Fundaram startups com ambições para voar para unicórnio. Mulheres do programa "Scaling Up" da fábrica de unicórnios apontam iniciativas para dar força ao empreendedorismo feminino.
São quase tão raras quanto unicórnios no mundo do empreendedorismo. Apenas 15% dos fundadores de startups são mulheres e somente 33% das startups têm mulheres entre os cofundadores, aponta um inquérito da Startup Genome. Mais programas para incentivar empreendedorismo feminino, mentoria, uma melhor rede de apoio para conciliação de vida familiar e profissional e mais mulheres a decidir financiamento nos fundos ou linhas de apoio específicas são algumas das sugestões das fundadoras de scaleups, com ambição a futuros unicórnios, ouvidas pelo ECO. Hoje é o Dia da Mulher.
Não faltam motivos para essa escassez de mulheres no ecossistema de empreendedorismo, mas Luísa Cruz não tem dúvidas de qual é “um dos maiores obstáculos”: “A nossa própria opinião de que o empreendedorismo, especialmente em áreas dominadas pelos homens, como a tecnologia e engenharia, não é para nós. Quanto mais mulheres se aventurarem, mais modelos existirão para outras mulheres com boas ideias e vontade, mas que temem tentar”, defende a cofundadora e CTO da MicroHarvest. A scaleup, instalada no Hub Criativo do Beato, em Lisboa, é uma de seis, de um total de 24, selecionadas para o programa “Scaling Up” da fábrica de unicórnios com mulheres entre os fundadores.
“Acredito que há muitas mulheres que são empreendedoras e ainda não se aperceberam disso. Há muitas ideias incríveis, pensadas por mulheres fabulosas, mas que não se concretizam pois há um medo aterrador de dar o primeiro passo e também de conciliar a vida pessoal e profissional”, aponta Karly Alves Ribeiro. “A partir do momento em que a ideia se torna real, é quase como a conceção de um bebé e este, por sua vez, necessitará de atenção e cuidados nos primeiros anos de vida”, reforça a cofundadora da sheerMe.
Dulce Guarda acredita que o desequilíbrio de género não é específico do ecossistema. “Quando se fala em dificuldades no empreendedorismo feminino, não é por ser uma mulher a empreender mas sim porque, em geral, ainda existem muitos desafios por ser mulher na sociedade. A necessidade que existe é mudar uma cultura em termos de igualdade de géneros, uma cultura que está muito formatada e virada para serem os homens a liderar negócios”, afirma a chief growth officer da Splink. E também o tema da maternidade: “O facto de o papel da mulher estar muito ligado ao papel de mãe também faz com que muitas mulheres não embarquem nesta jornada, por sentirem que ainda cai muito sobre elas as decisões da maternidade e dos filhos. Deveria também haver mais apoio às mães e a mães empreendedoras”, aponta a cofundadora da startup, que liga os fãs de futebol às suas equipas desportivas com colecionáveis oficiais que ganham vida através da realidade aumentada.
Há muitas mulheres que são empreendedoras e ainda não se aperceberam disso. Há muitas ideias incríveis, pensadas por mulheres fabulosas, mas que não se concretizam pois há um medo aterrador de dar o primeiro passo e também de conciliar a vida pessoal e profissional.
Para contrariar este status quo, a educação é uma arma que, logo cedo, deve começar a ser usada. “Começar mais cedo a integrar o tema dos negócios e do investimento em idade escolar, por exemplo, incentivar a geração de novas ideias, fomentar a criação de negócios, e a própria criação de empresas não ser um bicho-de-sete-cabeças”, defende Dulce Guarda, que, depois de uma licenciatura em gestão pelo ISEG, entrou no mundo das startups como copywriter.
Uma visão partilhada por Veronica Orvalho. “Temos de ir à base, incutir a curiosidade e as competências para as mulheres construírem empresas logo no ensino secundário e universitário”, diz a fundadora da Didimo. Mas não só. Há que “aumentar o número de eventos que apoiam as mulheres e, mais importante, garantir que as mulheres participam”, sugere. “Temos de nos certificar de que estamos a construir um ecossistema inclusivo, não necessariamente só de mulheres. Tem de ser inclusivo em termos de género, idade, etnias…”, alerta.
Com 24 scaleups selecionadas em três cohorts do programa “Scaling Up”, das quais seis com mulheres entre os fundadores, Gil Azevedo assegura que a promoção do empreendedorismo feminino tem sido “um dos principais objetivos” para a Unicorn Factory Lisboa.
“É nossa prioridade promover as fundadoras e cofundadoras e destacar o sucesso dos seus projetos; trazer mentoras para os nossos programas e oradoras para os nossos eventos, para que deem o seu testemunho, encorajem e aportem valor às restantes mulheres”, assegura ao ECO o diretor executivo da fábrica de unicórnios.
Só será possível termos escala a nível internacional, se conseguirmos potenciar significativamente o número de founders femininas, aumentando assim exponencialmente o número de novos projetos e a respetiva diversidade, fundamental fomentar a inovação como um dos pilares de crescimento de Portugal.
“Em paralelo, cada vez mais, temos apostado no empreendedorismo jovem, assegurando uma forte participação de estudantes do sexo feminino, como foi exemplo o nosso primeiro campo de férias de verão Innovation Summer School, realizado no ano passado”, refere, dando ainda como exemplo a associação a iniciativas como “Ladies That UX Lisbon”, onde vão estar presentes no próximo evento “Impact the Future”.
“Acredito que só será possível termos escala a nível internacional se conseguirmos potenciar significativamente o número de founders femininas, aumentando assim exponencialmente o número de novos projetos e a respetiva diversidade, fundamental fomentar a inovação como um dos pilares de crescimento de Portugal”, remata Gil Azevedo.
Financiamento específico para startups fundadas por mulheres?
Promover o acesso a programas de educação de empreendedorismo para mulheres, nas áreas de gestão de negócios, marketing e tecnologia, de programas de mentoria, criação de eventos de networking e aumentar o acesso ao financiamento são algumas das propostas de Milana Dovzhenko, cofundadora da Bairro, para atrair mais mulheres ao ecossistema.
As mulheres empreendedoras frequentemente enfrentam desafios específicos no acesso ao financiamento dos seus projetos, devido a uma série de fatores, sendo os mais conhecidos a discriminação de género e a falta de redes de apoio. Estas barreiras dificultam o desenvolvimento e crescimento dos negócios liderados por mulheres. Ao disponibilizar linhas de crédito específicas para projetos liderados por mulheres, poderá existir um impacto positivo e uma promoção da igualdade de oportunidades de empreendedorismo.
O tema do financiamento é crucial para qualquer startup. E, no caso das mulheres, estudos internacionais apontam que apenas 2% do investimento de capital de risco é canalizado para empresas fundadas por mulheres. Então, faria sentido criar linhas de financiamento específicas para mulheres? Para Milana Dovzhenko a resposta inequívoca é sim.
“As mulheres empreendedoras frequentemente enfrentam desafios específicos no acesso ao financiamento dos seus projetos, devido a uma série de fatores, sendo os mais conhecidos a discriminação de género e a falta de redes de apoio. Estas barreiras dificultam o desenvolvimento e crescimento dos negócios liderados por mulheres. Ao disponibilizar linhas de crédito específicas para projetos liderados por mulheres, poderá existir um impacto positivo e uma promoção da igualdade de oportunidades de empreendedorismo”, defende a cofundadora da Bairro.
Karly Alves Ribeiro também acredita que essa ideia “faria muito sentido”. “Não vejo como discriminação, pois há realmente uma pressão social para nós mulheres. Ter um apoio financeiro só nos daria mais força para ultrapassar as barreiras que nos confrontamos para o mundo do empreendedorismo”, defende.
Muitos dos fatores subjacentes à sub-representação das mulheres nas fileiras dos empreendedores vão muito além do acesso ao capital, como a aversão ao risco ou os desafios para identificar figuras a seguir. Precisamos normalizar o empreendedorismo feminino em STEM, antes de mais, para que mais mulheres possam tornar-se empreendedoras e investidoras confiantes. O capital seguir-se-á.
Mas esta posição não é unânime junto das empreendedoras. “É preciso ter cuidado com a discriminação positiva. Alguém vai receber a contrapartida ‘negativa’ da discriminação positiva”, alerta Luísa Cruz, da MicroHarvest. “É um facto sabido que as mulheres têm menos acesso ao capital. Mas, a longo prazo, é importante compreender as razões subjacentes e resolvê-las. Refiro-me, por exemplo, à investigação que mostra que as mulheres empreendedoras são alvo de perguntas diferentes por parte dos investidores de capital de risco quando comparadas com os empreendedores do sexo masculino”, refere.
“Muitos dos fatores subjacentes à sub-representação das mulheres nas fileiras dos empreendedores vão muito além do acesso ao capital, como a aversão ao risco ou os desafios para identificar figuras a seguir. Precisamos normalizar o empreendedorismo feminino em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), antes de mais, para que mais mulheres possam tornar-se empreendedoras e investidoras confiantes. O capital seguir-se-á”, argumenta Luísa Cruz.
Dulce Guarda lembra que já existem investidores que têm preferência por investir em projetos liderados por mulheres, bem como programas dedicados ao empreendedorismo feminino, em relação às linhas de financiamento específicas para empreendedoras tem mais dúvidas sobre o seu mérito. “Não considero que seja algo positivo, porque eu vejo os projetos pelo valor que eles têm, independentemente se são liderados por mulheres ou homens. Se há talento, seja ele feminino ou masculino, devemos promovê-lo, devemos apoiá-lo. Sendo eu mulher, se for um projeto feminino, melhor. Mas não discrimino se for o contrário”, afirma.
VC só com 19% de mulheres na gestão e liderança
Não é apenas do lado das startups que há menos mulheres no ecossistema. Também no universo do capital de risco (venture capital, VC) há um claro desequilíbrio de género. Apesar de, curiosamente na comparação com outros hubs de empreendedorismo europeu, Lisboa até ser considerada a capital com maior número de mulheres neste tipo de veículos de investimento. Mas ser melhor significa apenas 19,4% das mulheres em cargos de gestão ou liderança, revela o relatório “The VC Factor: Gender Lens Edition”, da Invest Europe. Situação com impacto no ecossistema.
“Existirem menos mulheres do lado do financiamento contribui como razão para menos capital a ser injetado em projetos liderados por mulheres. Esta disparidade de género no setor de investimento resulta em menos oportunidades para as mulheres empreendedoras”, considera Milana Dovzhenko. “A falta de representação feminina nos setores de financiamento leva à existência de uma lacuna na compreensão das necessidades, desafios e oportunidades específicas enfrentadas pelas mulheres empreendedoras”, reforça.
Sou uma em quatro fundadores e, por isso, tenho a sorte de nunca ter sentido no acesso ao capital um gender bias que, claramente, no mundo ainda existe, porque todas as estatísticas dizem que apenas 2% do capital de risco vai parar a mulheres no mundo inteiro. Não é só aqui no nosso país. E, portanto, obviamente que essa dificuldade existe.
Com a torneira do capital a apertar nos últimos dois anos para todo o ecossistema de empreendedorismo, sentem as mulheres mais esse impacto? Levantar capital para dar novas asas aos projetos tornou-se mais difícil? “Não me parece haver mais dificuldades por ser mulher, há mais dificuldade no geral, por haver mais cautela nos investimentos, mas ainda assim há muito dinheiro para ser investido. Simplesmente os investidores fazem due diligences mais aprofundadas antes de se comprometerem. Depois de ganharem confiança no projeto, existe investimento disponível”, acredita Dulce Garcia.
Veronica Orvalho também diz não sentir mais dificuldades pelo facto de ser mulher nesta fase de seca de capital no mercado financeiro. “Nem por isso construir uma empresa e angariar fundos é difícil, muito difícil apesar do género. No entanto, as estatísticas mostram que há menos mulheres que receberam investimento em comparação com os homens”, admite.
E o mesmo descreve Joana Rafael. “Tenho a experiência de ser cofundadora com outros três co-founders da Sensei e acho que os desafios de se ser empreendedor em Portugal são transversais a homens e mulheres. Não temos um acesso a capital assim tão fácil como outras capitais da Europa ou do mundo, sítios mais avançados em termos de acesso à capital e onde existe mais dinheiro disponível. É um reflexo da nossa economia”, começa por referir a cofundadora da deeptech que está a desenhar para empresas como a Sonae o futuro do retalho.
“Sou uma em quatro fundadores e, por isso, tenho a sorte de nunca ter sentido no acesso ao capital um gender bias que, claramente, no mundo ainda existe, porque todas as estatísticas dizem que apenas 2% do capital de risco vai parar a mulheres no mundo inteiro. Não é só aqui no nosso país. E, portanto, obviamente que essa dificuldade existe”, constata a empreendedora que já viu a scaleup abrir lojas sem caixas no Brasil e, mais recentemente, em Itália.
“Haver mais mulheres que lideram as decisões de investimento em sociedades de capital de risco e mais mulheres empreendedoras vai fazer com que esta estatística mude. Ainda existe um gender bias, não que eu tenha ainda a experiência de o ter sentido na pele, porque ao ter outros cofounders acho que esse bias não é sentido de forma tão presente do que se fosse talvez a única founder da empresa”, reconhece Joana Rafael.
Pessoalmente nunca senti na pele uma diferença de tratamento por ser uma mulher cofundadora. Mas realmente há menos mulheres no geral, seja do lado do investimento como do lado das startups tecnológicas. As mulheres têm as mesmas capacidades que os homens, a sociedade é que não as vê de igual para igual. Mas com o aumento do número de mulheres seja em startups, como em posições de destaque e decisão nas empresas corporate, estamos cada vez mais a aumentar a visibilidade para a igualdade no tratamento de género, e principalmente nas mulheres nos negócios.
“O investimento em startups e em scaleups diminuiu globalmente nos últimos anos para todos e, historicamente, as mulheres têm tido mais dificuldade em obter investimento de capital de risco do que os homens. As mulheres estão sub-representadas na liderança empresarial, especialmente nas equipas fundadoras e nas de liderança de capital de risco. É também, por vezes, é mais difícil para nós dar o salto”, descreve Katelijne Bekers, cofundadora e CEO da MicroHarvest. “Em termos estatísticos, o ónus deste decréscimo de financiamento recaiu, infelizmente, de forma desproporcionada sobre as mulheres”, lamenta.
Mas esta realidade não é impeditiva de sucesso, acredita. “Podemos continuar a ser fundadoras e angariadoras de fundos bem-sucedidas. A MicroHarvest é a prova disso mesmo. Apesar do clima económico, conseguimos angariar com sucesso mais de dez milhões de euros até à data, devido à qualidade do nosso produto e à nossa acuidade empresarial”, ressalva a cofundadora da MicroHarvest, que, em novembro, abriu a sua fábrica piloto no Hub Criativo de Lisboa.
“Levantar capital é difícil para qualquer um, independente do género. Pessoalmente, não senti que os nossos investidores tenham preconceito por fundadoras mulheres. Como somos um founder team misto, não senti preconceitos neste sentido. Porém não tenho ainda experiência como solo-founder para ter uma opinião concreta sobre o quão difícil pode ser uma mulher levantar capital sozinha”, refere Karly Alves Ribeiro. “Na sheerME, concretamente, haver uma mulher founder tem sido um ponto extremamente valorizado no meio dos VC. Traz uma visão diferente para um negócio que ainda é pouco conhecido nos meios masculinos, porém hipervalorizado nos meios femininos”, diz a empreendedora.
“Pessoalmente, nunca senti na pele uma diferença de tratamento por ser uma mulher cofundadora. Mas realmente há menos mulheres no geral, seja do lado do investimento como do lado das startups tecnológicas. As mulheres têm as mesmas capacidades que os homens, a sociedade é que não as vê de igual para igual. Mas com o aumento do número de mulheres, seja em startups como em posições de destaque e decisão nas empresas corporate, estamos cada vez mais a aumentar a visibilidade para a igualdade no tratamento de género e, principalmente, nas mulheres nos negócios”, diz, por seu turno, Dulce Guarda,
Ser a única mulher na sala mesmo na hora de discutir investimento não é necessariamente negativo, acredita Joana Rafael. “Como empreendedora, estou em muitas situações em que sou a única mulher na sala. Se estou a falar com painel de investidores ou mesmo com liderança dos meus clientes no retalho, acaba por ser um mundo ainda bastante masculino”, descreve. “Sinto-me confiante por ser mulher e gosto de ser mulher e, portanto, acho que a mulher deve ter confiança no seu papel, mesmo que esteja numa sala em que seja a única mulher. Ou seja, não nos devemos sentir menores por causa disso. Pelo contrário”, defende.
Diversidade, a chave para o sucesso
Atualmente, a Sensei tem 66 pessoas na equipa, das quais 22 mulheres. “Somos cerca de 33% numa deeptech, com muitas áreas de engenharia, software, eletrotécnica, hardware, etc., uma área em que a média nacional ou europeia ronda os 15%. Portanto, estamos bem nesse sentido. Temos mais do que o dobro, mas ainda temos mais para fazer”, descreve Joana Rafael. “Temos preocupação, em cada processo de recrutamento, de garantir que conseguimos ter um pipeline de mulheres equilibrado. Por vezes não conseguimos porque realmente há menos mulheres a estudar estas áreas de STEM e, portanto, começa logo aí não conseguirmos depois o equilíbrio”, refere.
Essa diversidade – de género, mas não só – é importante, reconhecem as empreendedoras, para o sucesso dos projetos. “As empresas como a nossa, uma scaleup, vive muito daquilo que é a sua equipa e ter um balanço de género é bastante importante para o sucesso da própria empresa. As estatísticas mostram que as empresas mais bem-sucedidas têm mulheres nos seus boards, na sua liderança e nas suas equipas, têm um desempenho financeiro melhor do que empresas mais desequilibradas nesse sentido”, destaca. “Essas estatísticas existem e mostram que realmente isso é uma realidade. E as mulheres são mais de metade da nossa sociedade. Portanto, nós devemos tentar trazer para todos os setores, principalmente no setor tecnológico, tão importante na nossa economia e no nosso futuro, mais mulheres.”
“Não nos concentramos especificamente em atrair mulheres, mas sim em manter ou mesmo enriquecer a diversidade de pensamento dentro da empresa. Dois dos três cofundadores da nossa equipa são mulheres, construímos uma equipa com pessoas provenientes de cinco continentes diferentes, com ênfase no talento, onde as posições de liderança são diversas e inclusivas”, comenta Katelijne Bekers, quando questionada sobre iniciativas levadas a cabo pela MicroHarvest para atrair mais mulheres.
Contratamos a melhor pessoa para o trabalho, independentemente do género. Apoiamos iniciativas para ajudar mulheres de todas as idades a crescer nas suas empresas ou a iniciar o seu próprio negócio. Pessoalmente, dedico tempo a orientar mulheres através de programas financiados pela UE, como o Women Leadership Programme Mentorship, entre outros.
“As mulheres nas áreas STEM precisam de ser encorajadas a juntar-se às startups, mas também precisam de um ambiente onde a diversidade é aberta, a comunicação e a colaboração são verdadeiramente valorizadas, e não apenas uma declaração de valor facial. A consequência desta atitude e cultura é uma divisão mais equilibrada na nossa atividade, permitindo-nos também atrair e reter mulheres”, conclui a CEO da scaleup com mais de 30 pessoas, das quais metade mulheres, nos escritórios de Lisboa e Hamburgo.
“Contratamos a melhor pessoa para o trabalho, independentemente do género”, diz, por seu turno, Veronica Orvalho. “Apoiamos iniciativas para ajudar mulheres de todas as idades a crescer nas suas empresas ou a iniciar o seu próprio negócio. Pessoalmente, dedico tempo a orientar mulheres através de programas financiados pela UE, como o Women Leadership Programme Mentorship, entre outros”, adianta a CEO quando questionada sobre iniciativas da empresa para atrair e reter mais mulheres. Na Didimo trabalham 24 pessoas, sete mulheres.
Desafios e planos futuros
Planos não faltam as estas scaleups integradas no programa ScalingUp da fábrica de unicórnios. Nem desafios: “Existirem mercados e culturas onde a mulher é vista com menos capacidades ou até depreciada, ou estar a integrar um negócio que é maioritariamente masculino (o mercado do futebol), traz mais desafios com certeza, faz como que tenhamos de nos impor em certos momentos, a integração pode ser mais demorada”, reconhece Dulce Guarda.
Neste momento, a Splink “está a trabalhar numa extensão da ronda seed e a preparar novas entradas em mercados internacionais (Reino Unido, França, Espanha, Alemanha e Brasil)”, revela a chief growth officer. “Até ao Mundial de Futebol 2026, queremos também já estar a trabalhar o mercado norte-americano.” E acrescenta: “Estamos a trabalhar no desenvolvimento de novas categorias de produto e a explorar novos desportos, onde já tivemos um primeiro contacto ou conversações para começar a trabalhar, como é o caso da NBA ou Motor Sports.” Isso passa também por fazer crescer a equipa: “Temos uma equipa pequena e estamos ainda a crescer. Temos a ambição de crescer durante este próximo ano e com isso contratar mais pessoas, e mais mulheres.”
Na MicroHarvest os planos são igualmente de crescimento. Depois da entrada em funcionamento da fábrica-piloto do hub do Beato, “estamos num bom caminho para lançar os nossos primeiros produtos no mercado da Europa e da Ásia este ano, com uma parceria de fabrico para produzir até uma tonelada de produto por dia. Mas não queremos ficar por aqui”, revela a CEO, embora sem mais detalhes.
Depois da entrada em funcionamento da fábrica-piloto o hub do Beato, “estamos num bom caminho para lançar os nossos primeiros produtos no mercado da Europa e da Ásia este ano, com uma parceria de fabrico para produzir até uma tonelada de produto por dia. Mas não queremos ficar por aqui.
Com abertura de filial no Brasil e olhos em Espanha, a sheerMe também tem ambições de expansão. “Acabamos de fechar uma extensão da ronda anterior. O nosso foco agora é crescer nos países que estamos a internacionalizar, no caso, Brasil e Espanha. Estamos a nos preparar para a Série A e a reforçar a nossa equipa de liderança”, revela Karly Alves Ribeiro.
A ambição? Chegar a um milhão de utilizadores nos próximos 18 meses e ser “a plataforma mais usada para marcações, pagamentos e gestão do setor de beleza e bem-estar nos próximos três a cinco anos.” Hoje são 36, dos quais 16 mulheres e estão a contratar “mais 10 a 15 pessoas nos próximos meses para Portugal, Espanha e Brasil”.
“É interessante ver que na sheerME, cada vez mais temos mulheres a liderar equipas e verticais de negócio.”
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