Portugal é o ponto de encontro para fundadores de startups, mesmo para os que saíram do país por causa da guerra. Comitiva conta com mais de 60 startups.
A guerra levou 20% das startups a saírem da Ucrânia e a lei marcial implica que os homens em idade ativa sejam obrigados a combater pelo exército local. Mesmo assim, o ecossistema de startups do país invadido pela Rússia veio a Portugal dar uma prova de força. Com mais de 60 startups na edição deste ano da Web Summit, há mesmo quem diga que a capital do país poderá ser a próxima Silicon Valley.
A Ucrânia tem um espaço próprio no pavilhão 1 da cimeira que decorre na FIL e no Altice Arena. O tom cinzento domina no espaço de um só piso mas não faltam as cores da Ucrânia. Há local para apresentações e até para pequenas reuniões informais. Ali perto anda Veronica Korzh, cofundadora da GeekPay, startup ligada às criptomoedas.
“Por causa da guerra, muitas pessoas foram para Portugal e desde que a Web Summit está em Lisboa temos participado sucessivamente, com uma comitiva cada vez maior. Muitas das pessoas que saíram do país vieram para a Web Summit mostrar que continuamos a desenvolver a economia“, explica ao ECO a responsável.
Muitas das pessoas que saíram do país vieram para a Web Summit mostrar que continuamos a desenvolver a economia
Os naturais da Ucrânia já estão no radar das consultoras desde há vários anos. “Historicamente, somos muito bons em ciência, matemática e física”, avalia Constantin Yevtushenko. “Mas nunca percebemos como fazer negócio”, completa. O pais quer mudar essa perceção e conta com a Web Summit para isso.
“Kiev pode ser a próxima Silicon Valley depois da guerra“, afirma Victoria Repa no palco principal da cimeira. A fundadora da empresa BetterMe recorda que a Ucrânia “tem mais de 240 mil pessoas a trabalhar na área da tecnologia“. É “mais do que em qualquer outro país europeu”, refere a empreendedora que não consegue estar sentada enquanto fala da sua pátria.
Habituado a Portugal está Dmytro Vartanian, investidor na SID Venture Partners. “Desde o início de março que estamos baseados em Lisboa. Anteriormente, estávamos divididos entre Kharkiv e Kyiv”, conta ao ECO. Enquanto procura captar mais capital para lançar um novo fundo, o investidor compara a Ucrânia com um país que sabe o que é trabalhar em abrigos, ou seja, facilmente adaptável às circunstâncias. “A comunidade tecnológica tem um bom potencial para crescer, tal como aconteceu com Israel. Foi um país que evoluiu da prestação de serviços para a criação de dezenas de unicórnios” [empresas avaliadas em, pelo menos, mil milhões de dólares].
A comunidade tecnológica tem um bom potencial para crescer, tal como aconteceu com Israel. Foi um país que evoluiu da prestação de serviços para a criação de dezenas de unicórnios
Marina Avdyeyeva, fundadora de uma tecnológica na área dos seguros, a EasyPeasy, também se mostra otimista. “Queremos tornar este negócio numa coisa divertida. Uma das vantagens que temos, como ucranianos, é o marketing”. Esta empresa procura expandir-se para os vizinhos da Polónia, depois de ter lançado operações também no Cazaquistão.
Mas dar o salto além fronteiras não é tarefa fácil para uma empresa tecnológica ucraniana. “Como não fazemos parte da União Europeia, não temos qualquer historial. Somos pessoas completamente novas, como se tivéssemos 16 anos. É preciso começar tudo de novo, como se fosse um imigrante”, remata Veronica Korzh.
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Ucrânia na Web Summit pronta para ser a próxima Silicon Valley
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