Rabat reabre a sua boutique em Valência com um espaço de inspiração mediterrânica

  • Servimedia
  • 28 Março 2025

A Rabat reforçou a sua presença em Valência com a reabertura da sua boutique na Calle Colón, 39, após uma remodelação completa que aumentou a sua superfície para 850 metros quadrados.

Segundo a empresa de alta joalharia, o novo espaço pretende oferecer uma experiência única e envolvente aos seus clientes, com um design inspirado na essência do Mediterrâneo. Inaugurada em 2006, a Rabat Valencia renovou completamente a sua boutique no coração de Valência para criar um ambiente sofisticado e acolhedor. O piso térreo, com 750 metros quadrados, acolhe as coleções de alta joalharia e as últimas novidades das principais marcas internacionais de relógios num ambiente elegante que realça a beleza de cada peça.

O primeiro andar, com 100 metros quadrados, é dedicado à oficina artesanal, onde joalheiros especializados oferecem serviços de manutenção, restauro e personalização, garantindo a excelência e a qualidade características da marca.

No âmbito da renovação, a boutique inclui um espaço exclusivo Rolex de 132 metros quadrados com acesso independente e um design interior criado em colaboração com o prestigiado relojoeiro para apresentar uma seleção dos seus modelos mais emblemáticos.

O design interior da boutique foi inspirado na riqueza natural da Comunidade Valenciana, com tons que lembram as praias, as rochas e os solos da região. O pavimento em tijoleira em tons neutros, as paredes em bege areia e os pormenores em terracota conferem calor e harmonia ao conjunto, enquanto as formas curvas e orgânicas do design reforçam a identidade artesanal de Rabat.

Com esta reabertura, a Rabat reafirma o seu compromisso “com a excelência e o savoir-faire que a tornaram uma referência no sector da alta joalharia e da relojoaria em Espanha, oferecendo aos seus clientes um espaço onde a elegância, a exclusividade e o artesanato tradicional se fundem na perfeição”. Atualmente, a Rabat conta com um total de seis estabelecimentos em Espanha: dois em Barcelona, um em Madrid, um em Ibiza, um em Valência e um em Tarragona.

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Navigator investiu 27 milhões para tornar local de trabalho mais seguro. Acidentes caíram para mínimos

Diretora de segurança e sistemas de suporte da Navigator avança ao ECO que a empresa investiu 27 milhões nos últimos anos para tornar local de trabalho mais seguro. Desde 2020, acidentes caíram 40%.

A Navigator atingiu no último ano o valor mais baixo de sempre de acidentes de trabalho. Desde 2021 que a cotada tem promovido o programa “Missão Zero”, com o objetivo de eliminar na íntegra este tipo de incidentes, sendo que, em declarações ao ECO, Paula Monteiro, diretora de segurança e sistemas de suporte dessa empresa, adianta que, nos últimos anos, foram investidos cerca de 27 milhões de euros para tornar o local de trabalho mais seguro.

Paula Monteiro é diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company.

“O investimento total da Navigator em segurança e saúde ocupacional nos últimos anos tem sido significativo, refletindo um compromisso estratégico com a melhoria contínua das condições de trabalho. No total, foram alocados cerca de 27 milhões de euros em CAPEX [despesas de capital] e OPEX [despesas operacionais] para reforço das infraestruturas, melhorias de processos e implementação de novas metodologias para a segurança e saúde no trabalho (SST), ou seja, para tornar os locais de trabalho da Navigator ainda mais seguros“, explica a responsável, em respostas enviadas ao ECO.

No que diz respeito às infraestruturas, segundo Paula Monteiro, foram atualizados os sistemas de segurança das unidades industriais (incluindo melhorias nos dispositivos de proteção e reforço dos sistemas de prevenção de incidentes).

Já no que diz respeito aos equipamentos de segurança, a diretora de segurança adianta que foram, nomeadamente, implementados novos sistemas de proteção coletiva, atualizados os dispositivos de bloqueio e sinalização, melhorados os sistemas de proteção contra queda, e reforçadas as medidas de proteção de máquinas.

A Navigator apostou também no desenvolvimento de um projeto de ergonomia que abrangeu “centenas de postos de trabalho”, investiu mais de 850 mil euros em formação e capacitação, e reforçou o rigor na qualificação das empresas prestadoras de serviço, “garantindo que os padrões de segurança são cumpridos por toda a cadeia de valor”, enumera Paula Monteiro.

A formação tem sido uma prioridade para a Navigator. Este compromisso traduz-se num investimento significativo, superior a 850 mil euros.

Paula Monteiro

Diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company

A responsável destaca ainda a criação de uma plataforma digital interativa para a gestão de segurança, o uso de dados analíticos para identificação e mitigação de riscos de forma mais ágil, a uniformização e atualização dos equipamentos de proteção individual e a aposta em campanhas de consciencialização sobre a segurança e saúde no trabalho.

“Este investimento não só elevou o nível de segurança operacional da Navigator, como também fortaleceu a cultura de prevenção, resultando numa redução do índice de frequência de acidentes e numa maior consciencialização de todos os colaboradores sobre a importância da segurança e saúde no trabalho”, salienta a já referida responsável.

Estas medidas enquadram-se no “Missão Zero”, que nasceu em 2021 com o compromisso de alcançar a meta de zero acidentes de trabalho.

O investimento sustentado em saúde e segurança tem gerado resultados muito positivos. Em 2024, foi alcançado o nível mais baixo de acidentes com baixa de sempre, número que reduziu 40% desde 2020“, assinala Paula Monteiro, que garante que este programa envolve toda a empresa, da gestão de todo aos operadores, passando pelos supervisores e responsáveis de área.

Uma vantagem para o negócio

O programa “Missão Zero” e os milhões que a Navigator tem investido em segurança e saúde no trabalho têm um foco nas pessoas, mas são também um “pilar estratégico que reforça a competitividade e sustentabilidade” da empresa, reconhece a diretora de segurança desta cotada.

A redução dos acidentes e das baixas médicas diminui as interrupções no processo produtivo, promovendo uma operação mais estável e eficiente. A mitigação dos incidentes contribui para a diminuição dos custos diretos (seguros, compensações e paragens) e indiretos (recrutamento e formação de substitutos). E uma cultura robusta de segurança e saúde no trabalho torna a Navigator mais atrativa para talentos e fortalece a imagem da empresa perante clientes e parceiros“, identifica Paula Monteiro.

A mitigação dos incidentes contribui para a diminuição dos custos diretos (seguros, compensações e paragens) e indiretos (recrutamento e formação de substitutos).

Paula Monteiro

Diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company

Além disso, sendo a Navigator cotada em bolsa, esta aposta melhora a perceção dos investidores, bem como “posiciona a empresa como referência em responsabilidade social e sustentabilidade”, observa a responsável.

Acrescenta também que “os elevados padrões de segurança são valorizados em processos de certificação e na captação de novos contratos, contribuindo para uma vantagem competitiva sustentável“.

Mas desafios não faltam

Apesar das vantagens apontadas, a implementação da Missão Zero tem enfrentado “desafios importantes”, admite Paula Monteiro.

A começar pela necessidade de mudar as mentalidades, isto é, “transformar a segurança num valor inegociável para todos os níveis da organização, garantindo que cada colaborador adota comportamentos seguros no dia a dia, não apenas em auditorias ou inspeções, mas em todas as suas atividades diárias”, realça a responsável.

Outra dificuldade tem sido a gestão da segurança dos trabalhadores externos. “O aumento do número de prestadores de serviço trouxe uma maior complexidade na gestão da segurança. Para mitigar este risco, a Navigator tem reforçado os processos de integração, formação e acompanhamento, assegurando que todos – internos e externos – compreendem e seguem os mesmos padrões elevados de segurança”, conta a diretora.

Já ao nível das chefias, Paula Monteiro sublinha que o “compromisso firme” da Comissão Executiva tem sido um “fator determinante para o sucesso” deste programa, mas a sua implementação depende do alinhamento dos gestores operacionais, daí que a cotada tenha investido também em programas de capacitação e sensibilização.

Garantir que todas as situações de risco são identificadas, reportadas, analisadas e tratadas antes de se tornarem acidentes é uma prioridade contínua.

Paula Monteiro

Diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company

Outros dos desafios têm sido a gestão de quase-acidentes e a melhoria na perceção de risco – “garantir que todas as situações de risco são identificadas, reportadas, analisadas e tratadas antes de se tornarem acidentes é uma prioridade contínua” –, bem como a redução da gravidade dos acidentes.

O “Missão Zero” é, de resto, um programa para toda a década, pelo que há ainda “um caminho a percorrer”, nomeadamente, aprofundando a cultura de segurança, evoluindo na digitalização e automação das métricas e iniciativas de segurança e saúde no trabalho, reforçando a segurança na cadeia de fornecimento e melhorando a perceção de risco e prevenção ativa, perspetiva a diretora de segurança e sistemas de suporte da Navigator, em declarações ao ECO.

Concertação ia discutir segurança e saúde no trabalho

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, acompanhada pelo secretário de Estado do Trabalho, Adriano Rafael Moreira, e pela secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro Aguiar, preside à reunião plenária do Conselho Permanente de Concertação Social, esta tarde em Lisboa.MIGUEL A. LOPES/LUSA

O Governo e os parceiros sociais receberam, no verão, o livro verde sobre a segurança e saúde no trabalho, assunto que ia ser discutido na Concertação Social ao longo desta legislatura, de acordo com o acordo sobre valorização salarial e crescimento económico.

O chumbo da moção de confiança do Governo de Luís Montenegro e a antecipação das eleições legislativas deixaram, porém, esse plano em suspenso. Os parceiros sociais insistem que os entendimentos firmados na Concertação Social são para cumprir, venha que Governo vier. Mas muito dependerá do Executivo que resultar da ida às urnas de maio deste ano.

De resto, entre as recomendações feitas pelos peritos no referido livro verde, estava a criação de uma nova agência para a segurança, saúde e condições do trabalho, a partir dos recursos já existentes na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e na Direção-Geral da Saúde (DGS).

Além disso, recomendavam que fossem desenvolvidas, de forma sistemática, através desta agência, auditoras ao funcionamento dos serviços de segurança e saúde no trabalho.

Entre as 83 recomendações do Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho, 17 diziam respeito às entidades empregadoras. Os especialistas aconselhavam, por exemplo, a promoção de formação contínua “de conhecimentos e competências de liderança ao nível específico da segurança e saúde do trabalho”.

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Responsabilidade social deve “estar incorporada” na marca e contribui para o negócio, defende a TTouch

Benedita Guedes de Carvalho e Teresa Pinto Leite, partners da TTouch, explicam como marketing e responsabilidade social podem fazer parte da mesma equação. Mudar o mundo pela comunicação é objetivo.

Benedita Guedes de Carvalho e Teresa Pinto Leite (TTouch) e Carla Borges Ferreira (+M)

 

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Já houve um tempo, e não é preciso recuar muitos anos, em que se falava em agências digitais e em agências tradicionais. Hoje, todas as agências são digitais, o digital está sempre integrado.

O paralelismo é feito por Teresa Pinto Leite, sócia e diretora criativa da TTouch, e refere-se à componente de responsabilidade social nas marcas. “É óbvio que uma agência é digital. Sempre, não é? Está sempre integrado. E é esse o percurso que achamos que a responsabilidade social, o impacto, deve ter dentro de uma marca”.

“Uma marca tem que ser responsável socialmente. Responsabilidade social não é uma das coisas que ela faz. Ela opera assim”, acrescenta Benedita Guedes de Carvalho, que subiu agora também a sócia da agência.

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“O ideal era que estivesse tudo alinhado”, que a responsabilidade social fosse um tema da liderança, mais do que do marketing, da comunicação ou da sustentabilidade, prosseguem em entrevista ao +M as duas responsáveis, na opinião de quem, no limite, as políticas que geram impacto positivo na sociedade também contribuem para o negócio.

Até do ponto de vista comercial, quando as marcas têm uma estratégia de responsabilidade social coerente e que faz sentido com aquilo que elas são e com aquilo que o mercado também procura, há resultados“, defende Teresa Pinto Leite. Com o preço a assumir uma posição determinante nas opções de escolha dos consumidores, a criativa reforça que se estes “tiverem a oportunidade de escolher entre uma marca responsável e uma marca não responsável que tenham o mesmo valor, escolhem de certeza a marca responsável”.

Uma marca tem que ser responsável socialmente. Responsabilidade social não é uma das coisas que ela faz. Ela opera assim.

Benedita Guedes de Carvalho

Fundada por Mariana Galindo em 2020, a TTouch assume-se como “uma agência transformadora do mundo através da comunicação”. Com projetos na área do impacto social para grandes clientes como o Meo ou a EDP, a agência trabalha também com associações – e junta associações a marcas.

Damos sempre o exemplo às associações de uma APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) – que trabalha tantos beneficiários, é tão importante e há tantas no país todo–, e de uma Associação Salvador”. A última, compara, “tem trabalhado a sua marca há muito tempo e, por isso, está no nosso top of mind, quando vamos, se calhar, fazer o IRS ou uma doação”, diz Benedita Guedes de Carvalho, para ilustrar a importância da comunicação para as associações.

“É muito importante para posicionamento e angariação de fundos”, assegura a nova partner da agência, que tem como política não fazer trabalhos pro bono. “Não fazemos pro bono porque acreditamos na continuidade e na estratégia. Não é só para uma marca, é exatamente para uma associação, que tem que trabalhar como uma marca, que tem que posicionar certo tipo de mensagens na cabeça das pessoas, um certo tipo de imagem e uma distinção no mercado das associações. E isso demora tempo e tem valor”, reforça.

“Até do ponto de vista comercial, quando as marcas têm uma estratégia de responsabilidade social coerente e que faz sentido com aquilo que eles são e com aquilo que o mercado também procura, há resultados”,

Teresa Pinto Leite

Com o período de entrega do IRS a aproximar-se, as campanhas de consignação começam a avolumar-se e muitas resultam de trabalho voluntário de agências. “O que não se deve fazer neste setor é o mesmo que em qualquer outro, ser incoerente com a sua marca, com o seu posicionamento“, alerta Teresa Pinto Leite, criativa que construiu grande parte da carreira em agências tradicionais e que, a dado momento, se cansou de “vender sabonetes”.

Ao fim de não sei quantos anos a fazer campanhas para marcas do ponto de vista puramente comercial, tínhamos vontade de fazer qualquer coisa a mais, contribuir um bocadinho mais – não que as pessoas que trabalham nas agências tradicionais não estejam a contribuir imenso, porque estão, para a economia de mercado, que acho muito importante –, mas a nossa vontade pessoal era essa, era contribuir também para um setor social e ambiental”, diz, recuando ao início da agência fundada por Mariana Galindo.

Para nós, que propomos que a comunicação resolva grande parte dos problemas sociais e ambientais, temos um ano desafiante. E, do ponto de vista intelectual, entusiasmante. Temos de trabalhar a nossa criatividade para coisas que já achávamos que estavam garantidas”, antecipa sobre os próximos meses, e pensando tanto no contexto nacional como internacional, Benedita Guedes de Carvalho. A entrevista completa pode ser vista em vídeo ou escutada em podcast.

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“Os nossos clientes já querem cúpulas com diversidade”. A mulher na advocacia

Mariana Sarávia, Susana Afonso e Ana Ferreira Neves debatem a igualdade de oportunidades nos grandes escritórios de advocacia. O projeto "Mulheres com ECO" está de regresso. Veja o vídeo.

“Ao longo do tempo tivemos os nossos desafios e ainda temos portanto, sim, ainda faz sentido celebrar este dia”, disse Susana Afonso, sócia da CMS Portugal e membro do Conselho de Administração do escritório gerido por um homem, José Luís Arnaut. “Tenho 30 anos de advocacia e na altura era muito diferente, muito masculina, muito vertical na hierarquia, havia advogados em que quando eu os cumprimentava, a minha voz tremia. E sentia imenso a necessidade de me vestir de uma forma mais masculina, achava que tinha de me impor pela roupa”, disse a advogada.

Um estudo divulgado em 2021 pela Ordem dos Advogados revela que ainda muitas mulheres relatam sentir-se excluídas das redes informais de poder dentro dos escritórios. Um estudo divulgado em 2021 pela Ordem dos Advogados revela que ainda muitas mulheres relatam sentir-se excluídas das redes informais de poder dentro dos escritórios. Esse estudo demonstra ainda que – do total de cerca de 40 mil advogados – 57% são mulheres. Apesar destes dados demonstrarem um progressivo domínio da mulher na advocacia, nem sempre são traduzidos de forma igualitária na progressão de carreira, no equilíbrio entre género nos cargos de topo e na conciliação da vida profissional com a pessoal. Mulheres com ECO é uma iniciativa que reúne várias marcas do universo ECO, com um novo episódio divulgado todas as sextas-feiras. Este é o quarto da série de oito. Veja o vídeo.

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Ana Ferreira Neves, sócia da TELLES, advogada há mais de 20 anos, refere que começou a exercer nos anos 90 e já nessa altura as mulheres estavam presentes na advocacia.”Já havia algum terreno conquistado, mas a cúpula ainda era muito masculina. O próprio código de como nos vestíamos na altura era diferente. A credibilidade vinha com uma imagem de masculinização” E admite que há anos se evitava a desculpa de não fazer certo tipo de trabalhos porque “tínhamos filhos pequenos”. Agora, “o teletrabalho ajudou muito, toda a flexibilização no exercício do trabalho no pós Covid veio facilitar e muito”.

Susana Afonso avisa que são cerca de 57% mulheres advogadas e isso significa muito. “Nos escritórios também….mas quanto à cúpula é outra história, é um caminho que ainda se tem de fazer”.

Mariana Caldeira Sarávia, sócia da SRS Legal, considera que não sentiu obstáculos na carreira mas sente, sim, “que tenho necessidade de provar que tenho uma disponibilidade igual à dos homens. Não tendo… mas desfazendo-me para isso”.

Foi em 2006 que pela primeira vez a classe da advocacia contabilizou mais mulheres do que homens: 12.996 advogadas face aos 12.720 profissionais do sexo masculino. Desde então que o sexo feminino tem dominado a classe, com exceção do ano de 2008.

Atualmente – segundo dados mais recentes de finais de 2023 – são 40.065 advogados, mais 1.261 do que em 2022, um novo recorde, a maioria do sexo feminino, totalizando cerca de 57%, ou seja 22.852 advogadas, outro recorde. Já advogados do sexo masculino foram contabilizados 17.213, ou seja cerca de 43% da classe. Recorde-se que a advocacia esteve durante vários anos restringida às mulheres e só em 1918 é que viram assegurado o seu direito de acesso à profissão.

Ana Ferreira Neves, sócia da Telles, Susana Afonso, sócia da CMS e Mariana Sarávia, sócia da SRS Legal. Fotos: Hugo Amaral

Ana Ferreira Neves acrescentou ainda que “havia fases , quando fomos mães, que nos questionamos : será que quando eu chegar da licença, vou continuar a receber trabalho, vou conseguir avançar com a minha carreira?”.

Já Susana Afonso admitiu que “não tinha esta consciência do work life balance, não tinha este receio que o trabalho não existisse mas a verdade é que não fiz interrupção com a maternidade e, oito dias depois dos gémeos nascerem, estava sentada em frente ao computador”.

Mariana Sarávia, advogada e sócia da SRS Legal, concluiu: “temos 48% de mulheres sócias na SRS Legal. Mas depois esbarramos no Conselho de Administração onde temos duas mulheres em nove. Mas acho que há uma atenção verdadeira ao papel da mulher. O escritório valoriza, gosta de ouvir e dá atenção às mulheres. Isto na cúpula, no fórum de sócios”.

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Listas de espera no sistema de saúde de Madrid estão a diminuir

  • Servimedia
  • 28 Março 2025

Em fevereiro, os tempos de espera diminuíram na Comunidade de Madrid, tanto para consultas externas como para operações e exames de diagnóstico.

Os últimos dados do Serviço de Saúde de Madrid (Sermas), correspondentes ao mês de fevereiro, revelam que as listas de espera na Comunidade de Madrid (CAM) diminuíram em todos os parâmetros analisados em relação ao mês anterior.

Verificou-se uma redução dos tempos de espera, tanto nas consultas externas como nas listas cirúrgicas (LEQ) e de exames de diagnóstico. O número de utentes em lista de espera estrutural também diminuiu, passando de 1.017.647 em janeiro para 1.015.428 em fevereiro, num total de menos 2.219 utentes.

Em termos de consultas externas, a lista de espera diminuiu em 6.332 pessoas de janeiro para fevereiro, e os tempos de espera diminuíram 6,24 dias, passando de 72,06 dias para 65,82 dias.

De acordo com os últimos registos do Sistema Nacional de Listas de Espera do Sistema de Saúde (SISLE), correspondentes ao primeiro semestre de 2024, o tempo médio nacional de espera para consultas externas é de 94 dias; Madrid está, portanto, 28 dias abaixo desta média.

Estes dados posicionam o CAM, apesar da sua maior pressão sobre os cuidados, como uma das regiões com o menor tempo de espera para uma consulta com um especialista. Na Catalunha, uma região comparável a Madrid em termos de pressão hospitalar, um doente tem de esperar em média 98 dias, ou seja, mais de um mês do que em Madrid.

Quanto aos hospitais com menor demora nas consultas externas, em fevereiro, a Fundação Jiménez Díaz ocupava o primeiro lugar entre os de alta complexidade (Grupo 3), com um tempo médio de espera de 24,83 dias, seguido do Gregorio Marañón com 36,03 dias, do Hospital Clínico San Carlos, 57,23 dias, do Hospital 12 de Octubre, 59,04 dias, do Hospital Princesa, 65,99 dias, do Hospital Universitario Puerta de Hierro, 81,28 dias; Hospital Clínico San Carlos, 57,23 dias; Hospital 12 de Octubre, 59,04 dias; Hospital de la Princesa, 65,99 dias; Hospital Universitario Puerta de Hierro, 81,28 dias, Hospital Ramón y Cajal, 86,90 dias; e o Hospital La Paz, em último lugar, com 99,42 dias.

Entre os centros de média complexidade (Grupo 2), o primeiro lugar para a menor demora para uma consulta com um especialista em fevereiro foi para Severo Ochoa, com 53,49 dias, seguido pelo Hospital Universitário de Móstoles, 57,08 dias, e pelo Hospital Universitário Fundación Alcorcón, 58,03 dias. Os restantes hospitais de média complexidade ultrapassaram os dois meses de espera para consultas externas.

CIRURGIA E EXAMES DE DIAGNÓSTICO

Na lista de espera cirúrgica (LEQ), o atraso diminuiu 2,41 dias no CAM, situando-se em 46,79 (em comparação com 49,20 em janeiro). Os hospitais do Grupo 3 com menor tempo de espera para cirurgia foram a Fundación Jiménez Díaz com 20,73 dias; o Hospital General Universitario Gregorio Marañón, 51,47 dias; o Hospital Clínico San Carlos, 51,52 dias; o Hospital Universitario, La Paz, 55,41 dias e La Princesa, 56,75 dias. Hospital Universitario Ramon y Cajal, 60,32 dias; Hospital Universitario Puerta de Hierro Majadahonda, 63,31 dias; e Hospital Universitario 12 de Octubre, 66,08 dias. No que respeita à média complexidade, os hospitais com melhor desempenho foram o Hospital Universitário General de Villalba, com 13,47 dias, o Hospital Universitário Rey Juan Carlos, com 17,07 dias, e o Hospital Universitário Infanta Elena, com 21,59 dias.

Se compararmos estes dados com os últimos dados recolhidos pelo SISLE, correspondentes ao primeiro semestre de 2024, Madrid é a região espanhola com a menor demora nas intervenções cirúrgicas, muito longe da média nacional de 121 dias, ou seja, menos 74,21 dias do que no conjunto do Sistema Nacional de Saúde. Além disso, apesar da sua população e da sua maior procura de cuidados de saúde, tem a taxa mais baixa de doentes pendentes de cirurgia, 10,06 por 1.000 habitantes.

Em termos de exames complementares de diagnóstico, o tempo médio de espera no CAM diminuiu 5,29 dias, passando de 64,09 em janeiro para 58,80 em fevereiro, apesar de ter sido atendido um maior número de doentes: 172 224 contra 163 677 no mês anterior. O número de pacientes em lista de espera estrutural também diminuiu em 2.642 de janeiro (194.865 pacientes) para fevereiro (197.507).

Entre os principais hospitais da Comunidade de Madrid, os que geriram mais eficazmente os exames de diagnóstico em fevereiro foram: Hospital Clínico San Carlos (20,17 dias), Hospital Universitario Puerta de Hierro Majadahonda (27,43 dias), Fundación Jiménez Díaz (30,41 dias) e Hospital General Universitario Gregorio Marañón (42,87 dias). Os quatro situam-se abaixo da média do conjunto dos hospitais CAM. Por outro lado, La Princesa (59,11 dias); Hospital Universitario Ramon y Cajal (60,83 dias); Hospital Universitario 12 de Octubre (61,73 dias); e, finalmente, o Hospital Universitario La Paz com 78,35 dias superaram esta média.

Em termos de média complexidade, os melhores registos foram apresentados pelo Hospital Universitário de Torrejón com 12,42 dias; o Hospital Universitário Infanta Elena, 20,42 dias; o Hospital Infantil Universitário Niño Jesús, 21,44 dias; o Hospital Universitário General de Villalba 26,69 dias e o Hospital Universitário Puerta de Hierro Majadahonda, 27,43 dias; todos abaixo de um mês de espera para exames de diagnóstico.

A análise dos dados por hospital, tanto em consultas externas como em LEQ e exames de diagnóstico, destaca o desempenho da Fundación Jiménez Díaz, que se distingue com excelentes resultados entre os hospitais de alta complexidade. Demonstra que o modelo de gestão mista na Comunidade de Madrid é um fator-chave para a redução das listas de espera e permitiu à Fundação Jiménez Díaz consolidar a sua posição de referência em matéria de eficiência hospitalar e redução dos tempos de espera, graças à combinação de inovação organizacional e otimização dos recursos público-privados.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 28 Março 2025

Partidos com assento na Madeira são ouvidos, novo carregamento Andante apresentado, INE divulga dados das rendas, Eurostat revela custo por hora trabalhada e EUA divulgam dados da inflação.

No dia em que os partidos que conquistaram assento na Assembleia Parlamentar da Madeira vão ser ouvidos pelo representante da República, é apresentada a nova modalidade de carregamento dos títulos Andante e o INE divulga dados das rendas. Lá fora, a Eurostat divulga estatísticas do preço por hora trabalhada e os EUA divulgam índice PCE, o indicador dos preços preferido da Fed.

As rendas estão mais caras?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar estatísticas das rendas das casas a nível local referentes aos últimos três meses do ano passado. De acordo com os dados mais recentes, os novos contratos de arrendamento tinham registado um aumento de 10,7% no terceiro trimestre de 2024 – atingindo uma mediana nacional de 8 euros por metro quadrado (€/m²) –,em comparação com os três meses anteriores. No entanto, houve uma diminuição de 1% em relação ao segundo trimestre. O INE também vai divulgar o índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas no Comércio relativo a fevereiro e os dados dos inquéritos de conjuntura às Empresas e aos Consumidores de março.

E o custo da hora de trabalho na UE?

O órgão estatístico da União Europeia (UE), Eurostat, vai divulgar tendências da produtividade referentes ao ano passado, utilizando os indicadores das contas nacionais, dados sobre a migração de e para a UE e informações sobre os custos de mão de obra relativos a 2024. Segundo os últimos dados, os custos por hora de mão de obra aumentaram 5,1% na Zona Euro e 5,5% na UE no primeiro trimestre de 2024 em termos homólogos. Em Portugal, a subida foi de 6,2%, acima da média, mas ligeiramente abaixo dos 6,3% do trimestre anterior.

Lançamento do carregamento de títulos Andante na app

A Via Verde e os Transportes Metropolitanos do Porto (TMP) vão apresentar esta sexta-feira uma nova funcionalidade que permite o carregamento de títulos de transporte Andante diretamente pela app Via Verde. A partir de agora, passes municipais, metropolitanos e viagens ocasionais podem ser adquiridos diretamente através de smartphones Android e iOS, na aplicação Via Verde. O lançamento oficial acontece na estação de metro do Campo 24 de Agosto, no Porto, às 11h15.

Partidos da Madeira são ouvidos pelo representante da República

O representante da República para a Região Autónoma da Madeira, o juiz conselheiro Ireneu Cabral Barreto, vai ouvir nesta sexta-feira os seis partidos políticos que garantiram assento parlamentar na Assembleia Legislativa, no Palácio de São Lourenço que é a residência oficial do representante da República. É expectável que após a audição aos partidos seja chamado Miguel Albuquerque, líder do partido mais votado – PSD, e indigitado a formar o próximo Governo Regional. Segundo dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (MAI), os social-democratas tiveram a um deputado de conquistar a maioria absoluta ao obterem 43,43% dos votos (62.085 votos) e 23 lugares na Assembleia Legislativa Regional, constituída por um total de 47 deputados.

EUA divulgam índice PCE, indicador preferido da Fed

O departamento do Trabalho dos Estados Unidos da América (EUA) vai lançar o índice que mede a inflação referente a fevereiro – o índice PCE preferido da Reserva Federal (Fed) para acompanhar o estado de saúde da economia do país. Serão também apresentados outros indicadores como as despesas e rendimento pessoais.

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Americanos do Texas atentos ao mercado português de ‘data centers’

Digital Realty e Prime Data Centers são duas empresas norte-americanas já com investimentos em Espanha e que nos últimos meses têm estado atentas ao mercado português de 'data centers'.

A proximidade de Portugal a cabos submarinos e o acesso a energia renovável continuam a captar o interesse de investidores estrangeiros, lançando as bases para a futura instalação de novos data centers no país. A Digital Realty e a Prime Data Centers são duas empresas norte-americanas sedeadas no Texas que têm estado nos últimos meses a olhar para o mercado português, sabe o ECO.

A Digital Realty é cotada na bolsa de Nova Iorque, onde apresenta um valor de mercado próximo dos 50 mil milhões de dólares (45,7 mil milhões de euros). A empresa já tem diversos data centers no continente europeu, incluindo quatro em Madrid, onde oferece quase 59 mil metros quadrados de área para a instalação de servidores. Entre os seus parceiros, encontram-se a AWS, Microsoft, Google e NVidia.

Duas fontes do mercado indicaram ao ECO saber que a Digital Realty tem vindo a estudar um possível investimento futuro no país. No entanto, não foi possível confirmar se a empresa está mesmo determinada nesta altura em vir a construir um data center em Portugal. Questionado sobre estas informações, Robert Assink, managing director da Digital Realty em Espanha, respondeu apenas: “neste momento, não podemos publicitar nada sobre Portugal. Assim que haja quaisquer novidades, daremos a conhecer.”

Na conferência telefónica de apresentação dos últimos resultados anuais, realizada a 13 de fevereiro, ficou evidente a ambição de expansão da Digital Realty, com o CEO, Andrew Power, a referir que a empresa alargou a capacidade em mais de 200 MW em 2024, com um pipeline de projetos em execução acima dos sete mil milhões de dólares (6,4 mil milhões de euros), e um investimento executado de dois mil milhões de dólares no ano passado. A cotada fechou ainda o ano com seis mil milhões de dólares de liquidez.

Outra empresa norte-americana atenta a Portugal é a Prime Data Centers. Depois de três fontes terem revelado ao ECO as movimentações desta empresa no mercado português, Louise Jarvis, VP de Business Development da Prime para a Europa, negou que esteja para avançar qualquer investimento no país, mas confirmou que a empresa está a analisar o mercado em Portugal: “O nosso foco neste momento é Espanha, Alemanha e os países nórdicos. Estamos a seguir o mercado, mas ainda é demasiado cedo para nós”, disse a responsável.

Ainda assim, o ECO apurou que a Prime Data Centers já é membro da Associação Portuguesa de Centro de Dados, também conhecida como PortugalDC, de acordo com a própria instituição. A organização foi criada em 2023 para congregar e representar os vários agentes deste setor.

A Prime Data Centers é uma empresa de capital privado que gere várias destas infraestruturas em múltiplas localizações nos EUA. Mas, recentemente, começou a expandir-se para a Europa. Na Dinamarca, a Prime está a construir um campus de data centers com 124 MW de capacidade desde fevereiro de 2023.

Está também a instalar, desde maio de 2024, um data center de 40 MW no município de Alcobendas, num terreno com mais de três hectares. A empresa apresenta este futuro centro nas proximidades de Madrid como “um ponto de conexão para as regiões costeiras e Portugal”.

Este mês, a Comissão Europeia deu luz verde à aquisição do controlo da Prime Data Centers por três empresas americanas, a Ares Management Corporation, o grupo Macquarie e o grupo Data Realty. Apesar da semelhança no nome e de também ter sede no Texas, o Data Realty Group não estará relacionado com a Digital Realty, confirmou o ECO junto de duas fontes do setor.

Questionada sobre o interesse destes investidores norte-americanos no mercado português, fonte oficial da Embaixada dos EUA em Lisboa respondeu que não comenta “sobre potenciais investimentos de empresas privadas norte-americanas”.

A procura por capacidade de computação tem vindo a aumentar a nível global, em função da crescente digitalização da economia e do desenvolvimento e adoção de soluções avançadas de inteligência artificial (IA), uma tecnologia com fortes necessidades de processamento de dados e de informação.

Em Portugal, o maior investimento em curso em data centers é o da Start Campus em Sines, uma joint venture da norte-americana Davidson Kempner com a britânica Pioneer Point Partners. O Sines DC, junto à antiga central a carvão da EDP, está programado para ter 1,2 GW de capacidade quando ficar totalmente concluído, o que está previsto para 2030, representando um investimento total de 8,5 mil milhões de euros.

Também a norte-americana Equinix, que construiu um dos primeiros data centers em Lisboa no final dos anos 90 e está prestes a concluir a construção de um segundo, já confirmou que irá avançar para a instalação de um terceiro data center na capital portuguesa provavelmente em 2027, conforme noticiou o ECO este mês.

Vários stakeholders desta indústria têm destacado nos últimos anos a crescente atratividade de Portugal para acolher novos data centers, devido a fatores como a proximidade aos cabos submarinos, a disponibilidade de terrenos para construção com capacidade de expansão e a baixa propensão a fenómenos naturais extremos.

Mas o país também tem vindo a ganhar relevância graças à disponibilidade de energia renovável, numa altura em que alguns dos principais mercados internacionais para a indústria de data centers começam a enfrentar dificuldades no fornecimento de energia a estas infraestruturas, que consomem vastas quantidades de eletricidade.

De acordo com uma estimativa da PortugalDC, o setor poderá canalizar mais de 12 mil milhões de euros de investimento para Portugal ao longo dos próximos cinco anos.

O ECO também contactou oficialmente a Digital Realty e a Prime Data Centers, na tentativa de obter mais informações, mas não obteve respostas até à publicação desta notícia.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 28 de março

  • ECO
  • 28 Março 2025

Ao longo desta sexta-feira, 28 de março, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Fidelidade recebe ofertas indicativas pela Luz Saúde em abril

Memorandos informativos foram enviados a potenciais investidores esta semana, de acordo com a Mergermarket. ICG e Ardian estarão a analisar. ECO sabe que americana Advent também recebeu convite.

A Fidelidade conta receber ofertas não vinculativas (non-binding offers) para vender uma participação minoritária na Luz Saúde no final de abril, de acordo com a informação divulgada esta quinta-feira pela Mergermarket.

Os memorandos informativos – que nos processos de fusões e aquisições servem para dar aos potenciais compradores informações essenciais e elaboradas sobre a empresa à venda – foram enviados esta semana, avançaram fontes familiarizadas com o assunto à plataforma de M&A.

A Fidelidade — que não comenta estas informações — está disposta a vender uma participação de 40%, mas poderá ser superior em alguns pontos percentuais, procurando uma avaliação superior a mil milhões de euros para o grupo hospitalar.

A seguradora já tinha enviado cartas-convite a mais de uma dezena de potenciais investidores, entre os quais estão sociedades de private equity internacionais, como a KKR, a Macquarie Group ou a PureHealth Holding de Abu Dhabi. Os brasileiros da Rede D’Or São Luiz SA, os britânicos da Intermediate Capital Group (ICG) ou os franceses da Ardian também estarão a analisar este ativo, segundo a Bloomberg e a Mergermarket. O ECO sabe que a norte-americana Advent International também recebeu o memorando informativo.

A agência financeira Bloomberg noticiou em fevereiro que a Fidelidade contratou o banco de investimento Natixis para dar início a contactos com eventuais interessados em comprar uma posição minoritária no grupo Luz Saúde.

Luz Saúde contribui com 38 milhões para o grupo Fidelidade

A Luz Saúde contribuiu com um resultado líquido positivo de 37,7 milhões de euros para o grupo Fidelidade no ano passado, o que representou um crescimento homólogo de 21%. Em 2024, as receitas da Luz Saúde subiram 10% para os 730 milhões de euros.

No mais recente relatório e contas, a companhia seguradora menciona uma “receita ímpar” da operação hospitalar” e lembra a tentativa frustrada de levar o grupo de saúde para a bolsa no ano passado: “Embora a intenção de alienação por IPO de uma posição minoritária na Luz Saúde tenha sido anunciada, a operação acabou por ser suspensa, visto as condições gerais de mercado na data prevista refletirem a incerteza gerada pelo recrudescimento do conflito no Médio Oriente, sendo por isso impeditivas de uma correta valorização do ativo”.

Em entrevista ao podcast do ECO “À Prova de Futuro”, a CEO da Luz Saúde disse que o interesse em abrir o capital se mantinha, mas poderia passar por outras alternativas, como a venda direta de uma participação a investidores.

Questionada sobre se a abertura do capital pode não passar necessariamente por uma venda do capital em bolsa, Isabel Vaz respondeu: “Pode não passar, ainda que nós, equipa de gestão, gostamos disso. O processo do IPO [oferta pública inicial] teve alguma graça, porque quando nós fizemos o intention to float e de repente o Irão mete 300 mísseis em Israel nessa semana. Nós realmente temos uma pontaria…”.

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Prestação da casa cai para mínimos de dois anos e meio

Abril traz nova descida na prestação da casa entre os 30 e 115 euros. Mas há cada vez mais sinais de desaceleração das taxas. Reunião do BCE marcada para abril está a dividir investidores.

A prestação da casa vai voltar a descer no próximo mês. Os contratos que foram revistos em abril vão sofrer reduções na mensalidade paga ao banco entre 30 euros e 115 euros, de acordo com as simulações realizadas pelo ECO. Com isso, a prestação da casa irá cair para o valor mais baixo em dois anos e meio no caso dos empréstimos que estão associados à Euribor a seis meses e a 12 meses.

A descida das Euribor tem trazido boas notícias para as famílias nos últimos meses. Mas há cada vez mais sinais de desaceleração destas taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa. Em março, a Euribor a 12 meses estagnou.

Mantendo-se esta tendência, isto significa que a prestação da casa vai continuar a descer nos próximos meses, mas as descidas (e o impacto no bolso das famílias) serão cada vez menores.

Esta situação reflete as perspetivas para a política monetária no quadro da Zona Euro. Desde o verão passado, o Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a aliviar as taxas de juro oficiais. Mas este ciclo de descidas pode estar perto do fim.

Esta quinta-feira, o vice-presidente Luis de Guindos afirmou que o banco central deve ser “extremamente prudente” nas suas decisões relativamente às taxas de juro, citando o quadro de incerteza marcado pela guerra de tarifas.

Por seu turno, o governador do Banco de Portugal defende que há margem para as taxas continuarem a descer. “Não há razão para o BCE se desviar da trajetória das taxas de juro incorporada nas projeções”, afirmou Mário Centeno numa entrevista publicada esta semana, sublinhando que “as projeções mais recentes não dizem para fazer uma pausa em abril”.

A próxima reunião de política monetária do BCE tem lugar nos dias 16 e 17 de abril.

Neste momento, os investidores estão divididos quanto ao que vai acontecer, com os mercados a admitirem uma probabilidade de 50/50 entre uma descida de 25 pontos base ou a manutenção da taxa de depósitos nos atuais 2,5%.

Quanto vai descer a prestação da casa?

Para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e com um spread de 1%, as contas para março são as seguintes:

  • Euribor a três meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá descer para 669,72 euros, menos 31,35 euros (-4,47%) relativamente à prestação que pagava desde janeiro;
  • Euribor a seis meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses rondará os 664,39 euros, uma descida de 74,22 euros (-10,1%) em relação à prestação que pagava desde outubro;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá cair para 665,8 euros, menos 113,78 euros (-14,6%) face à prestação que pagou no último ano.Para o ajudar a calcular a prestação do seu crédito à habitação, o ECO preparou um simulador. Faça as contas para o seu caso e, se o seu contrato for revisto agora, saiba quanto irá pagar a menos.
Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o simulador.

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Sword Health. Tribunal rejeita pedido de Virgílio Bento para não ser julgado na Califórnia

Virgílio Bento alegou que o tribunal de São Francisco não tinha jurisdição para o julgar no caso que opõe a Sword à americana A2 Academy. Juíza não lhe deu razão e o processo poderá mesmo avançar.

É uma luta judicial que ainda está no princípio, mas a esmagadora maioria das decisões do tribunal de São Francisco, até agora, têm indicado que o caso que opõe a americana A2 Academy à portuguesa Sword Health deverá mesmo chegar a julgamento. Uma das decisões já tomadas pela juíza Christine van Aken é de que o Tribunal Superior de São Francisco, onde a queixa contra a Sword foi interposta, é competente para julgar Virgílio Bento, CEO do unicórnio português.

A norte-americana A2Academy recorreu para a justiça nos Estados Unidos contra a Sword Health, acusando a empresa de não cumprir um acordo que lhe atribuía 5% das ações na empresa fundada por Virgílio Bento, avaliada atualmente em mais de 3 mil milhões de dólares.

O acordo que está na base da disputa é de 2014, mas o processo só foi colocado em julho do ano passado, segundo os registos do tribunal consultados pelo ECO. Desde esse momento, o caso conheceu vários desenvolvimentos, com vários requerimentos das partes e decisões da juíza.

Uma das mais relevantes prende-se com a capacidade do tribunal julgar Virgílio Bento, o fundador português da Sword Health, visado nesta ação juntamente com a empresa — tanto a unidade portuguesa como a norte-americana, com sede no estado do Delaware.

Bento contestou judicialmente que o tribunal teria “jurisdição pessoal” para o julgar, uma vez que não reside nos Estados Unidos, não tem estabelecimentos na Califórnia nem, no seu entender, os factos alegados pelos queixosos atribuem competência especificamente ao tribunal em causa em relação à sua pessoa.

“Bento tem pouca ou nenhuma relação com a Califórnia. Bento vive e tem domicílio em Portugal. Nunca residiu nem teve domicílio na Califórnia, não tem nem arrenda qualquer propriedade na Califórnia, nem mantém um endereço postal, conta bancária ou telefone na Califórnia. Nunca pagou, nem lhe foi exigido que pagasse, quaisquer impostos na Califórnia”, pode ler-se na sua argumentação jurídica.

A mesma fonte defende que os direitos dos queixosos em nada ficariam penalizados com esta escusa, mesmo que lhes viesse a ser dada razão. E que a necessidade de se deslocar à Califórnia para se defender seria injustamente consumidora de tempo e cara.

Virgílio Bento, Fundador e CEO da Sword Health

No entanto, numa decisão com data de 28 de janeiro, o tribunal californiano foi claro: a moção apresentada pelo CEO da Sword foi “negada”. A juíza Christine van Aken considerou que há elementos suficientes para sustentar que tem jurisdição sobre o empresário português, uma vez que alguns dos factos na origem do caso tiveram lugar na Califórnia e era aí que estavam baseados os responsáveis da A2 Academy, aquando dos contactos com Virgílio Bento.

Além disso, a juíza também discorda que seria um encargo injusto julgar o português em São Francisco. “Bento, porém, é também um sofisticado cofundador e diretor de duas corporações globais, uma das quais é incorporada nos Estados Unidos, e ele viajou no passado para a Califórnia para fazer crescer o seu negócio”, defende a juíza, acrescentando que “Bento não demonstrou que o exercício da jurisdição pessoal sobre si seria injusto”.

“Mais, a Califórnia tem interesse em regulamentar condutas ilícitas que afetam seus negócios, e os queixosos têm interesse em responsabilizar Bento pessoalmente por uma conduta supostamente ilícita“, pode ler-se na decisão.

Bento, porém, é também um sofisticado cofundador e diretor de duas corporações globais, uma das quais é incorporada nos Estados Unidos, e ele viajou no passado para a Califórnia para fazer crescer o seu negócio. Bento não demonstrou que o exercício da jurisdição pessoal sobre si seria injusta.

Juíza Christine van Aken

Mas esta não foi a única decisão desta responsável. Nesta fase do processo, as partes ainda estão a discutir junto do tribunal que alegações poderão avançar para uma eventual fase de julgamento, que pode nem sequer vir a acontecer (por falta de fundamentação suficiente da queixa ou caso as partes chegarem a um acordo, por exemplo).

A defesa da Sword e de Virgílio Bento tem estado particularmente ativa neste período, procurando expor perante o tribunal fragilidades na argumentação dos queixosos ou questionado a qualificação dos factos alegados. Porém, numa decisão de 20 de fevereiro deste ano, a juíza rejeitou boa parte desses argumentos, admitindo a viabilidade dos pontos da A2 Academy, nomeadamente aqueles que procuram dar força às alegações de fraude por parte da Sword. De notar que, nesta fase, não há análise definitiva de prova, o que só será feito no julgamento, caso se chegue até lá.

Num ponto, a juíza deu razão à Sword, obrigando os queixosos a alterar o seu documento inicial. Isto porque o principal tema em causa é se as alegadas irregularidades já prescreveram ou não. A A2 alega que esse prazo de prescrição só deverá começar a ser contado a partir do momento em que a empresa americana teve conhecimento do incumprimento, o que terá acontecido apenas em 2022.

Após contestação do lado da Sword, a juíza ordenou aos queixosos que alterem parte do conteúdo da sua queixa para explicarem esse gap entre a assinatura do acordo, a prescrição “normal” das alegadas irregularidades (em 2018) e a entrada com uma ação em tribunal (2024). “Os queixosos devem alegar quaisquer factos em sua posse que demonstrem que não poderiam saber ou não tinham dever de saber da alegada quebra do contrato dentro do período” antes da prescrição.

Para 23 de abril está marcada uma sessão entre as partes e a juíza para determinar os próximos passos do processo. Entra-se agora na chamada fase de Discovery, em que as partes partilham entre si os documentos e as provas que têm e o que vão alegar em fase de julgamento.

A origem da disputa

O caso tem origem em 2014, quando a Sword Health, querendo desenvolver-se mais rapidamente e ganhar conhecimento do mercado norte-americano, se candidata a um programa na Aging2.0 Academy, focado em empresas early stage com produtos ou serviços para pessoas com mais de 50 anos.

A Sword é selecionada, juntamente com outras empresas, para entrar nesse programa de mentoria e aceleração, e para isso celebra um contrato com a Aging2.0 Academy, agora designada A2 Academy, que previa a entrega de 5% do capital da empresa à norte-americana: metade dessas ações com a celebração do acordo, e os restantes 50% ao longo do ano seguinte, em “prestações” mensais, segundo os termos do acordo, consultado pelo ECO.

Nem a Sword nem os autores da queixa responderam aos pedidos do ECO para comentar o tema.

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Seguros em 2030: Serão Holísticos ou Incorporados?

  • Vincent Van de Winckel
  • 28 Março 2025

Cinco dos executivos que hoje mais desenvolvem a forma que terão os seguros no final desta década, foram sondados pelo consultor Vincent Van De Winckel. Estão focados em inovar e explicam como.

No final do ano passado, durante o Web Summit, tive a oportunidade de conhecer Jeroen Bartelse, Business Strategist and Innovator da Achmea, a maior seguradora neerlandesa, com mais de 10 milhões de clientes. Na altura, trabalhava no Plano 2030 e refletia sobre a evolução dos seguros na próxima década. Ao contrário da visão predominante que aponta para um futuro dominado pelos seguros incorporados, Jeroen questionava se, em vez disso, o futuro não passaria por seguros holísticos. Esse questionamento serviu de ponto de partida para este artigo, no qual procurei reunir a opinião de executivos dos principais atores do setor segurador nacional.

Tiago do Couto Venêncio, Stéphane Favaretto, Pedro Mata, Jorge Pinto e Gustavo Barreto responderam ao desafio de Vincent Van De Winckel.

Para alimentar esta reflexão, lancei a questão a quatro diretores de topo do setor segurador português, que representam, em conjunto, cerca de um quarto do mercado em volume de prémios, bem como ao fundador de uma insurtech em rápido crescimento no país. Aceitaram o desafio de antecipar o futuro e responder à pergunta:

Como serão os seguros dentro de cinco anos? Holísticos ou incorporados?

A revolução digital e a transformação dos seguros

Num mundo onde a inteligência artificial e soluções como o ChatGPT resolvem problemas de forma ágil, a evolução dos seguros seguirá o mesmo caminho. “O seguro sempre foi uma necessidade, mas nem sempre uma experiência simples”, comenta Tiago Venâncio, CEO da Aegon Santander Seguros, acrescentando que “numa abordagem tradicional, os seguros são vendidos como produtos isolados, obrigando os consumidores a tomar decisões sobre coberturas, franquias e prémios. O resultado? Muitos acabam por adiar a decisão ou escolher produtos inadequados às suas necessidades”.

Embora um horizonte de cinco anos possa ser curto para mudanças significativas, Jeroen Bartelse acredita que as seguradoras passarão a oferecer uma proteção global e contínua, cobrindo uma pessoa independentemente do local ou da atividade que estiver a desempenhar. Graças à digitalização, os pontos de contacto multiplicam-se e os dados acumulados permitem um conhecimento mais profundo do passado e presente de cada pessoa, possibilitando a hiperpersonalização dos produtos. Sensores em smartphones, veículos, casas e até nas cidades permitirão identificar riscos em tempo real, ajustar os prémios e automatizar a notificação de sinistros.

A ideia de uma proteção integral não é nova. João Quintanilha, ex-CEO da Una Seguros, recorda que, nos anos 1990, a seguradora francesa GAN já explorava a uniformização das apólices para oferecer uma visão global da cobertura de risco ao cliente. Jorge Pinto, Head of Sales and Distribution da Zurich Portugal, reforça esta visão ao afirmar que “no futuro, caminharemos para soluções personalizadas, que combinam vários tipos de cobertura num único pacote, ajustadas às necessidades individuais”. No entanto, o desafio continua a ser a complexidade da avaliação e cotação de riscos em coberturas tão abrangentes. Como aponta Pedro Mata, Deputy CEO da Caravela Seguros “a ASF e a EIOPA tendem a favorecer produtos que garantam transparência e clareza para o consumidor. Um seguro holístico pode gerar problemas na avaliação do risco e na comunicação ao cliente, tornando difícil garantir que todas as coberturas são bem compreendidas e adequadas”.

Seguros incorporados: o presente e o futuro

Enquanto o conceito de seguro holístico enfrenta desafios de implementação, os seguros incorporados (embedded insurance) já ganham terreno. Gustavo Barreto destaca que “em 2033, os seguros incorporados poderão representar até 15% do volume de prémios global, ou seja, cerca de 1.200 mil milhões de dólares, segundo Simon Terrance (Founder & CEO of Open Finance and Insurance Strategies)”.

“O Embedded Insurance“, explica Tiago Venâncio, “integra a proteção diretamente nos produtos e serviços que utilizamos, eliminando barreiras e tornando o processo simples e intuitivo. As empresas de tecnologia lideram esta revolução. Mas esta tendência não se limita ao mundo digital. Grandes marcas de automóveis, imobiliárias e plataformas de arrendamento já iniciaram ensaios na proteção integrada dos seus produtos ou serviços”.

A relação entre a aquisição de um bem e a necessidade de proteção associada impulsiona o crescimento deste modelo. A digitalização e os múltiplos pontos de contacto com marcas e instituições permitem uma melhor compreensão dos hábitos de consumo, possibilitando ofertas personalizadas e fluidas na jornada do cliente.

No entanto, tal como nos seguros holísticos, a implementação dos seguros incorporados requer uma estratégia bem definida. Dennis Kang, CTO da ZhongAn – o primeiro e maior segurador digital exclusivamente online da China –, identifica cinco fatores essenciais para o sucesso: tecnologia, um modelo de negócio centrado no cliente, gestão do ecossistema de parceiros, inteligência artificial e dados, e um profundo conhecimento do mundo digital.

Pedro Mata alerta, contudo, que “a regulação pode impor restrições a modelos de ‘venda automática’, exigindo mais transparência e garantias de adequação ao cliente (suitability assessment), o que poderá limitar a massificação de alguns modelos de embedded insurance sem a devida supervisão”.

O equilíbrio entre os modelos

Os seguros holísticos e incorporados estão a moldar o futuro do setor. Embora os seguros incorporados já estejam mais avançados, os seguros holísticos respondem à necessidade de uma proteção mais abrangente. Gustavo Barreto acredita que “o futuro dos seguros combinará os modelos de seguro ‘incorporado’ e de seguro ‘holístico’, cada um respondendo a diferentes necessidades e perfis de consumidores”.

Independentemente de qual modelo se tornará predominante em cada mercado, ambos estarão presentes na década de 2030, oferecendo opções adaptadas às preferências e necessidades dos consumidores. Como conclui Tiago Venâncio, “no fim, a grande ironia do Embedded Insurance é que, ao tornar o seguro invisível, este irá estar sempre presente”. Jorge Pinto reforça que “a evolução da tecnologia, em especial da inteligência artificial, permitirá uma análise preditiva mais precisa e ofertas mais dinâmicas”, beneficiando tanto os seguros holísticos quanto os incorporados.

Ou, como sugere Stéphane Favaretto, será que “dentro de cinco anos, o setor dos seguros resumir-se-á a duas letras: IA”?

Independentemente da nomenclatura, o setor segurador está em plena transformação. O sucesso dos seus atores dependerá da capacidade de adaptação às novas tecnologias, da integração de dados em tempo real e do desenvolvimento de parcerias estratégicas que permitam um serviço invisível, mas eficaz, para os clientes.

Holísticos? A opinião de personalidades que moldam os seguros de 2030

 

“No futuro, os seguros tendem a tornar-se mais integrados e holísticos. Caminharemos para soluções personalizadas, que combinam vários tipos de cobertura num único pacote, ajustadas às necessidades individuais. A evolução da tecnologia, em especial da inteligência artificial, permitirá uma análise preditiva mais precisa e ofertas mais dinâmicas. O conceito de seguros incorporados – onde as apólices se tornam uma parte “invisível” do ecossistema de serviços utilizados no dia a dia – tem vindo a ganhar terreno. Isso significa que os seguros poderão estar mais integrados em plataformas digitais e o cliente, ao utilizar um serviço, o seguro é automaticamente integrado no mesmo”.

Dentro de 5 anos, o setor dos seguros resumir-se-á a duas letras: IA. A inteligência artificial é uma vaga avassaladora. As suas capacidades no setor dos seguros ainda são subestimadas, em todas as áreas: sinistros, relação com os clientes, back office, deteção de fraudes, trabalho atuarial. Recomendo às seguradoras que a adotem o mais rapidamente possível. A melhor forma de o fazer é testar soluções externas e realizar POC internamente. A espera não é uma opção.

“O conceito de seguro holístico (all-in-one policy), do meu ponto de vista, enfrentará desafios regulatórios e de mercado. A ideia de uma única apólice que cubra todos os riscos de um indivíduo (saúde, automóvel, habitação, cibersegurança, entre outros) é ambiciosa, mas do meu ponto de vista enfrenta desafios significativos, a ver:

  • Complexidade regulatória: A ASF e a EIOPA tendem a favorecer produtos que garantam transparência e clareza para o consumidor. Um seguro holístico pode gerar problemas na avaliação do risco e na comunicação ao cliente, tornando difícil garantir que todas as coberturas são bem compreendidas e adequadas às necessidades individuais e do bem a cobrir;
  • Segmentação e especialização: As seguradoras ainda trabalham com avaliações de risco específicas por ramo – vide os acordos de Resseguro que hoje estão em prática, o que torna difícil a criação de um produto único que agregue todas as necessidades do cliente sem perda de eficiência técnica;
  • Custo e flexibilidade: Enquanto uma apólice integrada pode ser vantajosa para clientes com perfis de risco homogéneos, pode tornar-se desvantajosa para quem necessita apenas de coberturas específicas, levando a uma menor adoção no mercado.

Acredito que as companhias de seguros, e dos seus agentes de distribuição, irão trabalhar de forma mais assertiva em ações de x-sell e up-sell, na medida em que melhora a capacidade de personalizar a sua oferta a cada cliente, mantendo os requisitos regulamentares exigidos (oferta relevante (“suitable”) para o cliente, informação pré-contratual e contratual, etc. Por outro lado, os seguros incorporados (embedded insurance). já estão a crescer e, nos próximos cinco anos, deverão consolidar-se ainda mais como um dos modelos predominantes, impulsionados por:

Evolução regulatória: O quadro da Diretiva de Recuperação e Resolução de Seguros (IRRD) e da revisão da Solvência II dará mais ênfase à digitalização e à supervisão da venda de seguros por terceiros, favorecendo modelos de distribuição que garantam maior controlo e proteção do consumidor, nomeadamente ao nível de partilha de informação pré-contratual.

  • Plataformas digitais e e-commerce: A venda de seguros diretamente através de plataformas digitais, marketplaces e outros parceiros (como retalhistas, distribuidores de automóveis e prestadores de serviços financeiros; bancos, intermediários de crédito) irá continuar a crescer de forma significativa.
  • Acesso facilitado ao seguro: A integração de seguros em produtos e serviços (por exemplo, um seguro de viagem incluído na compra de um bilhete de avião, ou um seguro de cibersegurança incluído num serviço de internet, compra de um carro com seguro, etc.) permitirá que os clientes adquiram seguros de forma simplificada e quase invisível.

No entanto, a regulação pode impor restrições a modelos de “venda automática”, exigindo mais transparência e garantias de adequação ao cliente (suitability assessment), o que poderá limitar a massificação de alguns modelos de embedded insurance sem a devida supervisão.

Nos próximos cinco anos, a tendência dominante será claramente o embedded insurance, devido à sua compatibilidade com a digitalização, automação e reforço de parcerias estratégicas com distribuidores de outros produtos e serviços. O seguro holístico pode ganhar relevância, mas de forma modular, através de melhoria de ofertas mais personalizadas por Agentes e Companhias de Seguros, bem como de plataformas de gestão integrada de seguros que permitam aos clientes consolidar diferentes apólices num só serviço, sem que a regulação (p.e. clareza de informação) e os princípios atuariais sejam comprometidos (p.e. acordos de Resseguro)”.

 

“Há uns anos, quando comprávamos um carro, a preocupação com o seguro era uma etapa obrigatória, mas burocrática. Procurávamos uma seguradora, comparávamos preços, preenchíamos formulários e, só então, dávamos por concluído o processo. O mesmo acontecia com viagens, bens eletrónicos ou até com o nosso próprio lar. O seguro sempre foi uma necessidade, mas nem sempre uma experiência simples.

Imagine comprar um automóvel e sair do stand com a cobertura ativa, sem necessidade de preencher mais papéis ou negociar preços. Ou reservar um voo e, no momento da compra, saber que qualquer cancelamento inesperado já está protegido. Esta nova realidade já não é um conceito futurista – já se encontra presente da indústria seguradora. Designa-se por embedded Insurance e irá mudar a forma como nos protegemos.

Numa abordagem tradicional, os seguros são vendidos como produtos isolados, obrigando os consumidores a tomar decisões sobre coberturas, franquias e prémios. O resultado? Muitos acabavam por adiar a decisão ou escolher produtos inadequados às suas necessidades.

O modelo tradicional está agora a ser desafiado por uma abordagem mais fluida e intuitiva. O Embedded Insurance, integra a proteção diretamente nos produtos e serviços que utilizamos, eliminando barreiras e tornando o processo simples e intuitivo. As empresas de tecnologia lideram esta revolução. A Apple, por exemplo, transformou o seu serviço AppleCare numa referência, oferecendo proteção automática para os seus dispositivos. Mas esta tendência não se limita ao mundo digital. Grandes marcas de automóveis, imobiliárias ou plataformas de arrendamento já iniciaram ensaios na proteção integrada dos seus produtos ou serviços.

A conveniência não é um luxo, é uma exigência. Os clientes de hoje esperam soluções instantâneas, adaptadas às suas necessidades e sem burocracia desnecessária. A revolução digital em curso e as capacidades adicionadas pela inteligência artificial e análise de dados torna os seguros embutidos personalizáveis em tempo real, garantindo que cada cliente tem a proteção mais adequada ao seu perfil. Mais do que um avanço tecnológico, esta mudança representa um novo paradigma para o setor segurador. O seguro deixa de ser um produto que procuramos para se tornar um serviço invisível, sempre presente, pronto para dar resposta no momento certo.

Para as seguradoras, esta transformação representa um dilema estratégico. Se, por um lado, o Embedded Insurance abre novas portas para a captação de clientes, por outro, o contacto direto com os clientes fica ameaçado. Neste novo ecossistema, as seguradoras terão de se reinventar. O mercado será cada vez mais modular, o desafio de posicionamento para as seguradoras oscilará entre serem: criadoras de produtos; fornecedoras de tecnologia ou; especialistas em relacionamento com o cliente. Manter competitividade exige ação.

Num mundo onde os serviços estão mais digitalizados e integrados, o Embedded Insurance tornar-se-á um modelo relevante até ao final da década. A transição já arrancou e, como em qualquer revolução, haverá vencedores e vencidos. Para os clientes, a mudança será positiva: menos burocracia, mais proteção e produtos ajustados às suas necessidades. Para as seguradoras, o desafio estratégico estará na escolha do seu posicionamento na nova cadeia de valor. No fim, a grande ironia do Embedded Insurance é que, ao tornar o seguro invisível, este irá estar sempre presente”.

 

“O futuro dos seguros combinará os modelos de seguro “incorporado” e de seguro “holístico”, cada um respondendo a diferentes necessidades e perfis de consumidores. O seguro “incorporado”, integrado diretamente na jornada de compra de outros bens ou serviços, continuará a crescer devido à sua conveniência e simplicidade. Por exemplo, ao comprar um telemóvel ou reservar uma viagem, os clientes cada vez mais preferem que o seguro esteja incluído diretamente na transação, eliminando etapas adicionais, para já não falar nos seguros paramétricos perfeitamente ajustados em tempo real. Esta tendência alinha-se com algumas previsões (“Open & Embedded Insurance Observatory 2024”) de que o seguro “incorporado” poderá atingir um mercado global entre 3 e 5 triliões de dólares até 2033. O seu apelo reside na simplicidade e imediatismo, tornando-o ideal para consumidores que privilegiam a facilidade e a eficiência em detrimento da personalização.

Por outro lado, o seguro “holístico” ganhará terreno entre os consumidores que procuram uma proteção abrangente em diversos domínios da sua vida. Estas apólices, frequentemente facilitadas através de venda consultiva, atenderão às necessidades de consumidores que valorizam orientação personalizada e cobertura abrangente. Ao consolidar múltiplos riscos — saúde, habitação, automóvel ou mesmo vida — numa única apólice, as soluções holísticas oferecem confiança e segurança a longo prazo. Este modelo ajusta-se particularmente bem para aqueles que privilegiam aconselhamento personalizado e proteção robusta em detrimento da conveniência transacional. Assim, enquanto o seguro “incorporado” se expandirá em mercados digitais e transacionais, o seguro “holístico” continuará a ser uma escolha estratégica para quem busca proteção total e confiança a longo prazo.”

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