“Planos” e “agendas” para compensar maioria frágil

Da saúde à educação e à redução de impostos, o Governo quis apresentar resultados rapidamente para mostrar que "cumpre os compromissos com o eleitorado", segundo politólogos e economistas.

O Governo de Luís Montenegro fez um sprint de medidas nos primeiros 100 dias de vida para compensar a fragilidade numérica de deputados na Assembleia da República, concluem politólogos e economistas consultados pelo ECO. É uma forma de apresentar rapidamente resultados ao eleitorado, mesmo que, depois, as propostas esbarrem em coligações negativas formadas por PS e Chega, e um aquecimento para o primeiro jogo decisivo: o Orçamento do Estado para 2025.

O Executivo anunciou vários pacotes de medidas, “planos” e “agendas”, muitas sob forma de proposta de autorização legislativa, impedindo assim que a oposição aprove diplomas próprios à revelia de PSD e CDS, partidos que suportam a Aliança Democrática (AD). Desde a tomada de posse, já se contam sete nas áreas da habitação, economia, saúde, justiça, imigração, educação e jovens.

 

 

“Os 100 dias ficam marcados pela tentativa de apresentar resultados rapidamente”, uma vez que este Governo está “consciente de iminentes eleições, ou seja, está muito preocupado com a opinião do eleitorado e muito preocupado com a gestão do espaço entre o PS e o Chega”, indicou ao ECO André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica.

Para compensar a “fragilidade” de uma maioria relativa de 80 parlamentares (78 do PSD e 2 do CDS), apenas mais dois do que o PS, teve de mostrar “grande ambição para resolver problemas estruturais, setoriais como na área da Educação ou da Saúde”, sublinhou Paula Espírito Santo, investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP). “Era inevitável, porque apesar de ter vencido, a AD ficou a dois deputados do PS e governa porque não existiu uma maioria de esquerda, senão não estava a governar”, acrescentou André Azevedo Alves.

Assim, avançou no imediato com resoluções para “problemas que vinham de trás”. A que “teve maior sucesso foi com o ministro da Educação, Fernando Alexandre”, que alcançou um acordo histórico com os sindicatos para a contagem faseada de todo o tempo de serviço dos professores e educadores de infância, que esteve congelado para efeitos de progressão na carreira, exemplificou o politólogo.

Noutras áreas, “registou resultados com menor sucesso, como na Saúde e com os polícias”, apontou André Azevedo Alves. Paula Espírito Santo reconhece que “o Governo está longe de chegar a um entendimento para acautelar as aspirações da PSP e GNR” em relação ao subsídio de risco. “Está com mais dificuldade em alcançar metas eleitorais na área da Segurança Interna”, reforçou.

O primeiro-ministro deu um bom sinal quando disse que há limites nas reclamações nomeadamente dos polícias. Assim, parece que haverá equilíbrio das contas públicas, para o Orçamento do Estado para 2025.

António Nogueira Leite

Economista

Porém, o economista António Nogueira Leite considera “positivo” o travão que Luís Montenegro puxou no leilão para o subsídio de risco, quando afirmou, na semana passada, que não vai colocar “nem mais um cêntimo” na proposta para forças de segurança. “O primeiro-ministro deu um bom sinal quando disse que há limites nas reclamações nomeadamente dos polícias. Assim, parece que haverá equilíbrio das contas públicas, para o Orçamento do Estado para 2025″, afirmou o antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças do segundo Governo socialista de António Guterres.

O economista Carlos Lobo é mais cauteloso e classifica este Governo de “hiperativo”. O professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa começa por elogiar “as medidas extremamente positivas como o pacote Construir Portugal, o anúncio do novo aeroporto de Lisboa ou o apoio de Luís Montenegro à candidatura de António Costa à presidência do Conselho Europeu”.

Estamos a entrar numa onda muito perigosa em termos de Finanças Públicas, principalmente ao nível da receita fiscal. Se contabilizarmos a descida do IRS, o IRS Jovem, a isenção do IMT para a compra da primeira casa por jovens até aos 35 anos, o fim das portagens das ex-SCUT do PS, e a redução do IRC, estamos a falar de quase quatro mil milhões de euros de perda de receita permanente face a 2023.

Carlos Lobo

Economista

No entanto, alerta para os riscos de derrapagem das contas públicas. “Estamos a entrar numa onda muito perigosa em termos de Finanças Públicas, principalmente ao nível da receita fiscal. Se contabilizarmos a descida do IRS, o IRS Jovem, a isenção do IMT para a compra da primeira casa por jovens até aos 35 anos, o fim das portagens das ex-SCUT do PS, e a redução do IRC, estamos a falar de quase quatro mil milhões de euros de perda de receita permanente face a 2023″, detalhou o perito em Finanças Públicas.

“Ao nível da despesa, o Governo concedeu o máximo possível aos professores e às forças de segurança”, reconhece. Mas, do lado da perda de receita, Carlos Lobo conclui que “o efeito acabou por ser duplicado com medidas da oposição, como o fim das portagens das ex-SCUT”. “E não estou a ver a economia a crescer de forma a compensar esta redução na arrecadação de impostos”, avisou.

Para António Nogueira Leite, “o risco de desequilíbrio existe sempre e, designadamente, para um país como Portugal que passou pelo ajustamento financeiro (troika)”. “Mas não vejo isso materializado”, destaca.

O economista e professor da Nova SBE dá nota positiva ao acelerador da Economia, apresentado pelo Governo, que prevê uma descida da taxa média do IRC de 21% para 15% até 2027 à razão de dois pontos percentuais (p.p.) ao ano. E considera que esse pacotão vai efetivamente “impulsionar a economia, vai aproximar a economia portuguesa dos padrões mais elevados da OCDE”.

“Mas falta a concretização e é preciso manter o rumo das medidas para fazer acreditar os investidores”, defendeu o antigo vice-presidente da CGD. Para tal, “vai ser necessário negociar, sobretudo com o PS”, defendeu, por outro lado, o economista João Duque.

Este Governo entrou em funções com com um ímpeto anunciador, apresentou várias medidas, mostrando dinâmica. São aspetos muito positivos que criam elevada expectativa junto dos agentes privados, dos investidores.

João Duque

Presidente do ISEG

“Este Governo entrou em funções com com um ímpeto anunciador, apresentou várias medidas, mostrando dinâmica. São aspetos muito positivos que criam elevada expectativa junto dos agentes privados, dos investidores”, observou o professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa. Mas, para concretizar as propostas, ou o Governo conta com “a condescendência da Assembleia da República para aprovar medidas de um Governo minoritário e, aqui, serão necessárias negociações com o PS, ou aprova decretos e portarias, que não têm de passar pelo crivo do Parlamento”, indica.

João Duque critica, no entanto, “a postura pouco clara” do líder do PS, Pedro Nuno santos, porque oscila entre três tipos de oposição: “num dia, não viabiliza o Orçamento do Estado, noutro dia viabiliza e depois diz que viabiliza mas só se tiver medidas do PS”.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acompanhado pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro. FILIPE AMORIM/LUSAFILIPE AMORIM/LUSA

De igual modo, a politóloga Paula Espírito Santo considera que o Executivo “terá de ter uma capacidade permanente de diálogo”. “Tem até tentado entendimentos com vários partidos e até pode ter um ganho eleitoral por haver uma concretização mais ampla com integração das medidas da oposição, mostrando assim uma postura convergente”, sinalizou a investigadora.

Mas, recentemente, Luís Montenegro dramatizou o discurso, afirmando que prefere “ir embora” do que faltar aos compromissos com o eleitorado, isto é, do que ter de executar medidas aprovadas pela oposição e contrárias ao programa do Governo como aconteceu com a descida do IRS.

“O primeiro-ministro quer mostrar segurança ao eleitorado e mostrar aos partidos que ele deve ser o principal interveniente. É uma dramatização para mostrar ao eleitorado que tem firmeza suficiente e até põe em cheque as suas funções se não puder cumprir o que tem previsto. Está a antecipar o grande momento da discussão do Orçamento do Estado para 2025″, conclui Paula Espírito Santo.

Muitas demissões e um “deslize”

Os primeiros 100 dias de Governo também ficaram marcados por sucessivas demissões em cargos de topo da administração pública, como o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde Fernando Araújo (substituído pelo tenente-coronel António Gandra d’Almeida), a presidente do Instituto da Segurança Social, Ana Vasques, a provedora da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge, o diretor nacional da PSP, José Barros Correia, ou da administração da Agência para a Modernização Administrativa, João Dias. Face às críticas da oposição, Luís Montenegro teve de vir garantir que não se tratava de “uma purga com critérios partidários”.

“Estes 100 dias também mostram que, até ver, o Governo não cometeu os mesmos erros que o PS em matérias de questões escandalosas e de corrupção”, aponta Paulo Duarte, investigador e doutorado em Ciência Política pela Universidade do Minho. “Desse ponto de vista, os últimos momentos do Governo do PS ficaram marcados por isso, e não tem havido esse deslize negativo”, termina. O único caso mais saliente foi o da secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Dias, visada pela oposição por ter recebido uma indemnização para sair da CP em 2015 e, no dia seguinte, ingressar na Autoridade da Mobilidade e Transportes.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 10 Julho 2024

No dia em que se assinalam 100 dias desde a tomada de posse do Governo, vários ministros vão estar no Parlamento. Manhã também ficará marcada pela divulgação de indicadores.

Esta quarta-feira, assinalam-se 100 dias desde de que o Governo de Luís Montenegro tomou posse e no Parlamento vários ministros vão ser ouvidos pelos deputados. Destaque ainda para os dados finais sobre a inflação para o mês de junho. Lá fora, Jerome Powell volta a ser ouvido no Congresso.

Ministros vão ao Parlamento

No dia em que se assinalam 100 dias de Governo, são vários os ministros que estarão no Parlamento a ser ouvidos pelos deputados. É o caso do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o ministro da Economia, Pedro Reis, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Ramalho e a ministra do Ambiente, Maria Graça Carvalho.

Como evoluiu a inflação?

Esta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística divulga os dados finais sobre a taxa de inflação homóloga registada em junho. Os dados preliminares divulgados no início do mês indicam que a inflação fixou-se nos 2,8%, abaixo do registado em maio (3,1%) e invertendo uma tendência de aceleração de preços que se registava há três meses.

BdP divulga indicadores

Além do INE, também o Banco de Portugal (BdP) dará conta de um conjunto de indicadores, a começar pelo balanço do banco central, referente ao mês de junho e passado pelas contas nacionais financeiras, do primeiro trimestre.

OPEP divulga dados sobre petróleo

Numa altura em que se espera um défice de oferta no mercado de petróleo, no próximo ano, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) prepara-se para divulgar o seu relatório mensal. O documento divulgado no mês passado indicava que tanto a China como os Estados Unidos serão responsáveis pelo aumento significativo do consumo, este ano.

Powell no Congresso

O presidente da Reserva Federal vai estar esta quarta-feira no comité de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes a responder aos congressistas. Em cima da mesa, está a expectativa de que sejam dados sinais relativamente à política monetária nos Estados Unidos e um eventual corte nos juros.

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Os grandes festivais enfrentam a época de verão com o desafio de reduzir a sua pegada de carbono

  • Servimedia
  • 10 Julho 2024

Esta semana arranca a época dos festivais de verão com o MadCool em Madrid, o Cruïlla em Barcelona e o Bilbao BBK Live, a que se seguirão o FIB, o Arenal Sound e o Dreambeach, entre outros.

Estes festivais de renome internacional atraem milhares de pessoas todos os anos e estão a impulsionar a Espanha como o principal destino mundial para o turismo de música ao vivo, com mais de 1.000 festivais em todo o país e um volume de negócios recorde de quase 580 milhões de euros em vendas de bilhetes.

Só os 10 maiores festivais do país atraem mais de 1,7 milhões de pessoas em cada época. Um número que se espera que continue a crescer e que demonstra o enorme interesse dos participantes nestes eventos musicais, a coordenação e o trabalho dos promotores por detrás deles.

O grande desafio deste tipo de eventos é criar as infra-estruturas necessárias, não só para os espetáculos, mas também para suportar todas as atividades, experiências e serviços que os rodeiam e, por extensão, para garantir o fornecimento de energia exigido pelas instalações efémeras que caracterizam estes macro-eventos que reúnem grandes multidões de pessoas em apenas alguns dias.

PEGADA DE CARBONO

O objetivo é garantir o bom funcionamento do evento, mas também fazê-lo de forma responsável. É por isso que a Repsol chegou recentemente a um acordo pioneiro com seis dos principais promotores de festivais de música em Espanha para implementar diferentes soluções energéticas, como os combustíveis renováveis, o autoconsumo e a economia circular, e reduzir a pegada de carbono dos eventos que organizam, incluindo grandes festivais como o FIB, BBK e Arenal Sound.

Para a fornecedora de multi-energia, trata-se de um acordo de patrocínio estratégico através do qual promoverá a redução de emissões com o fornecimento de 200.000 litros de combustível 100% renovável a partir de resíduos orgânicos, como óleos vegetais usados, o que evitará a emissão de 556 toneladas de CO2, representando uma redução de 90% nas emissões líquidas de CO2 em comparação com o combustível de origem mineral.

O acordo inclui ainda outras medidas, como a recuperação de óleo alimentar usado nos food trucks para a sua posterior transformação em combustível renovável, proporcionando circularidade; a instalação de contentores de carregamento solar que geram energia para diferentes utilizações dos participantes ou pontos de carregamento efémero para veículos elétricos, entre outros.

Desta forma, os 77 festivais organizados pelos promotores Advanced Music, Bring the Noise, Centris, elrow, The Music Republic e Sharemusic! obterão uma fonte de energia mais respeitosa para o som, a iluminação dos palcos e dos camarins, os stands, os alpendres e, em suma, todas as instalações efémeras necessárias para que os milhares de participantes desfrutem da melhor experiência e para que o ambiente em que estes eventos se realizam volte ao normal depois.

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Governo aguentou 100 dias. Sobrevivência está agora amarrada ao OE2025

Futuro do Executivo liderado por Montenegro joga-se no OE2025. Partidos procuram ganhar margem negocial, enquanto primeiro-ministro endurece o discurso, mas ninguém quer ter o ónus de gerar uma crise.

100 dias já estão garantidos. Cumprir os cerca de 1.500 que faltam para levar a legislatura até ao fim é uma tarefa que não se adivinha fácil para o Executivo minoritário liderado por Luís Montenegro, de acordo com os politólogos consultados pelo ECO. Ninguém ousa arriscar um cenário de longevidade tão longo. Para já, todas as atenções estão centradas em outubro, mês em que o Governo viverá o primeiro teste de fogo ao entregar o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

A sobrevivência de Luís Montenegro em São Bento está acorrentada à viabilização do OE, necessitando que o PS vote a favor ou o Chega se abstenha, e, a três meses da apresentação do documento, está “tudo em aberto”, vai-se ouvindo dizer entre alguns parlamentares. No entanto, a convicção entre a generalidade dos politólogos ouvidos pelo ECO é que o Orçamento acabará por passar, porque nenhuma das partes acredita em ganhos com eleições antecipadas.

“O Orçamento do Estado vai ser um momento chave. Se for aprovado, é muito provável que devido a um conjunto de circunstâncias o Governo consiga comprar alguma estabilidade, ganhando algum tempo para governar. Caso não seja aprovado teremos uma nova crise”, considera André Azevedo Alves, politólogo e professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, em declarações ao ECO.

O Orçamento do Estado vai ser um momento chave. Se for aprovado é muito provável, que devido a um conjunto de circunstâncias, o Governo consiga comprar alguma estabilidade, ganhando algum tempo para governar. Caso não seja aprovado teremos uma nova crise.

André Azevedo Alves

Politólogo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem repetido os apelos para que o documento seja viabilizado e entre em vigor a 1 de janeiro do próximo ano – “é prioritário”, disse -, de forma a garantir, no seu entendimento, “estabilidade política”. O Chefe de Estado quer evitar o cenário de 2021, quando o Governo de António Costa (PS) viu o Orçamento do Estado para 2022 ‘morrer’ logo na votação na generalidade, com o voto contra do ex-parceiro da “geringonça” Bloco de Esquerda (BE), levando a eleições antecipadas.

O Executivo e os partidos preparam terreno para a negociação que se avizinha e procuram posicionar-se para ganharem vantagem no processo.

No Governo repete-se o mantra de que há disponibilidade para negociar, mas também se deixam avisos à navegação: “Até por força do resultado eleitoral e da composição da Assembleia da República, aceito negociar, quero obter o maior consenso possível”, afirmou, na segunda-feira, o primeiro-ministro, para logo acrescentar: “mas, não aceito contrariar a minha palavra do ponto de vista dos principais compromissos eleitorais e não aceito deturpar os compromissos que assumi”.

O presidente do Partido Social Democrata, Luis Montenegro, usa da palavra na reunião do Conselho Nacional do PSD em Lisboa, 8 de julho de 2024. TIAGO PETINGA/LUSA

Ficou a advertência à oposição, leia-se ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, para que não lhe peçam “para fazer o contrário daquilo” em que acredita. “Para isso, prefiro ir embora. Não vou andar com jogos de sombras políticas, nem a simular negociações com partes que já têm previamente a sua posição definida”, disse.

As declarações de Luís Montenegro não são, contudo, somente dirigidas à oposição, pretendem chegar também ao eleitorado. André Azevedo Alves acredita que durante o processo de negociação do Orçamento irá assistir-se a uma “espécie de jogo entre o Governo e os partidos, especialmente o PS e o Chega, em que vão tentar passar responsabilidades mutuamente”.

António Costa Pinto, investigador no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa e professor de Ciência Política na Universidade Lusófona, destaca que “o Governo tem mantido, e terá de manter, uma dupla estratégia: uma atitude reformista junto da sociedade e uma negociação política no parlamento”.

A margem de sobrevivência está sobretudo dependente da ameaça dos partidos políticos da oposição não se concretizar”, assinala. Acredita, contudo, que “o Governo sobreviverá ao Parlamento em relação ao Orçamento do Estado”.

A margem de sobrevivência está sobretudo dependente da ameaça dos partidos políticos da oposição não se concretizar. O Governo sobreviverá ao Parlamento em relação ao Orçamento do Estado.

António Costa Pinto

Politólogo

“Não vale a pena andar a fazer futurologia barata sobre quem irá viabilizar o Orçamento dado o passado recente. A estratégia do Governo é sobreviver e poderá passar pela negociação à esquerda, com o PS, ou, e nada está dito sobre isso, a negociação à direita”, considera.

Para o politólogo, “Portugal vive uma conjuntura política muito fluida”, pelo que é natural que ora o Governo acuse a oposição de aprovar medidas à sua revelia, ora conclui que é necessário negociar.

Com uma posição semelhante, André Azevedo Alves aponta que “fazer previsões que o PS ou o Chega viabilizam o Orçamento não é possível neste momento”. Contudo, para o especialista em Ciência Política, Pedro Nuno Santos está propenso a receber maior pressão para que o ónus de uma crise política não recaia sobre o PS do que o presidente do Chega, André Ventura, receberá nesse sentido.

Uma ideia que o secretário-geral socialista tem procurado contrariar, colocando a tónica no Governo e na sua disponibilidade para negociar. “É muito importante que nós, se calhar, nesta altura deixemos de pressionar sistematicamente o PS sobre o Orçamento porque também já começa a ser um pouco demais. Quem tem que apresentar um Orçamento e garantir condições para a sua viabilização é o Governo, não é o PS”, afirmou na segunda-feira.

O secretrário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, discursa na sessão de encerramento das jornadas parlamentares do PS a decroorer em Castelo Branco, 09 de julho de 2024. MIGUEL PEREIRA DA SILVA/ LUSAMIGUEL PEREIRA DA SILVA/ LUSA

O tom no PS tem vindo a alterar-se ligeiramente. Se há três meses afirmava ser “praticamente impossível” aprovar o OE2025, argumentando com a distância programática entre PS e PSD, nas últimas semanas já se começou a ouvir, pela voz de altos dirigentes socialistas, a palavra viabilização conjugada com negociação.

É muito importante que nós, se calhar, nesta altura deixemos de pressionar sistematicamente o PS sobre o Orçamento porque também já começa a ser um pouco demais. Quem tem que apresentar um Orçamento e garantir condições para a sua viabilização é o Governo, não é o PS.

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

O desafio à disponibilidade do Governo para negociar foi manifestado na segunda-feira pela líder da bancada parlamentar socialista, Alexandra Leitão, em Castelo Branco, avisando que “o PS, como maior partido da oposição, não vai prescindir, se for para o viabilizar, de ter uma palavra significativa a dizer nas políticas que o Orçamento consagra”, disse, citada pela Lusa. Alexandra Leitão deixou, contudo, recados sobre as condições: se a posição do Executivo estiver fechada em matérias como a descida gradual do IRC e o IRS Jovem, a margem para aprovação cai.

 

No mesmo dia, o primeiro-ministro endureceu o discurso e desafiou a oposição: “Querem ver vertidas algumas – algumas, com certeza – das suas propostas, sim, têm parceria. Se por um acaso tudo isto não passar de um jogo, então tenham [o PS] a coragem de deitar abaixo o Governo”, afirmou, citado pela Lusa.

Querem ver vertidas algumas – algumas, com certeza – das suas propostas [no Orçamento do Estado para 2025], sim, têm parceria. Se por um acaso tudo isto não passar de um jogo, então tenham [o PS] a coragem de deitar abaixo o Governo, porque nós cá estaremos para poder dizer aos portugueses o que é que está em causa.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro

Montenegro garantiu que as declarações não são nem “uma ameaça”, nem “um desejo“, porque está “consciente do prejuízo” que uma nova crise poderia trazer, mas afirmou que não deixará cair medidas caras ao partido, apontando a redução do IRS como uma das propostas que “podem não ter a aprovação do Parlamento, mas são inegociáveis do ponto de vista da sua consumação”. Ao longo dos últimos 100 dias, o Executivo fez um sprint para apresentar diversas, entre as quais alterações fiscais.

Pedro Nuno Santos ripostou no dia seguinte criticando as declarações do primeiro-ministro: “No dia em que o PS fala em viabilizar, disponibiliza-se para viabilizar, aquilo o que o primeiro-ministro tem para fazer, em vez de ser abraçar a disponibilidade do PS para construir uma solução comum, aquilo que temos do primeiro-ministro são ameaças de eleições”, disse.

“No lado do PS, dado os resultados das eleições europeias, o posicionamento de Luís Montenegro, de alguns nomes dentro do próprio PS e as declarações do próprio Presidente da República, a pressão vai ser muito grande para que Pedro Nuno Santos viabilize o Orçamento. Não é certo que o faça, mas vai existir essa pressão”, antevê André Azevedo Alves.

O politólogo considera que “se apenas dependesse de Pedro Nuno Santos o Orçamento não seria viabilizado, mesmo com essas pressões todas”. “Por outro lado, aprovar o Orçamento tem um custo político para Pedro Nuno Santos. Há de ser menor do que o de provocar uma crise, mas também existe”, assinala, acrescentando que “dado o que tem sido o posicionamento de Luís Montenegro, da parte do Chega é mais provável que André Ventura não ceda”.

O presidente do Chega, André Ventura, disse na segunda-feira querer ver o documento antes de decidir, mas avaliou como “difícil que um documento que é as linhas orientadoras gerais do Governo possa ser feito sem qualquer entendimento de governação”. “Tenho visto o PS com muita vontade de aprovar, com muita vontade de segurar o Governo, ainda bem, é sinal que eles se entendem, e é sinal que podemos finalmente começar a ter PS e PSD juntos e o Chega a liderar a oposição”, disse, citado pela Lusa.

O antigo líder do PSD e comentador Luís Marques Mendes afirmou, no domingo, ter a certeza sobre a viabilização do próximo Orçamento do Estado, porque, apesar de vir a existir “muito ruído”, nem o PS, nem o Governo têm interesse numa crise.

José Adelino Maltez, cientista político e professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – Universidade de Lisboa, também defende que “ninguém quer ser responsável por uma crise, porque não se perceciona que levasse a um resultado muito distinto do atual”.

Ninguém quer ser responsável por uma crise, porque não se perceciona que levasse a um resultado muito distinto do atual. O Governo tem um grande aliado que é o PS sentir que não tem condições para ganhar eleições a curto prazo.

José Adelino Maltez

Politólogo

“O Governo tem um grande aliado que é o PS sentir que não tem condições para ganhar eleições a curto prazo. Sente que precisa de ganhar tempo”, realça. Para o politólogo, atualmente “o maior risco do Governo é um erro de discurso”, acreditando, paralelamente, que “o que aconteceu com [o ex-primeiro-ministro] António Costa pode acontecer com Montenegro, faltar-lhe o ânimo”.

“A determinada altura ficam fartos porque tentam e não conseguem. Os governos em Portugal caem quase sempre por dentro por apodrecimento”, disse.

Apesar da generalidade dos atores políticos considerarem que não há vantagens em ir para eleições antecipadas, há quem defenda o contrário, como o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva. Segundo o ex-Chefe de Estado, a probabilidade de sucesso do Governo é “muito alta” apenas se houver um governo com “apoio maioritário” no Parlamento, na sequência de “eleições legislativas, antecipadas ou não”.

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Seguradoras acreditam que investimentos estão mais expostos aos riscos climáticos

Empresas de seguros acreditam que os seus investimentos estão mais expostos a riscos climáticos. Integração de grupos internacionais dá força às empresas para se moverem em finanças sustentáveis

As empresas de seguros consideram que as suas carteiras de investimento e responsabilidade de seguros assumidas ficaram mais expostas aos riscos associados às finanças sustentáveis e alterações climáticas. Segundo um relatório da ASF, a sensibilidade face a esse risco subiu para médio no último semestre de 2023 face ao ano anterior.

É sobre os aspetos legais e regulamentares relativamente aos títulos verdes e poluentes da carteira de investimentos e sobre o elevado potencial de deterioração da sinistralidade (nas principais linhas de negócio) na sua carteira de responsabilidades que recaí a maior preocupação das empresas de seguros.

Ainda sobre a carteira de investimentos das empresas, diminuiu uma para 16 as empresas que já identificaram a dimensão ambiental da sua carteira de investimentos (riscos de transição, riscos físicos, exposições climáticas, entre outros).

Por outro lado, as empresas consideram que os riscos em causa têm pouca relevância para a cadeia de valor do negócio. Os dados da ASF revelam uma queda da perceção do risco face a 2022, ano em que avaliaram como risco de nível médio. A componente de cadeia de valor mais impactada é modelo de governação e definição do apetite de risco, incluindo considerações ESG (E de environmental – ambiente em inglês, S de Social e G de Governança).

Também avaliado em patamar baixo foi a necessidade de ajuste do sistema de governação e das práticas de transparência. Nesta vertente, as empresas deram destaque ao sistema e práticas de gestão de risco.

O que leva as empresas de seguros em Portugal a mover-se em matéria de finanças sustentáveis e alterações climáticas é a inserção num grupo económico europeu ou internacional. O estudo nota ainda o aumento do uso de modelos padronizados por parte dos fornecedores de dados e linhas de orientação desenvolvidas a nível europeu.

Importa salientar que para chegar a estas conclusões, a ASF compilou os dados dos inquéritos qualitativos semestrais (RiskOutlook 2.0) que abrange a autoavaliação das empresas de seguros relativamente aos riscos associados às finanças sustentáveis e alterações climáticas a que se encontram expostas. Os questionários foram respondidos no segundo semestre de 2023.

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Gestão de processos de fundo público desatualizado. ASF vai investir 1,5 milhões para resolver

Atual sistema de informação utilizado nas atividades de gestão de sinistros e reembolsos prejudica o desempenho do Fundo de Garantia Automóvel. ASF lança concurso público para novo sistema.

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) vai investir 1.495.500 euros na modernização do sistema de informação do Fundo de Garantia Automóvel (FGA) para melhorar a gestão e tramitação de processos do fundo público que considera “desadequado às necessidades e requisitos da atividade”.

Segundo a portaria publicada em Diário da República na passada sexta-feira, o órgão regulador lançou concurso público para a “aquisição e implementação de um novo sistema de informação” para o FGA.

Além do preço base de implementação, o contrato pressupõe uma bolsa estimada de 700 horas com um preço de 65 euros por hora para serviços de migração e integrações mais complexos.

O contrato prevê um prazo de execução de 24 meses e está dividido em duas fases. A primeira é o desenvolvimento e implementação de um novo sistema de informação da unidade de apoio ao fundo de garantia automóvel, durante o prazo máximo de 18 meses.

Já a última fase é de assistência técnica que compreende os serviços de manutenção preventiva e corretiva, assim como serviços de suporte do sistema desenvolvido na primeira fase de execução – com um prazo de execução de seis meses.

Nesta etapa, a empresa contratada vai corrigir quaisquer incorreções e esclarecer dúvidas relacionadas com a solução, assim como efetuar revisões preventivas, manutenção remota, reparação e suporte técnico.

De acordo com a plataforma para candidaturas, interessados podem fazer propostas até dia 2 de agosto.

Importa relembrar que o FGA é um fundo público autónomo, regido pela ASF, que satisfaz “a reparação de danos corporais e materiais resultantes de acidentes de viação, quando o responsável seja desconhecido ou, sendo conhecido, não beneficie de um seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel”, lê-se no anexo I do Caderno de Encargos.

Sistema de informação atual prejudica a gestão de sinistros e reembolsos

O atual sistema de informação utilizado nas atividades de gestão de sinistros e reembolsos tem vindo a prejudicar a eficiência, qualidade e monitorização de desempenho do organismo, refere o Caderno de Encargos.

Entre os principais constrangimentos dos sistemas de gestão encontra-se a sua reduzida automatização, agilização e ajuda na execução de tarefas, interface complexa e destruturada, falta de ferramentas de monitorização da atividade e atraso tecnológico relativo ao que está disponível no mercado, por exemplo.

Foi para colmatar estas lacunas e melhorar a eficiência da gestão de processos que surge este investimento.

Nesse sentido, a ASF considera que esta iniciativa será bem-sucedida se se confirmar um maior automatismo na instrução e gestão de processos, maior número de mecanismos de validação de informação, maior número de tarefas automatizadas ao longo de todo o ciclo de vida dos processos, maior número de processos em formato digital (intrusão de assinatura eletrónica certificada, por exemplo), maior número de relatórios e indicadores de gestão, se resultar numa melhor imagem institucional da ASF e do FGA, entre outros.

Por fim, o novo sistema deve ser desenvolvido de forma a constituir-se como uma ferramenta de suporte operacional a toda a gestão dos processos do fundo, “aumentando a eficiência deste organismo e dos seus colaboradores e, em simultâneo, a qualidade do serviço prestado neste contexto”, lê-se no Caderno dos Encargos

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FNS2024: Poupar agora pode compensar os futuros cortes na reforma

  • ECO Seguros
  • 9 Julho 2024

Os oradores do painel "Que novas oportunidades para seguros de vida e pensões" partilham a sua visão sobre a forma como devem os residentes em Portugal começar a poupar.

Literacia financeira, poupança e reforma foram os pontos-chave do painel “Que novas oportunidades para seguros de vida e pensões” da 3.ª edição do Fórum Nacional de Seguros, evento acolhido pela Alfândega do Porto e organizado pelo ECOseguros e pela Zest.

O painel onde se analisou formas como os residentes em Portugal podem poupar e o que se pode esperar do futuro do estado social contou com a participação de Luiz Ferraz, CEO da Prévoir, Nuno Megre, Head of Sustainability e Board Member of TDI ICAV, Generali Tranquilidade, Marta Graça Ferreira, Presidente do Conselho de Administração da Real Vida, Nelson Machado, Membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal.

Veja aqui o painel “Que novas oportunidades para seguros de vida e pensões” do FNS2024 na íntegra.

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Voos experimentais de táxis aéreos autorizados durante Paris2024

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

A Câmara Municipal de Paris refere-se à iniciativa como "uma aberração ecológica" e pondera recorrer aos tribunais para a travar.

O Governo francês confirmou esta terça-feira a autorização de voos experimentais de táxis aéreos durante os Jogos Olímpicos Paris2024, iniciativa que a autarquia da capital francesa considera “uma aberração ecológica”.

A autorização é valida para o período que vai de 26 de julho a 11 de agosto, na janela horária compreendida entre as 08:00 e as 17:00 e os aerotáxis não poderão cobrar pelos voos, ainda sem visto positivo da Agência Europeia de Segurança Aérea. Se os serviços fossem vendidos, iriam custar de 105 a 140 euros.

As aeronaves, de propulsão elétrica e de dois lugares, um dos quais do condutor, são fabricadas pela empresa alemã Volocopter, criadora do modelo ‘Volocity’. Estão previstas três linhas, sendo uma a ligação entre uma barcaça junto à estação ferroviária de Austerlitz e o heliporto de Issy-les-Moulineaux.

A Câmara Municipal de Paris refere-se à iniciativa como “uma aberração ecológica” e pondera recorrer aos tribunais para a travar. “Este Governo não tem legitimidade para ir contra o que já foi decidido na autarquia “, comentou o vereador da mobilidade, David Belliard.

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Foguetão europeu Ariane 6 descolou com êxito com nanossatélite português

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

Entre os vários pequenos satélites que seguem a bordo do foguetão está o ISTSat-1, construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico.

O novo foguetão europeu Ariane 6 descolou esta terça-feira com êxito da Guiana Francesa, às 20:00 (hora de Lisboa), levando a bordo o nanossatélite português ISTSat-1. Trata-se do primeiro voo do foguetão que permitirá à Europa recuperar o acesso autónomo ao espaço.

O lançamento, feito da base espacial europeia, em Kourou, na Guiana Francesa, foi transmitido em direto pelo canal de televisão da Agência Espacial Europeia (ESA), que tem competência para certificar voos de novos aparelhos. O Ariane 6 sucede ao Ariane 5, que fez o seu último voo em julho de 2023, e foi construído pela empresa francesa Ariane, que irá operar os voos comerciais.

Entre os vários pequenos satélites que seguem a bordo do foguetão está o ISTSat-1, construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST). Trata-se do primeiro nanossatélite concebido por uma instituição universitária portuguesa e o terceiro satélite português a ser enviado para o espaço, depois do nanossatélite Aeros MH-1, em março, e do microssatélite PoSat-1, em 1993, que envolveram a participação de empresas.

O ISTSat-1 servirá para testar a viabilidade dos nanossatélites para detetar aviões em zonas remotas. É com a gama de foguetões Ariane 6 que a ESA pretende enviar em 2026 a sonda espacial Plato, que irá “fotografar” milhares de estrelas e procurar planetas semelhantes à Terra. A missão tem participação científica portuguesa, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

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Esta é a chave do Euromilhões. Jackpot volta aos 17 milhões de euros

  • ECO
  • 9 Julho 2024

O jackpot do Euromilhões regressa aos 17 milhões depois do primeiro prémio ter saído no sorteio anterior.

O novo sorteio do Euromilhões decorreu esta terça-feira, com o prémio a regressar ao valor base. Depois de no último sorteio ter saído o jackpot fora de Portugal, o primeiro prémio atinge os 17 milhões de euros.

Veja a chave vencedora do sorteio desta terça-feira, 9 de julho:

Números: 6, 15, 19, 28 e 39

Estrelas: 7 e 11

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Inditex entra no capital de startup dedicada ao cultivo de algodão em laboratório

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

A startup Galy, que tem entre os seus investidores o presidente executivo da OpenAI, desenvolve o cultivo de algodão em laboratório de forma sustentável.

O grupo têxtil espanhol Inditex entrou no capital da Galy, uma startup que tem entre os seus investidores o presidente executivo da OpenAI, Sam Altman, e que desenvolve o cultivo de algodão em laboratório de forma sustentável.

O anúncio foi feito esta terça-feira pelo presidente executivo da Inditex, Óscar García Maceiras, no discurso realizado na assembleia-geral de acionistas que decorreu em Arteixo, La Coruña, Espanha, onde acentuou o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a inovação. O montante da transação não foi revelado, segundo indica a agência de notícias espanhola Efe.

García Maceiras recordou também que o objetivo da Inditex é tornar 100% das suas matérias-primas, bem como as suas fibras, mais sustentáveis até 2030. Por enquanto, até ao final de 2023, mais de 50% das matérias-primas que empresa incorporou nas suas coleções provêm da reciclagem ou do cultivo orgânico ou regenerativo.

Para atingir este objetivo, a Inditex ao entrar no capital da Galy, que “está a desenvolver um processo inovador para o cultivo laboratorial de algodão a partir das células das plantas acima mencionadas”, acrescentou.

“A transformação sustentável do nosso setor não é possível sem inovação e a inovação não é possível sem colaboração”, disse García Maceiras, referindo-se a outros acordos, como o que foi assinado com a empresa finlandesa Infinited Fiber para comprar fibra têxtil reciclada.

Fundada na primavera de 2019, a startup foi atingida um ano depois pelos efeitos da pandemia da covid-19, mas ainda assim conseguiu estabelecer o seu primeiro laboratório proprietário e ganhou um prémio da Fundação H&M. A Galy, que expandiu os escritórios nos Estados Unidos e no Brasil e passou de oito para mais de 50 funcionários, também foi reconhecida com os prémios de inovação do grupo francês de bens de luxo LVMH na categoria de sustentabilidade.

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FCB Lisboa lança campanha para a Animalife. Objetivo é promover venda de peitorais para cães

  • + M
  • 9 Julho 2024

A campanha marca presença, até o final de setembro, nas redes sociais e em outdoors digitais em todo o país, nas redes da JCDecaux, APS, BrandDigital, DreamMedia e ClearSpot.

É com o objetivo de promover a venda de peitorais para cães que a FCB Lisboa está a lançar uma campanha para a Animalife. Estes peitorais foram concebidos para “envolver o animal de maneira segura e confortável, proporcionando uma sensação semelhante a um abraço acolhedor”.

Os peitorais são assim retratados através de ilustrações que simbolizam a ligação especial entre os cães que usam o peitoral e os cães que recebem apoio da Animalife. “Cada ilustração retrata um abraço de agradecimento, reforçando a missão da Animalife de proporcionar cuidados e encontrar lares amorosos para animais necessitados”, refere-se em nota de imprensa.

Queríamos criar algo que não só destacasse a funcionalidade dos peitorais, mas também a importância do trabalho da Animalife. Usar o próprio peitoral para ilustrar abraços de agradecimento foi a maneira que encontrámos de ligar visualmente o público à causa”, diz Pedro Magalhães, diretor criativo da FCB Lisboa.

“Estamos entusiasmados com esta colaboração com a FCB Lisboa, que conseguiu capturar a essência do nosso trabalho de uma maneira tão criativa e significativa. Esperamos que esta campanha não só impulsione a venda dos peitorais, mas também inspire mais pessoas a se envolverem na causa animal“, diz por sua vez Rodrigo Livreiro, presidente da direção da Animalife.

A campanha “Peitorais Para os Amigos do Peito” marca presença, até o final de setembro, nas redes sociais e em outdoors digitais em todo o país, nas redes da JCDecaux, APS, BrandDigital, DreamMedia e ClearSpot.

A Animalife vai também realizar um leilão especial de peitorais personalizados com intervenções de artistas plásticos, numa iniciativa que visa arrecadar fundos para apoiar a causa animal e promover a conscientização sobre a importância do cuidado e da adoção responsável.

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