Com aterros no limite, Governo lança plano de emergência de 2,1 mil milhões de euros

Os aterros estão a chegar ao limite, com alguns a esgotar a capacidade já em 2025. O Governo lançou um plano para melhorar o setor que espera começar a executar "já amanhã".

O Governo avançou um plano para o setor dos resíduos, que pressupõe um investimento de 2,1 mil milhões até 2030, e que pretende diminuir a produção de resíduos e a fatia que chega aos aterros, numa altura em que estes estão a chegar ao seu limite de capacidade: alguns não vão conseguir aceitar mais resíduos já no final deste ano.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e o Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, apresentam esta sexta-feira o plano para o setor dos resíduos em Portugal, “que estabelece uma nova visão para uma gestão eficiente e inovadora”, lia-se na nota de agenda enviada à imprensa. O plano chama-se TERRA – Transformação Eficiente de Resíduos em Recursos Ambientais.

Há poucos temas em que seja tão evidente a urgência como os resíduos“, introduziu a ministra, salientando que Portugal tem estado a aumentar a produção de resíduos em vez de a manter ou, como seria desejável, diminuir, e que os aterros estão no limite.

De 2022 para 2023, registou-se um aumento de 0,28% na produção de resíduos urbanos no país, que chegou às 5.338 milhões de toneladas, o equivalente a cerca de 500 quilos por habitante. Destes, 59% acabam depositados em aterro, 14% são reciclados, 12% são usados para valorização energética e 8% para valorização orgânica, de acordo com a apresentação feita pelo secretário de Estado.

De momento, dos 35 aterros existentes no país, apenas 13 têm capacidade disponível superior a 20%, tendo em conta a capacidade licenciada. E em algumas regiões como Algarve, Norte e Lisboa e Vale do Tejo, a capacidade de deposição pode esgotar-se até 2027. Em Braga, a capacidade da célula de aterro deverá esgotar-se já em 2025, assim como em Coimbra. Mais a sul, em Palmela e no Seixal, o esgotamento está previsto para 2026.

O Alentejo é a região que apresenta um melhor cenário, tendo sido elogiada por Emídio Sousa pela gestão que foi feita. Nesta parte do território, prevê-se um esgotamento apenas em 2030 e, com otimizações, esta data pode ser atrasada em 11 anos. A expansão de células, explicou a ministra, “parece a solução mais fácil, mas não é”, já que enfrenta a resistência das populações.

Plano prevê investimentos de 2,1 mil milhões

“Vivemos [anteriormente] no tempo resíduo-lixeira, depois resíduo-aterro e agora queremos passar para o tempo do resíduo-recurso” resumiu o secretário de Estado do Ambiente. Questionado sobre quando deverá iniciar a execução do plano, Emídio Sousa foi perentório: “já amanhã”. As CCDR “ficaram conscientes” e levam “o trabalho de casa”.

Para isso, o Governo estima que seja necessário investir 2,1 mil milhões até 2030. À margem do evento, Emídio Sousa explicou: “[Os 2,1 mil milhões] são o custo total. Desses 2,1 [mil milhões] temos 700 milhões de fundos. Temos de arranjar o resto: é financiamento bancário essencialmente ou tarifa. A ideia é ir ao BEI [Banco Europeu de Investimento] para que o BEI financie com garantias de Estado, mas depois os sistemas [também] têm que o pagar”, esclareceu.

São três as linhas de atuação: a prevenção da produção de resíduos, a ampliação da capacidade dos aterros (através de otimização e não de expansão) e ações institucionais.

Da ótica da prevenção, o Governo prevê implementar o Plano de Ação para a Economia Circular 2024-2030 e lançar uma campanha nacional de sensibilização. Do primeiro, que está em circuito legislativo, prevê ter a aprovação “muito em breve”, enquanto a campanha deverá avançar no segundo trimestre.

No que diz respeito à ampliação de infraestruturas, o Governo propõe-se a promover mudanças legislativas que simflifiquem o licenciamento da ampliação, “por alteração” dos aterros existentes e avançar com a “reengenharia das capacidades” desses mesmos aterros, assim como desbloquear diferentes situações identificadas que não permitem o uso da capacidade existente.

O ministério pretende também promover a partilha de infraestruturas, reforçar a capacidade de triagem, a valorização orgânica e a valorização energética. O secretário de Estado assinala que existe interesse de privados em investir neste último segmento e planeia criar mecanismos de concessão de garantias do Estado que permitam o acesso das entidades promotoras de projetos de valorização energética a linhas de financiamento junto da banca

Por fim, o plano prevê ações “a nível institucional” que passam por reforçar o investimento, acelerar processos administrativos e rever instrumentos legais, como é o caso do Regime Geral da Gestão de Resíduos, da Taxa de Gestão de Resíduos, do Regime Jurídico de Partilha de Infraestruturas, da Regulamentação da produção de biometano e digestão anaeróbia e, finalmente, do Sistema Pay as You Throw e da transparência tarifária.

Notícia atualizada pela última vez às 18h26 com mais informação.

 

 

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Festival CCP anuncia presidentes de júri da sua 27ª edição

  • + M
  • 7 Março 2025

Icaro Doria, Miguel Viana, Adriano Esteves, Andrea Siqueira e João Nuno Pinto são os presidentes de júri da nova edição do festival, que se centra no tema da inteligência artificial.

Depois de já ter anunciado o tema e o presidente de júri para a categoria de Publicidade, o Festival do Clube da Criatividade de Portugal (CCP) divulga agora os profissionais que vão liderar os grupos de júri das restantes categorias.

A Icaro Doria (diretor criativo da agência DM9) que lidera o júri para a categoria de Publicidade, junta-se assim Miguel Viana (co-CEO, chief creative officer e co-founder da Unlock Brands) para presidir à categoria de Design. Já Adriano Esteves (fundador e diretor criativo da Bürocratik) é responsável por liderar a categoria de Digital, enquanto a de Experiências de Marca é presidida por Andrea Siqueira (partner e CCO da AMPFY). A responsabilidade de liderar o júri da categoria de Craft em Publicidade? é entregue, por sua vez, a João Nuno Pinto (realizador e fundador da Garage, Do You Play?).

Já no caso da categoria Integração, esta é composta por todos os presidentes de júri das cinco categorias a concurso. As biografias dos presidentes de júri do 27º Festival CCP 2025 estão disponíveis aqui.

Nesta edição, os grupos de júri de cada categoria são compostos por um presidente, cinco jurados e um anunciante, com a exceção da categoria de Publicidade, que mantém um presidente, sete jurados e um anunciante. Cada grupo de júri vai ainda integrar um elemento júnior, sem direito a voto. Já as sub categorias de Meios passam a vigorar dentro da categoria de Publicidade.

“Em breve” serão anunciados todos os profissionais que integram os grupos de júri, refere o CCP.

No caso da categoria de Publicidade, esta recebe o patrocínio da Worten, enquanto o Pingo Doce é sponsor da categoria de Design. Já a categoria de Digital é apoiada pela Nos, a de Experiências de Marca pela Betclic, a de Craft em Publicidade pela Leroy Merlin, e a de Integração recebe o sponsor da EDP.

O CCP vai também revelar “em breve” o programa do 27º Festival CCP e da 12ª Semana Criativa de Lisboa, que decorre entre 16 a 23 de maio de 2025, na Fábrica do Pão do Beato Innovation District, sob o tema “Há aí alguém?”.

A 27ª edição do Festival do CCP centra-se no tema da inteligência artificial — que “avança rapidamente, trazendo benefícios e desafios à humanidade” — e no equilíbrio que é necessário encontrar entre a inovação e o controlo humano. A identidade gráfica da edição deste ano é assinada por José Albergaria, designer açoriano baseado em Paris.

As inscrições de trabalhos para o festival podem ser feitas até ao dia 10 de abril, com a votação online do festival a decorrer entre 18 de abril e 4 de maio e a entrega de peças físicas entre 5 e 9 de maio. O fecho da shortlist pelos presidentes de júri acontece entre 8 e 14 de maio, e a votação presencial decorre nos dias 14, 15 e 16 de maio. Já a Gala de Entrega de Prémios acontece a 23 de maio. O +M é media partner.

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Portal dos TVDE já está em funcionamento

  • Lusa
  • 7 Março 2025

Dos 21.443 operadores atualmente licenciados, apenas 11.875 estiveram ativos no mês de fevereiro. Já quanto a veículos, durante o mesmo mês, estiveram em atividade 34.604, indica a plataforma.

A plataforma para partilha de dados sobre motoristas, veículos e operadores TVDE a operar em Portugal já entrou em funcionamento, encontrando-se certificados, atualmente, cerca de 76 mil motoristas e mais de 21 mil operadores, foi hoje anunciado.

Em comunicado, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), que desenvolveu a plataforma conjuntamente com a Uber e a Bolt, informou do funcionamento da plataforma desde 28 de fevereiro, de forma a permitir “uma supervisão mais informada e dinâmica” no setor.

O cruzamento de dados entre as três entidades permitiu verificar que, dos 76.014 motoristas certificados pelo IMT, 37.318 prestaram serviço através da Uber e da Bolt, no mês de fevereiro.

A partilha de dados deu ainda conta que dos 21.443 operadores atualmente licenciados, apenas 11.875 estiveram ativos no mês de fevereiro. Já quanto a veículos, durante o mesmo mês, estiveram em atividade 34.604.

Segundo a nota, após o período inicial de recolha de dados, as entidades vão agora “despistar eventuais não-conformidades” que, a existir, serão comunicadas aos motoristas e operadores tendo como objetivo a sua correção.

De acordo com o presidente do conselho diretivo do IMT, João Jesus Caetano, citado na nota, a partilha automatizada de informação vai permitir ao organismo levar a cabo “uma supervisão dinâmica sobre a atividade TVDE baseada em dados reais e atualizados”.

“Para além de reforçar a integridade de todos os agentes e a confiança dos utilizadores e dos profissionais, a informação produzida por este instrumento é de grande utilidade no quadro do debate em curso sobre a revisão da legislação do setor TVDE, sobre o qual dispomos agora de um retrato atualizado e fiel”, defendeu.

Por seu turno, o diretor-geral da Uber Portugal, Francisco Vilaça, referiu que na sua empresa acreditam que a tecnologia deve ser “um motor de transparência e confiança no setor da mobilidade”, considerando que a plataforma representa “um avanço significativo” na supervisão da atividade TVDE, permitindo uma monitorização baseada em dados fidedignos e atualizados.

“O compromisso da Uber é continuar a trabalhar de forma colaborativa com as autoridades e parceiros para garantir uma operação segura, eficiente e dentro do quadro legal vigente”, afirmou.

Já Mário Morais, da Bolt, apontou que a parceria foi estabelecida “com o objetivo primário de melhorar a qualidade do setor no país”, reconhecendo ser “algo pioneiro na Europa” que junta a partilha de dados entre plataformas de mobilidade e organismos reguladores.

Para o responsável, trata-se de “desmistificar a realidade do setor TVDE em Portugal”, proporcionando uma perceção fundamental do “número total de motoristas parceiros ativos — que é apenas perto de metade do total de licenças emitidas —, e que demonstra, assim, que este setor está ainda no início do seu contributo para transformar a mobilidade nacional”.

Lei das TVDE em discussão

O regime jurídico do setor TVDE publicado em agosto de 2018 previa uma avaliação três anos depois da sua entrada em vigor, após um relatório do IMT, que foi tornado público no final de 2022, e de um parecer da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) com propostas de alteração à lei.

A primeira alteração àquela que também ficou conhecida como “lei Uber”, em dezembro passado, estabeleceu normas para a obtenção e renovação do certificado de motorista, garantindo o conhecimento das regras da atividade e “competências para conduzirem de forma segura”.

Em meados de janeiro, baixaram à comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, sem votação na generalidade, projetos de lei do PSD e da IL para alteração ao regime jurídico dos TVDE.

O PCP e o Chega tinham também apresentado iniciativas legislativas sobre a matéria, mas foram rejeitadas.

No final de fevereiro começaram a ser ouvidas na Comissão de Economia, Habitação e Obras Públicas entidades ligadas ao setor dos TVDE e do Táxi a propósito das alterações à lei 45/2018.

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Novo traçado alta velocidade mudado sem aviso, critica autarca

  • Lusa e ECO
  • 7 Março 2025

Presidente de Junta assegura que o traçado ferroviário do TGV em Espinho foi alterado sem aviso. Esta alteração vai poupar a Quinta da Gata.

A Junta da União de Freguesias de Anta e Guetim disse esta sexta-feira que o traçado ferroviário da Linha de Alta Velocidade (TGV) em Espinho foi alterado sem aviso, estando agora sinalizadas para demolição casas antes indicadas como seguras.

A alteração ao traçado da linha de alta velocidade em Espinho vai poupar a Quinta da Gata, que desta forma não terá de ser parcialmente expropriada, avançou o Público.

Segundo o presidente dessa junta do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, a situação surpreendeu algumas famílias locais, que esta semana foram abordadas por uma empresa afeta ao projeto e ouviram dos seus profissionais “que as suas casas serão demolidas”.

No entanto, o autarca Nuno Almeida afirma que “em sessões públicas e reuniões de trabalho anteriores entre a Junta de Freguesia e a Infraestruturas de Portugal (IP), essas mesmas casas estavam protegidas. Como se explica isto agora? Como se justifica que um cidadão descubra, pelo acaso de uma conversa, que pode perder a sua casa?”.

Criticando a falta de respeito pelos direitos da população e acusando a IP de “continuar sem prestar qualquer esclarecimento formal”, o autarca socialista garante que “o traçado que está a ser alvo de levantamento cadastral e topográfico nunca foi discutido com as autarquias ou com os cidadãos”.

Adianta que as equipas no terreno foram “contratadas pelo consórcio que concorreu para a construção do troço Porto/Oiã”, mas estão a avançar “sem que o traçado tenha sido oficialmente aprovado ou apresentado às populações”.

A IP nunca informou oficialmente a junta de freguesia ou a Câmara Municipal de Espinho sobre qualquer alteração ao traçado.

Nuno Almeida

Presidente da Junta de Freguesia de Anta e Guetim

“A IP nunca informou oficialmente a junta de freguesia ou a Câmara Municipal de Espinho sobre qualquer alteração ao traçado. E o que está a ser imposto nem sequer corresponde às opções apresentadas na consulta pública. Na única solução que teve aprovação ambiental – a Variante “Vila Nova de Gaia” – este percurso simplesmente não existe”, assegura Nuno Almeida à Lusa.

Insistindo que “esta mudança surge do nada”, o autarca atribui as alterações à mudança de Governo e declara: “É impossível ignorar que este desvio no percurso original acontece precisamente com a mudança de titular no Ministério das Infraestruturas, já que o que até agora era um plano definido e submetido a avaliação pública foi, de um momento para o outro, substituído por algo diferente, imposto e desconhecido”.

Para Nuno Almeida, o território de Anta e Guetim não pode ser prejudicado “para favorecer outro ponto do país, seja mais a norte ou mais a sul na própria freguesia”, e é “legítimo questionar se se está perante uma escolha puramente técnica ou se há novos critérios que não foram devidamente esclarecidos”.

Defendendo, contudo, que “não há desculpas para a falta de transparência” do processo, o presidente da junta faz agora duas exigências: “a suspensão imediata dos levantamentos no terreno até que haja um traçado formalmente aprovado e validado” e “garantias públicas de que as habitações, equipamentos e bens pessoais que antes estavam protegidos continuarão a ser salvaguardados”.

A interpretação de Nuno Almeida sobre todo o caso é que “o que está a ser feito a Espinho não é um erro inocente nem um descuido”, pelo que “o Governo tem que se pronunciar e a IP tem que se justificar”.

A Lusa já pediu um esclarecimento à IP, mas ainda não obteve resposta.

(Notícia alterada às 17h44 após correção do jornal Público, que retirou todas as menções ao grupo Solverde como proprietário da Quinta da Gata, dado que tal ligação não se verifica)

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Novo contrato de concessão é “sinal de confiança” em quem gere a RTP

Pedro Duarte defendeu que o Governo acredita que a RTP precisa de autonomia e flexibilidade de gestão. Possível queda do Governo põe em causa plano de reestruturação da empresa, diz ministro.

O novo contrato de concessão do serviço público de media assinado entre o Governo e a RTP é um “sinal de confiança” em quem gere a RTP, disse Pedro Duarte, ministro com a tutela da comunicação social, na cerimónia de assinatura do contrato desta sexta-feira.

O ministro dos Assuntos Parlamentares entende que para haver independência na informação e programação, “é importante que também haja independência nos próprios meios de gestão, recursos alocados e na capacidade da empresa se organizar de uma determinada maneira”.

“E nós demos um passo muito significativo, que é um sinal evidente de confiança em quem gere a RTP. Mas é mais do que isso, é uma filosofia em que acreditamos de que tem que haver esta autonomia e flexibilidade de gestão para depois se atingir melhores resultados. Isto é válido para todos os setores de atividade, mas particularmente para um setor que está em mudança tão rápida e permanente com o setor audiovisual e dos media. É muito importante para nós que a RTP tenha essas condições, porque de facto confiamos que a gestão vai ser feita em prol do serviço público como todos desejamos”, afirmou.

As declarações surgem tendo em conta que a renovação do contrato autoriza agora a administração da RTP a proceder ao lançamento e ao encerramento de serviços de programas televisivos e radiofónicos mas, acolhendo os pareceres da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e do Conselho Geral Independente, prevê o parecer prévio, mas não vinculativo, do Conselho de Opinião.

Recorde-se que tanto o Conselho Geral Independente como a ERC alertaram para a eliminação da intervenção prévia do Conselho de Opinião na criação de novos serviços da RTP, que concede mais autonomia à administração. Antes disso, também o próprio Conselho de Opinião da RTP discordou da alteração do contrato de concessão que dá à administração liberdade para criar novos serviços de programas, apontando ainda que o modelo de financiamento da RTP, expresso no documento, “continua genérico, não sendo possível aferir a sua sustentabilidade e previsibilidade numa base consistente”.

Começando por dizer que a revisão do contrato de concessão era “imperiosa” devido à “mudança dramática no setor dos media”, Nicolau Santos concordou que este novo contrato permite ao conselho de administração da RTP, ao qual preside, de “poder responder mais rapidamente aos desafios que se vão apresentando“.

“Quando há uns anos se falava na hipótese de a RTP ter um canal destinado a um público muito infantil, hoje em dia percebemos que esse público não vê televisão. Isto é uma mudança que implica que uma empresa tenha capacidade de se adaptar e de responder a estas novas situações. Este contrato de concessão permite isto“, observou o presidente do conselho de administração da RTP.

“Mas obviamente que o conselho de administração tem baias, não vai por sua própria recriação abrir e fechar canais como se não tivesse nenhuma responsabilidade no cumprimento do serviço público que está plasmado no contrato”, assegurou, acrescentando que este órgão terá, “obviamente”, de ouvir o CGI, o CO e a ERC.

É uma possibilidade de sermos mais flexíveis a responder aos desafios, mas é também a possibilidade de o fazermos com responsabilidade, e ouvindo as entidades competentes“, rematou.

Sobre o novo contrato, o ministro dos assuntos parlamentares destacou ainda o papel que o mesmo desempenha em “trazer a RTP para a realidade atual”, apontando que o anterior contrato, datado de 2015 — sendo que já devia ter sido renovado por duas vezes entretanto –, era “com certeza um contrato vanguardista para 2015”, mas que 10 anos hoje em dia são uma “eternidade, especialmente neste setor”.

Pedro Duarte apontou ainda o papel de serviço público desempenhado pela RTP num mercado concorrencial. “Acreditamos que a RTP tem de estar num mercado concorrencial e tem de disputar e ambicionar ter cada vez mais público, mas que não se pode confundir com outros serviços prestados por quem não tem esta obrigação de serviço público”.

E este contrato “privilegia isso”, entende, com obrigações assumidas pela RTP que são muito importantes, como o da existência de “uma capilaridade” em todo o Portugal — assim como junto das comunidades portuguesas fora do território nacional — que “diferencia” a RTP, bem como a aposta na área da cultura, na promoção do desporto e de ter outros públicos como target.

Já sobre o plano de reestruturação com saídas voluntárias e para o qual o Governo tem de aprovar uma verba para o pagamento das indemnizações, o ministro dos Assuntos Parlamentares confessou que a situação política neste momento é “imprevisível”, não se sabendo quais as condições que o Governo terá para tomar decisões a partir da próxima terça-feira, dia em que a moção de confiança vai a debate e a votos no parlamento. “É uma avaliação que terá de ser feito do ponto de vista jurídica e formal, desde logo, e depois também do ponto de vista política“, afirmou.

Questionado pelos jornalistas se a instabilidade política e a ida a eleições podem levar ao adiamento de medidas para um setor complexo como o dos media, Pedro Duarte apontou que, dependendo das medidas do plano de ação dos media apresentado pelo Governo, algumas podem sofrer um “atraso”.

Se tivermos uma crise política com novas eleições vamos ter dois meses de pausa. Mas eu prefiro interpretar como dois meses de pausa em que depois vamos retomar, se calhar com uma força e dinâmica acrescida“, começou por dizer, exemplificando com o Código da Comunicação Social.

Segundo o ministro, este código está em desenvolvimento e está previsto que o mesmo seja apresentado até ao verão no parlamento. “Espero que algum trabalho de casa de bastidores possa continuar a ser feito para depois se poder efetivar dentro do prazo, caso os portugueses assim o entendam com o sentido de voto”.

Mas há outras matérias em que efetivamente vai haver um atraso, não há dúvidas“, reconheceu, como acontece no caso da Lusa, para a qual o plano de ação dos media do Governo prevê um novo modelo de governação, um plano de modernização em meios humanos e tecnológicos e a criação de um Conselho de Supervisão da agência.

O contrato de concessão do serviço público de media da RTP esteve em consulta pública entre 8 de janeiro e 7 de fevereiro, tendo recebido 28 participações.

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Pensionistas no estrangeiro têm de fazer prova de vida para receberem a reforma

O Governo aprovou um diploma que vai obrigar os beneficiários da Segurança Social a fazer prova de vida. A medida deve gerar uma poupança de cerca de 11 milhões de euros por ano.

Os portugueses que estejam fora do país vão ter de fazer prova de vida para continuarem a receber apoios da Segurança Social, segundo um diploma aprovado esta sexta-feira pelo Governo em Conselho de Ministras. Esta medida permitirá gerar uma poupança anual de cerca de 11 milhões de euros, revelou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

O governante indicou que foram detetados “11 milhões de euros de benefícios pagos a pessoas que estavam mortas”. Por isso, o Executivo avançou com o diploma para “exigir, nos benefícios pagos pela Segurança Social, no caso de beneficiários que se encontrem no estrangeiro, prova de vida”.

“Ao fazer esta exigência de prova de vida, conseguimos poupar cerca de 11 milhões de euros por ano”, salientou. O Governo não deu, contudo, mais detalhes sobre esta medida.

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“O ciclo inflacionista está quase a terminar”, vaticina Centeno

O governador do Banco de Portugal defende a continuação de cortes das taxas de juro, sublinhando o sucesso no combate à inflação, mas deixou alertas para os desafios estruturais na Europa.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, afirmou esta sexta-feira que o ciclo de cortes das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) deve prosseguir até que a inflação estabilize de forma sustentada nos 2%.

“Fomos capazes de baixar a inflação do pico de 10,6% em outubro de 2022 para níveis próximos do objetivo”, referiu Mário Centeno no decorrer da conferência promovida pelo Banco de Portugal “A transmissão da política monetária e o mercado de trabalho”, acrescentando ainda que “este ciclo inflacionista está quase a terminar.”

A intervenção do governador ocorre um dia após o BCE anunciar o quinto corte consecutivo de 25 pontos base das taxas de referência, reduzindo a taxa de depósito para 2,50%.

Apesar do otimismo, o governador frisou que “as taxas de juro manter-se-ão acima dos níveis pré-Covid-19”, sublinhando a necessidade de “planos orçamentais bem desenhados” para financiar prioridades como a transição energética. “Precisamos de gastar muito dinheiro. Temos esse dinheiro. Não precisamos de ter medo”.

Centeno considera que a Europa “está numa fase crucial”, salientado que a “economia que não cresce tem muita dificultar em investir.” Por essa razão, Centeno defendeu a necessidade de se promover reformas estruturais.

No decorrer da sua intervenção, Centeno também abordou vários dados do mercado de trabalho na Europa, destacando “Portugal como um dos mercados na Europa, se não o mercado na Europa, que mais aumentou as dinâmicas da criação de emprego e de salários” na última década.

Contudo, o governador alertou para o desequilíbrio entre criação de postos de trabalho e produtividade em Portugal mas também na Europa. “Temos uma baixa produtividade porque as dinâmicas do mercado de trabalho não têm contrapartida em eficiência”.

O governador reconheceu ainda que “as margens de lucro das empresas têm acomodado o aumento dos salários reais” na generalidade dos países da Zona Euro, um fenómeno que considera vital para evitar pressões inflacionistas no bloco europeu.

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Governo lança parcerias público-privadas em cinco hospitais

O ministro Leitão Amaro afirmou que a decisão de PPP na saúde é "histórica". Governo aprovou ainda investimento de 62 milhões em dois hospitais (Évora e Viseu).

O Governo aprovou esta sexta-feira, em Conselho de Ministros, as parcerias público-privadas (PPP) em cinco hospitais. As unidades hospitalares que irão regressar à gestão privada são as de Braga, Loures, Amadora-Sintra, Vila Franca de Xira e o Garcia de Orta, que sempre esteve sob gestão pública.

Trata-se de uma “decisão histórica muito importante”, afirmou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, durante o briefing do Conselho de Ministros.

Leitão Amaro detalhou que serão lançados dois processos: a criação de um “mecanismo de comparador preços com setor público, para garantir que as PPP são geridas com poupança para os contribuintes“, e que serão “preparados os cadernos de encargos”, para que possam ser abertos os concursos públicos internacionais.

“As parcerias público-privadas (PPP) na saúde foram e voltarão a ser exemplos de hospitais do Estado que entregam melhores cuidados de saúde a um preço mais baixo para os contribuintes”, afirmou Leitão Amaro.

O ministro da Presidência assegura que não é só com esta medida que o Governo está a “reforçar a capacidade dos hospitais do Estado”, adiantando que o Executivo aprovou nesta mesma reunião dois “investimentos muito importantes em dois hospitais”.

Leitão Amaro detalha que o Executivo aprovou 30 milhões de euros de investimento no novo hospital de Viseu, numa central técnica e num centro de radioterapia. A este montante “acresce um esforço de sete milhões na compra de equipamentos muito importantes para o funcionamento do hospital e para o interior do país”, afirma o ministro da Presidência.

Foi aprovado ainda um reforço de investimento de 32 milhões de euros para o hospital de Évora. “É um reforço indispensável para que esta obra se faça e que nesta região haja cuidados de saúde num hospital que os alentejanos merecem ter”, disse Leitão Amaro, que salientou também um reforço da parceria com o Instituto São João de Deus e as Irmãs Hospitalares, dedicados a cuidados de saúde mental.

Ao tomar esta decisão em plena crise política, depois de anunciada a apresentação de uma moção de confiança – que, ao que tudo indica, será chumbada e levará à queda do Governo já na terça-feira –, o Executivo tenta passar uma mensagem de que continua empenhado em governar e que acredita que a equipa se manterá em funções num processo que será moroso.

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Gestão dos silos responsáveis por metade dos cereais em Portugal vai ser entregue a privados

Conselho de Ministros aprova diploma que “arranca com o processo de privatização da concessão da Silopor”, que gere os silos da Trafaria (Almada), Beato (Lisboa) e Vale de Figueira (Santarém).

O Governo aprovou esta sexta-feira um diploma que “arranca com o processo de privatização da concessão da Silopor”, que gere os silos da Trafaria (Almada), Beato (Lisboa) e Vale de Figueira (Santarém), responsáveis pelo armazenamento de mais de metade dos cereais consumidos em Portugal.

No final da reunião de Conselho de Ministros, a poucos dias da votação da moção de confiança que deverá fazer cair o Executivo de Luís Montenegro, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, salientou que está em causa uma “organização importante para o abastecimento de cereais” no país e um “processo de privatização da concessão prometido há muito e nunca realizado”.

A concessão à Silopor da gestão dos silos portuários, com capacidade para armazenar e distribuir uma média anual de 3,4 milhões de toneladas de granéis sólidos alimentares, cereais e farinhas, termina a 30 de junho de 2025. Data em que a empresa pública, que está em liquidação há 24 anos, tem de encerrar por imposição da Comissão Europeia, numa decisão tomada ao abrigo de ajudas de Estado consideradas ilegais.

No verão passado, numa resposta conjunta ao ECO, os Ministérios das Finanças e das Infraestruturas disseram que estavam ainda a “estudar a solução mais adequada”, sem revelar na altura se preferiam privatizar a concessão ou manter a atividade na esfera pública, entregando-a à Administração do Porto de Lisboa (APL).

Num projeto de decreto de lei, que esteve em apreciação pública em fevereiro após despacho do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, o Governo referia que “afigura-se pertinente proceder à transmissão do estabelecimento da Silopor, enquanto unidade económica, a favor” de uma sociedade a constituir pela APL.

O documento previa que essa nova sociedade devia “no prazo de um ano e seis meses após a concretização da transmissão, promover o lançamento do procedimento através de concurso público internacional para alienação do capital social da sociedade a constituir, com a qual deve previamente celebrar contrato de concessão da atividade em regime de serviço público, tendo em conta o caráter estratégico da infraestrutura”.

A Silopor foi constituída em 1986 como spinoff da Empresa Pública de Abastecimento de Cereais. Mas, por imperativo das regras comunitárias, o Governo de António Guterres decretou a dissolução da entidade (Lei 188/2001), com efeitos retroativos a 19 de junho de 2000. A liquidação foi justificada pela impossibilidade de o Estado se “substituir, direta ou indiretamente, à Silopor no pagamento da dívida” que, nesse ano, chegava já aos 163 milhões de euros”.

Reconhecendo a importância da sua atividade no ramo agroalimentar, ficou na altura estabelecido que a concessão da exploração da atividade da Silopor deveria fazer-se em regime de serviço público, mas mediante a adjudicação a privados, salvaguardando-se a continuidade da gestão corrente da empresa até a privatização da atividade. Tal aconteceu, com sucesso e em janeiro de 2007, na concessão do terminal portuário de Leixões, que foi ganha pela Sogestão do grupo Manuel Champalimaud.

No entanto, o mesmo não sucedeu com a Silopor, cujo concurso lançado em 2011 acabou por ser anulado em 2014, porque o grupo ETE, candidato que ficou em primeiro lugar, não cumpriu com a caução que tinha de apresentar. Entretanto, passaram mais dez anos e até agora nenhum dos Executivos que passaram por São Bento abriu novos procedimentos concursais para adjudicar a atividade a uma entidade privada.

Com cerca de uma centena de trabalhadores, a empresa tem como único acionista o Estado português, estando na dependência da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF). Segundo o relatório de contas do exercício de 2023, o último disponível, fechou a atividade com o melhor resultado de sempre, atingindo lucros de 5,4 milhões de euros. Porém, a DGTF continua a reclamar o pagamento de mais de 157 milhões em juros que remontam a uma dívida da década de 1980 e que a Silopor se tem negado a liquidar por considerar que já prescreveram.

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“Só há eleições se existir um voto do PS e um voto do Chega”, vinca Leitão Amaro

Leitão Amaro diz que o PS quer continuar um clima de "erosão lenta das condições de governabilidade". E frisa que a moção de confiança é "independente" da comissão parlamentar de inquérito.

O ministro da Presidência de Portugal disse esta sexta-feira que o Partido Socialista (PS) quer continuar um “clima de suspeição” e um clima de “erosão lenta das condições de governabilidade”. E garante: “Aquilo que nós propusemos [moção de confiança] foi uma clarificação para que não se votasse uma coisa e dissesse outra”.

“Ao longo destas últimas semanas, vimos, em particular do PS, uma vontade de degradação das condições de governabilidade. O instrumento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi só mais um. Tanto quanto o Governo sabe, o PS quer continuar um clima de suspeição, um clima de erosão lenta das condições de governabilidade. O PS não alterou a sua posição e há uma oportunidade“, disse António Leitão Amaro, no final do Conselho de Ministros.

Segundo o ministro, essa estratégia do PS não pode persistir e tem de haver uma clarificação definitiva das condições de governabilidade. “A ameaça de um instrumento da CPI é apenas uma demonstração de uma postura de insustentável aceitação das condições de governabilidade”, acrescenta.

E se o PS recuasse no pedido de uma CPI? O governante diz que o que está em causa “ultrapassa” e é “independente” da CPI. “O que está em causa é muito mais se há ou não uma CPI e um esclarecimento”, garante, contrariando a versão do ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, que esta sexta-feira afirmou que se o PS retirar a CPI “há condições para a moção de confiança poder ser retirada”.

“O que o ministro Castro Almeida disse foi ecoar a declaração do primeiro-ministro da semana passada e foi essencialmente isto: que tem que haver uma demonstração clara dos partidos da oposição de que há condições de governabilidade”, explicou Leitão Amaro.

O ministro da Presidência sublinhou ainda que “só há eleições se existir um voto do PS e um voto do Chega”. O Governo propôs uma “clarificação para que não se votasse uma coisa e dissesse outra”, afirmou.

Sobre a moção de confiança, admite que é a “última oportunidade” para as oposições, em particular o PS, demonstrarem de uma vez por todas se entendem ou não que existem condições de governabilidade.

Leitão Amaro garante não há nenhuma conversação com os partidos que não seja o debate público que os portugueses conhecem. “Não há conversações. Houveram moções e naquela que será debatida e votada na próxima semana o que nos assistimos foram variações e mudanças nos votos até e depois um discurso que muitas vezes não era coincidente”, disse.

(Notícia atualizada às 16h35)

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Governo aprova três novas autoridades junto das Finanças

Vão ser criadas as entidades do Orçamento, do Tesouro e Finanças e o Centro de Pessoas da Administração Pública, no âmbito da reforma do Estado. O objetivo é melhorar o controlo da despesa pública.

O Governo aprovou esta sexta-feira, em Conselho de Ministros, a “reforma da orgânica do Ministério das Finanças” que prevê a fusão de serviços e a criação de três novas autoridades: do Orçamento, do Tesouro e Finanças e o Centro de Pessoas da Administração Pública, tal como o ECO noticiou em primeira mão.

O objetivo é “melhorar a gestão da despesa pública”, defendeu o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento durante o briefing do Conselho de Ministros.

“Aprovámos a criação da entidade Orçamental que vai juntar a Direção-Geral do Orçamento (DGO) e Unidade de Implementação da Lei de Enquadramento Orçamental (UniLeo); a entidade de Tesouro e Finanças, que junta a Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM), a Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP) e a a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF); e o Centro de Pessoas da Administração Pública que será o centro de toda a parte de emprego, formação e que vai juntar a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), os Serviços Sociais da Administração Pública (SSAP) e o Instituto Nacional de Administração (INA)”, detalhou Miranda Sarmento.

“A Entidade Orçamental tem por missão superintender na elaboração e execução do Orçamento do Estado, na contabilidade do Estado, no controlo da administração financeira do Estado e assegurar a participação do Ministério das Finanças no quadro das negociações orçamentais a nível europeu”, de acordo comunicado do Governo.

A nota indica que “a Entidade do Tesouro e das Finanças tem como missão assegurar as operações de intervenção financeira do Estado, acompanhar a tutela financeira do setor público e empresarial e a gestão integrada do património do Estado, com exceção do imobiliário”.

E “o Centro de Pessoas e Administração Pública tem por missão apoiar a definição de políticas estratégicas para a Administração Pública em matérias de regimes de emprego, da gestão do desempenho e do talento na Administração Pública, de recrutamento e mobilidade dos trabalhadores, bem como criar, transmitir e difundir o conhecimento no domínio da Administração Pública, contribuindo, para a sua inovação e modernização e para a qualificação, capacitação e valorização dos seus recursos humanos”, lê-se no mesmo texto.

A nova orgânica surge no âmbito da “reforma importante” da Administração Pública, sublinhou o mesmo governante. O ministro referiu que, atualmente, “a despesa pública de 120 mil milhões de euros é gerida com processos e regras que datam do final dos anos 80 e tecnologia do final dos anos 90″.

“Do lado da despesa, estamos a gerir de forma obsoleta”, concluiu. Daí a necessidade de avançar para a reforma das entidades que têm responsabilidade na gestão da despesa pública, até porque o novo plano orçamental estrutural de médio prazo, exigido por Bruxelas, e que substitui o programa de estabilidade dá uma importância acrescida ao controlo dos gastos do Estado, no âmbito do cumprimento das regras orçamentais: défice abaixo dos 3% do PIB e dívida pública inferior a 60%.

No âmbito da “modernização e simplificação dos procedimentos orçamentais e de revisão da despesa pública”, o Governo vai rever a Lei de Enquadramento Orçamental, indicou ainda o ministro, uma tarefa que ficará para o próximo Executivo que sair das eleições legislativas antecipadas de maio.

Joaquim Miranda Sarmento lembrou que, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), vão ser investidos “78 milhões de euros na modernização tecnológica das entidades que controlam a despesa pública”.

Aumentos salariais e prémio para carreiras especiais das Finanças

A criação das três autoridades na esfera das Finanças pressupõe uma valorização extraordinária de duas carreiras já existentes: a de técnico superior especialista em orçamento e finanças públicas; a de técnico superior especialista em estatística, do Instituto Nacional de Estatística (INE). E a formação de uma nova, de técnico superior especialista de administração e políticas públicas.

A proposta entregue aos sindicatos prevê que o vencimento de entrada dos licenciados em orçamento e estatística suba de 1.495,20 euros para 1.547,83 euros mensais brutos. E a nova carreira também começará nesse patamar.

Para além disso, o Governo quer atribuir um prémio de produtividade de 25% do salário base, que pressupõe a isenção de horário para lá dos limites normais da jornada de trabalho. Este ano, o suplemento será pago a todos os técnicos superiores destas carreiras especiais. Mas, a partir de 2026, vai depender da avaliação dos serviços. Se pelo menos 75% dos indicadores forem cumpridos, os trabalhadores têm direito ao suplemento, caso contrário só recebem 10% do subsídio.

Neste momento, continuam as negociações com as estruturas sindicais representativas dos funcionários públicos. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, referiu que, “neste Conselho de Ministros” foi discutido um documento de trabalho “para uma interação final com os sindicatos”.

“E há uma expectativa da parte do Governo que, na próxima semana, possamos dar forma legislativa a uma série de acordos”, apontou. Ou seja, o Executivo espera aprovar as valorizações destas carreiras já no Conselho de Ministros da próxima semana. Na segunda-feira, dia 10, serão retomadas as reuniões com os sindicatos, no Ministério das Finanças.

(Notícia atualizada às 16h17)

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Taxas máximas de cartões de crédito para consumidores sobem no segundo trimestre

  • Lusa
  • 7 Março 2025

As taxas máximas dos cartões de crédito e linhas de crédito foram fixadas em 19,3% para o segundo trimestre de 2025, mais 0,1 pontos percentuais do que no trimestre atual.

As taxas máximas dos cartões de crédito e linhas de crédito foram fixadas em 19,3% para o segundo trimestre de 2025, mais 0,1 pontos percentuais do que no trimestre atual, anunciou esta sexta-feira o Banco de Portugal (BdP).

Trata-se da taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) e da taxa de juro anual nominal (TAN), dizendo respeito ao período entre abril e junho. Em causa estão cartões de crédito, linhas de crédito, contas correntes bancárias e facilidades de descoberto, refere o banco central.

Já nos contratos de crédito para aquisição de automóveis novos a TAEG máxima desce de 6,4% para 5,9% no caso da locação financeira ou ALD e de 11,3% para 11% nos créditos com reserva de propriedade. No caso dos veículos usados, a TAEG máxima desce de 8,3% para 8,1% na locação financeira ou ALD e de 14,4% para 14,3% nas operações com reserva de propriedade e outros.

Quanto às taxas para o crédito pessoal, quando a finalidade é educação, saúde, energias renováveis e locação financeira de equipamentos, estas sobem de 9% para 9,2%, sendo que para outros créditos pessoais (sem finalidade específica, lar, consolidado e outras finalidades) aumentam para 16%, de 15,9%.

As taxas máximas para os diferentes tipos de crédito aos consumidores são determinadas e divulgadas trimestralmente pelo Banco de Portugal.

Segundo a legislação, as “taxas máximas correspondem às taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) médias praticadas pelas instituições de crédito no trimestre anterior, nos diferentes tipos de contratos, acrescidas de um quarto”, sendo que “nenhuma pode ainda ultrapassar em 50% a TAEG média da totalidade dos contratos de crédito aos consumidores celebrados no trimestre anterior”, sublinhou o BdP.

O regime de taxas máximas prevê ainda que a TAEG máxima dos contratos de facilidade de descoberto com obrigação de reembolso no prazo de um mês e que a taxa anual nominal (TAN) máxima das ultrapassagens de crédito sejam iguais à TAEG máxima definida para os contratos de crédito sob a forma de facilidade de descoberto com prazo de reembolso superior a um mês.

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