UE investe em formação profissional e criação de empregos para jovens açorianos

  • Lusa
  • 24 Março 2025

Jovens vão ter acesso a cursos gratuitos na agricultura, turismo sustentável, transformação digital e energias renováveis. Investimento de Bruxelas ronda os quatro milhões de euros.

Os Açores integram um projeto europeu liderado pelo ISCTE, que qualifica jovens em setores estratégicos para a economia das ilhas abrangidas através de cursos gratuitos na agricultura, turismo sustentável, transformação digital e energias renováveis, foi hoje divulgado.

A universidade, em comunicado, explica que a Comissão Europeia vai investir quatro milhões de euros na formação profissional de jovens dos Açores e de outras ilhas europeias “para aumentar as oportunidades de emprego, facilitar a integração no mercado de trabalho e fortalecer as economias locais”.

O projeto, denominado “OVER-SEES: VET Excellence Leadership for the Twin Transition in European Islands”, o primeiro dedicado exclusivamente a regiões insulares, é liderado pelo ISCTE -Instituto Universitário de Lisboa e abrange também a região oeste da Irlanda, as ilhas do Egeu (Grécia) e a Sicília (Itália).

O programa centra-se na qualificação de jovens em setores estratégicos para as economias das ilhas através de cursos gratuitos nas áreas da agricultura e do turismo sustentável, da transformação digital e das energias renováveis.

De acordo com a nota, as formações “serão definidas com base nas especificidades de cada ilha, garantindo que respondem às necessidades das empresas locais e que estão alinhadas com as estratégias de desenvolvimento regional”.

“Os cursos irão garantir que os jovens das ilhas abrangidas pelo projeto vão ter acesso a formação de alta qualidade, alinhada com as necessidades do mercado de trabalho em que estão inseridos e com as potencialidades de cada região”, afirma o investigador do ISCTE e coordenador do programa, Francisco Simões, citado na nota.

O responsável salienta que “muitas empresas locais carecem de recursos para se expandirem, ao mesmo tempo que os jovens têm dificuldades no acesso a formação em áreas económicas estratégicas” para os referidos territórios.

“Os jovens, além disso, encontram obstáculos para conseguir empregos dignos que contribuam para a dinamização das economias e para a melhoria das suas próprias condições de vida”, sublinha.

O ISCTE lembra que, em média, entre 10% e 20% dos jovens residentes nas ilhas europeias se encontram desempregados e a taxa de abandono escolar precoce também é elevada.

No caso da Região Autónoma dos Açores, salienta que “mais de 20% dos jovens não concluem o ensino secundário”, um valor que está “muito acima da média nacional”.

“Estes dados evidenciam os desafios enfrentados pela região na qualificação dos jovens, contribuindo para uma elevada percentagem de jovens que não estudam, não trabalham, nem estão em formação nos Açores e nas restantes regiões insulares da Europa”, afirma Francisco Simões.

Com o projeto “OVER-SEES: VET Excellence Leadership for the Twin Transition in European Islands”, os promotores esperam “não só capacitar os jovens, mas também valorizar o seu papel nas comunidades, ajudando-os a construir carreiras promissoras sem precisarem de sair das suas ilhas”, segundo o responsável.

A iniciativa será desenvolvida em três fases ao longo de quatro anos.

Numa primeira fase, serão criados os cursos e um programa de orientação profissional, seguindo-se outra em que os cursos terão uma fase experimental para garantir que ajudam os alunos e respondem a necessidades reais do mercado de trabalho.

Numa terceira e última fase, os cursos serão disponibilizados gratuitamente e os resultados obtidos serão partilhados com os governos locais, acompanhados de sugestões para melhorar as políticas públicas nestas áreas.

O projeto foi selecionado no âmbito do programa Erasmus+ e envolve um consórcio de 17 beneficiários e 14 parceiros associados dos quatro territórios insulares europeus.

Além da coordenação do ISCTE, a iniciativa conta com a participação de diversos centros de excelência vocacional de toda a Europa, que vão colaborar no desenvolvimento dos cursos e na partilha de boas práticas.

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A liderar a comunicação “cuidada e focada no cliente” dos supermercados Apolónia, Ângela Sarmento, na primeira pessoa

Ângela Sarmento trocou Lisboa pelo Algarve à procura de qualidade de vida e lidera a comunicação do grupo Apolónia, que acabou de celebrar 42 anos. Descobriu na equitação uma paixão e adora viajar.

Ângela Sarmento, diretora de marketing e comunicação dos Supermercados Apolónia, vê no foco e atenção ao cliente o “sucesso” do grupo que conta com três supermercados na região do Algarve, em Albufeira, Almancil e Lagoa.

“A essência do nosso negócio e aquilo que nos rege desde o primeiro dia é o foco no cliente. Temos sempre o cuidado de garantir que temos uma comunicação adequada ao nosso público-alvo e ao nosso posicionamento, que sabemos que é um posicionamento elevado, face aos supermercados mais comuns que encontramos no mercado. A nossa comunicação tenta também ser um reflexo disso em todas as nossas campanhas, anúncios, canais e plataformas”, diz em conversa com o +M.

Para os Supermercados Apolónia “todos os clientes importam”, pelo que a aposta recai numa comunicação bilíngue, em português e em inglês. “Somos uma empresa 100% portuguesa e a nossa comunicação tem de ser portuguesa, mas temos noção que estamos numa região frequentada por muitos clientes estrangeiros. Obviamente que o cliente estrangeiro tem uma grande importância para nós também e daí para nós ser importante que as nossas mensagens cheguem a todos“, explica ainda a diretora de marketing e comunicação de 38 anos.

Num setor concorrencial como o retalhista, Ângela Sarmento entende que o grupo Apolónia consegue sobressair e distinguir-se precisamente através do seu serviço personalizado e pela variedade e qualidade de produtos.

“É verdade que o setor alimentar neste momento é um ‘circo de feras’, está a haver um boom muito grande mas não posso dizer que tenhamos concorrência direta. Existem outros retalhistas, claro, mas nenhum deles tem um serviço como o nosso. Temos clientes que nos procuram porque, além dos produtos comuns, temos também uma oferta de produtos diferenciados e que vêm de fora, porque trabalhamos também para um público estrangeiro e queremos que eles se sintam em casa“, refere.

Mas também o “serviço distinto”, como tirar as espinhas do peixe na peixaria ou ajudar a ensacar e a levar as compras ao carro, ajuda a marca a destacar-se da concorrência. “Continuamos a fazer questão de ter pessoas a trabalhar para pessoas. É um serviço que nos distingue. Então não é difícil sobressairmos entre o que se pode dizer que é a concorrência no setor. É uma distinção que acaba por ser natural“, refere.

O grupo acaba também de celebrar o seu 42º aniversário, no passado domingo, tendo colocado espumante e alguns produtos à disposição dos clientes. “É uma data sempre muito especial para nós e que fazemos questão de assinalar com quem nos escolhe todos os dias, que são os nossos clientes e que são o motivo do nosso sucesso ao longo do tempo”, diz Ângela Sarmento.

A efeméride foi comunicada nos canais da marca (site, redes sociais, email marketing e base de clientes) mas também em anúncios na imprensa local, em outdoor e nos ecrãs e tapetes do aeroporto de Faro.

Embora disponha atualmente apenas de lojas no Algarve, Ângela Sarmento assume que o grupo tem o desejo de expandir a sua rede de lojas não só na região algarvia como também para as cidades de Lisboa e Porto, naquele que é um “pedido frequente de clientes que no verão descem destas cidades até ao Algarve e que fazem compras nas nossas lojas”.

É um objetivo que temos e que vai acontecer assim que consigamos encontrar a oportunidade ideal para fazê-lo. Ou seja, só o iremos fazer quando encontrarmos um local que temos a certeza que vai responder às necessidades que temos do ponto de vista logístico, mas também que vai ter uma acessibilidade que seja conveniente para o nosso público-alvo”, explica.

Liderando uma equipa composta por outras cinco pessoas (três designers, uma assistente de marketing e uma social media manager), Ângela Sarmento diz ter “muito orgulho” no trabalho da equipa, uma vez que “todas as peças de comunicação que se vê na rua são feitas internamente“.

Conta com a ajuda de duas agências — a Taylor, como agência de comunicação, e a Devoteam, em termos de marketing digital –, mas “do ponto de vista de peças gráficas e de copywriting, somos nós que fazemos tudo internamente”, diz a responsável.

Contando com uma percurso “atípico mas sempre ligado à comunicação”, o primeiro emprego de Ângela Sarmento foi como editora de vídeo de algumas das novelas da SIC, tendo trabalhado na produtora Terra do Nunca, de Teresa Guilherme. Após a venda da produtora, decidiu ingressar na universidade, onde tirou uma licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Comunicação Empresarial e um mestrado em Gestão Estratégica de Relações Públicas.

A partir do momento em que se licenciou, Ângela Sarmento começou logo a trabalhar em comunicação, no grupo Young Network. Tendo começado em assessoria e consultoria de imprensa, passou depois à área do digital, durante vários anos, colaborando na abertura de perfis de algumas marcas portuguesas no Instagram. Passou depois pela ActualSales e DigitalWorks.

A ideia inicial era de ficar apenas três anos em agência e depois passar para o lado do cliente, que “era o sonho de todo o estudante de comunicação”. “Mas acabei por ficar em agência muito mais do que três anos, sempre em Lisboa. Cheguei a uma altura que pensei que já chegava de Lisboa e de agência e que a minha vida tinha de levar uma volta“, recorda.

O objetivo inicial passava por sair de Lisboa e ir para o Alentejo mas, no entanto, não conseguiu encontrar vagas de emprego para essa região. Uma amiga sugeriu-lhe então ir para o Algarve, tendo encontrado uma vaga no Pine Cliffs. Foi no seguimento dessa candidatura que acabou por ir trabalhar para a dona do Pine Cliffs, a United Investments Portugal, de onde saiu em 2022 como responsável de toda a comunicação digital de todas as propriedades e marcas do grupo do setor da hotelaria e do imobiliário de luxo.

A ida para o Algarve proporcionou-lhe um clima mais ameno assim como a qualidade de vida que procurava. Após seis anos a viver na região algarvia corrobora a expressão de uma amiga sua que se mudou dois anos antes de si para a região: “no Algarve vivemos e trabalhamos, mas com um sentimento de férias“.

“Em Lisboa anda-se sempre a correr para todo o lado. Mesmo que eu saísse às seis horas, era impensável conseguir ir à praia ao fim do dia. Aqui no Algarve, saio às seis horas e quinze minutos depois estou na praia. São coisas que em Lisboa nós não conseguimos ter. Aqui vivemos muito mais devagar, com muito mais tranquilidade, e é uma qualidade de vida que não tem preço. É um balanço que conseguimos aqui ter entre a vida profissional e a vida pessoal. Posso dizer que não está nos meus planos próximos voltar para Lisboa, estou muito bem aqui“, diz.

A viver atualmente na Praia da Falésia, Ângela Sarmento encontrou entre Albufeira e Vilamoura “um sítio calminho, longe dos grandes centros, para ter alguma paz”. Gosta muito de viajar, uum hobbie que encara como um “work in progress” e através do qual se apaixonou pelo Dubai. “E não consigo explicar porquê. Acho que foi pelo choque de cultura. Foi também a primeira vez que saí da Europa, mas tive ao mesmo tempo um sentimento de estar em casa que não consigo explicar. Gostei muito das cores do Dubai e do pôr do sol. Sem dúvida que é um sítio ao qual tenho que voltar”, refere.

Adora cães, assumindo-se como uma dog lover, e recentemente descobriu uma nova paixão relacionada com animais: a equitação. “Foi uma resolução do meu último aniversário, pelo que ando de cavalo todos os sábados. É o meu hobbie, a minha terapia e o meu escape”, diz.

Ângela Sarmento, em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Sou uma grande adepta de ações de co-branding, por isso gostava de ter estado envolvida na campanha da Guaraná Antarctica, lançada em 2020 em apoio à Seleção Brasileira de Futebol Feminino, de quem é patrocinadora oficial. A marca desafiou outras empresas a juntarem-se ao movimento, e em troca cedeu o seu espaço nas latas do refrigerante para que estas pudessem exibir os seus próprios logótipos. Foi uma ação brilhante, não só pela coragem em abdicar da sua identidade visual em nome de algo maior, como também pela nobreza do propósito: dar visibilidade e apoio ao futebol feminino, ainda longe de ter o mediatismo da equipa masculina.
A nível nacional, e como fã da área do turismo e hotelaria, gostava de ter feito parte da icónica campanha do antigo Ministério do Comércio e Turismo, de 1995. Quem não conhece a expressão “Vá para fora cá dentro”? Tornou-se parte da cultura popular e cumpriu o objetivo: incentivar os portugueses a explorarem o seu próprio país.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Dizer “não”. Parece fácil, mas é difícil dizer-se que não a uma ideia criativa que se gosta muito, mas que não serve a estratégia. Ou não seguir uma tendência, porque não se adequa ao nosso posicionamento ou o público da marca não se revê nela. Não agradar a todos, para agradar a quem realmente importa. Em marketing, é fácil cairmos na tentação de querer fazer tudo, querer falar para todos, estarmos em todo o lado, mas as marcas fortes constroem-se com foco e coerência. Saber o que não fazer é tão ou mais importante do que o que se faz, e garantidamente mais difícil.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

Otimização. Tudo pode ser afinado: mensagens, recursos, tempo, processos. Estou sempre focada em encontrar formas mais eficazes e inteligentes de fazer mais e melhor.

4 – O briefing ideal deve…

Ser claro, objetivo e pensado com empatia, como se estivéssemos no lugar de quem o vai executar, antecipando dúvidas e alinhando expectativas.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Se apresenta como uma extensão da equipa, e não apenas como um prestador de serviços externo.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar, sempre.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Com um orçamento ilimitado sem dúvida que dava para fazer muito, mas não sei se faria o melhor. Acredito que é nos limites que pomos o nosso talento à prova, que puxamos mais pela criatividade e que acabam por surgir ações memoráveis.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Um país pequeno, com ideias grandes.

9 – Construção de marca é?

É ter clareza sobre quem somos, o valor que trazemos, onde estamos e para onde queremos ir, e saber inspirar os outros a fazer parte dessa jornada.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Ainda estou a tentar descobrir o que quero ser quando for grande, mas talvez esteja aí a graça. Continuar a explorar, a aprender e a reinventar-me.

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Segurança Social dá mais tempo aos recibos verdes para entregarem declarações trimestrais

Declaração dos rendimentos de outubro, novembro e dezembro deveria ter sido entregue até ao final de janeiro, mas Segurança Social anuncia que, afinal, pode ser apresentada até ao fim de março.

Os trabalhadores independentes já podem entregar as suas declarações trimestrais fora dos períodos declarativos estabelecidos. Por exemplo, a declaração que deveria ter sido entregue até ao final de janeiro poderá ser apresentada até ao fim deste mês de março, de acordo com a Segurança Social.

“Agora, a declaração trimestral pode ser entregue após o período declarativo estabelecido, desde que seja feita até ao último dia do mês anterior ao período declarativo seguinte“, informa a Segurança Social, numa nota publicada no seu site.

Por exemplo, a declaração que tinha de ser entregue até 31 de janeiro (relativamente ao rendimentos de outubro, novembro e dezembro do ano passado) passa a poder ser apresentada até ao final de março.

A que era devida até ao final de abril poderá ser entregue até ao final de junho. A prevista para o fim de julho passa a poder ser entregue até ao fim de setembro. E a que tinha de ser entregue até ao final de outubro passa a poder ser apresentada até ao final do ano.

“O trabalhador independente que entregou a declaração trimestral em janeiro 2025 ou substituiu os seus elementos até ao 15.º dia posterior ao termo do prazo, pode, igualmente, corrigir os valores já declarados até 31 de março”, esclarece a Segurança Social, que reforça que a entrega destas declarações deve ser feita online, na Segurança Social Direta.

Desde 2019 que os trabalhadores independentes têm de entregar declarações trimestrais até ao final de janeiro, abril, julho e outubro.

Esta mudança serviu para aproximar o rendimento relevante (o que serve de base às contribuições a pagar) do rendimento efetivo, estando isentos desta obrigação apenas os recibos verdes que não fazem descontos e aqueles que têm contabilidade organizada.

À luz das regras anteriores, as contribuições eram calculadas com base nos rendimentos do ano anterior, sendo “insensíveis” às variações sentidas ao longo desse período.

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Para onde vai o lucro dos jogos da Santa Casa? Saúde prefere cuidados continuados ao combate aos vícios

  • Joana Abrantes Gomes
  • 24 Março 2025

Em 2025, Ministério da Saúde distribui mais verbas dos jogos sociais à rede de cuidados continuados. Percentagem para o combate a comportamentos aditivos, como álcool e drogas, desce de 25% para 10%.

A maior parte do dinheiro relativo aos lucros da exploração dos jogos sociais que é atribuída ao Ministério da Saúde vai ser este ano alocada aos cuidados continuados integrados, enquanto a percentagem destinada aos comportamentos aditivos, como a droga e o álcool, baixa de 25% em 2024 para os 10% em 2025.

De acordo com uma portaria publicada esta segunda-feira em Diário da República, 75% dos resultados líquidos dos jogos sociais explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e atribuídos ao Ministério da Saúde vão para a Administração Central do Sistema de Saúde, com vista ao financiamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Trata-se de um aumento em comparação com os 60% que tinham sido atribuídos no ano passado.

Os restantes 25% repartem-se entre o Instituto de Comportamentos Aditivos e Dependências (10%), a Direção-Geral de Saúde (12%) e a Secretaria-Geral do Ministério da Saúde (3%) — neste último caso para financiar programas e atividades na área da saúde mental.

Em particular, os 12% que vão para os cofres da DGS servirão para financiar as seguintes áreas:

  • 6% para as infeções sexualmente transmissíveis e infeção por VIH;
  • 0,8% para as doenças oncológicas;
  • 0,5% para a prevenção do tabagismo;
  • 0,8% para a prevenção da diabetes;
  • 0,5% para as doenças cérebro-cardiovasculares;
  • 0,4% para as doenças respiratórias (baixa uma décima face à percentagem atribuída em 2024);
  • 0,4% para as hepatites virais (baixa uma décima face a 2024);
  • 0,4% para a tuberculose (baixa uma décima face a 2024);
  • 0,5% para a promoção da atividade física;
  • 0,2% para a obesidade;
  • 0,5% para a promoção da alimentação saudável;
  • 0,8% para o controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde e resistência aos antimicrobianos;
  • 0,2% para outros programas a desenvolver no âmbito da prossecução dos objetivos do Plano Nacional de Saúde (aumenta uma décima face a 2024).

No diploma assinado pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e que produz efeitos a 1 de janeiro deste ano, é feita, no entanto, a ressalva de que a repartição poderá ser alterada “em função das necessidades de financiamento”.

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Família Azevedo investe 20 milhões em Aljustrel para produzir biometano com subprodutos do azeite

Unidade de produção de biometano no Alentejo vai valorizar subprodutos agroindustriais da AZPO - Azeites de Portugal. Investimento fica a cargo da Capwatt, detida pela Sonae Capital Industrials.

A Capwatt, que faz parte do portefólio da Sonae Capital Industrials (SC Industrials), está a construir uma unidade de produção de biometano em Aljustrel, que vai permitir que os subprodutos da AZPO – Azeites de Portugal, como o caroço de azeitona, sejam “sujeitos a um processo de valorização energética, minimizando o seu impacto ambiental”.

Num investimento total aproximado de 20 milhões de euros, o projeto prevê valorizar por ano 160 mil m3 de subprodutos agroindustriais da fileira do azeite e possibilitar a geração de 57 GWh/ano de gás natural de origem renovável, com os promotores a estimarem uma redução anual equivalente a 23 mil toneladas de emissões de CO2.

A empresa da SC Industrials – detida a 100% pela Efanor, holding da família de Belmiro de Azevedo – destaca a criação de novos postos de trabalho diretos e indiretos na região de Aljustrel, sem detalhar o número de empregos que serão gerados. Em comunicado, salienta ainda que o projeto, que vai estar em funcionamento já este ano, prevê ainda “impulsionar parcerias com agricultores e indústrias locais”.

A produção de biometano é um passo crucial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que permite valorizar os subprodutos agroindustriais.

Filipa Nolasco

CFO da Capwatt

Reclamando que este é o primeiro projeto em Portugal focado na produção de biometano a partir de subprodutos agroindustriais, Filipa Nolasco, administradora financeira (CFO) da Capwatt, sublinha que “a produção de biometano é um passo crucial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que permite valorizar os subprodutos agroindustriais e contribuir para uma melhoria da pegada ecológica”.

“A neutralidade carbónica exige mais do que eletricidade renovável; é fundamental descarbonizar os setores ainda fortemente dependentes de combustíveis fósseis. O biometano pode substituir o gás natural na indústria e nos transportes, tirando partido das infraestruturas existentes. Além disso, permite uma gestão sustentável de resíduos orgânicos, contribuindo para uma economia mais limpa e eficiente”, acrescenta na mesma nota a head of biomethane da empresa, Cristiano Amaro.

Este anúncio do investimento no Alentejo surge pouco mais de uma semana depois de a SC Industrials, liderada por Miguel Gil Mata, ter confirmado a aquisição de uma participação maioritária (62,48%) na Beyond Composite, sediada em Vila Nova de Gaia, que produz materiais compósitos para aplicações na área da mobilidade (componentes para autocarros e comboios) e da defesa (materiais de proteção).

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Indústria volta a surpreender e dá sinais de vida na Zona Euro

Embora ainda permaneça em níveis de contração, o índice PMI da indústria da Zona Euro atingiu em março o valor mais elevado desde janeiro de 2023, reflete uma melhoria gradual na atividade industrial.

Os dados mais recentes do Índice de Gestores de Compras (PMI) da Zona Euro, calculados pelo Hamburg Commercial Bank e divulgados esta segunda-feira, revelam uma evolução positiva, mas ainda aquém das expectativas dos analistas.

O HCOB Flash Eurozone PMI composto, que combina os setores dos serviços e da indústria, atingiu os 50,4 pontos em março, o valor mais elevado dos últimos sete meses. No entanto, este resultado ficou abaixo da estimativa de 50,8 pontos avançada pelos especialistas. O setor dos serviços registou um PMI de 50,4 pontos, ligeiramente inferior à previsão de 51 pontos. Apesar disso, este valor marca um ponto de viragem ao situar-se acima da linha dos 50 pontos, indicadora de expansão económica.

o setor industrial apresentou um desempenho significativo, com o índice PMI do setor a subir 2,3% para 48,7 pontos face a fevereiro, superando a estimativa de 48,2 pontos e alcançando o nível mais elevado desde janeiro de 2023. Embora ainda abaixo dos 50 pontos — sinal de contração — este progresso reflete uma melhoria gradual na atividade industrial.

“Embora o crescimento económico tenha sido apenas marginal em março, a economia da Zona Euro parece estar a resistir ao impacto do aumento das taxas de juro e ao elevado nível de incerteza”, refere Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, em comunicado.

Os dados do PMI sugerem que a economia da Zona Euro está num processo lento de recuperação. No entanto, os resultados abaixo das expectativas dos analistas indicam que os desafios estruturais permanecem significativos.

A análise dos dados sugere que a economia da Zona Euro está a mostrar resiliência num cenário marcado por pressões inflacionistas e políticas monetárias ainda restritivas. “O setor dos serviços continua a ser o pilar do crescimento económico na Zona Euro. No entanto, é interessante notar que o índice PMI para o setor industrial também aumentou”, refere De la Rubia, notando com isso uma mudança importante na dinâmica económica da região.

Apesar das melhorias nos índices PMI, os dados mostram que as empresas continuam a enfrentar desafios significativos relacionados com os custos. Segundo Cyrus de la Rubia, “os preços cobrados pelas empresas aumentaram novamente em março e até aceleraram ligeiramente em comparação com fevereiro.” Esta tendência pode complicar os esforços para controlar a inflação na área do euro.

Além disso, os níveis de emprego mantêm-se estáveis no setor dos serviços, uma dinâmica crucial para sustentar o consumo interno e evitar uma desaceleração mais acentuada.

Os dados do PMI sugerem também que a economia da Zona Euro está num processo lento de recuperação. No entanto, os resultados abaixo das expectativas dos analistas indicam que os desafios estruturais permanecem significativos.

Com um crescimento económico marginal e sinais mistos entre os setores industrial e de serviços, a Zona Euro enfrenta um caminho incerto, mas promete continuar a resistir às adversidades. “A economia da Zona Euro parece estar a resistir ao impacto do aumento das taxas de juro e ao elevado nível de incerteza”, conclui Cyrus de la Rubia.

O HCOB Flash Eurozone PMI fornece uma visão antecipada sobre a saúde da economia da Zona Euro, sendo calculado com base nas respostas de gerentes de compras de empresas dos setores da indústria e dos serviços, que avaliam mudanças mensais em variáveis como produção, novos pedidos, emprego e preços. Os dados são convertidos em um índice onde valores acima de 50 indicam expansão económica e abaixo de 50 sinalizam contração.

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VIANA S.T.ARTS Centre: “Onde se matava, agora vamos criar”

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  • 24 Março 2025

O antigo matadouro de Viana do Castelo vai ser transformado num espaço de cocriação, onde a arte, a tecnologia e a ciência se aliam para dar vida a novas criações e ideias.

O matadouro municipal de Viana do Castelo entrou em funcionamento em 1926 e, agora, quase 100 anos depois, em vez de ser um espaço para matar animais, vai ser um lugar onde vão nascer projetos ligados à arte, à tecnologia e à ciência. A iniciativa, denominada VIANA S.T.ARTS, vai implicar várias obras de requalificação do espaço, que terá soluções inovadoras de eficiência energética, baixo teor de carbono e economia circular.

“O edifício estava inutilizado há mais de 30 anos”, começou por explicar Marta Monteiro, Chefe de Divisão de Projeto da Câmara Municipal de Viana do Castelo, durante a conferência Cidade do Futuro, na qual justificou que o espaço, precisamente por estar “ao abandono” e ser próximo da cidade, foi escolhido para se tornar um centro de cocriação de cocriação, experiências artísticas, aplicações criativas de tecnologias emergentes, tratamento de dados, demonstrações científicas, educação para a ciência, tecnologia e arte, exposições, residências para profissionais, incubadora de eco-startups, espaços públicos de interação, entre outros espaços que estimulem a mudança em Viana do Castelo.

Marta Monteiro, Chefe de Divisão de Projeto da Câmara Municipal de Viana do Castelo

O objetivo deste projeto passa, por isso, por impulsionar futuras atividades onde cientistas locais, tecnologias de setores locais chave, artistas, designers, tanto locais como internacionais, podem encontrar-se, trocar sinergias e produzir soluções inovadoras, conteúdos criativos, de teor científico e artístico, em harmonia com a natureza e os oceanos, nos termos da sustentabilidade ambiental. No fundo, promover o encontro de espaços multidisciplinares de cocriação e de partilha de conhecimento, com o objetivo de promover o processo de criação, reflexão, discussão e exposição de soluções e ideias a nível científico, artístico e cultural.

Queremos que os resultados do projeto sejam usados por outras cidades, aumentando o impacto de toda a iniciativa através da replicabilidade das soluções inovadoras desenvolvidas pelos projetos. Viana do Castelo quer afirmar-se com a iniciativa VIANA S.T.ARTS, assumindo-se como uma referência para o país e no contexto internacional”, disse Marta Monteiro.

Requalificação do edifício com “metas ambiciosas”

As colaborações entre ciência, tecnologia e artes que o espaço irá promover pretendem conduzir a um desenvolvimento mais sustentável em todo o mundo, com um impacto positivo na economia, no meio ambiente e na sociedade. E, para isso, a própria requalificação do espaço tem “metas bastante ambiciosas”, tais como a utilização de 20% de materiais reciclados na construção e, ainda, o reaproveitamento de 90% dos resíduos de construção.

Entre as várias soluções sustentáveis para a construção deste centro de cocriação, está a utilização de lã e cortiça para o isolamento sonoro do espaço, a aposta em materiais como palha e cânhamo para fazer as divisórias interiores e, ainda, soluções de aproveitamento hídrico, a instalação de uma eólica e a utilização do hidrogénio. “Vamos produzir hidrogénio através do excedente de energia dos painéis solares, ou seja, está tudo interligado e a funcionar em rede”, esclareceu Marta Monteiro.

Marta Monteiro, Chefe de Divisão de Projeto da Câmara Municipal de Viana do Castelo

Todas estas soluções estarão expostas no edifício, para que “quem o visite ou o utilize se aperceba delas, as conheça e veja como funcionam”. A ideia, de acordo com Chefe de Divisão de Projeto da Câmara Municipal de Viana do Castelo, é explicar, mostrar e ensinar como fazer apostas mais sustentáveis, amigas do ambiente, e, ao mesmo tempo, dar o exemplo de que tudo se pode transformar para melhor: “Este edifício vai ter uma função completamente oposta da que tinha anteriormente – onde se matava, agora vamos criar”.

“Não vamos criar nada do zero, vamos utilizar muita tecnologia que já existe no mercado, mas que não está ainda a ser muito utilizada”, explicou, acrescentando que por esse mesmo motivo, pretendem “criar pontos de abertura para que quem circule à volta do espaço se possa ir apercebendo do que se está a passar lá dentro”, de forma a que a comunidade envolvente se interesse, se inspire e o utilize como um espaço público.

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Governo quer passar estradas nacionais às autarquias sem contrapartidas financeiras

  • ECO
  • 24 Março 2025

Tomada de posse simplificada só acontecerá se as câmaras abdicarem, agora e no futuro, de dinheiro para a conservação e reabilitação das vias.

O Governo quer entregar estradas desclassificadas às câmaras municipais sem pagar qualquer contrapartida financeira, avança o Jornal de Notícias (acesso pago). Em causa está a simplificação da transferência de troços de estradas nacionais em perímetros urbanos, que, de acordo com o projeto-lei já aprovado em Conselho de Ministros, só acontecerá se as autarquias abdicarem de receber dinheiro para requalificar as vias, em muitos casos em mau estado e a necessitarem de obras.

Se prescindirem “integral e definitivamente de recursos financeiros”, os municípios nem sequer precisam de aguardar pelo aval dos ministros das Finanças e das Infraestruturas para tomar posse da estrada. Mas a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) contesta a alteração legal, considerando que “viola” os “princípios basilares da lei-quadro da transferência de competências para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais”.

Isto porque um dos alicerces do acordo de passagem de competências do Estado para as autarquias é a obrigação de fornecer os “recursos financeiros indispensáveis para que os municípios consigam assegurar o exercício” das novas responsabilidades. Até à primeira metade do ano passado, apenas 474,2 quilómetros de estradas nacionais desclassificadas mudaram para as mãos das autarquias, o que corresponde a 13% da rede.

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Banco de Fomento emitiu 24 mil milhões em garantias pré-aprovadas

  • ECO
  • 24 Março 2025

Grandes empresas não vão ter garantias pré-aprovadas, mas o responsável assegura que vão beneficiar de um processo de apreciação e aprovação muito mais rápido que passará de 49 para sete dias.

O Banco Português de Fomento (BPF) emitiu 24 mil milhões de euros em garantias pré-aprovadas, a semana passada, o que correspondem a 10% do PIB. Em causa estão 125 mil garantias, dirigidas, sobretudo, a micro e pequenas empresas, disse Gonçalo Regalado, o novo CEO da instituição, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios. Em menos de 24 horas foram descarregadas 400 mil garantias, revelou, o que mostra o interesse da banca. As candidaturas vão começar a 31 de março.

As grandes empresas não vão ter garantias pré-aprovadas, mas o responsável assegura que vão beneficiar de um processo de apreciação e aprovação muito mais rápido que passará de 49 para sete dias. “É assim que tem que ser”, disse, acrescentando que o objetivo do banco é simplificar a vida aos empresários aprovando os projetos em tempo útil. “Os empresários vão passar a receber o financiamento no momento em que o projeto for aprovado”, garantiu.

Gonçalo Regalado avançou também que o banco vai colocar três mil milhões de euros em garantias pré-aprovadas na mão dos empresários que têm projetos do Portugal 2030, do PRR ou do PEPAC para que possam, com as garantias, levantar o financiamento e assim acelerar o investimento. O CEO explicou que quer que o BFP seja “o banco parceiro dos fundos europeus” e por isso, todas as empresas elegíveis ao abrigo daqueles programas vão ser avaliadas em risco pelo próprio BPF para que possam receber garantias pré-aprovadas.

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Desafios do DORA no setor segurador

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  • 24 Março 2025

Leonor Futscher de Deus, Head of Insurance da Broseta Abogados, partilha alguns desafios na implementação do DORA no setor segurador.

O DORA (Digital Operational Resilience Act) – Regulamento (UE) n.º 2022/2554 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de dezembro de 2022 – surgiu da necessidade de harmonização e uniformização do quadro europeu em matéria de segurança das redes e sistemas de informação, tendo em conta o acelerado crescimento e importância das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no setor financeiro. Tem por objetivo assegurar a resiliência operacional digital das entidades que atuam neste setor, prevenindo e mitigando ciberameaças e vulnerabilidades nos respetivos sistemas de informação.

O DORA foi publicado no âmbito de um pacote normativo da União Europeia e faz parte de um ecossistema que integra diversos outros diplomas europeus em matéria de resiliência digital, cibersegurança, dados e serviços digitais.

No que respeita em particular à atividade seguradora, recaem no âmbito geral de aplicação do DORA – ressalvadas algumas exceções – as empresas de seguros e resseguros, os mediadores de seguros e resseguros e os mediadores de seguros a título acessório. O DORA é ainda aplicável às empresas que prestam serviços TIC a entidades do setor segurador, as quais, no caso de prestarem serviços TIC de apoio a funções críticas ou importantes, estão sujeitas a deveres legais reforçados.

Em vigor desde o passado dia 17 de janeiro de 2025, o DORA continua a revelar inúmeros desafios para o setor segurador. Pese embora o setor já beneficiasse de um enquadramento exigente em matéria de governação, gestão de riscos e controlo interno, o DORA veio reforçar o quadro legal aplicável, considerando o papel fulcral – e cada vez mais relevante – das TIC no funcionamento quotidiano do setor.

Leonor Futscher de Deus, Head of Insurance da Broseta Abogados

Destacam-se, nomeadamente, as dificuldades na implementação do novo quadro legal junto dos prestadores de serviços TIC e na negociação de cláusulas contratuais adaptadas ao novo enquadramento.

Seja por desconhecimento de que o DORA se aplica diretamente aos prestadores de serviço TIC, seja por limitação de recursos, tem-se verificado alguma resistência por parte dos prestadores de serviços TIC relativamente ao aditamento, nos respetivos acordos contratuais em vigor, de determinadas regras decorrentes do DORA. Algumas das matérias mais desafiantes em termos de negociação de clausulados incluem, designadamente, direitos de resolução e prazos de pré-aviso relacionados com a resolução dos acordos contratuais por parte das empresas de seguros que correspondam às expetativas das autoridades competentes, garantias de acesso e disponibilidade da informação, planos de contingência operacional e monitorização dos níveis de serviço estipulados nos acordos celebrados com as empresas de seguros.

Associada a esta questão, destaca-se a dificuldade que o sector segurador tem enfrentado na identificação de quais os serviços TIC efetivamente abrangidos pelo DORA. A identificação dos serviços relevantes em cada caso obriga a um esforço de conjugação da definição de “serviços TIC” resultante do DORA (a qual é extremamente ampla e abrangente), com as clarificações que têm vindo a ser prestadas pelas autoridades europeias de supervisão através de um conjunto de perguntas e respostas publicadas nos respetivos websites e disponibilizadas de forma agregada na página “Q&A on regulation” da EIOPA.

Salienta-se, a este respeito, a questão Q&A030 sobre a definição de serviços TIC e a sua relação com os serviços financeiros, em que é clarificada a interpretação do conceito de “serviços TIC” no âmbito do DORA nos casos em que o prestador dos serviços é também, ele próprio, uma entidade financeira (2999 – DORA030 – EIOPA).

Outro desafio a assinalar prende-se com a necessidade de atualização e revisão dos procedimentos, políticas e normativos internos das empresas de seguros em face das novas regras decorrentes do DORA, tarefa que tem exigido um esforço de cooperação entre os diferentes departamentos e áreas relevantes das empresas de seguro, tendo em vista a articulação de todas as matérias pertinentes.

Apesar de, a nível nacional, as Normas Regulamentares da ASF n.º 4/2022-R e 6/2022-R terem estabelecido, previamente à entrada em vigor do DORA, vários requisitos e princípios que já endereçam algumas preocupações do DORA, é essencial que cada empresa de seguros avalie os gaps existentes entre o estado atual da empresa em termos de procedimentos e políticas e as imposições regulatórias decorrentes do DORA, de molde a assegurar que se encontra em conformidade com o novo enquadramento legal.

O envolvimento das várias equipas é, por isso, uma necessidade. Contudo, numa área de atividade cuja regulamentação é tão intensa e complexa, a alocação das equipas a vários projetos em simultâneo pode revelar-se desafiante, sobretudo num mercado tão competitivo como é o caso do setor segurador.

Não obstante os vários desafios assinalados – que o setor tem vindo a superar com sucesso –, o DORA constitui uma mudança significativa na forma como os operadores abordam a resiliência digital.

Apesar dos custos iniciais associados à implementação e ao aumento de exigências regulatórias, o novo enquadramento representa, sem dúvida, uma melhoria em termos de segurança digital e obrigará os operadores a adotarem uma abordagem proativa na identificação e mitigação de ciberameaças e vulnerabilidades dos seus sistemas, o que resultará, em última análise, numa maior proteção dos consumidores, do sistema financeiro e da economia no seu conjunto.

Leonor Futscher de Deus, Head of Insurance da Broseta Abogados

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Hoje nas notícias: elétrico, Paes Mamede e estradas nacionais

  • ECO
  • 24 Março 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O presidente do Banco Português de Fomento diz, em entrevista, que o país ganha “um investimento de 1.500 milhões de euros” ao ter vencido a corrida para a produção do carro elétrico low cost da Volkswagen. Noutra entrevista, o economista Ricardo Paes Mamede considera “óbvio” que Luís Montenegro ficou diminuído nesta recandidatura às legislativas antecipadas. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta segunda-feira.

Com o elétrico da Volkswagen “ganhámos um investimento de 1.500 milhões”, diz Regalado

O presidente do Banco Português de Fomento diz que o país ganha “um investimento de 1.500 milhões de euros” ao ter vencido a corrida para a produção do carro elétrico low cost da Volkswagen, o ID.1. Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, Gonçalo Regalado acrescenta que também se ganha com isso “a manutenção dos 4.500 postos de trabalho e a ampliação até mais 1.000 postos de trabalho” na Autoeuropa. Além disso, está a trabalhar com a banca num sindicato bancário para financiar a reconversão da linha de produção para a mobilidade elétrica.

Leia a entrevista completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Paes Mamede: “Parece-me óbvio” que Montenegro fica diminuído na recandidatura às legislativas

O economista Ricardo Paes Mamede considera “óbvio” que Luís Montenegro ficou diminuído nesta recandidatura às legislativas antecipadas, ao ter-se colocado numa situação “que torna muito difícil a sua continuidade enquanto primeiro-ministro”. Em entrevista, o ex-membro do Conselho Económico e Social diz que, para o futuro, o maior risco consiste numa “governação míope”, incapaz de olhar além do curto prazo. E, embora considere “péssima” uma eventual solução de bloco central, defende que PSD e PS façam um “esforço” para assegurarem a estabilidade política.

Leia a entrevista completa no Público (acesso pago)

Governo quer passar estradas nacionais às câmaras sem contrapartidas financeiras

O Governo quer entregar estradas desclassificadas às câmaras municipais sem pagar qualquer contrapartida financeira. Se aceitarem as vias, “prescindindo integral e definitivamente de recursos financeiros”, os municípios não precisam de esperar pelo aval dos ministros das Finanças e das Infraestruturas para tomar posse da estrada. Até ao primeiro semestre de 2024, apenas 474,2 quilómetros de estradas nacionais desclassificadas mudaram para as mãos das autarquias, o que corresponde a 13% da rede.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Autarquias perdem dez milhões por ano com outdoors ilegais

Um operador de outdoors comerciais (que não quer ser identificado) contabilizou três mil estruturas que estão sem pagar as devidas taxas de publicidade e de ocupação do espaço público, o que lesa os cofres das câmaras municipais em cerca de dez milhões de euros por ano. A Associação Portuguesa das Empresas de Publicidade Exterior (APEPE) confirma que “tem pleno conhecimento desta problemática” e admite que “tem vindo, ao longo dos anos, a alertar as entidades competentes para o fenómeno”.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais casos de tuberculose

Portugal registou 1.584 casos de tuberculose em 2023, mantendo a taxa de notificação nos 14,9 casos por 100 mil habitantes, com as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte a apresentarem as maiores incidências. Os dados, que constam do relatório de vigilância e monitorização da tuberculose em Portugal da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgado no Dia Mundial da Tuberculose, indicam que dos 1.584 casos de tuberculose notificados, 1.461 foram novos casos e 123 retratamentos.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

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João Koehler: “O sucesso é o nosso maior inimigo. Quando ganhamos dinheiro e temos sucesso, caem-nos as defesas”

  • ECO
  • 24 Março 2025

João Koehler, investidor e ex-presidente da ANJE, fala sobre os desafios do empreendedorismo, a importância da resiliência e sobre como o sucesso pode ser o maior inimigo de um negócio.

João Koehler, investidor e gestor, começou por estudar Direito, mas a sua vocação levou-o para o mundo dos negócios, onde construiu uma carreira de sucesso. Foi presidente da ANJE e hoje é um nome bastante reconhecido no ecossistema empresarial português. No 22º episódio do podcast E Se Corre Bem?, fala sobre empreendedorismo, investimento, resiliência e os desafios de se gerir um negócio.

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Para o investidor é razoavelmente fácil construir um negócio e ter sucesso. Na sua opinião, o difícil é manter. “O sucesso é o nosso maior inimigo. Quando ganhamos dinheiro e temos sucesso, caem-nos as defesas”, explica.

"A história dos empreendedores é sempre um binómio de tempo e dinheiro. Ou seja, é a articulação do tempo com o dinheiro que faz o negócio ter ou não sucesso”

João Koehler, investidor e gestor

Para João Koehler, a chave para o sucesso está na prudência: “A grande chave para o sucesso é não fazer coisas estúpidas”, diz. Mas não só. Para o investidor, “A história dos empreendedores é sempre um binómio de tempo e dinheiro. Ou seja, é a articulação do tempo com o dinheiro que faz o negócio ter ou não sucesso”, acrescenta.

Ao longo da conversa, João Koehler revelou alguns segredos para um bom investimento e sublinhou a importância do tempo e do silêncio. “O tempo e o silêncio estão a nosso favor [do investidor]”, afirma. Do lado dos empreendedores, explica que lançar um negócio é um processo duro e exige características muito específicas. “Lançar um negócio e ter uma startup é como comer vidro”, refere.

João Koehler, investidor e gestor, é o 22º convidado do podcast E Se Corre Bem?

O ex-presidente da ANJE diz ser necessário ter certo tipo de características quando se quer empreender – “resiliência, otimismo e confiança”. Além disso, “as pessoas que estão à nossa volta determinam muito o nosso futuro”, acrescenta.

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui:

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