes, durante e após o referenciado tratamento”, refere numa resposta escrita.

Adiantou ainda que a auditoria interna ainda está a decorrer e que, enquanto não estiver concluída, assim como as investigações externas também em curso, o CHULN, que integra o hospital Santa Maria, não fará comentários ou dará detalhes sobre qualquer caso.

O caso das gémeas foi revelado numa reportagem da TVI, transmitida no início de novembro, segundo a qual duas crianças luso-brasileiras vieram a Portugal em 2020 receber o medicamento Zolgensma – um dos mais caros do mundo –,- para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros. Segundo a TVI, havia suspeitas de que isso tivesse acontecido por influência do Presidente da República, que negou qualquer interferência no caso.

Na segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que a correspondência sobre este caso começou em 21 de outubro de 2019 com um email que o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, lhe enviou, sublinhando ter dado um despacho “neutral e igual a que deu em ‘n’ casos”. Acrescentou não ter havido “intervenção do Presidente da República pelo facto de ser filho ou não ser filho”, com a troca de informação junto da Presidência a terminar dez dias depois, em 31 de outubro.

“O que se passou a seguir não sei, para isso é que há a investigação da PGR. E espero, como disse há dias, que seja cabal, para se perceber o que se passou desde o momento em que saiu de Belém”, afirmou. O caso está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

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Zara lança plataforma de reparação, venda e doação de roupa em segunda mão

  • Capital Verde
  • 5 Dezembro 2023

A decisão faz parte da estratégia de sustentabilidade da marca espanhola. Zara Pre-Owned ficará disponível em todos os mercados onde a Inditex está presente em 2025.

A dona da Zara vai lançar uma plataforma que disponibiliza serviços de reparação, venda entre clientes e doação de peças de roupa usadas, tendo como objetivo “prolongar a vida útil” dos produtos.

De acordo com a nota disponibilizada pela Inditex, atualmente a Zara Pre-Owned está apenas disponível no Reino Unido e em França, mas a perspetiva é de expandir a plataforma “em todos os mercados estratégicos” até 2025, incluindo Portugal.

De acordo com a Portugal Têxtil, a funcionalidade estará operacional a partir da próxima terça-feira, 12 de dezembro, no site e na aplicação da Zara.

Esta iniciativa permitirá aos consumidores pedir a reparação de qualquer peça de roupa usada, independentemente da altura em que foi adquirida. Por sua vez, quem pretende vender ou comprar artigos usados, a plataforma está organizada por categorias, com uma informação detalhada sobre cada produto, incluindo imagens fornecidas pelo vendedor, como já é praticado em algumas plataformas de venda em segunda mão.

Para além de Portugal, esta plataforma estará disponível em Espanha, Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Finlândia, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Países Baixos.

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