Petrobras vende ativos à Total. A Galp ganha com isso?

Petrobras vendeu à Total ativos petrolíferos onde a Galp também detém interesses. O negócio é positivo para a petrolífera portuguesa?

A Petrobras vendeu à francesa Total participações nos campos petrolíferos brasileiros da Lapa e Iara, onde a Galp detém interesses, no âmbito de uma negócio mais amplo que resulta do acordo de parceria entre as duas petrolíferas e que vai beneficiar a operação da cotada portuguesa no pré-sal, de acordo com os analistas.

“O negócio é estrategicamente positivo porque estes ativos chave revelam capacidade para atrair mais investimento internacional que podem melhorar as condições de crédito, acrescentando valências de investigação e desenvolvimento que podem ser um driver nos custos de eficiência a médio prazo e representar uma melhoria das taxas de recuperação“, justificam os analistas do BPI numa nota de análise ao negócio.

A equipa do Haitong concorda: “É positivo para a Galp e para a Repsol que um grande player como a Total reforce a sua presença no pré-sal brasileiro e especialmente que se torne num parceiro nos blocos 9 e 11. (…) pensamos que, de uma perspetiva estratégica, a presença da Total nestes blocos irá trazer valor para a avaliação, desenvolvimento e produção”.

As ações da Galp Energia perdem pelo segundo dia, seguindo a cair 0,14% para 14,085 euros na bolsa portuguesa. Acumula um ganho de 30% desde o início do ano, o terceiro melhor desempenho no PSI-20 em 2016.

"É positivo para a Galp e para a Repsol que um grande player como a Total reforce a sua presença no pre sal brasileiro e especialmente que se torne num parceiro nos blocos 9 e 11. Pensamos que, de uma perspetiva estratégica, a presença da Total nestes blocos irá trazer valor para a avaliação, desenvolvimento e produção.”

Haitong

Nota de investimento

Tanto BPI como Haitong assumem dificuldades em avaliar com profundidade o real mais-valia da operação para a petrolífera portuguesa liderada por Carlos Gomes da Silva, dado que o negócio entre a Petrobras e a Total envolve outras componentes para lá da venda de participações em campos do pré-sal brasileiro.

“Sublinhamos que é muito complicado fazer uma avaliação precisa deste negócio em função das posições detidas pela Repsol e Galp dado que a transação inclui ainda outros ativos”, refere o Haitong.

Em concreto, a Total vai comprar:

  • 22,5% de participação na zona de Iara (campos Sururu, Berbigão e Oeste de Atapu) no Bloco BM-S-11, onde a Galp detém um interesse indireto de 10%, mantendo-se a Petrobras como operador, assegurando uma posição de 42,5%;
  • 35% no campo da Lapa, no Bloco BM-S-9, com a transferência da operação para a Total; a Petrobras fica com uma posição de 10%.

Por seu turno, a Petrobras:

  • fica com uma opção para adquirir uma participação de 20% no bloco 2 da zona mexicana de Perdido Foldbelt, no Golfo do México, adquirido pela Total em parceria com a Exxon;
  • vai partilhar a utilização do terminal de regasificação da Bahia, com capacidade para 14 milhões de m3/dia;
  • estabelece uma parceria, com uma posição de 50% da Total, nas unidades termais Rômulo de Almeida e Celso Furtado, localizados na Bahia, com capacidade de geração de energia de 322 MW.

No total, a petrolífera francesa vai pagar à Petrobras 2,2 mil milhões de dólares (aproximadamente 2,1 mil milhões de euros), através de numerário, capital contingente e investimentos.

O Haitong avalia 100% da Lapa em 3,5 mil milhões de dólares e Iara (onde a Galp tem operações) em 1,8 mil milhões de dólares. O BPI, na nota assinada por Bruno Silva, finaliza o comentário dizendo que, “tudo considerado, não parece que a Petrobras tenha uma avaliação realmente rica das suas gemas”. “Mas acreditamos os números redondos não são necessariamente desencorajadores para as avaliações da Galp e Repsol, em função da informação disponível até ao momento”.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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