• Reportagem por:
  • Ana Luísa Alves

Estudar lá fora cá dentro. Três universidades portuguesas entre as melhores

Nova School of Business, Católica Lisbon School of Business & Economics e Porto Business School. O que têm em comum estas três escolas de Gestão? Estão entre as melhores da Europa.

Tiago Fleming viu a oportunidade para tirar o mestrado que queria adiada pela paternidade. Tem 45 anos, é aluno do mestrado em Gestão da Porto Business School, gestor de marketing no Banco Carregosa, e a sua carreira foi definida estrategicamente.

A Porto Business School foi a escolha de Tiago por várias razões. “Não só pelas qualificações que o curso tem, a escola é altamente credível, sustentada pela Universidade do Porto mas numa lógica de negócios. Há muito competência, um corpo de docentes muito interessante e uma boa mescla entre o mundo académico e o mundo empresarial, com professores de ambos os ramos”, referiu ao ECO.

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“O meu objetivo não foi vir para o MBA para arranjar um emprego diferente. No meu caso foi ganhar mais competência e valências para que me possa tornar mais competitivo dentro da empresa, e possa progredir na carreira”, explicou Tiago.

Portugal tem três escolas de Economia e Gestão entre as melhores, a nível europeu. Esta semana foram distinguidas pelo ranking do Financial Times. A Nova SBE e a Universidade Católica estão entre as 25 melhores a nível europeu, e a Porto Business School ocupa a 62ª posição. Mas estudar nestas escolas é diferente?

Quanto maior é a crise que o país atravessou, mais alunos temos tido no mestrado em Gestão. As pessoas percebem que, com a crise, têm de se esforçar mais, dar o melhor de si, e lutar pelas oportunidades lá fora”, referiu ao ECO o professor João Amaro de Matos, da Nova SBE.

Mais esforço, mais dedicação, maiores recompensas. Os lugares alcançados no ranking do jornal inglês pelas três universidades portuguesas são fruto de um trabalho que não começou agora.

“Há um trabalho contínuo, de vários anos que, comparado com a trajetória que tivemos até indica que nos próximos três anos podemos avançar mais umas posições”, explica o diretor da Universidade Católica, Francisco Veloso.

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“O ranking é o reconhecimento do trabalho já feito. Estamos sempre a melhorar e a trabalhar. O ranking não é o fim em si mesmo mas é algo para o qual temos de estar preparados”, acrescentou Patrícia Teixeira Lopes, professora da Porto Business School.

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Embora seja motivo de atenção por parte das universidades, há também alunos que consultam os vários rankings do Financial Times antes de escolherem a escola para onde vão estudar. Quem o diz é Margarida Veludo, de 22 anos, que veio do Porto há três e está no mestrado em Gestão Internacional, na Nova SBE.

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Escolheu a Universidade Nova porque queria prosseguir estudos em Portugal, num mestrado com vertente internacional e reconhecido pelo Financial Times. “Para aliar estes três motivos, a melhor escolha era sem dúvida a Nova”, revelou ao ECO.

Satisfação que vai de Lisboa ao Porto

A notícia da distinção pelo jornal inglês foi recebida com alegria em Lisboa e no Porto. “Significa que estamos no caminho certo, com a estratégia correta no que toca à formação de executivos e com o nível de internacionalização certo”, referiu ao ECO Patrícia Teixeira Lopes, professora na Porto Business School.

“Se, nas melhores escolas europeias estiverem escolas portuguesas, tanto melhor porque reflete a qualidade do ensino em Portugal”, acrescenta João Amaro de Matos. A escola está presente em mais seis rankings do Financial Times. Mas, para o professor, estes rankings não são uma medida de competição.

São três distinções diferentes, mas todas assentam no mesmo princípio: a qualidade do ensino, das escolas, de professores e alunos que trabalham em conjunto para um mesmo objetivo.

“A qualidade da escola reside no pioneirismo. Fomos a primeira escola a ser acreditada internacionalmente”, referiu ao ECO João Amaro de Matos. “Os alunos fazem uma avaliação muito positiva da escola, e nos últimos anos temos trabalhado no sentido de satisfazer as expectativas dos alunos”, acrescentou.

“O importante é oferecer um programa com qualidade e com consistência. Diria que este é certamente um dos fatores importantes. O segundo fator tem a ver com a capacidade de a escola se internacionalizar. Temo-nos internacionalizado muito depressa, e os rankings valorizam muito isso. Metade dos alunos nos nossos mestrados são estrangeiros”, explicou o diretor da Universidade Católica.

A visão dos professores é partilhada pelos alunos. As formações das três universidades na área da gestão são práticas e com o objetivo de fazer com que os alunos experimentem, desde o início, o mundo do trabalho. “Não é preciso esperar três ou cinco anos para termos contacto com o mercado e trabalhar com empresas em projetos reais. Penso que todos estes motivos associados à qualidade dos nossos professores levam a Nova a destacar-se entre as melhores faculdades da Europa”, acrescenta Margarida, da Nova SBE.

Também não é difícil para João Ramadas, 20 anos, aluno do mestrado de Gestão na Católica, justificar o lugar obtido pela faculdade no ranking. “A exigência imposta aos alunos, com a forte internacionalização, com o benchmark em universidades de topo, o foco dado à pesquisa, entre muitos outros. A Católica consegue cada vez mais atrair alunos de topo, não só portugueses mas também estrangeiros, pelo que cada vez é uma força a ter em conta no contexto do ensino superior a nível europeu e mundial”, referiu ao ECO.

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A Católica foi a escolha do aluno devido à “oportunidade de tirar o mestrado dentro do que eu quero fazer, gestão, sem me cingir a uma área mais especifica (como logística ou finanças) e, ao mesmo tempo, ter uma especialização e até um mestrado internacional”, explicou João.

Na Católica está também Inês Rato. Antes do mestrado em Gestão, com especialização em Marketing Estratégico, na Universidade Católica, licenciou-se em Gestão no ISCTE-IUL e fez Erasmus em Viena durante um ano.

“Para além do programa estar super bem organizado, a Católica é uma universidade exigente, e promove bastante a partilha de culturas e ideias entre pessoas de diferentes países”, explicou. “Acho que o que diferencia a Católica de outras universidades é a preparação com que saímos depois de terminar o curso”, acrescentou Inês.

No Porto a situação é semelhante, detalha Tiago. “Não acho que a escola trabalhe para o reconhecimento. Acho que é uma consequência. Ao longo dos tempos a escola tem vindo a subir degraus, step by step, e isto é a prova de que este ano estamos um bocadinho melhores que no ano passado, e é progressivo”, referiu Tiago Fleming. “A escola está preocupada em formar os alunos com determinadas skills, em fazê-los perceber como funcionam as empresas, e em como podemos gerir o comportamento dentro da organização”, acrescentou Tiago.

Escolas internacionais cá dentro

A posição da Nova SBE obtida no ranking deste ano deve-se a um “trabalho de vários anos” e ao nível da internacionalização. “O número de candidaturas internacionais à escola cresce entre 30% a 35% por ano. Mas isto é Lisboa, não Londres”, explica João Amaro de Matos. Mas o que é que pode explicar a preferência pela capital portuguesa para estudar?

“Em Londres a qualidade pode ser semelhante, mas o custo do curso é muito superior, e o de vida também”, explica o professor da Nova SBE. “Lisboa é uma cidade muito central do ponto de vista global, e com fácil acesso aos mercados internacionais. Além disso, tem atraído cada vez mais startups e empreendedores. Uma escola de gestão acaba por beneficiar com isto, e há alunos que vêm para estudar e acabam por ficar a viver em Portugal”, acrescenta o professor da Nova SBE.

“Há uma combinação de fatores. A visibilidade que a escola tem nos rankings pesa, e o nosso mestrado acaba por ter um preço inferior ao de outras escolas a nível europeu, e o custo de vida também é mais baixo”, explicou o diretor da Católica.

O maior exemplo da internacionalização das escolas é Federico Zanuttini, um jovem italiano de 23 anos, que escolheu estudar na Nova SBE. Neste momento está no segundo ano de estudos. No ano passado estava no mestrado e Gestão, e este ano está envolvido no CEMS MIM, uma organização de 30 escolas de gestão e que tem como parceiros 70 Organizações Não Governamentais.

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A escolha pela Nova ficou a dever-se às oportunidades que a escola lhe oferecia e ao corpo docente. “Os professores desafiam a minha maneira de pensar e fazem-me crescer passo a passo”. Já a escolha de uma universidade em Portugal ficou a dever-se a outros motivos.

“É um país que nunca paro de descobrir. Portugal tem uma excelente cultura, as pessoas são simpáticas e senti-me imediatamente em casa”, explicou o jovem italiano. Ficar em Portugal é “uma opção a ser considerada”. “Quando terminar os meus estudos terei em aberto a oportunidade de morar aqui, e eu gosto deste estilo de vida”, acrescentou.

  • Ana Luísa Alves
  • Redatora

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