A plataforma de investimentos multi-ativos já está no país, mas quer crescer. Para isso, passou a permitir investimentos em três empresas do PSI-20 e isentou as comissões em ações e ETF.
A fintech israelita eToro está empenhada em reforçar a presença em Portugal. Presente em 140 países e com 12 milhões de utilizadores, a plataforma digital de investimentos em multiativos tem como principal característica permitir “copiar” a estratégia de investimento de outros utilizadores e, mais recentemente, de portefólios.
Em entrevista ao ECO a partir do Web Summit, Tali Salomón, responsável da eToro pelo mercado ibérico, conta que quer estabelecer parcerias com bancos, fintech e influencers. Para atrair mais pessoas em Portugal, eliminou as comissões da negociação de ações e ETF e incluiu na carteira títulos de três cotadas do PSI-20.
Estão em 140 países. Qual a diferença do mercado ibérico?
Temos 12 milhões de utilizadores. O mercado ibérico representa 5% da eToro. Até agora temos estado muito mais dedicados ao mercado espanhol, mas penso que Portugal é uma porta de entrada também para o Brasil (onde já estamos, mas não ativamente). É por isso que agora estamos muito dedicados ao mercado português. Até agora, a eToro tem estado em Portugal principalmente com utilizadores mais especializados. Agora, queremos chegar a todos, que todos os utilizadores em Portugal tenham acesso a investimentos digitais.
O que é que estão a fazer para reforçar a atividade em Portugal?
Queremos começar a estabelecer algumas parcerias, com bancos, com fintech, meios de comunicação e influencers. Um dos desafios para o mercado português é termos na nossa plataforma influencers financeiros, ou seja, pessoas que outras pessoas sigam e que copiem as estratégia de investimento. Neste momento, temos influencers espanhóis, mas não temos portugueses. Queremos que venham mais investidores com conhecimento do mercado português. A eToro é uma espécie de Facebook do investimento. No momento em que tivermos mais investidores portugueses, vamos ter pessoas que se destacam e outros portugueses vão ter a opção de os copiar. Isto é muito importante.
"Acreditamos que, ao ter ações do mercado português, vai ser muito mais fácil de cativar investidores a experimentarem a eToro porque podem trazer as suas estratégias de investimento tradicional à eToro sem terem de pagar comissões para investirem em ações.”
Na nossa estratégia para ajudar o mercado português a utilizar a eToro, agregámos ações da bolsa de Lisboa há menos de um mês. Para já temos só três ações [BCP, EDP e Jerónimo Martins] porque para ter ações do mercado português temos de verificar o risco e a liquidez. Mas se alguns dos nossos clientes portugueses tiver alguma preferência, podemos avaliar agregá-la. Acreditamos que, ao ter ações do mercado português, vai ser muito mais fácil de cativar investidores a experimentarem a eToro porque podem trazer as suas estratégias de investimento tradicional à eToro sem terem de pagar comissões para investirem em ações. E depois, poderão experimentar outros instrumentos que temos na plataforma. As ações são uma ponte para o futuro da investimento.
Os vossos utilizadores internacionais têm mostrado interesse pelas empresas do PSI-20?
Temos muitos investidores internacionais que operam em distintos mercados do mundo. Por exemplo, alguém que queira investir no mercado russo, mas não tem conhecimento pode procurar uma pessoa da Rússia e copiar a estratégia de investimento. Isto ajuda a ter exposição a outros mercados e a diminuir o risco porque quanto maior é a diversificação dos instrumentos, menor é o risco e maior é a performance. Oferecemos a 12 milhões de utilizadores no mundo também as ações de Portugal, o que ajuda a Portugal também a posicionar-se no mercado mundial.
Qual é a vossa meta de número de utilizadores em Portugal?
Creio que há um grande potencial em Portugal para as finanças digitais. Penso que podemos conseguir que Portugal tenha o mesmo peso que Espanha, que é muito forte e onde todos conhecem a eToro. Penso que pode acontecer o mesmo em Portugal, apesar de serem mercados diferentes. A língua e a cultura são diferentes. Por isso é que temos de investir mais no mercado português e ajudar na educação financeira. Por exemplo, agora fizemos uma competição nas universidades portuguesas sobre criptomoedas e trading para que os estudantes se interessem mais pelos mercados financeiros digitais. Os millennialls são o futuro tanto para Portugal como para a eToro.
Com a banca já têm alguma parceria?
Em Portugal, não. Temos uma parceria muito importante com o banco Sberbank, que é russo e é o segundo maior da Europa. Pode-se ser investidor na eToro diretamente a partir da plataforma do homebanking do banco. E trabalhamos também com o Coutts em Inglaterra. Estamos muito interessados em ter também parcerias em Portugal e em outros países da Europa. Estamos a tentar estabelecer uma network com bancos portugueses, que queiram ajudar os investidores a fazerem investimentos globais ou a terem exposição a ativos mais disruptivos como as criptomoedas. Queremos que as instituições tradicionais possam oferecer isso aos seus clientes.
Tanto os bancos como os investidores portugueses são muito tradicionais. Vê isso como entrave?
Exato. Não é um problema porque vemos que os portugueses estão muito interessados pelo mundo das criptomoedas. O que vejo é que simplesmente têm de conhecer as ferramentas que existem. Queremos que as pessoas percebam como é que podem ir caminhando em direção ao futuro. Porque o futuro são as fintech. É o mercado financeiro digitalizado.
Têm equipa a trabalhar a partir de Portugal?
Ainda estamos a pensar nisso. Somos uma empresa online portanto não precisamos de uma equipa em cada país. Podemos oferecer serviços em todo o mundo. Temos que mudar um pouco essa perspetiva tradicional de que é necessário um escritório ou uma pessoa com quem se possa falar cara a cara. É um pensamento de antigamente. Tudo é digital. Também as finanças são digitais até porque o dinheiro é digital.
Mas também tem riscos. Como é que lidam com a regulação?
Temos uma relação muito próxima dos reguladores. Somos regulados pela Cyprus Securities and Exchange Commission (CySEC) na Europa, pela Financial Conduct Authority (FCA) no Reino Unido e pela Australian Securities and Investments Commission na Austrália. Temos ajudado estes reguladores a entenderem as criptomoedas e como regular esse mercado.
Com as mudanças na regulação (DMIF II) adequámos a plataforma para oferecer serviços adequados a investidores profissionais e de retalho. Por exemplo, os investidores de retalho têm uma alavancagem diferente. Os utilizadores têm de preencher um formulário e adequamos o risco aos clientes. Consideramos que a regulação é muito importante porque ajuda a que as pessoas tenham uma melhor experiência com o mercado financeiro porque é um mercado de alto risco. A regulação protege-os.
"Para ações e ETF não temos comissões para o mercado português. Para criptomoedas, índices ou matérias-primas, as comissões dependem do instrumento. Só se pagam quando se fecha a posição. Para copiar portefólios ou pessoas, não se paga nada.”
Alguma novidade que estejam a preparar para a plataforma?
Desde 2010 que a eToro tem uma ferramenta em que é possível copiar estratégias de outras pessoas. Agora temos uma nova funcionalidade que é uma muito importante para um mercado tão tradicional como é o de Portugal. Passámos a permitir que se copiem portefólios, o que pode dar exposição a mega tendências como natalidade, sociedades inteligentes, pagamentos do futuro, energias renováveis…
Muitas vezes são mercados difíceis de entender porque são novos, mas pode assim ter-se exposição a estes mercados em expansão porque os primeiros são os que ganham. A vantagem é que, até aqui, dava-se o dinheiro ao banco, o banco geria-o e recebiam-se dividendos. Agora, pode-se seguir a todo o momento o que se passa com o dinheiro e a liquidez é imediata.
Que comissões cobram?
Para ações e ETF não temos comissões para o mercado português. Para criptomoedas, índices ou matérias-primas, as comissões dependem do instrumento. Só se pagam quando se fecha a posição. Para copiar portefólios ou pessoas, não se paga nada. É muito importante porque ajuda a ultrapassar a barreira à entrada que é o custo. Isto faz parte desta campanha muito grande que estamos a fazer este ano para ajudar os investidores tradicionais a conhecerem outras plataformas. Somos uma multi-ativos e queremos dar a possibilidade de os investidores terem acesso a todos os ativos.
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eToro reforça aposta em Portugal. “Queremos parcerias com bancos, fintech e influencers”
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