Rebenta a escala. Arábia Saudita vai vender 16 mil milhões na maior emissão de dívida
O Tesouro saudita está a planear levantar cerca de 16 mil milhões de euros na maior emissão de dívida entre as economias emergentes. "Boom, rebentam a escala", afirmam operadores do mercado.
À grande e à saudita. Os responsáveis do Tesouro da Arábia Saudita estão a planear a maior emissão de dívida de sempre de uma economia emergente. São cerca de 16 mil milhões de euros (17,5 mil milhões de dólares) em obrigações denominadas em dólares a cinco, dez e 30 anos, numa tentativa de Riade encontrar fontes de financiamento alternativas para fazer face à queda abrupta das receitas petrolíferas.
Segundo adiantaram fontes próximas da operação à Bloomberg, os sauditas deverão pagar pelas obrigações a cinco anos um prémio de risco de 140 pontos face às obrigações norte-americanas. Em relação às maturidades mais longas, o spread vai ficar nos 170 pontos base nas obrigações a 10 anos e nos 215 pontos base nas obrigações a 30 anos.
Com esta emissão, o sauditas deverão superar a operação realizada pela Argentina em abril, quando levantaram do mercado cerca de 15 mil milhões de euros (cerca de 16,5 mil milhões de dólares), a maior de uma economia desenvolvida. Além disso, a escala da emissão sugere a pressão de tesouraria que os responsáveis sauditas podem estar a enfrentar neste momento, depois de ter apurado um défice de quase 90 mil milhões de euros (97 mil milhões de dólares) em 2015, o equivalente a 15% da riqueza produzida.
“Boom, rebenta a escala”, referiu Angelo Rossetto, um operador da GMSA Investments que está licitar estas obrigações. “Vão provavelmente tentar retirar vantagem da janela antes das eleições [norte-americanas] e de uma possível subida das taxas de juros. Imprimir muito dinheiro agora e ver o que acontece depois”, acrescentou o mesmo responsável.
"Boom, rebenta a escala. Vão provavelmente tentar retirar vantagem da janela antes das eleições [norte-americanas] e de uma possível subida das taxas de juros. Imprimir muito dinheiro agora e ver o que acontece depois.”
A oferta surge depois de uma semana de apresentações a potenciais compradores em Londres, Los Angeles, Boston e Nova Iorque, durante as quais os oficiais sauditas enfatizaram os esforços para diversificar a sua economia de 650 mil milhões de dólares e reduzir a dependência das receitas do petróleo. Numa dessas reuniões, um responsável da Allianz Global Investors manifestou a preocupação pelo facto de a delegação saudita ter evitado responder a questões sobre os preços do petróleo. Outros investidores consideraram o preço da oferta demasiado elevado.
“Imagino que os sauditas tenham fundos suficientes. Mas eu consigo encontrar obrigações mais baratas”, afirmou Edwin Gutierrez, da Aberdeen Asset Management.
A operação está a ser liderada em conjunto pelo Citigroup, HSBC e JPMorgan Chase, com a ajuda de outros bancos internacionais, como o Bank of China, BNP Paribas e Goldman Sachs.
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