Gigante americana dos chips investe 25 milhões em Portugal

Plano de expansão da Synopsys prevê contratação de 200 engenheiros “altamente qualificados" nos semicondutores, compra de equipamentos para laboratórios e aumento dos escritórios na Maia e em Oeiras.

A gigante Synopsys, líder mundial em soluções de EDA (Electronic Design Automation) e IP (Intelectual Property) para semicondutores, vai avançar com um investimento de 25 milhões de euros em Portugal nos próximos “três a quatro anos”, adiantou ao ECO o vice-presidente de engenharia do grupo norte-americano e responsável pela operação em Portugal, Célio Albuquerque.

O plano de expansão para este período prevê a contratação de, pelo menos, mais 200 engenheiros “altamente qualificados na área dos semicondutores”, a compra de novos equipamentos tecnológicos para os laboratórios de teste e ainda o alargamento dos escritórios localizados na Maia (Tecmaia) e em Oeiras (Lagoas Park), onde a multinacional fundada há 38 anos em Silicon Valley emprega atualmente 720 pessoas.

“Vamos alargar a gama que estamos a desenvolver em Portugal nas áreas de automotive, nas próximas gerações de produtos de mobile e também no sentido de especialização nas novas tecnologias que vão sendo lançadas na área dos semicondutores”, descreve o porta-voz da Synopsys, que diz encontrar no mercado nacional “uma ótima relação preço-qualidade na engenharia e também capacidade técnica e de gestão que tem permitido captar novas competências”.

Vamos investir à volta de 25 milhões de euros nos próximos três a quatro anos. Em Portugal encontramos uma ótima relação preço-qualidade na engenharia e também capacidade técnica e de gestão que tem permitido captar novas competências.

Célio Albuquerque

Vice-presidente de engenharia da Synopsys e responsável pela operação em Portugal

A entrada em Portugal aconteceu há 15 anos através da compra dos ativos que estavam nas mãos da norte-americana MIPS Technologies, que em 2007 tinha dado 147 milhões de dólares em dinheiro e cerca de cinco milhões de dólares em ações suas cotadas no Nasdaq para ficar com a Chipidea, fundada uma década antes por uma equipa liderada por José Epifânio da Franca. Desde essa altura, calcula já ter investido 25 milhões de euros no país, onde tem a mais relevante operação de engenharia a nível europeu.

“Faremos agora um investimento da mesma ordem de grandeza. Porquê a diferença de valores? Porque já estamos a crescer de uma forma mais acelerada e o custo das pessoas e também dos equipamentos tecnológicos para os laboratórios onde testamos as funcionalidades têm aumentado consideravelmente”, aponta o líder da equipa nacional, que se dedica ao desenho de interfaces para os chips, que são depois incorporados em equipamentos eletrónicos. Segundo a AICEP, esta é a maior empresa de engenharia eletrónica no país.

chips, semicondutores, eletrónicaFREEPIK

Com um total de 20 mil funcionários distribuídos por 125 escritórios a nível mundial, receitas anuais de 6,3 mil milhões de euros e 3.360 patentes registadas, a Synopsys emprega neste momento 420 pessoas na Maia e 300 em Oeiras, onde no ano passado expandiu o espaço de escritório para passar a ocupar um piso inteiro no Edifício 4 do Lagoas Park, num total de 1.300 metros quadrados.

Célio Albuquerque frisa que o recrutamento será feito para ambos os centros, embora haja “uma expectativa de crescer mais” no parque nortenho, em que já está a “discutir a possibilidade” de ocupar um quarto piso. “Um plano a três a quatro anos precisa de preparação”, justifica.

À caça de fabricantes para engrossar o cluster

Embora nos últimos anos o país tenha conseguido captar investimento estrangeiro de outras multinacionais como a Renesas, Aurasemi, Nanopower e, mais recentemente, a Monolithic Power Systems e a AMD/Xilinx — que juntaram-se às portuguesas SiliconGate, PICadvanced, PETsys Electronics, Powertools Technologies, Koala Tech, IOBundle ou IPblop –, ao todo, segundo contabilizou recentemente o Governo, existem apenas 20 empresas com atividade direta no setor da microeletrónica e dos semicondutores (12 em Lisboa, três no Porto, três em Setúbal e duas em Aveiro).

A par da Synopsys, o “porta-aviões” deste cluster em Portugal tem sido a subsidiária da também americana Amkor Technology, sediada no Arizona, que há pouco mais de sete anos comprou à Nanium, a empresa que nasceu da falência da Qimonda e era detida pelo Estado (18%, através da AICEP), pelo BCP (41%) e pelo Novobanco (41%). Com mais de 800 trabalhadores, a fábrica de Vila do Conde conta igualmente com um plano de expansão para a instalação de novas linhas e acaba de ser escolhida pela Amkor e pela Infineon para acolher um novo centro para o encapsulamento, montagem, assemblagem e teste de semicondutores, que deverá entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2025.

O responsável da Synopsys, que tem projetos com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Instituto Superior Técnico (IST) e as Universidades de Aveiro, Minho e Nova de Lisboa, frisa que “o importante é criar talento” e que “haver mais estudo focado nesta área permite que mais empresas venham e que o ecossistema consiga alargar-se”. “Temos investido muito na educação. Há ainda poucas empresas em Portugal, o que faz com que o interesse dos alunos por esta área não seja muito forte. Temos de nos tornar mais visíveis para que entendam que há, de facto, um mercado e saídas profissionais”, acrescenta Célio Albuquerque, que entrou no ano 2000 para o projeto da Chipidea.

Filipe Santos Costa, presidente da AICEPD.R. 19 Junho, 2023

Há poucos meses, ainda com o anterior Governo, foi aprovada em Conselho de Ministros a Estratégia Nacional para os Semicondutores, prevendo um envelope financeiro de 121,1 milhões de euros até 2027, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da Agência Nacional de Inovação (ANI), dos quais 39 milhões para aplicar já este ano.

Na resolução publicada em janeiro, o Executivo dava letra de lei à previsão de que a procura mundial de chips irá duplicar até ao final da década, ultrapassando um valor de mercado de um trilião de dólares, e que “estão no centro de fortes interesses geoestratégicos e da corrida tecnológica mundial”.

Queremos muito atrair o fabrico de semicondutores para Portugal. Geralmente são investimentos de grande dimensão, são esses que compensam nesta área.

Filipe Santos Costa

Presidente da AICEP

Foi de Silicon Valley que chegou há duas semanas o presidente da AICEP, já depois de em março ter viajado para o Japão e para a Coreia do Sul em missões de angariação de investimento para esta área, onde abordou várias empresas e associações de fabricantes.

Em declarações ao ECO, Filipe Santos Costa assegura que a diplomacia económica está a fazer “um grande esforço para a atração de mais indústrias da fileira dos semicondutores”, incluindo na produção. “Queremos muito atrair o fabrico de semicondutores para Portugal. Geralmente são investimentos de grande dimensão, são esses que compensam nesta área”, destaca.

O governo da Coreia do Sul acaba de anunciar um pacote de auxílio financeiro de cerca de 7 mil milhões de euros destinados a reforçar a sua indústria de semicondutores. Nas reuniões que teve nas últimas semanas com os potenciais investidores asiáticos, o líder da AICEP apresentou como principais argumentos a disponibilidade de “solo industrial viável para licenciamento ambiental e empresarial”, de “talento com uma excelente relação preço-qualidade” e de “eletricidade verde a bom preço” para uma atividade de manufatura que é muito intensiva em termos energéticos.

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Ministro da Economia quer manter gestão do Banco de Fomento

Uma das prioridades do ministro da Economia é substituir Hugo Roxo, o administrador que deixou o banco menos de um ano depois de assumir funções. Mandato do conselho termina no final de 2024.

Celeste Hagatong e Ana Cavalho lideram o conselho de administração e a comissão executiva do Banco Português de Fomento (BPF) desde novembro de 2022, e deverão manter-se em funções, pelo menos, até ao fim do mandato, em dezembro deste ano. A prioridade do ministro da Economia, Pedro Reis, é garantir a operacionalização do Banco de Fomento e a sua capacidade de resposta, evitando o risco de novas interrupções como sucedeu quando esta equipa demorou meses a ter a aprovação, obrigatória, do Banco de Portugal, para substituir a que era liderada por Beatriz Freitas.

Oficialmente, o Ministério da Economia escusa-se a responder às perguntas do ECO, mas Pedro Reis sinalizou, numa conferência da PwC e do ECO na semana passada, o que está em causa. O ministro da Economia defendeu, na apresentação do 27.º CEO Survey, que é preciso “colocar o Banco de Fomento em definitivo a chegar às empresas”, manifestando-se “profundamente a favor” da existência da instituição e que, por isso, há que “operacionalizá-lo”. Pedro Reis salientou que o Banco de Fomento “tem de cumprir a sua missão” e “colmatar as falhas de mercado”.

O ECO questionou também o conselho de administração do BPF para saber se está disponível para desempenhar um segundo mandato, mas a única resposta obtida foi a seguinte: “Gostaríamos de informar que o atual mandato vigora até ao final do ano de 2024“.

A equipa de gestão do Banco de Fomento vive, desde há anos, em instabilidade, com demissões em catadupa, seja com Beatriz Freitas ou com Celeste Hagatong e Ana Carvalho. O último episódio tem poucas semanas, quando o administrador com o pelouro comercial, Hugo Roxo, apresentou a demissão, alegadamente por “razões pessoais”. Este gestor esteve em funções menos de um ano. Tal como o ECO avançou, o administrador executivo que foi substituir Tiago Simões de Almeida — que também tinha renunciado ao cargo — iniciou oficialmente funções no Banco de Fomento em maio do ano passado. Com a demissão de Hugo Roxo, a presidente executiva Ana Carvalho acumulou as funções do pelouro comercial.

De acordo com informações recolhidas pelo ECO, a prioridade de Pedro Reis é mesmo encontrar um novo administrador para preencher o lugar agora vago, em vez de abrir um novo período de instabilidade com a mudança do conselho, quando o Banco de Fomento tem um papel relevante no financiamento às empresas, nomeadamente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

É que a instituição já se bate, hoje, com enormes dificuldades na execução dos programas em curso. Um exemplo? O investimento previsto no Programa de Recapitalização Estratégica do BPF teve uma quebra de 10% face ao previsto no início de novembro. Várias empresas desistiram do programa, houve revisões em baixa dos valores investidos e até entraram novas empresas. Até agora, a utilização da dotação do programa é de 52,6%. E outro exemplo são os processos judiciais movidos por capitais de risco no âmbito do programa Consolidar.

É neste contexto que Pedro Reis quer evitar novas perdas tempo que resultariam da nomeação de uma nova administração que teria obrigatoriamente de passar pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública e, especialmente, do crivo do Banco de Portugal, que tem de fazer uma avaliação de fit and proper dos nomes propostos. Além disso, estando o Banco de Fomento obrigado a cumprir várias metas e marcos no âmbito do PRR, uma vez que parte dos seus programas é financiada pelo Fundo de Recuperação e Resiliência criados com verbas do PRR que têm de ser executadas na totalidade até 2026.

Já em Macau, em declarações ao Público e ao Jornal de Negócios, o governante tinha dito que o Banco de Fomento “é uma prioridade absoluta”. “Estamos muito cientes da prioridade de clarificar, de uma vez por todas os temas que o BPF tem em mãos, como a fusão das garantias mútuas, a integração da Sofid, dos seguros de crédito”, disse. Na mesma ocasião aproveitou para elogiar a administração que teve “o cuidado” de colocar o Governo “ao corrente da situação” e sublinhou as “frentes” em que era necessário atuar: estabilizar equipas, operacionalizar estratégias, definir prioridades”.

Depois, já com ideias mais fechadas, Pedro Reis explicava, no evento da PwC e do ECO, que o Banco de Fomento deve ter um papel mais ativo na capitalização das empresas e chegar às empresas com os seus instrumentos, ter uma articulação com a banca comercial e apoiar as empresas em operações mais difíceis e para as quais não encontram resposta, como “ir a maturidades mais longas, a apetite de risco mais forte, assegurar linhas de crédito, fazer chegar capital de longo prazo, trabalhar em project finance”. O Banco de Fomento segundo o ministro da Economia, pode ainda ter uma palavra na promoção de operações de fusões e aquisições, ajudando a promover “operações na calha”.

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Governo anuncia já esta semana novo aeroporto em Alcochete

Luís Montenegro tinha anunciado que a decisão sobre o novo aeroporto seria uma das prioridades do Governo e já está tomada. Primeiro, a expansão da Portela, depois um aeroporto em Alcochete.

Este é um dos segredos mais mal guardados da política portuguesa e vai ser desvendado esta semana, provavelmente já no debate quinzenal no Parlamento com a presença do primeiro-ministro Luís Montenegro, e no dia seguinte com a aprovação da decisão em Conselho de Ministros. O Governo vai confirmar a escolha de Alcochete como localização do novo aeroporto da região de Lisboa, uma solução que, tendo em conta o tempo de construção exigido, obrigará a avançar, já, com as obras para a expansão possível do aeroporto da Portela.

Como o ECO já tinha revelado em primeira mão, a escolha de Alcochete vai ao encontro da opção considerada mais vantajosa na Avaliação Ambiental Estratégica conduzida pela Comissão Técnica Independente (CTI). O Campo de Tiro e Vendas Novas foram as localizações apontadas no estudo como “mais favoráveis em termos globais”, sendo que esta última apresenta menos “vantagem em termos de proximidade à Área Metropolitana de Lisboa, bem como de tempo de implementação”.

A escolha de Alcochete tem um problema: O tempo. O relatório da Avaliação Ambiental Estratégica apontou 2030 como ano para ter uma pista operacional no Campo de Tiro de Alcochete, mas o Governo admite que deverá demorar pelo menos 12 anos. Por isso, a alternativa viável, para o Governo, é explorar o reforço do número de voos no Humberto Delgado, revelam ao ECO duas fontes que mantém contactos permanentes com o Executivo. A infraestrutura de Lisboa comporta uma média diária de 38 movimentos por hora, podendo chegar, no máximo, a 40 movimentos. Aumentar a capacidade exigirá um investimento avultado por parte da ANA e ultrapassar barreiras ambientais.

Se a escolha da expansão da Portela e a construção do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete são opções certas, falta saber qual será o modelo de financiamento associado às duas obras. E é isso que o Governo deverá anunciar também esta semana.

Por um lado, o anterior Governo tinha aprovado em dezembro de 2023 uma resolução que determina a realização de obras no aeroporto Humberto Delgado pela ANA. São elas a ampliação do terminal 1 do aeroporto, com a instalação de mais mangas, a melhoria operacional do sistema de pista e a implementação e um novo sistema de navegação aérea pela NAV. Intervenções que exigem a desafetação do aeródromo de Figo Maduro do uso militar e a transferência de grande parte dos jatos privados para o Aeródromo Municipal de Cascais e outros.

Naquele momento, o então secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, reagiu à posição da concessionária dos aeroportos nacionais, a ANA, sobre a necessidade de dinheiros públicos caso a solução para o reforço da capacidade aeroportuária não seja o Montijo. “É da natureza dos contratos de concessão que não cabe ao concessionário decidir que investimentos é que faz. Ou eles estão explicitamente previstos no contrato de concessão ou existem mecanismos no contrato de concessão para que o concedente, e não o concessionário, decida investimentos que têm de ser feitos”, respondeu o secretário de estado das infraestruturas.

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Melinda Gates deixa fundação filantrópica que criou com Bill Gates

  • Lusa
  • 13 Maio 2024

"Chegou o momento de abordar o próximo capítulo da minha filantropia", explicou Melinda Gates, acrescentando que tem ao seu dispor 12,5 mil milhões de dólares.

Melinda French Gates, presidente de uma das fundações filantrópicas mais influentes do mundo, anunciou esta segunda-feira que vai deixar a organização, criada com Bill Gates, atualmente seu ex-marido. Melinda Gates indicou na rede social X que está “muito orgulhosa” do trabalho da Fundação Bill e Melinda Gates, criada pelo casal em 2000. O seu último dia nesta organização, envolvida principalmente em questões de saúde e de redução da pobreza, será a 07 de junho.

A fundação tem sido um dos principais doadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) e exerce uma influência considerável em políticas de países em desenvolvimento, nomeadamente nos domínios da saúde e da educação. O seu trabalho permitiu, por exemplo, reduzir a mortalidade associada ao paludismo e a outras doenças infecciosas.

O casal Gates anunciou o divórcio em maio de 2021, após 27 anos de casamento. A fundação disse na altura em os dois continuariam a presidir à organização. “Chegou o momento de abordar o próximo capítulo da minha filantropia”, explicou agora Melinda Gates, acrescentando que tem ao seu dispor 12,5 mil milhões de dólares (cerca de 11,58 mil milhões de euros) para se envolver em projetos ligados a “mulheres e famílias”.

“Vivemos um momento crucial para as mulheres e meninas nos Estados Unidos e em todo o mundo, e aqueles que lutam para proteger e promover a igualdade precisam urgentemente de apoio”, acrescentou. Em julho de 2021, a fundação divulgou um comunicado anunciando que “se, após dois anos, algum deles decidisse que não poderiam continuar a trabalhar juntos como copresidentes, a Sra. Melinda French Gates renunciaria ao seu cargo”, recebendo “recursos pessoais” de Bill Gates para o seu trabalho de filantropia.

Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, elogiou as “contribuições essenciais” da sua ex-mulher na organização, que vai passar a ter o nome de Fundação Gates e prometeu continuar “plenamente envolvido” no projeto. Além da fortuna de Bill Gates, a fundação, que em 2023 financiou iniciativas em 48 estados norte-americanos e em 135 países, tem sido também apoiada financeiramente pelo milionário e empresário norte-americano Warren Buffet.

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Migrações, defesa e alargamento (e Costa) marcam primeiro embate entre candidatos às Europeias

Crise migratória na UE, defesa comum e o alargamento do bloco a países como a Ucrânia estiveram no centro do debate entre os quatro cabeça de lista. Costa em Bruxelas sem consenso entre os candidatos.

Migrações, defesa e o alargamento da União Europeia (e o futuro de António Costa na Europa) foram os temas que marcaram o primeiro debate das eleições europeias que, este ano, decorrerá num modelo inédito: debates a quatro. Sebastião Bugalho (AD), Marta Temido (PS), João Cotrim de Figueiredo (IL) e Francisco Paupério (Livre) foram os protagonistas deste “debate quadrangular” que teve a duração de 50 minutos.

Pacto para as Migrações tem “fragilidades” e “lacunas”

Em março, a poucas semanas antes do fim da legislatura no Parlamento Europeu, os eurodeputados conseguiram aprovar o Pacto para as Migrações e Asilo, depois de vários anos em discussão no hemiciclo. Agora aprovado, os 27 Estados-membros têm dois anos para implementar os vários diplomas que integram este pacto, matéria que, segundo Marta Temido, merece “cuidado” e “atenção”.

“O tema das migrações é complexo e multidimensional”, diz a cabeça de lista do PS, recordando que o acordo “foi o compromisso possível entre perspetivas muito diferentes” – o que, só por si, representa um certo “avanço” em termos de solidariedade entre os Estados-membros. No entanto, Marta Temido alerta para as suas “fragilidades”.

Precisamos de garantir um acompanhamento preciso e cuidado”, defendeu na sua primeira intervenção, sublinhando, por isso, que é preciso garantir a existência de canais seguros para as migrações e parcerias com os países de origem. Mas para Sebastião Bugalho, essa não é a solução indicada para dar resposta à crise migratória que se assiste por toda a Europa. “Reforçar os mecanismos de migração legal é a única maneira de combater a imigração ilegal”, lançou logo no início da sua intervenção, não evitando olhar, também, para dentro:

As deficiências do pacto não justificam o que se passou no Estado português. O PS entregou a política de imigração a redes de tráfico humano“, acusou. Por seu turno, João Cotrim Figueiredo diz que o tema das migrações não pode ser “tabu” – à semelhança do que aconteceu durante as eleições legislativas – e critica os partidos que fazem “aproveitamento da desgraça alheia”.

Para o liberal, além de ser necessário corrigir as “lacunas” do pacto, é preciso também melhorar a resposta interna ao fluxo migratório que chega a Portugal, aproveitando a sua intervenção para lançar farpas à AIMA (ex-SEF).

“A desagregação do SEF não podia ser feita sem que” tivesse sido assegurada uma capacidade de resposta face “ao ritmo de entrada de migrantes”, disse. “Foi de enorme irresponsabilidade“, atirou Cotrim de Figueiredo.

“Alargamento da UE não pode ser lido à luz do dinheiro que vamos perder”

Numa altura em que se debate o alargamento da União Europeia, Sebastião Bugalho afirma que a Ucrânia “é o país que mais provavelmente vai entrar na UE” mas rejeita que o debate seja em torno do acesso de Portugal aos fundos comunitários.

“Obviamente é um desafio em termos de políticas de apoio. Mas o alargamento não pode ser lido à luz do dinheiro que vamos perder, mas à luz da Europa que vamos ganhar”, respondeu, salientando que Bruxelas tem a “obrigação moral” de fazer com que os países candidatos a Estados-membros se sintam “parte da família europeia”, sugerindo, até, que devem estar presentes em reuniões europeias, como o Ecofin, mas sem poder de voto.

João Cotrim de Figueiredo partilha da mesma opinião, mas também em relação à Sérvia, Montenegro, Kosovo, Macedónia, e Bósnia por considerar que reúnem as condições para aderir ao bloco europeu. No entanto, rejeita que não se considere os riscos que isso trará para Portugal em matéria de políticas de coesão. “Temos a obrigação moral de acolher estes países que querem ser democracias e valores europeus”. “E temos interesses económicos também, porque não são só uma ameaça, mas mercados de destino, assim saibam aproveitar oportunidades do mercado único”.

No entanto para o liberal, é fundamental rever toda a estrutura financeira orçamental — não só dos fundos de Coesão e da PAC – por considerar que tem havido desperdício “brutal” desses fundos, sobretudo em Portugal. “Portugal com uma utilização correta dos fundos seria bastante mais forte”, diz.

Francisco Paupério subscreveu à necessidade de a Europa contribuir financeiramente, desde já, para a recuperação da Ucrânia. “É uma questão de coesão da União Europeia”, sublinhou, acrescentando que o estatuto de candidato já permite “essa aproximação”.

“Há um compromisso inequívoco com o alargamento”, garantiu Marta Temido na sua vez de responder, lembrando, apesar de tudo, que não “é um processo de entrada à borla” e que “exige adaptações da UE”.

Candidatos defendem Política de Defesa Comum

Associado ao tema da adesão da Ucrânia à União Europeia, surge o tema da defesa. Francisco Paupério é perentório na sua intervenção, argumentando que o continente não pode ficar dependente de outros blocos para se defender. “A Europa precisa de uma Política de Defesa Comum”, disse o cabeça de lista do Livre, frisando, apesar de tudo, que esse esforço deve ser dirigido para servir como instrumento de defesa e “não de militar e ataque”.

Defendendo uma maior industrialização na Europa – e recordando que, durante a pandemia, a UE foi incapaz de produzir vacinas suficientes para os 27 –, o candidato pelo Livre sublinha que o tema da “segurança” também se prende com a saúde, e até as energias renováveis, apelando a que a União Europeia deixe de “financiar” a Rússia através da compra de gás. “Temos de investir na segurança e na autonomia estratégica da Europa”, defende.

Por seu turno, Bugalho defendeu que “a Europa deve assumir-se como pilar europeu da NATO“, sublinhando que o bloco europeu não deve depender “tanto dos EUA como até agora”.

Para tal, defende a criação de defence bonds (obrigações de defesa). Embora reconheça que se trata de uma proposta que não reúne consenso, no caso da Defesa o cabeça de lista pela AD considera que mesmo os países mais céticos concordam com ela. “São uma forma de financiamento de uma Europa que se defenda e não contam para o Orçamento europeu. O que estamos a garantir é que os governos não vão ter de escolher entre tanques e hospitais públicos”, defendeu.

Já Cotrim Figueiredo diz que é preciso cumprir os 2% do PIB para a NATO. “Obviamente muito dinheiro, mais de metade de uma TAP”, diz, mas ainda assim “necessário”. “Precisamos que o pilar europeu da NATO se fortaleça e que seja o contraponto a uma eventual deriva se o resultado das eleições nos EUA não agrade aos interesses europeus”. Mas há prioridades que podem “ficar para trás”, alerta.

Costa em Bruxelas? Só Temido assume “sim”

Para fechar o debate, evocou-se o nome de António Costa que, nos últimos meses, tem sido apontado como próximo presidente do Conselho Europeu. No entanto, um eventual apoio à candidatura não reúne consenso. Na verdade, apenas a cabeça de lista do PS saiu em defesa do ex-primeiro-ministro em Bruxelas.

António Costa tem uma visão com provas dadas“, sublinhou Marta Temido, recordando, os esforços que conduziu em Bruxelas para a mutualização da divida, o aprovisionamento conjunto de vacinas e de energia. “É a garantia de que a Europa avança e não recua“, remata.

Já João Cotrim de Figueiredo reiterou: “O que interessa é o que as pessoas fazem, não de onde elas nascem”, respondeu, e sublinha que preferir um candidato pela sua origem pode ser encarado como “xenófobo”. “Desejo toda a sorte do mundo”, diz, mas sublinha que Costa “nunca será capaz de reformar a Europa”, e que ainda não são conhecidos os restantes candidatos.

Por seu turno, Francisco Paupério escusou-se a dar opinião sobre uma eventual candidatura de António Costa para o Conselho Europeu, lembrando que Os Verdes não têm assento nesse órgão.

Por fim, Sebastião Bugalho, que não esclareceu a sua posição, sublinhou que a “reciprocidade é um bom princípio”, lembrando que António Costa não fez campanha contra Durão Barroso em 2004. No entanto, recorda que os eurodeputados não têm voto na matéria para as eleições europeias, e, por isso, apelou: “Espero que António Costa não seja o centro do debate“.

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Ministro afasta devolução do tempo de serviço para professores no topo da carreira e aposentados

Fernando Alexandre disse ainda que "não está previsto" que os professores aposentados ou no topo da carreira sejam considerados na recuperação do tempo de serviço congelado.

O ministro da Educação assegura que está “empenhado” em chegar a acordo, mas sublinha que agora é a vez “dos sindicatos se aproximarem do Governo”. Fernando Alexandre disse ainda que “não está previsto” que os professores aposentados ou no topo da carreira sejam considerados na recuperação do tempo de serviço congelado. “O país não consegue reparar todos os danos” provocados por crises, justificou.

“Não é uma questão deste Governo. O país não consegue reparar todos os dados, que crises muito longas e muito duras, que afetaram o nosso país, tiveram nas pessoas. E, por isso, de facto não está em cima da mesa a questão de efeitos [compensatórios] para os professores aposentados e não está também nenhum efeito previsto para os professores no topo da carreira“, reconheceu Fernando Alexandre, que esteve reunido esta segunda-feira com as 12 estruturas sindicais dos professores, tendo em vista à recuperação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço dos docentes que estão congelados desde a troika. Este, aliás, tem sido um dos aspetos apontados pelos sindicatos para chegarem a acordo com o Executivo.

Na reunião desta segunda-feira, o Ministério da Educação aproximou-se, em parte, das reivindicações dos sindicados, demonstrando-se disponível para devolver o tempo de serviço congelado a um ritmo maior: de 25% na primeira (que está prevista ser devolvida já a 1 de setembro) e segunda tranches. Já na terceira tranche mantém os 20%, mas na quarta e quinta encurta para 15% (em cada um desses anos).

Tendo em conta que grande parte dos docentes abrangidos pelos dois períodos de congelamentos “estão já numa fase avançada da carreira esta proposta permitirá que até 1 de setembro de 2025 os professores recuperem 50% do tempo de serviço”, realçou Fernando Alexandre. O ministro reiterou ainda que continua “empenhado” em “responder às “expectativas dos professores” e garante que está “de boa fé” nas negociações, pelo que defende que agora “é a vez dos sindicatos de se aproximarem” à proposta da tutela. Ainda assim, não afasta uma recuperação em quatro anos, ao invés de cinco.

O Executivo confirma ainda que, apesar da intenção de revogação, é reconhecido aos docentes o tempo de serviço contabilizado através do acelerador das carreiras, com regras específicas para a progressão para os 5º e 7º escalões da carreira dos professores e educadores de infância. Por outro lado, e de modo a não criar situações de injustiça “é ainda acautelado os casos dos docentes que foram colocados nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, e que já viram contabilizado parte do seu tempo de serviço congelado“, esclarece ainda o ministério, em comunicado divulgado no final da reunião.

O ministro reiterou ainda que qualquer alteração à proposta vai ter “um impacto orçamental significativo”, pelo que reitera que prefere não avançar com números publicamente. “As contas estão feitas e quando estivermos a proposta fechada serão apresentadas com toda a transparência“, prometeu. No programa de Governo a estimativa era de cerca de 300 milhões de euros.

(Notícia atualizada pela última vez às 21h17)

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EUA consideram que não recondução de Shoigu demonstra “desespero” de Putin

  • Lusa
  • 13 Maio 2024

Shoigu vai ocupar o cargo de secretário do Conselho de Segurança, até ao momento ocupado por Nikolai Patrushev.

O Departamento de Estado norte-americano considerou esta segunda-feira que por não ter reconduzido Sergei Shoigu, no cargo de ministro da Defesa russo, o Presidente Vladimir Putin está “desesperado” face ao custo da guerra na Ucrânia.

Trata-se de uma nova indicação da vontade desesperada de Putin em prosseguir a sua guerra de agressão contra a Ucrânia, apesar de representar um importante peso para a economia russa e implicar pesadas perdas para as tropas russas”, declarou o porta-voz Vedant Patel aos media.

“A Rússia desencadeou esta guerra não provocada contra a Ucrânia. Putin pode pôr-lhe termo a qualquer momento ao retirar as suas forças da Ucrânia”, prosseguiu o porta-voz.

Para o novo governo, na sequência das eleições presidenciais, o Presidente russo Vladimir Putin escolheu para ministro da Defesa Andrey Belousov, um economista que ocupava no Governo russo funções com acentuado perfil económico. Sergei Shoigu estava há 12 anos no cargo.

Shoigu vai ocupar o cargo de secretário do Conselho de Segurança, até ao momento ocupado por Nikolai Patrushev, demitido das suas funções segundo um decreto publicado pelo Kremlin.

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Associação cria base de dados aberta sobre habitação

  • Lusa
  • 13 Maio 2024

O projeto "Habitação Transparente" vai recolher vários dados, de forma anónima e confidencial, para perceber “quais são os motivos de insatisfação” em relação à habitação.

A associação portuguesa Data Science for Social Good (DSSG) lançou o projeto “Habitação Transparente”, que visa criar uma base de dados aberta e pública que retrate a crise habitacional de forma abrangente.

O objetivo é criar uma base de dados que reflita a habitação em Portugal atualmente e […] isso vai-nos permitir ter um mapa do nosso país, retratando os problemas que as pessoas estão a ter […] e as dificuldades que estão a ter para não terem a habitação que gostariam”, resume à Lusa Camille Coyac, gestora do projeto da organização sem fins lucrativos, que reúne profissionais de dados e instituições com projetos sociais.

Através de um questionário “bastante completo”, a equipa vai recolher vários dados, de forma anónima e confidencial, para perceber “quais são os motivos de insatisfação” em relação à habitação e, simultaneamente, reunir histórias testemunhais. “Neste momento não existe uma plataforma que mostre os dados e as histórias em conjunto”, justifica Camille Coyac, explicando que se pretende tratar os dados de forma visual e gráfica.

Além disso, a base será disponibilizada de forma livre, gratuita e aberta ao público, “para que depois também mais pessoas possam fazer análises em cima destes dados”. A ideia de criar uma base de dados pública parte da convicção de que os dados podem ser usados de forma mais eficaz para resolver necessidades e desafios.

O formulário está acessível online (https://habitacao-transparente.dssg.pt/). Já foram recebidas “bastantes respostas”, mas a recolha só será fechada quando for obtido um número de respostas “estatisticamente relevante”, de acordo com a gestora do projeto.

Sabemos que estamos a pedir um esforço à população para nos dar os dados e […] preencher este formulário, mas acreditamos que, se toda a gente participar nesta iniciativa, vamos conseguir, em conjunto, criar uma plataforma que retrata a nossa situação habitacional e então conseguir criar medidas que ajudem todos os participantes”, apelou.

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Vista Alegre aumenta emissão de dívida para 60 milhões de euros

A emissão de obrigações lançada pela empresa termina esta quarta-feira e está a oferecer uma taxa de juro anual bruta de 5,3%.

A Vista Alegre aumentou o valor da sua emissão de obrigações em 15 milhões de euros, para os 60 milhões de euros. A empresa está pagar a uma taxa de juro fixa bruta de 5,3% na emissão Obrigações Vista Alegre 2029.

“A VAA – Vista Alegre Atlantis aumentou o número máximo de obrigações representativas do empréstimo Obrigações Vista Alegre 2024-2029 “para até 120.000 obrigações e, por conseguinte, aumentar o respetivo valor nominal global para até 60.000.000 euros“, adiantou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

A empresa anunciou no passado dia 30 de abril a realização de uma oferta pública de subscrição de até 90.000 obrigações com um valor nominal unitário de 500 euros e um valor global inicial de até 45 milhões de euros, um montante que podia rever em alta até esta segunda-feira.

As Obrigações Vista Alegre 2029 têm um montante mínimo de subscrição de cinco obrigações — o equivalente a 2.500 euros –, com o prazo da oferta a decorrer entre 2 e 15 de maio e dirigindo-se ao público em geral, tendo especificamente como destinatários pessoas singulares ou coletivas residentes ou com estabelecimento em Portugal, conforme detalhado nos documentos da oferta.

No comunicado, a VAA refere ainda que as Obrigações Vista Alegre 2029 são ligadas a critérios de sustentabilidade e que a empresa se compromete a pagar uma remuneração adicional de 1,25 euros por cada obrigação na data de reembolso destas, caso a VAA não cumpra as metas de desempenho de sustentabilidade definidas no âmbito desta emissão.

A operação vai permitir à Vista Alegre encaixar uma receita global líquida estimada de 58 milhões de euros, deduzidas todas as comissões e custos associados.

Quem quiser comprar obrigações da Vista Alegre poderá dar ordens de subscrição até às 15h00 do dia 15 de maio de 2024, data até à qual cada destinatário da Oferta tem o direito de revogar ou alterar uma ordem de subscrição já transmitida. A partir do final do período de subscrição das obrigações, as ordens de subscrição não poderão ser alteradas e tornam-se irrevogáveis.

As novas obrigações serão emitidas no próximo dia 20 de maio.

Notícia atualizada às 19h50

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“Sentimento de insegurança”. Moedas e Moreira pedem mais polícias ao Governo

Autarcas de Lisboa e Porto exigem reforço do efetivo da Polícia Municipal e da PSP nas duas cidades, onde asseguram haver menos visibilidade nas ruas.

Rui Moreira e Carlos Moedas exigiram, esta segunda-feira, ao Governo o reforço do efetivo da Polícia Municipal em mais 100 e 200 agentes para o Porto e Lisboa, respetivamente, assim como de elementos PSP nas duas cidades cuja “visibilidade diminuiu”, garantem. A reivindicação dos dois autarcas surge face à “falta de policiamento” nas ruas e às “queixas de sentimento de insegurança” da parte das populações, apesar do decrescente índice de criminalidade.

“Hoje, sentimos nas nossas cidades – gostava de reiterar isto à ministra da Administração Interna –, a falta de policiamento e essa falta de policiamento é visível ao nível da PSP e da Polícia Municipal; portanto, os efetivos para nós são essenciais”, frisou Carlos Moedas, à margem de uma visita ao Centro de Gestão Integrada do Porto juntamente com o seu homólogo portuense e após uma reunião sobre a situação das Polícias Municipais das duas cidades. Por isso mesmo, os dois autarcas reivindicam, em conjunto, o reforço da PSP e da Polícia Municipal.

“Fazemos assumidamente pressão ao Governo – como fizemos pressão ao Governo anterior – porque trabalhamos para as pessoas todo os dias e é essa pressão, que faz parte do nosso dia-a-dia, que estamos aqui a transmitir em conjunto ao Governo para que possa tomar as medidas necessárias“, reiterou Carlos Moedas, corroborado por Rui Moreira.

Hoje, sentimos nas nossas cidades — gostava de reiterar isto à ministra da Administração Interna –, a falta de policiamento e essa falta de policiamento é visível ao nível da PSP e da Polícia Municipal; portanto, os efetivos para nós são essenciais.

Carlos Moedas

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

“Sabemos que o anterior ministro da Administração Interna anunciou que iria haver um reforço de efetivos, mas até agora não conhecemos o cronograma e estamos à espera que este Governo nos anuncie qual é o cronograma possível”, afirmou, por sua vez, o autarca do Porto, assinalando o défice de agentes nas duas cidades.

Temos falta de contingente policial”, assegurou Moreira. No Porto existem atualmente 200 elementos afetos à Polícia Municipal, mas o seu contingente deveria ser de 300 efetivos. Já Lisboa tem 400 agentes, mas são necessários 600, destacou o autarca independente, corroborado por Carlos Moedas. “Estamos em sintonia e precisamos de mais polícias municipais em Lisboa e no Porto e é um pedido ao Governo assim como foi ao anterior Executivo a necessidade de mais polícia municipal nas nossas cidades”, reforçou o edil lisboeta.

O presidente da Câmara de Lisboa justifica que o reforço de efetivos é “crucial”. “Lisboa pode ter 600 polícias municipais que trariam mais qualidade às pessoas que trazem mais serviço à comunidade“, alega Moedas.

Os presidentes de câmara também reivindicam a prorrogação da comissão de serviço dos agentes da PSP que transitam para a Policia Municipal e que determina três anos de serviços, renováveis por três vezes, ou seja, uma permanência máxima de nove anos, regressando depois à PSP. “Entendemos que esta comissão de serviço seja prorrogada até que esses agentes sejam substituídos por novos”, defendeu Rui Moreira. O autarca manifestou-se ainda preocupado em relação aos instrumentos necessários para assegurar os custos com estes mesmos agentes que são “integralmente” suportados pelos municípios.

Também Carlos Moedas exigiu ao Governo a necessidade de alargar as competências dos agentes da Polícia Municipal a nível comunitário para “trazer segurança às pessoas” assim como na área de trânsito. Defendeu, contudo, a necessidade do efetivo ser treinado já na escola de polícia. “Há uma ideia de que a Polícia Municipal é apenas administrativa, mas tem outras competências ao nível comunitário para a segurança e tranquilidade das pessoas“, sublinhou o presidente da câmara de Lisboa.

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Imigrantes revoltados com regras da AIMA. “Não há direito. 400 euros é muito dinheiro”

  • Lusa
  • 13 Maio 2024

Para os cônjuges de imigrantes em situação regular, o custo é de 33 euros, para os cidadãos da CPLP o valor é de 56,88 euros e para os restantes o total é 397,90 euros, a pagar em poucos dias.

A decisão da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) de pedir o pagamento antecipado dos custos do agendamento para concluir processos de regularização está a provocar a revolta nos imigrantes que contestam a medida unilateral. “Não há direito. 400 euros é muito dinheiro”, desabafa o turco Levin, um dos muitos imigrantes que se concentraram esta segunda-feira junto à sede da instituição, em Lisboa, para tentar pedir esclarecimentos sobre a alteração das regras de pagamento dos custos do agendamento.

De acordo com mensagens eletrónicas enviadas na quarta-feira à noite para os imigrantes com manifestação de interesse que estão à espera de agendar um encontro para concluírem os seus processos ou no âmbito de reagrupamento familiar, a AIMA reclama o pagamento antecipado das custas. Para os casos de cônjuges de imigrantes em situação regular, o custo é de 33 euros, para os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) o valor é de 56,88 euros e para os restantes o total é 397,90 euros, a pagar em poucos dias.

“Recebemos 1.763 emails sobre isto”, afirmou à Lusa a advogada Catarina Zuccaro, especialista nestes processos, que se mostra crítica da decisão, embora admita que os valores são os praticados, mas só no ato do agendamento e não antes.

São pessoas há anos à espera e agora pedem que paguem antes de uma coisa que não tiveram. Isto preocupa. Todos estão super assustados, porque têm medo de perder tudo. Toda uma vida à espera do visto e quem vive de um salário mínimo tem muitas dificuldades em pagar 400 euros de uma vez”, afirmou a advogada, que acusa a AIMA de estar a “resolver os seus problemas e não dos imigrantes”.

Segundo a causídica, esta medida vai permitir à AIMA “peneirar” quem de facto permanece em Portugal, depois de ter entregado uma manifestação de interesse. “Eu entendo. Há muita gente no sistema e isto vai permitir selecionar [quem está em Portugal ainda], mas é injusto. Há outros modos”, considerou a advogada.

A russa Valeria, que aguardava a vez na fila esta tarde na sede da AIMA, é um desses casos de desespero de quem não sabe como vai pagar as custas do processo. “Não consegui um emprego, não consigo retirar o dinheiro da Rússia por causa das sanções. Vou ter de escolher entre comer e pagar”, desabafou. O líder da comunidade do Bangladesh em Lisboa, Rana Taslim Uddin, acusa as autoridades portugueses de “mudarem as regras” sem terem em conta as “dificuldades de quem cá está e quer viver aqui”.

De repente, uma pessoa recebe este pedido de um valor muito elevado, sem qualquer consulta com as associações de imigrantes”, salientou o dirigente bengali, que se mostra preocupado com o “sinal negativo” que é dado a quem “trabalha tanto também pela economia portuguesa”. No email enviado aos imigrantes, a AIMA avisa que o pagamento deve ser feito no prazo de dez dias úteis, para assegurar o “agendamento do seu atendimento, na sequência da apresentação da manifestação de interesse”.

A “falta de pagamento da taxa no prazo previsto, determina a extinção do procedimento” de regularização e, “após a validação da conta e a realização do pagamento, irá receber uma proposta de agendamento nos 20 dias úteis seguintes”. Após “o agendamento e antes da data agendada, receberá um link que lhe permitirá submeter novamente toda a informação e documentação atualizada, de modo a agilizar o seu processo e simplificar o atendimento”, refere a AIMA no email.

“Caso já não se encontre interessado em prosseguir com a manifestação de interesse, informe-nos, clicando aqui, permitindo que outro utente tenha acesso mais rapidamente a uma vaga”, pode ler-se ainda no correio eletrónico. Mohamed Sall veio do Mali há seis meses e esteve hoje à porta da AIMA para tentar saber mais informações.

É preciso pagar, eu pago. Só quero ter certeza que não estou a ser enganado. Já devo muito a muita gente para ter chegado aqui”, disse, sem esclarecer como fez a viagem até Lisboa. “Portugal é o país onde eu quero viver. Quero viver num sítio organizado e sem guerra”, explicou. O líder da Associação de Apoio a Imigrantes e Refugiados em Portugal, Amadou Diallo, considera “inaceitável” o custo pedido de uma só vez, antes do agendamento.

400 euros é muito dinheiro e as pessoas não têm nada. Vivem na rua e agora querem 400 euros”, questiona. Levin deixou o sul da Turquia, junto à Síria, para tentar “viver na Europa”. Trabalha num restaurante e sonha em trazer a mulher e os filhos. “Gosto de Portugal, não vou desistir. Mas custa pagar assim de uma vez”, disse.

Se o objetivo das autoridades portuguesas é afastar os imigrantes do sonho da residência legal em Portugal, Rana Taslim Uddin avisa que isso não vai acontecer. “As pessoas vão pagar. É injusto, mas vão pagar, porque quem quer ficar aqui a trabalhar, quem gosta de Portugal, não quer sair daqui”, resumiu.

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Allianz Trade vai revelar IA de comando mental no revezamento da tocha olímpica

  • ECO Seguros
  • 13 Maio 2024

A tecnologia já está bastante avançada. A Allianz Trade leva para a parceria recursos financeiros, estratégicos e de visibilidade para tornar o projeto "vivo e real" em evento olímpico.

A Allianz Trade e a startup francesa Inclusive Brains uniram forças para desenvolver o Prometheus – novo tipo de interface cérebro-máquina que transforma dados neurofisiológicos, como ondas cerebrais, atividade cardíaca, expressões faciais e movimentos oculares, em comandos mentais. Em comunicado, a Allianz Trade explica que a parceria visa ajudar pessoas que não podem utilizar as mãos ou falar a operar estações de trabalho, objetos interligados e a navegar em ambientes digitais sem necessitar de escrever num teclado ou utilizar comandos vocais.

Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade: “Apoiaremos a Inclusive Brains a tornar o modelo de IA Prometheus open source para que todos os outros envolvidos na promoção da inclusão possam beneficiar da nossa parceria.”.

A tecnologia Prometheus já está bastante avançada. Aliás, a Inclusive Brains desenvolveu uma “plataforma de aquisição de dados multimodal que pode monitorizar, processar e classificar vários sinais neuropsicológicos ao mesmo tempo (cérebro, coração, rosto, olhos). Juntamente com o modelo de IA da start-up, que está no centro do Prometheus BCI, permite que as pessoas controlem um braço de exoesqueleto com a mente, ou piscando, apertando os olhos ou com algumas expressões faciais, consoante as suas capacidades e necessidades”, lê-se no comunicado.

A Allianz Trade leva para a parceria recursos financeiros, estratégicos e de visibilidade para tornar o projeto “vivo e real”. Nesse âmbito, a parceria irá acelerar o desenvolvimento de soluções de assistência baseadas em tecnologias de Inteligência Artificial (IA) que dão às pessoas com deficiência mais autonomia, facilitando o seu acesso ao ensino e mercado de trabalho.

Daremos apoio financeiro, estratégico e logístico para fazer avançar a I&D e as necessidades materiais da Prometheus BCI, através da aquisição de sensores fisiológicos e de dois braços de exoesqueleto. Apoiaremos também a Inclusive Brains a tornar o modelo de IA Prometheus open source (toda a gente pode aceder) para que todos os outros envolvidos na promoção da inclusão possam beneficiar da nossa parceria. Os exoesqueletos de braço, depois de devidamente treinados e programados, serão depois doados a uma organização sem fins lucrativos de apoio a pessoas com paralisia. Também pretendemos dar à Inclusive Brains e à Prometheus um alcance mais alargado, apoiando todos os esforços de comunicação à escala global. Acreditamos que temos um papel importante a desempenhar na consciencialização das pessoas sobre o poder da IA para promover a inclusão”, explica Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade.

Prometheus será exposto ao público durante o revezamento da tocha olímpica

A tecnologia Prometheus será mostrada ao público dentro de algumas semanas, durante o revezamento da tocha olímpica, por um portador da tocha com deficiência motora, que a utilizara para controlar o braço exoesqueleto. Com esta primeira aplicação e utilização pública, as companhias pretendem sensibilizas as pessoas para a necessidade de apoiar esforços científicos e industriais em tecnologias de assistência baseadas em IA, incluindo naquelas que melhoram a inclusão no local de trabalho.

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