Uber já tem carros sem condutor a circular nos Estados Unidos
A partir desta quarta-feira, a Uber tem carros autónomos a transportarem passageiros nas ruas de Pittsburg. Porém, vai haver um técnico preparado para assumir o volante em qualquer altura.
A Uber lança hoje um serviço de transporte com automóveis sem motorista, totalmente revolucionário e ultrapassando gigantes rivais de Detroit e Silicon Valley através de uma tecnologia que pode tornar-se um ponto de não retorno no mercado. Uma frota de carros equipados com lasers, câmaras e outros sensores — mas com ninguém ao volante — vai hoje percorrer as ruas de Pittsburg, Pennsylvania (EUA), em resposta à chamada pela internet dos clientes da Uber, que estão habituados a ser recolhidos por carros com motoristas bem vestidos e educados.
A empresa começa com quatro veículos Ford Fusion híbridos, mas tem já prontos para lançar mais de uma dezena. Os carros e a tecnologia de suporte têm sido treinados na complicada rede viária de Pittsburg há menos de dois anos, mas várias viagens de demonstração feitas antes do lançamento do serviço demonstraram que estão prontos para enfrentar a maior parte das situações – de forma tão eficaz quanto a de muitos condutores. Ainda assim, os primeiros clientes irão viajar com a presença de dois técnicos da companhia, um sentado atrás do volante, preparado para conduzir em caso de algum problema, e o outro ao lado, para monitorizar o comportamento do veículo.
Este passo da Uber coloca-a à frente da restante indústria automóvel ao disponibilizar este tipo de veículos ao público em geral. Todos os grandes produtores de automóveis estão a desenvolver programas de carros automáticos sem condutor, investigação que está também a merecer a atenção de gigantes tecnológicos como a Alphabet (Google) ou a Apple, entre outros.
O que permitiu à Uber assumir a frente deste pelotão não foram os avanços em engenharia, mas a capacidade de acumular e gerir enormes quantidades de informação sobre estradas e condições de condução recolhida pelos seus condutores. “Temos um dos grupos mais fortes no mundo em engenharia de condução automática, assim como a experiência de gerir uma rede de partilha de serviço automóvel em centenas de cidades”, afirmou o fundador e presidente executivo da Uber, Travis Kalanick, num artigo publicado hoje num blog.
O lançamento de carros sem condutor representa um desafio para a imagem da Uber enquanto serviço baseado numa aplicação informática da “economia gig” que deu a milhões de proprietários de carros em todo o mundo a possibilidade de ganharem dinheiro a transportar passageiros sem licenças de serviço de táxi ou outras permissões. A nova imagem da Uber é agora a de uma companhia de táxis chamados pela internet, totalmente sem condutores.
A “condução automática é central para a missão da Uber”, afirmou Anthony Levandowski, vice-presidente para a área de engenharia da Uber. Mas este é um designío longínquo, sublinham os líderes da Uber. O principal objetivo, de acordo com Kalanick, é criar estradas mais seguras.
“Os veículos não pilotados da Uber têm o potencial enorme de aprofundar a nossa missão e melhorar a sociedade, reduzindo o número de acidentes, que matam hoje 1,3 milhões de pessoas por ano, libertando 20 por cento do espaço nas cidades atualmente usado para parqueamento, e diminuindo os congestionamentos de tráfego, que desperdiçam biliões de horas todos os anos”, concluiu.
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