Conferência Brokerslink: Novidades vão do Metaverso às emoções
Foram 360 os gestores de topo responsáveis por 40 mil milhões de euros anuais em seguros que a rede global de corretagem reuniu no Porto a convite da MDS. Grandes tendências mundiais foram explicadas.

O grupo MDS foi anfitrião da conferência anual da Brokerslink, uma rede de corretagem que se estende a 125 países, uma empresa da qual muitos dos seus membros são também acionistas. Foi no Porto que o grupo de corretagem juntou os seus associados convidando destacados líderes de diversos setores de atividade para expor as suas opiniões e preocupações sobre as tendências da economia mundial e do papel da indústria seguradora no mundo. Ao mesmo tempo decorria uma exposição, designada B.tech com a presença de empresas tecnológicas, disponíveis para demonstrações aos participantes.
Depois de um primeiro dia dedicado a temas internos da Brokerslink, o segundo dia começou com Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, que explicou todas as vantagens do Porto como destino de investimento para além de local de visita e turismo. José Manuel Dias da Fonseca, CEO do MDS Group e igualmente Chairman da Brokerslink, fez as honras da casa em parceria com Anthony Lim, administrador da rede, tentando resumir a essencial da audiência com a palavra diversidade.
“Os bons resultados da nossa companhia podem iludir que reforçámos provisões para fazer face à guerra na Ucrânia”, revelou Andreas Berger, CEO da Swiss Re Corporate Solutions, que inaugurou as intervenções, acrescentando que existe muita exposição ao risco “na aviação, na violência política, na guerra naval” que exigem atenção deste ressegurador. Berger ainda alertou para os riscos cambiais, para as quebras das cadeias logísticas e para os preços, “já não se pode dizer que a inflação é fenómeno de curto prazo”, afirmou. O CEO referiu ainda que “não iremos voltar ao soft market como o conhecíamos”, justificando que os preços dos seguros vão permanecer altos”.
Aviação na Rússia vai custar 5 a 10 vezes a receita dos prémios anuais
Os riscos emergentes e as oportunidades na indústria da aviação foi tema para a intervenção de Marcel Shad e Mark Hue Williams, da Piiq Risk Partners, especialista em riscos da aviação e do aeroespacial. Os oradores explicaram que os riscos se estendem por todos os segmentos de mercado desta área e que são as companhias aéreas, fabricantes e prestadores de serviços para setor, a aviação geral de pequenos aparelhos e para segmento da Espaço e Satélites. Segundo Shad e Williams, a atividade gera 90 milhões de empregos no mundo e enfrenta uma situação de falta de pilotos à escala global. Chamaram a atenção para os efeitos da guerra na Europa exemplificando que só a aviação russa vai custar em indemnizações 5 a 10 vezes o valor dos prémios anuais que gera.
Os riscos que preocupam a Nestlé
Laurent Freixe, Vice-presidente executivo e CEO da Nestlé na América Latina, situou o gigante suíço no mundo. Globalmente a Nestlé emite duas vezes mais CO2 que a Suíça e está à procura da neutralidade carbónica em 2050. Compra bens a 6 milhões de agricultores em todo o mundo através de 100 mil fornecedores e, para que se compreenda a sua globalização, revelou que na sua sede em Vevey na Suíça, trabalham pessoas de 100 nacionalidades diferentes.
Em relação aos riscos que mais atenção exigem, parte deles a Nestlé quer assumir e parte prefere mitigar, também com seguros. Freixe referiu especial análise de riscos de energia, escassez alimentar, no caso da empresa de matérias primas, a falta de fertilizantes, os ataques ciber, a reputação e a retenção de talento.
Metaverso e Quantum Computing vão provocar uma tempestade nos seguros
O Chief Technology Officer da Munich Re, Martin Thormahlen, indicou que duas linhas tecnológicas vão provocar uma tempestade na Indústria: o Metaverso e a computação Quantum. Quanto a esta última chamou a atenção para a capacidade que tem para descodificar ficheiros encriptados, a única defesa para os ataques cibernéticos. Para o técnico “os hackers podem roubar agora ficheiros hoje e esperar pelo desenvolvimento Quantum para abrir depois”.
No Metaverso deu exemplos de situações reais, que estão a acontecer, para além de gémeos digitais na indústria. O banco J.P. Morgan está a usar metaverso para criar brand awareness nos seus clientes, na Coreia do Sul usa-se para gestão de clientes, Bosch e Ford utilizam para formar e treinar colaboradores.
Thormalen vê também uma evolução nos agregadores de plataformas com a democratização da Inteligência Artificial, o crescimento da embedded insurance (produtos e serviços vendidos por preço que inclui seguro) e o broker led insurance, permitindo evitar duplicações de tarefas.
“O problema não é fazer mais lucros, é como o fazemos”
Steven Braekeveldt, presidente executivo do Grupo Ageas Portugal, foi entrevistado na Conferência Brokerslink sobre Profitable Caring. “O problema não é fazer mais lucros, é como o fazemos”, disse.
“Trabalhamos com os antigos KPI, indicadores de performance pessoal como crescimento, retorno para os acionistas,etc…”, afirmou Steven Braekveldt, reforçando que esses KPI devem incluir sustentabilidade por que essa preocupação não é um oposto de lucro.
Acentuou o lado emocional, “Falo 30 minutos com cada novo colaborador admitido, faço perguntas”, justificando por serem uma empresa “que não vende seguros, cuidamos das pessoas que têm seguros connosco”, reforçando que “o seguro hoje é parte daquilo que o segurador vende”.
Alertou para a tecnologia “quanto mais tivermos mais ligações emocionais temos de criar” e considera que não deve ser utilizada para reduzir pessoal, antes “para melhorar as relações com os clientes”, concluiu.
O segundo dia de conferência contou ainda com uma exposição de Bernardo Pires de Lima, analista de relações internacionais, que expôs os “7 grandes efeitos da competição entre grandes potências” e um painel final de gestores de risco moderado por Jorge Luzzi, presidente da APOGERIS, Raphael Tasselli, risk manager do grupo industrial brasileiro Suzano, Jorge Neto, Risk & Insurance Manager da Jerónimo Martins que concluíram ser necessário que “dentro das empresas todos tenham consciência dos riscos”.
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