Trilateral: Lisboa é a sede do poder europeu
Não falamos da Web Summit, mas de uma lista enorme de ex-primeiros-ministros, líderes empresariais, dirigentes de bancos que integram a Comissão Trilateral. Vão estar em Lisboa de 11 a 13 de novembro.
O que traz ao Ritz em Lisboa um antigo presidente do Banco Central Europeu, ex-primeiros-ministros de uma série de países europeus, líderes de empresas como a FIAT, a Total e a Allianz e de bancos como o Grupo Santander, o Deutsche Bank e o HSBC, e ainda a diretora-editorial do jornal Le Monde e reitores de algumas das mais renomadas universidades europeias?
É uma lista cheia de nomes sonantes da atualidade e da história da Europa: o grupo europeu da Comissão Trilateral vai reunir-se entre 11 e 13 de novembro em Lisboa para discutir “os maiores problemas que o nosso planeta enfrenta”, lê-se no site do grupo.
Fundada em 1973 pelo banqueiro multimilionário David Rockefeller, da dinastia norte-americana do mesmo nome, a Comissão Trilateral junta personalidades da Ásia, da Europa e da América do Norte. A ideia é promover o diálogo, tanto dentro como fora destes três grandes grupos regionais, e a globalização económica e financeira. Percorrer a lista dos membros da Comissão Trilateral é ver passar nomes incontornáveis como Jean-Claude Trichet, Mario Monti, Lucas Papademos, Ana Patricia Botín, Paul A. Volcker e Peter Sutherland.
Trata-se de um think tank que é frequentemente alvo de críticas — umas vindas de fontes mais legítimas, como por exemplo do sociólogo de esquerda Noam Chomsky ou do senador republicano norte-americano Barry Goldwater, outras partilhadas por grupos de teorias da conspiração na web. Mas desde a sua fundação, em 1973, é um ponto central de debate e discussão entre as três regiões do mundo.
Esta não é a primeira reunião europeia em Lisboa. Em 1993, a capital portuguesa recebeu a visita do grupo europeu da Trilateral, enquanto o Porto recebeu a reunião de 2003.
Quem são estes “poderosos” que vêm a Lisboa?
Cada um dos três grupos que constituem a Comissão Trilateral — o europeu, o norte-americano e o asiático — reúne os seus membros uma vez por ano em diferentes cidades. Este ano, o grupo europeu junta-se em Lisboa, entre 11 e 13 de novembro, no fim de semana que se segue ao da Web Summit.
É uma “boleia” significativa, tanto que Paddy Cosgrave, fundador desse que é o maior encontro mundial dos empreendedores da área da tecnologia, vai estar no Ritz para o encontro, sabe o ECO.
Quem mais vai estar presente? O antigo presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, assim como o antigo comissário europeu e ex-primeiro-ministro de Itália, Mario Monti, estão confirmados. Mas a lista de membros do grupo europeu da Comissão Trilateral é bastante mais extensa e inclui nomes sonantes não só da política mas também da banca, do mundo empresarial e dos media.
Sem haver ainda confirmação da presença de todos os membros do grupo, alguns dos membros europeus da Comissão são de sublinhar. Entre antigos primeiros-ministros europeus contam-se o italiano Enrico Letta, também reitor da renomada Sciences Po, o irlandês John Bruton, o belga Herman Van Rompuy, e o grego Lucas Papademos, que também foi vice-presidente do Banco Central Europeu.
No mundo da banca, Ana Patricia Botín, a chairman do Grupo Santander, é uma das mais conhecidas, mas acompanham-na o ex-vice-chairman do Deutsche Bank, Luc Frieden, o chairman do BNP Paribas, Jean Lemierre, e a diretora do HSBC, Rachel Lomax.
Entre as empresas, o grupo reúne o CEO da Allianz (Oliver Bäte), o da Siemens (Joe Kaeser), o da Fiat (John Elkann), o do Grupo Total (Yves-Louis Darricarrère), e o da Endesa (Borja Brado).
E não vão faltar representantes dos media, com a diretora-editorial do jornal francês Le Monde, o chairman do Grupo Prisa (que detém o El País e a TVI, entre outros), a presidente da televisão estatal italiana Rai e uma antiga editora do jornal Financial Times todos listados como membros desta Comissão Trilateral que se quer multidisciplinar. Até o vice-chairman da gigante da publicidade Havas, Fernando Rodés Vilá, marca presença na lista.
A última Assembleia Geral da Comissão Trilateral, que junta anualmente os três grupos, decorreu em abril deste ano em Roma, e um programa divulgado no site da Comissão permite conhecer alguns dos temas discutidos então: os desafios que enfrenta o projeto europeu, o desassossego no Médio Oriente pós-Primavera Árabe, o futuro da Rússia, a ameaça nuclear da Coreia do Norte e também as eleições nos Estados Unidos da América.
Quem representa Portugal na Comissão Trilateral?
O grupo europeu da Comissão Trilateral conta com, pelo menos, quatro membros portugueses: Jorge Braga de Macedo, António Vitorino, Estela Barbot e Eduardo Costa. João Talone era também membro permanente, mas razões pessoais levaram-no a sair do grupo europeu. Percorra a galeria abaixo para saber mais sobre os quatro representantes de Portugal.
Portugal está limitado a um máximo de seis membros no grupo, ao qual só se acede por convite — um limite que se aplica a todos os países europeus menos a Alemanha, que pode ter 20, a França, a Itália e o Reino Unido que podem ter 18, e Espanha que pode ter até 12 membros no grupo. No total, o grupo europeu da Comissão Trilateral pode ter até 170 membros.
Jorge Braga de Macedo, de resto, integra a comissão executiva da Trilateral e está por isso na organização do evento em Lisboa.
O que é que vão discutir?
A agenda não é pública, mas não é por acaso que a reunião da Comissão Europeia se realiza de 11 a 13 de novembro e em Lisboa. O objetivo é apanhar a boleia do Web Summit e por isso mesmo começa no dia seguinte às conclusões da reunião das tecnológicas. Paddy Cosgrave é um dos convidados vip da reunião europeia no Ritz.
Da agenda, sabe o ECO, há dois pontos relevantes, na avaliação de um dos participantes que pediu o anonimato: precisamente o Web Summit e também as relações da Europa com África, um tema que foi posto em cima da mesa por Jorge Braga de Macedo, painel que se realiza no último dia, domingo de manhã.
No dia 11 ao fim do dia, Fernando Medina vai receber os membros da grupo europeu da Trilateral e, na sexta-feira de manhã, a abertura está reservada para António Costa, o speaker do almoço será Pedro Passos Coelho e o jantar será em Queluz, com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Nessa manhã, logo depois da intervenção do primeiro-ministro, o primeiro painel será dedicado precisamente a Portugal.
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