Vereadores do PS forçam Carris a revelar em 24 horas os contratos e denúncias no elevador da Glória
Proposta dos vereadores do PS será apresentada na segunda-feira e haverá um pedido de reunião de Câmara para dia 11 com presença da Carris. Documento pode ser aprovado mesmo com oposição do PSD e CDS.

O Partido Socialista quer forçar a Carris a apresentar todos os detalhes dos contratos de manutenção do elevador da Glória, incluindo o celebrado a 20 de agosto, relatórios de vistorias, registos de acompanhamento das operações por técnicos da própria companhia e informação sobre as denúncias recebidas pela Carris nos últimos dias.
A intenção dos vereadores do PS em Lisboa é de que a discussão e votação da proposta a que o ECO/Local Online teve acesso aconteça já na segunda-feira. A iniciativa surge no seguimento do trágico acidente ocorrido no dia 3 por volta das 18h00 e que resultou na morte de 16 pessoas na Calçada da Glória. Para os socialistas, a informação a revelar deverá tornar-se pública e atualizada “em tempo real”, em prol da “transparência e escrutínio”.
Entre as exigências do PS está a revelação de todos os pormenores do contrato assinado a 20 de agosto, e que o presidente da Carris revelou na quinta-feira que foi formalizado por ajuste direto, após o concurso público efetuado este ano ter ficado deserto, tal como o ECO revelou na quarta-feira. À companhia são dadas 24 horas para apresentar esse contrato “devidamente numerado, rubricado e ordenado cronologicamente, incluindo as fases de formação e execução do contrato”.
Adicionalmente, sobre o contrato de manutenção terminado a 31 de agosto, a vereação do PS dá as mesmas 24 horas ao conselho de administração presidido por Pedro Bogas para que envie o processo administrativo integral “devidamente numerado, rubricado e ordenado cronologicamente, incluindo a fase de execução do contrato”.
Os socialistas querem conhecer a fundo o trabalho executado pela empresa privada e o acompanhamento feito pela Carris, empresa pertencente à Câmara. Assim, exigem a revelação (nas mesmas 24 horas) de “todas as ordens de trabalho, correspondentes a toda a manutenção efetuada, independentemente da periodicidade (mensal, semanal, diária ou outra), bem como os registos do acompanhamento e fiscalização pelo Gestor do Contrato, da fiscalização efetuada pela Carris aos serviços prestados, e, ainda, de eventuais relatórios técnicos de inspeção e manutenção elaborados nos últimos 2 anos”.
O mesmo período temporal de dois anos é usado para a lista de denúncias chegadas à Carris. Neste caso, se a administração tiver tomado conhecimento das alegadas acusações feitas por funcionários da companhia ao mau estado do elevador da Glória, terá agora de o revelar. A ser aprovada a proposta, o Conselho de Administração terá de revelar o “seguimento dado a todas as denúncias que tenham sido reportadas, nos últimos 2 anos, quanto à falta ou deficiente manutenção dos ascensores”.
Para aprovar a proposta, o PS não necessita da aprovação dos vereadores do Executivo liderado por Carlos Moedas, que nas autárquicas de 2021 empatou em vereadores e deputados municipais com os socialistas. Basta, assim, um voto extra de entre os partidos da oposição, na qual se inclui o Bloco de Esquerda, parceiro de Alexandra Leitão na coligação que o PS apresenta a 12 de outubro.
O documento que o PS tem a expectativa de ver debatido e votado já nesta segunda-feira, envolve as restantes forças políticas representadas na Câmara, a quem delega a competência de nomear um representante para uma equipa de acompanhamento com competência para “obter toda a informação que considere relevante junto dos serviços municipais e da Carris, e, bem assim, para junto das entidades tuteladas pela administração central ser informada, em tempo real, de tudo quanto for sendo apurado (suscetível de ser divulgado)”.
No último parágrafo, os autores do documento apontam a convocatória de uma reunião da Câmara Municipal “com carácter de urgência” para da 11 de setembro, quinta-feira, “com o ponto único de prestação de esclarecimentos pelo Conselho de Administração da Carris”.
Adicionalmente, são solicitadas outras ações, designadamente a criação “com caráter de urgência” de um fundo municipal de apoio às vítimas e a disponibilização pela Carris dos detalhes do seguro.
É ainda proposta a criação de um memorial às vítimas no local do acidente que, apontam os vereadores, foi “o acidente mais grave ocorrido na cidade de Lisboa nos últimos 60 anos, apenas superado, em número de vítimas mortais, pelo desastre da cobertura da estação do Cais do Sodré, ocorrido em 28 de maio de 1963, que provocou 49 mortos e 69 feridos”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.