Cinco soluções para o seu bolso em 2017
Desde o mercado acionista norte-americano, passando pela exótica moeda indiana ou por uma habitação em Lisboa. Temos cinco soluções para o seu bolso ao longo do próximo ano.
A eleição de Donald Trump mudou quase tudo nos mercados globais nas últimas semanas de 2016 e vai continuar a influenciar os fluxos financeiros ao longo de 2017. Apostar nos EUA? Sim, mas não nas obrigações. O plano orçamental que o Presidente eleito vai implementar traz consigo perspetivas para engordar o setor empresarial norte-americano (e os dividendos), sobretudo o mais exposto às infraestruturas.
Também valerá a pena olhar para os ativos nas economias emergentes, exigindo-se seletividade no mercado obrigacionista e cambial. Nos metais, o ouro vai estar nos industriais. E por que não investir no mercado imobiliário nacional? Temos cinco soluções para tirar a nota do seu bolso e investir ao longo do próximo ano.
Trump coloca ações dos EUA no mapa
Trump na Casa Branca foi um verdadeiro golpe de teatro para os mercados. Não só porque ninguém previu a sua eleição mas sobretudo porque ninguém estava verdadeiramente à espera do que viria a acontecer nos mercados nas semanas que se seguiram às eleições norte-americanas. Foi ver os investidores despacharem obrigações em massa em direção aos mercados acionistas americanos, deixando os principais índices em máximos históricos. E para os analistas, Wall Street ainda tem margem para representar o American Dream para os investidores.
“As expetativas para uma ‘grande rotação’ com a saída das obrigações rumo às ações (…) apresenta hoje um cenário macroeconómico mais positivo, que poderá servir como catalisador para os investidores abraçarem ativos mais arriscados”, assume a BlackRock. “Os nossos indicadores que avaliam o apetite pelo risco estão em baixo, apontando para mais subidas nos ativos de risco se os investidores quiserem colocar o seu dinheiro a render ainda mais”, acrescenta.
Dow Jones a caminho dos 20.000 pontos
A alimentar esta rotação está sobretudo a ideia de que o plano de estímulos orçamentais de Trump, associado a um sentimento de “American First”, vai beneficiar o setor empresarial norte-americano. O Presidente eleito pretende aumentar a despesa do Governo em obras públicas e quer baixar os impostos às empresas. Quem ganha com a reflação?
Os especialistas de investimento do Credit Suisse destacam ações orientadas para o “setor das infraestruturas, nomeadamente da construção e indústria exposta à construção”. Os analistas do banco suíço esperam que o lucro das empresas do S&P 500 cresça 12,4% em 2017, segundo uma estimativa da Reuters.
Quanto à Europa, o banco está globalmente neutro: “O euro fraco e a reflação global são fatores positivos para o setor exportador e cíclico mas estamos cautelosos quanto ao risco político e comercial”.
O emergente mercado dos emergentes
Depois das ondas de choque resultantes do voto norte-americano em Trump terem afetado fortemente os mercados emergentes, 2017 surge como ano de oportunidades. Há muitas razões para isso, dizem os analistas. “Temos visto de forma consistente que quando o crescimento económico nos EUA é acompanhado de uma subida dos juros, os ativos dos mercados emergentes podem prosperar, especialmente as ações”, refere o Goldman Sachs.
A BlackRock acrescenta que as economias dos mercados emergentes deverão assumir uma retoma sólida no próximo ano. “Parte da recuperação dos mercados emergentes resulta do enfraquecimento das recessões na Rússia e no Brasil. O crescimento chinês está a estabilizar e a fome por matérias-primas vai ajudar os exportadores expostos aos mercados emergentes”, explica a gestora de fundos. Resumindo: “Os ativos dos mercados emergentes estão bem posicionados para contribuir para a rentabilidade dos portfolios, apesar dos desafios como as tensões em torno do comércio global ou a inconstante confiança dos investidores”.
"Os ativos dos mercados emergentes estão bem posicionados para contribuir para a rentabilidade dos portfolios, apesar dos desafios como as tensões em torno do comércio global ou inconstante confiança dos investidores.”
Em específico, os mercados obrigacionistas da “Argentina, Brasil e Indonésia estão entre os nossos preferidos”, dizem os analistas do Credit Suisse. “Os investidores que consigam tolerar o risco cambial também devem considerar obrigações dos mercados emergentes em moeda local, que podem fornecer rendimentos de mais de 6%”, salientam.
Se pretende comprar obrigações dos emergentes em moeda local, o Credite Suisse prefere o mercado de dívida brasileiro. “Acreditamos que a moeda está bem suportada” e pode ser uma boa estratégia de carry trading — estratégia de investimento que consiste em pedir dinheiro emprestado num país com baixas taxas de juro para investir em ativos de outro país onde as taxas são mais elevadas.
A paridade entre o euro e o dólar até à primavera
No cambial, o destaque pleno vai para o dólar. Os analistas do Société Générale comparam a ascensão da nota verde a Ícaro, que um dia voou demasiado perto do Sol e caiu porque as asas derreteram com o calor. “O dólar também está a voar demasiado alto, suportado por um forte crescimento económico dos EUA e do aperto da política monetária da Fed”, diz o banco francês, antecipando a paridade do dólar com o euro até à primavera, mas acabará, depois, por voltar a afastar-se deste patamar. “Com a força do dólar e a incerteza política na Europa, um superação temporária do dólar é uma possibilidade”.
O regresso do rei dólar
Também os estrategos do Goldman Sachs estimam uma subida de 10% do dólar face ao euro e à libra. “Desde o aumento da probabilidade de haver estímulo orçamental, à intensificação do protecionismo e controlos de imigração”, há um sem número de fatores que vão continuar a trabalhar para igualar a nota verde à moeda única. “Na Europa, a atual incerteza sobre o processo do Brexit deve pesar na libra, enquanto a vaga de eleições legislativas em França, Alemanha e Holanda vão pressionar o euro”, explica a equipa de analistas do Goldman.
"Na Europa, a atual incerteza sobre o processo do Brexit deve pesar na libra, enquanto a vaga de eleições legislativas em França, Alemanha e Holanda vão pressionar o euro.”
Nos emergentes, tanto o Goldman Sachs como o Credit Suisse e o Société Générale recomendam a aposta no bom desempenho do rublo russo. Rupia indiana, rupia indonésia, peso chileno e o rand sul-africano também fazem parte do cabaz de moedas destes bancos de investimento, alertando para um eventual mau desempenho de moedas mais sensíveis às políticas de Trump como o peso mexicano ou o won coreano.
O ouro vai estar nos metais industriais
Esqueça os metais preciosos, dizem os analistas do ABN Amro. “Os preços do ouro caíram abaixo dos 1.200 dólares com a reflação de Trump e os preços da prata e platina caíram ainda mais. Esperamos que o ouro enfraqueça para os 1.100 dólares em 2017, embora os preços devam recuperar em 2018. A prata e a platina deverão acompanhar os preços do ouro, embora a platina seja mais resiliente”, refere a analista Georgette Boele.
Em troca, o mercado das matérias-primas oferece oportunidades no metais industriais, como o cobre ou alumínio. “A China representa quase metade da procura mundial por metais industriais. A procura chinesa proveniente dos projetos de infraestruturas e construção tem sido robusta este ano (…). A indústria automóvel também parece forte”, refere a equipa da MetalMiner, que antecipa um cenário de “bull market” para metais como o zinco, estanho e níquel, em virtude da escassez de oferta que o mercado apresenta atualmente, e também o cobre.
"A China representa quase metade da procura mundial por metais industriais. A procura chinesa proveniente dos projetos de infraestruturas e construção tem sido robusta este ano (…). A indústria automóvel também parece forte.”
“Os touros correm atrás do cobre. A oferta de metal vermelho não afundou, na verdade, mas a combinação de uma procura robusta com a necessidade de longa data de novos projetos de cobre que comecem a produzir está a criar as condições perfeitas para uma pressão nos preços”, justifica esta casa especializada no mercado de metais.
Imobiliário volta a mexer com habitação
Nos EUA, os analistas esperam mais uma ano forte na indústria do imobiliário. Os millennials deverão alimentar boa parte da procura norte-americana e as boas perspetivas para a economia vêm acompanhadas com alguma desregulação no setor financeiro, criando ventos favoráveis para o imobiliário de habitação, segundo a PWC. Investimentos em cidades como Los Angeles, San Diego, San Francisco Bay Area, Seattle, Denver, Miami ou Nova Iorque deverão apresentar retornos apetecíveis.
Em Portugal, a procura de habitação deverá continuar fortalecer o mercado imobiliário. Os últimos dados estatísticos conferem sinais de robustez na retoma nacional: os preços da habitação aumentaram 7,6% no terceiro trimestre, o maior crescimento de sempre, impulsionados sobretudo pelo crescimento dos preços dos alojamentos existentes.
De acordo com as perspetivas do Confidencial Imobiliário (CI), os preços das habitações deverão crescer cerca de 4% ao ano nos próximos cinco anos a nível nacional. É em Lisboa onde a inflação das casas mais deve acelerar nos próximos tempos.
Preços da habitação em níveis de 2011
“A melhoria contínua no mercado de trabalho” e as últimas estimativas de crescimento “mostram que a economia portuguesa ganhou uma dinâmica expressiva no terceiro trimestre, expandindo-se ao ritmo trimestral mais rápido dos últimos três anos”, explica Simon Rubinsohn, economista sénior do RICS, que elabora o inquérito sobre a habitação para o CI. Em relação ao mercado de arrendamento, com as rendas a subirem há 18 meses consecutivos, os agentes antecipam um ligeiro arrefecimento da procura.
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