Renzi em risco: italianos preparam-se para votar “Não” no referendo
O referendo que vai decidir não só uma reforma constitucional em Itália mas também o futuro do Governo italiano pode não correr bem ao primeiro-ministro: sondagens dão vitória ao Não.
Matteo Renzi está a apostar as fichas todas no referendo italiano que se avizinha no dia 4 de dezembro, mas a fé pode sair-lhe furada. O primeiro-ministro, que prometeu que não ia permanecer no poder se o referendo para a reforma constitucional chumbasse, está agora a ser confrontado com sondagens que dão vitória ao “Não”.
A empresa de sondagens Ixé tem os números mais recentes esta sexta-feira: 37% dos italianos tencionam votar Sim ao referendo, mas 42% favorecem o Não. O resto vai depender dos que ainda se descrevem como indecisos, que são 21% dos inquiridos. É um resultado que se coaduna com a maioria das sondagens anteriores, que mostram o Não à frente e a ganhar terreno.
São números preocupantes para um primeiro-ministro que prometeu abandonar o cargo se o referendo, que apoiou desde o primeiro minuto, não for aprovado pelos italianos. Matteo Renzi enfrenta uma concorrência dura na sua campanha pelo Sim: um grupo de partidos populistas, incluindo o Forza Italia de Silvio Berlusconi, o Movimento Cinco Estrelas e os nacionalistas da Lega Nord, tem estado a fazer uma intensa apologia do Não, e inclusive já foram acusados de recorrer a notícias falsas para o fazer.
Mas o que decide o referendo? Se for aprovado, vai mudar a constituição italiana e reformar os poderes do parlamento de duas câmaras, com o senado a perder alguns dos seus poderes para a câmara de deputados, e tornando mais difícil a queda do governo.
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Os apoiantes do referendo defendem que a mudança vai simplificar o processo democrático e a implementação de leis, assim como trazer estabilidade política, enquanto alguns dos seus críticos acreditam que o referendo vai criar um estado mais autoritário e uma maior concentração de poderes.
Um Não é uma má notícia para o primeiro-ministro Matteo Renzi, que prometeu sair do poder sem sequer liderar um governo interino de transição até às próximas eleições. Caberia assim ao presidente, Sergio Mattarella, escolher o primeiro-ministro interino.
“Não” nas sondagens, mas “Sim” entre os CEOs
O maior apoio ao referendo de Renzi são os diretores-executivos de empresas italianas, concluiu uma sondagem da Bloomberg que falou com 42 das maiores empresas em Itália. A vasta maioria dos inquiridos — 98% — respondeu que tinha intenção de votar “Sim”.
“A escolha é entre a mudança e a inovação de um lado e a imobilidade e a conservação do outro”, afirmou o CEO da CIR, Rodolfo de Benedetti, “por isso é normal que os empresários, que estão a pedir reformas estruturais há décadas, sejam a favor“.
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