Carris na Câmara de Lisboa? “Quem vai pagar?”
O deputado comunista João Ferreira colocou um post no Facebook onde critica a “municipalização” da Carris e a forma como Medina conduziu o processo.
Foi esta manhã que Fernando Medina e António Costa, o atual e o anterior presidente da Câmara de Lisboa assinaram o memorando da passagem de gestão da rodoviária Carris para a Câmara Municipal de Lisboa.
A operação está a ser criticada da direita à esquerda. Já esta manhã, o PCP considerava “inaceitável que os vereadores e os deputados municipais tenham tido conhecimento deste memorando apenas pelo convite para a cerimónia de assinatura”.
Os comunistas criticam a forma e o conteúdo do memorando: “é ao Governo que cabe assegurar uma Carris pública, de qualidade, ao serviço dos trabalhadores e da população da cidade e da região de Lisboa”. E acrescentam que a “municipalização” tem sido “o primeiro passo para a concessão dos transportes a privados”.
No Facebook, o deputado João Ferreira vai mais longe, questionando os números da operação. Diz o também vereador da Câmara (João Ferreira foi o candidato da CDU às autárquicas de 2013) que os “sinais não são tranquilizadores”.
“A Câmara havia já difundido amplamente que inscrevera no orçamento para 2017 uma rubrica de 15 milhões de euros, tendo em vista a passagem da Carris para a sua responsabilidade. Para termos uma noção de escala, refira-se que os custos de exploração da empresa em 2014 (último ano com contas disponíveis) foram superiores a 100 milhões de euros. Já ficamos a saber pela voz do Presidente da Câmara que (assim as coisas dependam da sua ação) não se espera a resolução dos problemas dos transportes públicos na cidade no horizonte de uma década. Agora impõe-se a pergunta: e quem os vai pagar?”.
Esta manhã, Fernando Medina explicou como pretende pagar o transporte público da cidade: “tomámos já a decisão de alocar a receita do estacionamento, alocar as receitas das multas, alocar as receitas do imposto de circulação, e alocaremos as receitas que forem necessárias para desenvolvermos a nossa estratégia para o transporte público da cidade, sempre com um pressuposto: as empresas não voltarão às dívida históricas do passado, mas as empresas também não voltarão à situação crónica de subfinanciamento que fez deteriorar a situação”.
Na operação de “municipalização” da Carris, o Estado fica com a dívida da Carris de 700 milhões de euros. Para António Costa, “o Estado não faz nenhum favor, porque mantém-se responsável pelo que já é responsável, que é a dívida que criou”.
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