Ucrânia recebe primeira tranche de 4,2 mil milhões em fundos da União Europeia

O Conselho Europeu aprovou a primeira tranche dos 50 mil milhões que serão financiados à Ucrânia sob a forma de subvenções e empréstimos até 2027.

A Ucrânia vai receber a primeira tranche dos 50 mil milhões de euros em financiamento da União Europeia sob a forma de subvenções e empréstimos. O Conselho Europeu deu luz verde para que, ao abrigo do Mecanismo de Apoio à Ucrânia, fossem transferidos para Kiev os primeiros 4,2 mil milhões de euros em apoios.

Na decisão, anunciada esta terça-feira, a instituição liderada por Charles Michel concluiu que a Ucrânia tinha “satisfeito as condições e reformas necessárias previstas no Plano da Ucrânia para receber os fundos”. Essas reformas incluem a gestão das finanças públicas, a governação das empresas públicas, o ambiente empresarial, a energia e a desminagem.

Além de cumprir com estes requisitos, o Conselho sublinhou ser igualmente importante que estas verbas fossem disponibilizadas “o mais rapidamente possível”, dada a difícil situação orçamental da Ucrânia desde o início da invasão da Rússia.

O Mecanismo de Apoio à Ucrânia, que entrou em vigor em 1 de março de 2024, prevê que sejam disponibilizados até 50 mil milhões de euros de financiamento sob a forma de subvenções e empréstimos, para apoiar a recuperação, a reconstrução e a modernização da Ucrânia no período de 2024 a 2027.

Deste montante, 32 mil milhões de euros do Mecanismo de Apoio à Ucrânia destinam-se, a título indicativo, a apoiar as reformas e os investimentos previstos no Plano para a Ucrânia, estando os desembolsos condicionados ao cumprimento dos indicadores identificados.

Desde a sua entrada em vigor, o Mecanismo de Apoio à Ucrânia já permitiu mobilizar seis mil milhões de euros a título de financiamento intercalar, após o cumprimento das condições políticas acordadas.

Cálculos de Bruxelas estimam que, se todas as reformas e investimentos propostos forem aplicados, o Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia poderá registar um aumento de 6,2% até 2027 e de 14,2% até 2040.

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Altice vende empresa de publicidade digital Teads em negócio de mil milhões de dólares

Patrick Drahi aceitou fundir a sua plataforma de publicidade digital com a norte-americana Outbrain, recebendo 725 milhões de dólares à cabeça, mas ficando com 42% da nova empresa.

A Altice International, dona da Altice Portugal, assinou um acordo para vender a empresa de publicidade digital Teads à norte-americana Outbrain, numa operação que totaliza mil milhões de dólares (cerca de 916 milhões de euros). O negócio é feito numa altura em que o dono da Altice, Patrick Drahi, está sob pressão para reduzir a montanha de dívida do grupo.

Nos termos deste acordo, anunciado no passado dia 1 de agosto, a Teads vai fundir-se com a Outbrain, criando “uma das maiores plataformas abertas de publicidade na internet”, com presença em mais de 50 mercados e um EBITDA combinado entre 180-190 milhões este ano, disse a empresa num comunicado.

A Outbrain vai pagar à Altice, à cabeça, 725 milhões de dólares, e outros 25 milhões de dólares no futuro. A Altice recebe ainda 35 milhões de ações comuns da Outbrain, avaliadas em 170 milhões de dólares ao preço de fecho do dia 31 de julho, mais 105 milhões de dólares num instrumento financeiro que paga dividendos e que pode ser convertido em ações.

Assim, a Altice ficará dona de 42% da nova empresa, mas a sua posição poderá aumentar até 47% após a conversão desse instrumento. A Altice indicou esperar que esta transação fique concluída no primeiro trimestre do ano que vem, estando ainda sujeita à aprovação regulatória e dos acionistas da Outbrain.

O grupo controlado por Patrick Drahi comprou a Teads em 2017 num negócio avaliado em 285 milhões de euros, sujeito ao cumprimento de metas de receita. A empresa, fundada em 2011, é especializada em anúncios de vídeo que são reproduzidos automaticamente à medida que os utilizadores descem numa página na internet.

A Outbrain, por sua vez, fornece recomendações e vários tipos de conteúdos no final de artigos na internet. Após a finalização desta fusão, o CEO da Outbrain, David Kostman, irá liderar a nova empresa, enquanto os co-CEO da Teads, Bertrand Quesada e Jeremy Arditi, serão co-presidentes.

Para a Altice, este negócio é mais uma necessidade do que uma decisão estratégica. À Bloomberg, Alexis Sebah, portfolio manager da gestora de ativos Edmond de Rothschild, comentou que a avaliação da Teds fica aquém das expectativas, “mas fechar um negócio era essencial” para o grupo. Patrick Drahi tem estado a vender ativos em vários mercados e ainda este ano também esteve perto de vender a Altice Portugal, dona da Meo.

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Novas empresas caem 3% e insolvências disparam 16% até julho

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

Os distritos que consistentemente têm um maior número de insolvências e o maior número de empresas constituídas são Lisboa e Porto.

O número de insolvências em Portugal registou um aumento homólogo de 16% até julho deste ano, para 2.410, enquanto as empresas constituídas diminuíram 3% para 30.884, segundo dados da Iberinform divulgados esta terça-feira.

Em julho, o número total de insolvências ascendeu a 309, valor que traduz um aumento superior a 26% em relação ao mês homólogo do ano passado, refere a Iberinform em comunicado, salientando que foram criadas 3.260 empresas, menos 21% em termos homólogos.

A análise permitiu concluir que em julho se registou um aumento de 53% nas declarações de insolvência requeridas por terceiros, enquanto os pedidos de insolvência apresentados pelas próprias empresas subiu 71%.

Já os encerramentos com plano de insolvência também aumentaram 50% e as declarações de insolvência (encerramento de processos) atingiram as 1.303, menos 84 que em igual mês do ano anterior.

Os distritos que consistentemente têm um maior número de insolvências são Lisboa e o Porto.

O distrito de Lisboa surge também com o maior número de empresas constituídas, com um total de 9.695 novas empresas criadas até julho, menos 10% face a idêntico período do ano anterior, seguindo-se o distrito do Porto com 5.244 empresas (-2,5%).

Os restantes distritos em que o número de empresas criadas mais caiu foram Portalegre (-12%), Beja (-11%), Vila Real (-8%), Santarém (-6%), Coimbra (-5,5%) e Setúbal (-5%).

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Trabalhadores portugueses querem viagens de trabalho mais flexíveis e amigas do ambiente

Um novo estudo mostra que "os portugueses estão a bater o pé" e a exigir mais flexibilidade nas viagens de trabalho. Aliás, 28% recusariam deslocações se não pudessem adaptar a política da empresa.

As viagens de negócios são vistas como fundamentais pelos trabalhadores portugueses, mas estes estão hoje “mais exigentes”, no que diz respeito à flexibilidade dessas deslocações e ao seu impacto ambiental. O retrato é traçado esta terça-feira num novo estudo da SAP Concur, que ouviu quase quatro mil profissionais de 24 países (incluindo Portugal).

Os viajantes portugueses estão a bater o pé. No total, 31% recusariam uma viagem devido a falta de flexibilidade para se adaptarem fora da política da empresa”, é sublinhado no novo estudo.

Esta afirmação contrasta, contudo, com as políticas que têm sido adotadas pelos empregadores: 24% dos trabalhadores portugueses inquiridos confessaram que viram a sua flexibilidade cortada no que diz respeito à adição de deslocações pessoais a viagens de negócios. E 40% dos profissionais acreditam que a sua empresa dá prioridade à redução dos custos das viagens em detrimento da necessidade de opções mais flexíveis.

Assim, a SAP Concur comenta que os portugueses consideram as viagens de negócios fundamentais para a sua carreira (68% dos inquiridos identificaram-no), mas “discordam das empresas onde trabalham”.

Além da flexibilidade, o impacto ambiental está também na mente dos profissionais portugueses, com 21% dos inquiridos a deixar claro que recusariam uma destas deslocações por esse momento.

Por outro lado, apesar de considerarem estas viagens essenciais, um “número alarmante” de portugueses adianta que “sem sempre teve as mesmas oportunidades” em comparação com os seus colegas, especialmente devido ao nível de antiguidade, idade ou devido ao facto de ser pai ou mãe, destaca o mesmo estudo.

Outro dado relevante é que dois terços (66%) dos trabalhadores portugueses referem que a sua empresa se concentra cada vez mais na aprovação prévia das viagens, “incluindo quase um terço (32%) que viram esta medida ser implementada para todas as viagens”.

Já quanto à utilização de tecnologia para melhorar essas viagens, o estudo agora conhecido revela que, ainda que 93% dos trabalhadores inquiridos considerem utilizar Inteligência Artificial para reservar as suas deslocações de negócios, só 9% se sentem confortáveis a fazê-lo.

“Uma grande maioria (88%) necessita de apoio fornecido pela empresa para se sentir confortável com a utilização de opções baseadas em Inteligência Artificial para reservas“, remata a SAP Concur.

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Sabe quais os concursos do PRR mais atrasados a divulgar resultados?

Até final de junho havia “42 avisos de abertura de concurso com divulgação atrasada de resultados, dos quais 24 com mais de 90 dias”, segundo a Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR.

Sabe quais os concursos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que mais tempo demoram a divulgar os resultados? A Comissão Nacional de Acompanhamento da bazuca fez uma lista e o pódio cabe às comunidades de energia renovável e autoconsumo coletivo, cujos resultados são aguardados há 281 dias.

No relatório semestral, a CNA “manifestou diversas preocupações com os atrasos na divulgação de resultados, que, para além de atrasarem os investimentos, mantêm em suspenso as equipas de gestão e execução”, sublinha Pedro Dominguinhos numa publicação no LinkedIn. O presidente da CNA recorda que “uma candidatura é o primeiro passo para a aprovação de um projeto” e que, apesar de “cada aviso de abertura de concurso conter orientações e regras, bem como os prazos expectáveis para a divulgação dos resultados”, até final de junho havia “42 avisos de abertura de concurso com divulgação atrasada de resultados, dos quais 24 com mais de 90 dias”.

Há cerca de nove meses que os candidatos esperam pelos resultados do concurso para apoiar a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis em regime de Autoconsumo Coletivo (ACC) e Comunidades de Energia Renovável (CER), em edifícios residenciais, de comércio e serviços e da Administração Pública central. O objetivo é ter pelo menos 93 MW de capacidade instalada até ao final de 2025. O aviso referente ao Apoio à Concretização de Comunidades de Energia Renovável e Autoconsumo Coletivo foi aberto a 14 de junho de 2021 com data de submissão de candidaturas até 31 de outubro de 2022, tendo sido prorrogado até 17 de fevereiro de 2023.

Foram identificados vários constrangimentos ao nível dos licenciamentos, modelo de governo deste novo modo de produção, e ainda “um grande atraso na adjudicação do processo de avaliação, que só foi terminado já em fevereiro deste ano”, escreve a CNA, no seu relatório. “Foram submetidas 178 candidaturas, das quais não há ainda qualquer informação, com a indicação de expectativa de comunicação de resultados a julho de 2024”, lê-se ainda no relatório que acrescenta que “há a indicação de dotação sobrante para outro aviso, mas a sua abertura, apesar de prevista para final de março deste ano, ainda não aconteceu, aguardando-se uma decisão política”.

As razões dos atrasos, segundo a Direção Geral de Energia e Geologia, têm a ver com o facto de os beneficiários finais não terem preparado bem os seus projetos, tendo em conta o novo modelo seguido, “a pouca informação e disseminação, levou a fenómenos de desinformação na sociedade, causando a submissão de muitos projetos irrealistas e sem quaisquer condições técnicas para avançar”. “Esta submissão em massa, na maior parte das vezes liderada por consultores sem experiência técnica nestas áreas, colocou também maior pressão sobre os recursos humanos e informáticos (já escassos), quer da DGEG, quer da ADENE”, explica ainda o relatório da CNA citando as justificações dadas pelas autoridades nacionais.

“Esta fraca qualidade técnica, tem exigido da parte dos técnicos da DGEG, uma atenção à identificação de necessidades de melhoria em cada um dos projetos apresentados, o que faz com seja maior o espaço temporal necessário para ter projetos tecnicamente adequados.” No entanto, a CNA recorda que muitos beneficiários finais também têm relatado dificuldades em obter informações ou respostas às suas dúvidas, assim como a não existência atempada e planeada, de soluções informatizadas ou mais automatizadas.

A este investimento, classificado pela CNA como “preocupante”, segue-se o apoio à produção de hidrogénio renovável e outros gases renováveis, cujo concurso foi lançado a 16 de março do ano passado e para o qual ainda não há resultados. Ou seja, o tempo de espera é já de 169 dias. Neste caso, o Fundo Ambiental publico a 5 de março deste ano o relatório preliminar relativo ao segundo aviso. “Das 49 candidaturas submetidas, 21 foram consideradas aprovadas para financiamento, tendo sido 12 candidaturas não aprovadas para financiamento, por insuficiência de dotação. Aguardam-se os resultados após a fase de audiência prévia”, escreve a CNA no seu relatório publicado no final de julho.

O terceiro lugar do pódio dos maiores atrasos na divulgação dos resultados dos concursos vai para o apoio ao alargamento de camas de internamento na rede geral e camas de internamento de menor complexidade no Alentejo. Os beneficiários aguardam uma resposta há 146 dias. Já no Centro, a demora para obter os resultados é de 137 dias.

Num investimento que a CNA também classifica como “preocupante”, até nos concursos onde já existem aprovações (Norte e Algarve) não existem contratos assinados. Por outro lado, “existem algumas regiões do país onde as candidaturas apresentadas são menores que as vagas colocadas a concurso em várias valências”, alerta a comissão liderada por Pedro Domiguinhos. “Apesar destas vagas poderem ser transferidas para outras regiões com candidaturas sobrantes, permitindo cumprir a meta global acordada no âmbito do PRR, esta situação pode colocar em causa a cobertura regional destas respostas, não respondendo às necessidades das populações”, acrescenta o documento. Na região de Lisboa e Vale do Tejo a única candidatura submetida foi excluída.

Veja a lista completa

🔻 281 dias | Comunidades de Energia Renovável e Autoconsumo Coletivo
🔻169 dias | Produção de hidrogénio renovável e outros gases renováveis
🔻146 dias | Camas de internamento na rede geral e camas de internamento de menor complexidade – Alentejo
🔻145 dias | Equipa de Apoio Domiciliário de Saúde Mental para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI)
🔻143 dias | Beneficiação de Áreas de Pinheiro-Bravo com Potencial para Resinagem
🔻142 dias | Equipa de Apoio Domiciliário de Saúde Mental para RNCCI – Alentejo
🔻142 dias | Equipa de Apoio Domiciliário de Saúde Mental para RNCCI – Centro
🔻137 dias | Camas de internamento na rede geral (RNCCI) e camas de internamento de menor complexidade (RNCP) -Centro

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Administração da Inapa volta a atirar culpas à Parpública: “Destruição de valor massiva facilmente evitável”

De saída, a administração volta a atribuir culpas à Parpública, adiantando que só há pouco tempo teve conhecimento de uma instrução do antigo secretário de Estado para não injetar dinheiro na empresa.

A falta de apoio da Parpública à Inapa determinou a falência “evitável” do grupo e inviabilizou “a operação de aquisição da Inapa por parte do grupo mundial de distribuição de papel”, que estava a ser discutida com a administração, acusa a comissão executiva liderada por Frederico Lupi, numa carta de despedida aos colaboradores a que o ECO teve acesso.

A administração, que agora abandona a empresa, diz ainda que a decisão do acionista Estado afetou todos os acionistas e trabalhadores, criando uma “destruição de valor massiva facilmente evitável”, adiantando ainda que apenas há pouco tempo teve conhecimento de uma instrução vinculante do secretário de Estado do anterior Governo, que proibia qualquer aporte financeiro à Inapa.

“A inevitável insolvência do grupo em resultado da falta de apoio da Parpública foi repetida e detalhadamente explicada ao maior acionista da Inapa que, detendo 45% da empresa, afetou 100% dos acionistas e a totalidade dos trabalhadores com a sua decisão”, refere a comissão executiva aos colaboradores. “O valor do Grupo Inapa agora em insolvência será sempre inferior ao valor que tinha antes, sem falar nos postos de trabalho, nos parceiros e demais stakeholders, destruição de valor massiva facilmente evitável”, atira a comissão liderada por Frederico Lupi.

Num texto marcado pela atribuição de responsabilidades à Parpública, o maior acionista da empresa com cerca de 45% do capital, a administração reforça que, entre 2020 e 2023, foram feitos “mais de 50 contactos com a Parpública, entre telefonemas, mails e reuniões, procurando uma solução de longo prazo que permitisse afirmar a Inapa como um líder europeu na distribuição de papel sólido e rentável”. Contudo, nunca tiveram o apoio do maior acionista. E, adianta, “só na fase final revelou a existência de uma instrução vinculante do secretário de Estado do anterior Governo, que proibia qualquer aporte financeiro à Inapa“.

“Mesmo no contexto muito difícil da insolvência da Inapa IPG e imediato contágio a restantes empresas do Grupo, assegurámos o cumprimento das nossas responsabilidades junto dos trabalhadores e Estado com o pagamento dos salários e impostos até à nossa saída“, adianta ainda a administração da empresa, cujo processo foi atribuído na passada semana ao administrador de insolvência Bruno Costa Pereira.

“Infelizmente, apesar de termos contado sempre com o apoio dos principais credores – que chegaram a aceitar uma redução de dívida muito significativa, na ordem dos 80%, numa solução conjunta com a Parpública – nunca foi possível, por indisponibilidade do maior acionista, chegar a uma solução de capitalização da empresa, que teria permitido uma significativa melhoria do balanço da Inapa e da sua capacidade de se financiar junto de fornecedores e bancos”, acusa.

A administração reforça ainda que, apesar da ausência de ajuda da Parpública, mesmo com o “voto de confiança” atribuído à atual administração, esta prosseguiu “a otimização da estrutura tendo em vista a adaptação do Grupo à nova realidade (pós-Covid), num contexto de queda do mercado de papel de cerca de 40% entre 2019 e 2023. Concluímos as iniciativas anteriormente em curso e intensificámos o plano de restruturação da Alemanha, implementando medidas muito difíceis, mas necessárias, que implicaram a saída de centenas de pessoas na nossa operação alemã”.

Já no início deste ano, diz a administração que está de saída, foi realizada uma revisão estratégica, com o objetivo de analisar as opções existentes e mapear potenciais caminhos para o desenvolvimento da Inapa, tendo identificado linhas de atuação e potenciais parceiros estratégicos.

“Os contactos que desenvolvemos resultaram numa expressão de interesse por parte de uma empresa global de referência no nosso setor, com um calendário de trabalhos que resultaria na aquisição do grupo no 2º semestre de 2024″. Um negócio que não pode avançar face à insolvência na Alemanha, com repercussões no grupo, após a Parpública ter recusado participar num empréstimo de emergência de 12 milhões – no qual participaria com 8,4 milhões.

“Solicitámos aos nossos acionistas qualificados – Parpública, Nova Expressão e Novo Banco
– um empréstimo de curto prazo no valor de 12 milhões de euros, a ser integralmente reembolsado até outubro de 2024”, acrescenta a equipa liderada por Lupi, detalhando que “tratava-se de um empréstimo de curto prazo, a três meses, e remunerado a uma taxa de juro de mercado.”

“Foi amplamente partilhado com a Parpública que, atendendo às estritas regras de declaração de insolvência na Alemanha, a inexistência do apoio de tesouraria solicitado resultaria na insolvência da Inapa Deutschland e, por contágio, do Grupo Inapa, um dos principais distribuidores de papel na Europa, com centro de decisão em Portugal, e com mais de 1.000 milhões de euros de faturação”, escreve a administração.

Em jeito de conclusão, a administração reforça ainda que “a Parpública foi também alertada para o facto de a insolvência súbita, mas evitável, da Inapa impactar diretamente 1.400 trabalhadores, dos quais mais de 200 em Portugal, bem como inviabilizar a operação de aquisição da Inapa por parte do grupo mundial de distribuição de papel, em discussão.”

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Dazn garante direitos de transmissão da Premier League até 2028

  • + M
  • 6 Agosto 2024

A Dazn renovou os direitos de transmissão da Premier League até 2028. Além da transmissão dos jogos, aposta em resumos, programas dedicados, reportagens e entrevistas às figuras da competição.

A Dazn garantiu os direitos de transmissão da Premier League em Portugal e Espanha até 2028. Durante as próximas quatro épocas, os 380 jogos da competição são transmitidos em exclusivo na Dazn nos dois países ibéricos.

À transmissão dos jogos em direto e on demand, “os fãs de desporto poderão ainda assistir a resumos, programas dedicados, reportagens e entrevistas às figuras da Premier League“, adianta o canal em nota de imprensa.

“Desde 2022 que trabalhamos lado a lado com a Premier League e estamos entusiasmados por dar continuidade ao mesmo nas próximas quatro épocas. A Dazn continuará a assegurar na sua oferta o melhor do futebol europeu e esta renovação faz com que na próxima época os fãs de desporto possam desfrutar da Premier League, La Liga, Bundesliga e das três competições de clubes da UEFA com um único serviço“, diz Jorge Pavão de Sousa, diretor-geral da Dazn Portugal, citado em comunicado.

Já Paul Molnar, chief media officer da Premier League, refere que a Premier League “está orgulhosa por prolongar a parceria de longa data com a Dazn até ao final da época 2027/28”. “A Dazn é um parceiro excecional, com um excelente historial ao serviço dos adeptos de desporto tanto em Portugal como em Espanha. Estamos entusiasmados por continuar com a Dazn como a casa da Premier League em ambos os mercados“, acrescenta.

A principal competição de futebol do Reino Unido arranca a 16 de agosto, com o confronto entre o Manchester United e o Fulham de Marco Silva. Entre as maiores equipas inglesas, o Arsenal joga depois contra o Wolves, enquanto o Liverpool vai ao estádio do recém-promovido Ipswich Town. Os campeões em título do Manchester City defrontam o Chelsea.

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Portugal é o sexto país da UE que menos investe em investigação e desenvolvimento

  • Joana Abrantes Gomes
  • 6 Agosto 2024

Em 2023, a dotação orçamental do Governo português para esta área foi, em média, de 76,60 euros por pessoa, inferior à verba alocada no ano anterior e quase 200 euros abaixo da média da UE.

Os governos dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) alocaram, no seu conjunto, 123.684 milhões de euros para investigação e desenvolvimento (I&D) em 2023, o que equivale a 0,73% do Produto Interno Bruto (PIB) e representa um aumento de 5,3% face aos 117.424 milhões de euros alocados no ano anterior, revelam os dados divulgados esta terça-feira pelo Eurostat.

A nível nacional, Portugal teve o sexto menor investimento orçamental em I&D do bloco comunitário no último ano, de 76,60 euros por pessoa, um decréscimo de 1,3% em relação ao valor alocado em 2022 (77,40 euros por pessoa) e bastante abaixo da média da UE (275,60 euros por pessoa).

Dotações orçamentais dos governos da UE para I&D em 2023

Fonte: Eurostat

Comparando com os números de 2012, quando o Governo português alocou, em média, 55,90 euros por pessoa para investigação e desenvolvimento, as dotações orçamentais de 2023 representam uma subida de 37%. No entanto, tendo em conta que a média dos 27 Estados-membros era, nessa altura, de 178,60 euros por pessoa, significa que a diferença entre o investimento em Portugal e o da UE se foi alargando ao longo dos últimos 11 anos.

Desde 2012, a dotação orçamental para I&D mais elevada tem sido registada no Luxemburgo, atingindo uma média de 646,60 euros por pessoa em 2023 — um valor que, no entanto, é inferior aos 662,80 euros por pessoa alocados em 2022. Seguem-se a Dinamarca (552,40 euros por pessoa) e a Alemanha (529,30 euros por pessoa) nos países com as verbas mais altas.

Já a Roménia (21,20 euros por pessoa), a Bulgária (33,10 euros por pessoa) e a Hungria (48,10 euros por pessoa) estão na cauda do bloco comunitário no que toca ao investimento nesta área. Ao todo, 18 países investem menos em I&D do que a média europeia.

De acordo com o Eurostat, apenas a Hungria registou uma diminuição das suas dotações orçamentais para I&D (em termos de euros por pessoa) entre 2013 e 2023: de 66,9 euros para 48,1 euros (-28%).

Os maiores aumentos percentuais, por sua vez, observaram-se na Letónia (+291%, de 16,0 euros por pessoa em 2013 para 62,6 euros em 2023), na Polónia (+147%, de 37,8 euros para 93,3 euros) e na Bulgária (+133%, de 14,2 euros para 33,1 euros).

Por área de I&D, a maior parcela das dotações orçamentais na UE teve como destino o “avanço geral do conhecimento” (35,5%), financiado principalmente por uma dotação pública conhecida como fundos universitários gerais (GUF, na sigla em inglês), enquanto 17,3% foi dedicado ao avanço geral do conhecimento a partir de outras fontes que não o GUF, seguido de 11% para a produção industrial e tecnologia, 6,9% para a saúde e 6,0% para a exploração e aproveitamento do espaço, indica ainda o Eurostat.

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Produção de vinho em Portugal vai encolher 8% na próxima vindima. Conheça as variações por região

Portugal deverá produzir 6,9 milhões de hectolitros de vinhos na campanha 2024/2025, com dez das 14 regiões vitivinícolas em perda, sobretudo Alentejo, Lisboa e Douro. Confira as variações por região.

A produção de vinho na próxima vindima deve baixar 8% em relação à campanha anterior, atingindo um volume de 6,9 milhões de hectolitros, de acordo com as estimativas do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). A verificar-se esta previsão, o setor registará um volume semelhante à média das últimas cinco campanhas.

Dez das 14 regiões vitivinícolas portuguesas vão diminuir a produção de vinho na campanha 2024/2025. As maiores descidas em volume, num total superior a 350 mil hectolitros, vão ser registadas em Lisboa (-15%) e no Alentejo (-10%), de acordo com os dados globais compilados pelo IVV.

O Douro, que continuará na próxima campanha a ser o maior produtor de vinho em Portugal, com um total de 1,484 milhões de hectolitros, deverá perder 5% face à última vindima. No vinho do Porto, em particular, o chamado “benefício” será de 90 mil pipas, menos 14 mil do que no ano anterior.

Por outro lado, Beira Interior (15%), Trás-os-Montes (8%) e Algarve (7%) são as únicas para as quais estão previstos aumentos de quantidades em termos homólogos – no caso da região algarvia, detalha o IVV, a subida é impulsionada pela “entrada em produção de novas vinhas com uva de qualidade e boa maturação”. E na região de Távora-Varosa não é esperada variação na produção.

“De um modo geral, a instabilidade meteorológica durante o ciclo vegetativo da videira favoreceu o desenvolvimento de doenças, destacando-se o míldio. As condições climáticas até a vindima, especialmente o risco de escaldão, ainda serão determinantes para a quantidade e qualidade da colheita”, salienta a nota informativa do IVV.

Perante a atual “bolha de acumulação de stocks” que está a afetar o setor, os produtores portugueses responsabilizam a falta de controlo no destino comercial que é dado ao vinho importado a granel, sobretudo de Espanha. Todos os dias, o país está a importar a um ritmo equivalente a quase um milhão de garrafas, o que é descrito pelo presidente da ANDOVI – Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas como “uma loucura de vinho” a entrar no mercado nacional.

A Comissão Europeia anunciou em julho a atribuição de 15 milhões de euros em apoio de emergência aos produtores de vinho portugueses com graves perturbações do mercado, mas o Governo considera que a chamada destilação de crise “é um último recurso ou um recurso excecional”, prometendo antes “reforçar brutalmente” a fiscalização da entrada de vinho ilegal no país.

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Japoneses compram 21% das eólicas flutuantes da EDP em Viana do Castelo

  • Capital Verde
  • 6 Agosto 2024

Objetivo da Tokyo Gas é ganhar experiência na manutenção e operação destes parques. Operacional desde 2020, Windfloat Atlantic é controlada por um consórcio detido em 54% pela Engie e EDP Renováveis.

A Tokyo Gas, uma fornecedora de gás japonesa que abastece a cidade de Tóquio, revelou esta terça-feira que irá comprar uma fatia de 21,2% no parque eólico flutuante de Viana do Castelo, o Windfloat Atlantic, que pertence atualmente à Ocean Winds, um consórcio do qual faz parte a EDP.

A notícia, avançada pela Reuters, indica que o objetivo da empresa japonesa é ganhar experiência na manutenção e operação destes parques, sendo este o primeiro investimento direto da Tokyo Gas num parque flutuante fora do Japão.

A decisão de investimento é tomada numa altura em que o Japão pretende apostar nesta tecnologia. O governo nipónico quer instalar 10 gigawatts de energia eólica offshore até 2030, e atingir os 45 gigawatts em 2040.

O Windfloat Atlantic está operacional desde 2020. É detido pela Ocean Winds, um consórcio formado em 54% pela Engie e EDP Renováveis, e do qual ainda fazem parte a Repsol (19,4%) e a Principle Power (1,2%). A tecnologia flutuante foi desenvolvida precisamente por esta última empresa, uma start-up norte-americana na qual a Tokyo Gas tem uma participação desde 2020.

A fatia do projeto que será adquirida pela Tokyo Gas deverá ser comprada à Principle Power e à Ocean Winds, e a expectativa é que o negócio esteja concluído até ao final do ano.

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Conselho Superior de Estatística recomenda reforço de recursos humanos e financeiros

Conselho Superior de Estatística recomenda que "seja colmatada a escassez" de recursos humanos e financeiros, em "tempo útil", nas Autoridades Estatísticas.

O Conselho Superior de Estatística recomenda um reforço os recursos humanos e financeiros nas autoridades estatísticas para colmatar a “escassez” que registam, de acordo com a deliberação desta entidade, publicada esta terça-feira em Diário da República.

Após reunir, em maio, para aprovar os relatórios de atividades do ano passado, o Conselho Superior de Estatística recomendou “à semelhança de anos anteriores” que “seja colmatada a escassez de recursos humanos – em número e em adequação de perfis e competências – e financeiros, em tempo útil, nas Autoridades Estatísticas”.

O Conselho entende que colmatar esta escassez é essencial para “prosseguir a concretização dos seus planos de atividades e os novos desafios que se colocam em matéria de inovação e os desafios tecnológicos, metodológicos e científicos exigidos atualmente na produção das estatísticas oficiais”.

Recomenda ainda que “sejam continuados os esforços no acesso a dados administrativos e a outras fontes de dados que possam ser adequadas para a utilização com finalidade estatística”.

O Conselho Superior de Estatística, criado em 2008, é o órgão do Estado que orienta e coordena o Sistema Estatístico Nacional (SEN).

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Despesa dos utentes com medicamentos subiu 6,8% no 1.º semestre e ultrapassa 454,5 milhões de euros

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

Nos hospitais públicos, as despesas com medicamentos superaram os 1.116 milhões de euros entre janeiro e junho, o que representa um aumento de 12,5%.

A despesa dos utentes com medicamentos subiu 6,8% no primeiro semestre do ano, ultrapassando os 454,5 milhões de euros, enquanto as comparticipações do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentaram 3,4%, atingindo os 818,1 milhões de euros.

Segundo o relatório da monitorização da despesa com medicamentos em ambulatório referente aos primeiros seis meses do ano, divulgado esta terça-feira pelo Infarmed, a classe terapêutica com maior encargo para o SNS foi a dos antidiabéticos, com uma despesa superior a 196,4 milhões de euros, um aumento de 9,2% (mais 16,6 milhões de euros).

Depois dos antidiabéticos surgem os anticoagulantes, com uma despesa de 77,4 milhões de euros, uma das poucas que baixou face ao período homólogo (-17,9%, menos 16,9 milhões de euros), o mesmo acontecendo com os analgésicos estupefacientes, com os quais o SNS gastou 14,9 milhões de euros (-23,2%) entre janeiro e junho deste ano.

A substância ativa com maior despesa foi a dapagliflozina, usada para o tratamento da diabetes tipo 2, onde o SNS gastou nos primeiros seis meses do ano mais de 36,7 milhões de euros. A conjugação dapagliflozina + metformina, para melhorar do controlo glicémico em pessoas com diabetes mellitus tipo 2, originou uma despesa superior a 30,5 milhões de euros (+18,3%).

De acordo com o documento, a maior descida na despesa com medicamentos deu-se na substância ativa apixabano (-42,1%), que inibe a agregação de plaquetas no sangue, prevenindo a formação de trombos, com a qual o SNS gastou 18,6 milhões de euros. No sentido contrário, a substância ativa com maior aumento de encargo para o SNS foi a dapagliflozina (+26,5%).

Os dados indicam também que os utentes gastaram mais 28,9 milhões de euros (+6,8%) em medicamentos do que no primeiro semestre do ano passado, ultrapassando os 454,5 milhões de euros. Estes números vão no mesmo sentido do estudo divulgado no mês passado, que indicava que Portugal é o terceiro país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em que a despesa direta das famílias com saúde é mais alta, com os idosos sujeitos a uma maior desproteção financeira nesse tipo de gastos.

Segundo esse estudo, realizado no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação La Caixa, o BPI e a Nova SBE, a despesa direta em saúde em Portugal é de 5,2% dos gastos totais das famílias, acima da média de 3% do conjunto dos países da OCDE e apenas superada pela Suíça (5,5%) e pela Coreia (6,1%).

Os dados do Infarmed indicam ainda que o número de embalagens dispensadas no mercado comparticipado subiu 3,6%, atingindo os 95,2 milhões.

Além disso, no primeiro semestre do ano, houve 3,2 milhões de consultas no SNS, menos 84 mil (-2,5%) do que em igual período do ano passado.

A tendência de aumento da quota de utilização de medicamentos genéricos em meio ambulatório atingiu novo máximo de 52% em unidades dispensadas nas farmácias comunitárias, com os medicamentos anticoagulantes a serem a classe com maior contributo neste aumento.

Relativamente aos medicamentos não sujeitos a receita médica dispensados fora das farmácias, os dados mostram também um aumento de 14,3% no número de embalagens dispensadas face ao semestre homólogo. Os analgésicos e antipiréticos continuam a ser a classe terapêutica mais vendida.

Hospitais públicos gastaram mais de 1.116 milhões de euros em medicamentos no 1.º semestre

Os hospitais públicos gastaram mais de 1.116 milhões de euros com medicamentos no primeiro semestre do ano, um aumento de 12,5% relativamente ao mesmo período do ano passado, quando esta despesa atingiu o valor mais alto da última década. Segundo os dados do Infarmed divulgados esta terça-feira, os hospitais gastaram mais 126,5 milhões de euros entre janeiro e junho deste ano do que no período homólogo.

Em todo o ano passado, a despesa dos hospitais públicos com medicamentos atingiu os 1.959 milhões de euros, o valor mais alto da última década.

O relatório de monitorização do mercado de medicamentos referente ao âmbito hospitalar indica que, por área de prestação, a consulta externa e produtos cedidos ao exterior foi a que teve maior peso na despesa (43,9%), com mais de 490 milhões de euros, uma subida de 11,6% relativamente ao período homólogo. Segue-se o hospital de dia, com uma despesa superior a 424 milhões de euros em medicamentos (+14,5%), o internamento, com mais de 96 milhões de euros (+3,1%), e o bloco operatório, com mais de 17 milhões de euros (+23%).

A área de prestação onde mais subiu a despesa com medicamentos foi a dos cuidados de saúde primários, onde o valor aumentou mais de 300%, ultrapassando os 15 milhões de euros.

Por unidade de saúde, a Unidade Local de Saúde de Santa Maria foi a que mais gastou em medicamentos no primeiro semestre do ano, com mais de 133 milhões de euros, seguida pela ULS de São José, com 99,2 milhões de euros, a ULS de Coimbra (98,7 milhões de euros) e a ULS de São João (83,9 milhões de euros).

Por área terapêutica, a Oncologia é a que assume o maior peso (33%), com uma despesa superior a 368 milhões de euros, uma subida de 16,6% (mais 52,5 milhões de euros) relativamente ao primeiro semestre do ano passado, seguida da área do VIH, com mais de 121 milhões de euros (+11,9%, mais 13 milhões de euros).

Por classe terapêutica, a dos medicamentos imunomoduladores, que atuam no sistema imunológico, foi a que teve maiores encargos (389,8 milhões de euros), seguida da dos citotóxicos, usados na oncologia para destruir células tumorais (137,2 milhões de euros).

Por substância ativa, a que teve maior aumento da despesa nos hospitais foi a pembrolizumab, um anticorpo usado na imunoterapia contra o cancro, cuja despesa cresceu 42% no primeiro semestre do ano, ultrapassando os 52 milhões de euros. Nos cuidados de saúde primários foi a vacina contra o meningococo, cujo encargo disparou 319,4%, ultrapassando os 3,9 milhões de euros.

O número de unidades consumidas nas unidades do SNS mostra uma tendência de crescimento, com mais 9,3% nos primeiros seis meses do ano, à semelhança do número de embalagens de medicamentos dispensadas no mercado comparticipado de ambulatório (+3,6%).

Os dados do Infarmed indicam ainda que a utilização de medicamentos biossimilares em meio hospitalar atingiu os 77,5% no primeiro semestre do ano, o valor mais elevado registado em 2024. As substâncias ativas Filgrastim, Infliximab e Bevacizumab ocuparam o top 3, ao atingirem quotas de utilização superiores a 90%.

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