China apela à Alemanha que abra portas às empresas chinesas

  • Lusa
  • 3 Novembro 2016

Depois do veto à entrada por uma empresa chinesa na Alemanha por razões de "segurança nacional", Li Keqiang apela a Sigmar Gabriel que dê "um sinal claro contra o protecionismo".

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou na quarta-feira ao ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, para que facilite o investimento de empresas chinesas na Alemanha, depois de Berlim ter vetado uma compra por uma empresa chinesa.

Durante um encontro em Pequim, Li afirmou que os dois países deviam impulsionar a liberalização e facilitar o comércio e o investimento, para enviar “um sinal claro contra o protecionismo”, segundo a agência oficial Xinhua. A visita de Gabriel à capital chinesa ocorre após o Executivo alemão ter impedido a aquisição da Aixtron, empresa do setor tecnológico, por um grupo chinês, “por razões de segurança nacional”.

Berlim está agora a analisar a proposta de investidores chineses pela divisão de lâmpadas da empresa alemã Osram, o segundo maior fabricante do mundo de dispositivos de iluminação.

Pequim espera que as recentes investigações sejam “uma exceção” e que a Alemanha assegure um ambiente “justo” para as empresas chinesas, assinalou na quarta-feira o porta-voz do ministério chinês do Comércio, Shen Danyang, em conferência de imprensa.

“A China abrirá de forma mais ampla as portas ao mundo e receberá com agrado o aumento do investimento por parte das firmas dos dois países”, afirmou, por seu lado, Li Keqiang.

A Alemanha é o segundo maior destino do investimento chinês na Europa, ultrapassada apenas pelo Reino Unido. Portugal é o quarto, logo a seguir à França.

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Ouro valoriza para máximos de um mês com incerteza chamada Trump

Trump é o maior inimigo do risco, consideram investidores. Com a incerteza em relação à vitória de Clinton, mercado refugia-se no ouro.

Os diamantes estão para as mulheres (dizem que são os melhores amigos delas) como o ouro está para os investidores mais sensíveis ao risco. Com a aproximação das eleições norte-americanas e a incerteza quanto ao próximo presidente dos EUA, a tendência natural de muitos investidores tem sido esta: fugir ao mercado acionista e refugiar-se no metal amarelo.

“A qualidade de seguro do ouro tem sido aproveitada durante algum tempo”, referia Wayne Gordon, analista de commodities do UBS, à Bloomberg. “Se Donald Trump for eleito na próxima semana, penso que o ouro poderá rondar os 1.400 dólares. Se Hillary Clinton vencer, o ouro deverá cair entre 20 dólares e 30 dólares”, acrescentou o responsável.

A onça do ouro chegou a avançar esta quinta-feira pela sexta sessão seguida. Valorizou 0,78% até aos 1.306,87 dólares, embora apresentasse há momentos uma queda de cerca de 0,22%, num movimento de ligeira correção que se segue após a cotação ter atingido o valor mais elevado do último mês.

Onça atinge pico de um mês

Fonte: Bloomberg (Valores em dólares por onça)
Fonte: Bloomberg (Valores em dólares por onça)

Para o mercado, a opção Trump na Casa Branca não é encarada com bons olhos. Há o receio de que a sua presidência represente um risco para o comércio mundial que possa afetar o crescimento económico.

"Se Donald Trump for eleito na próxima semana, penso que o ouro poderá rondar os 1.400 dólares. Se Hillary Clinton vencer, o ouro deverá cair entre 20 dólares e 30 dólares.”

Wayne Gordon

Analista de commodities do UBS

Com a vitória de Trump “deveremos assistir a uma onda de aversão ao risco”, dizia Daniel Hynes, estratego da Australia & New Zealand Banking. “Os preços do ouro já se movimentaram para cima à medida que o resultado da eleição se tem tornado menos claro. Assumindo que as sondagens vão continuar a mostrar resultados apertados, os preços do ouro deverão continuar a subir”, reforçava Hynes.

Outros metais preciosos acompanhavam a valorização do ouro. Era o caso da prata. Também corrigia há momentos do ponto mais alto num mês, após ter apresentado 11 sessões de ganhos em 14 sessões. A onça da prata estava, ainda assim, a cotar-se nos 18,2328 dólares.

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Uma das mais poluentes centrais elétricas da Austrália vai fechar

  • Lusa
  • 3 Novembro 2016

É uma das centrais elétricas mais poluentes do país, alimentada a carvão. Cerca de 500 pessoas deverão perder o emprego com o fecho das portas.

Uma das mais poluentes centrais de produção de energia elétrica da Austrália vai ser encerrada, anunciou hoje o proprietário, num gesto aplaudido pelos ambientalistas.

A Hazelwood, central de produção de eletricidade alimentada a carvão, em Latrobe Valley, no estado de Victoria, vai fechar no próximo mês de março depois de o gigante da energia francês Engie ter decidido que a unidade já não é viável.

Cerca de 500 pessoas deverão perder o emprego quando a unidade fechar portas, enquanto outras 250 devem permanecer até 2023 para tratar do desmantelamento da central de lenhite e da reabilitação da mina adjacente. A Engie indicou que também procura vender a central de Loy Yang B, igualmente alimentada a carvão, e a central de produção de eletricidade movida a gás.

“A Hazelwood tem atualmente mais de 50 anos. Tem sido um maravilhoso contribuidor para o mercado de eletricidade nacional, mas agora atingiu um ponto em que não é mais viável” economicamente, afirmou o presidente executivo da Engie na Austrália em comunicado. “A Engie na Austrália precisaria de investir muitas centenas de milhões de dólares para garantir uma operação viável e acima de tudo continuamente segura. Dadas as atuais condições e previsões do mercado, esse nível de investimento não se justifica”.

"É um momento-chave na transição para aquilo que já está em curso – a mudança para energias ‘limpas’.”

Kelly O'Shanassy

Fundação para a Conservação Australiana

A Hazelwood – que fornece um quinto (22%) das necessidades energéticas do estado de Victoria e a 4% das da Austrália – é detida pela Engie (72%) e pela empresa japonesa Mitsui (28%).

Paris indicou, no final do ano passado, que a Engie – parcialmente detida pelo governo francês – iria parar de investir no desenvolvimento de centrais alimentadas a carvão, a maior fonte das emissões de dióxido de carbono. A lenhite (carvão castanho) é mais poluente do que o carvão preto, pelo que os ambientalistas aplaudem a medida.

“A Hazelwood é uma das centrais mais poluentes da Austrália e uma das poluentes do mundo”, disse a chefe executiva da Fundação para a Conservação Australiana, Kelly O’Shanassy. “”, frisou, considerando que a política energética da Austrália se encontra agora nessa “encruzilhada”.

O governo federal revelou um pacote de apoio aos trabalhadores de 43 milhões de dólares australianos (29,6 milhões de euros) que se soma a um outro, de 22 milhões de dólares (15,1 milhões de euros) do governo do estado.

Quase dois terços (63%) da energia elétrica na Austrália é gerada a partir do carvão, segundo dados oficiais de 2014-15.

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Desigualdade de salários: Mulheres trabalham 61 dias grátis por ano

  • Lusa
  • 3 Novembro 2016

"Seria como se a partir de 1 de novembro as mulheres deixassem de ser remuneradas pelo seu trabalho, enquanto os homens continuavam a receber até ao final do ano".

As mulheres portuguesas trabalham, em média, mais 61 dias por ano sem remuneração, em comparação com os homens, apesar dos progressos conseguidos em termos de habilitações académicas e experiência profissional.

Esta é a conclusão da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), que hoje assinala o Dia Europeu pela Igualdade Salarial, e pretende alertar para o número de dias em que as mulheres trabalham, por comparação com os homens, sem remuneração.

De acordo com os dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social (GEP-MTSS), os salários médios das mulheres são inferiores em 16,7% aos dos homens, o que corresponde a menos 61 dias de trabalho remunerado.

Ou seja, de acordo com a CITE, “seria como se a partir de 1 de novembro as mulheres deixassem de ser remuneradas pelo seu trabalho, enquanto os homens continuavam a receber o seu salário até ao final do ano”.

Apesar de a diferença salarial entre géneros ter diminuído de 17,9% para 16,7%, entre 2013 e 2014, as desigualdades salariais persistem entre homens e mulheres. “Uma das principais razões para esta redução terá sido o aumento do salário mínimo nacional, em outubro de 2014, uma vez que a proporção de mulheres abrangidas pelo salário mínimo é consideravelmente superior à dos homens”, destaca a CITE.

No entanto, a Comissão chama a atenção para o facto de esta “desvalorização salarial ocorrida em 2014 poder também ter contribuído para a redução da disparidade salarial de género, por ter incidido com maior acuidade nos salários dos homens, tendencialmente mais elevados”.

A este propósito, os dados apontam que a remuneração média mensal base dos homens diminuiu 0,9% em 2014, o equivalente a menos 9 euros por mês, face ao ano anterior, enquanto a das mulheres sofreu uma redução de 0,5%, ou seja, menos 4 euros por mês.

A CITE estima, contudo, que “o acordo relativo à atualização do salário mínimo nacional, com efeitos desde 1 de janeiro de 2016, possa ter um impacto positivo do ponto de vista da redução da disparidade salarial de género”.

Já ao nível europeu, dados da Comissão Europeia (CE) indicam que o salário médio por hora das mulheres na Europa é 16,7% mais baixo do que o dos homens, ou seja, “as mulheres trabalham de graça durante 16% do ano”. A CE adverte que “ao ritmo atual, as disparidades salariais entre homens e mulheres estão a diminuir tão lentamente que até 2086 as mulheres não auferirão o mesmo que os homens”.

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Revista de imprensa internacional

  • Marta Santos Silva
  • 3 Novembro 2016

Desde o centro de Madrid sem carros ao Comité Central do Partido Comunista Chinês, passando pelo ambiente de trabalho em França e pelo Brexit, saiba as notícias do dia no mundo.

Enquanto no Reino Unido, com o Brexit, e nos Estados Unidos, com a polémica à volta das investigações do FBI à família Clinton, os assuntos são os do costume — mesmo que as notícias sejam fresquinhas — há surpresas acerca do Facebook e destroem-se ideias feitas sobre o trabalho em França nos jornais estrangeiros desta manhã. Saiba tudo aqui.

Financial Times

Facebook cai 8% após avisos de abrandamento do crescimento

O anúncio de quarta-feira de que a maior rede social do mundo tinha fechado o terceiro trimestre com lucros recordistas não foi suficiente para impedir as ações da empresa de caírem 8% fora de horas, escreve o Financial Times. O CFO do Facebook, David Wehmer, foi quem deu o impulso à queda ao anunciar que o crescimento dos lucros com a publicidade deveria descer “significativamente” a partir de meados de 2017, à medida que a empresa chegaria aos limites máximos da quantidade de anúncios que é capaz de mostrar no site. Leia a notícia completa no Financial Times. (Conteúdo em inglês / Acesso pago)

The Guardian

Tribunal vai decidir se Governo inglês pode iniciar Brexit

É esta quinta-feira que o Alto Tribunal (High Court, no original) britânico vai anunciar a sua decisão: será que o Governo de Theresa May tem a autoridade constitucional de dar início à saída da União Europeia, acionando o Artigo 50 do Tratado de Lisboa que começa o processo? O princípio do processo está apontado para março do próximo ano, mas é possível que a decisão de hoje ponha um travão nos planos de May, visto que pode significar que o Governo vai ter de ir ao Parlamento procurar a aprovação necessária. Leia a notícia completa no The Guardian. (Conteúdo em inglês / Acesso gratuito)

El País

Madrid prevê encerrar o trânsito no centro a não-residentes

Para reduzir o número de automóveis no centro da capital espanhola, a Câmara Municipal liderada pela presidente Maria Carmena prevê encerrar o trânsito a não-residentes em certas zonas da cidade e, noutras, permitir apenas aos residentes o estacionamento nas ruas. A Câmara de Madrid também propõe limitar a velocidade numa das principais artérias da cidade a 70 quilómetros por hora. O objetivo? Reduzir os níveis de poluição aos exigidos pela União Europeia. Leia a notícia completa no El País. (Conteúdo em espanhol / Acesso gratuito)

South China Morning Post

Novas regras do partido comunista chinês apelam a poderosos que se denunciem uns aos outros

As novas regras emitidas no final do dia de quarta-feira pelo Partido Comunista Chinês apertam o cerco aos seus próprios altos quadros, e pede aos membros do Comité Central que denunciem aqueles cujo comportamento não corresponder às regras. O líder do partido e chefe de Estado chinês Xi Jingping explicou que os membros do Comité devem dar o exemplo da melhor conduta política. Leia a notícia completa no South China Morning Post. (Conteúdo em inglês / Acesso gratuito)

Le Figaro

Os trabalhadores adoram a empresa e os colegas, mas não os chefes

Um inquérito massivo realizado em França a mais de 100 mil pessoas demonstrou, contra “a ideia feita”, escreve o Le Figaro, que os trabalhadores franceses gostam do seu trabalho e da sua profissão. “69% dos trabalhadores gostam da sua empresa e 55% dos funcionários públicos gostam da sua administração”, concluiu o inquérito. Em geral também gostam dos colegas. A preocupação prende-se mais com os chefes: quase um terço já teve vontade de agredir o superior, dois terços acreditam que fariam o trabalho de forma igual sem chefe, e 59% acham que os superiores “não se preocupam com o bem-estar” dos empregados. Leia a notícia completa no Le Figaro. (Conteúdo em francês / Acesso gratuito)

The Wall Street Journal

FBI terá aberto investigação à Fundação Clinton com base em “gravações secretas”

Depois das críticas ferozes de Barack Obama ao FBI por ter reaberto o inquérito aos emails de Hillary Clinton a poucos dias da eleição presidencial norte-americana, quando “o destino do mundo está no fio da navalha”, agora uma notícia do Wall Street Journal promete pôr as secretas dos EUA sob ainda mais escrutínio: a investigação à Fundação Clinton, que começou em agosto de 2015, terá sido iniciada com base em gravações secretas de um suspeito que falava sobre a instituição. Segundo fontes que falaram ao WSJ, houve grandes disputas internas acerca do assunto visto que alguns consideravam que o caso não tinha credibilidade. Leia a notícia completa no Wall Street Journal. (Conteúdo em inglês / Acesso pago)

Notícia corrigida às 12.00 para eliminar confusão entre o Supremo Tribunal do Reino Unido e o High Court ou Alto Tribunal do Reino Unido.

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Familiares dos funcionários públicos vão contribuir para a ADSE

A alteração ocorre no próximo ano, quando o subsistema de saúde da função pública passar a ser um instituto público de gestão participada.

Os familiares dos funcionários públicos que queiram beneficiar da ADSE vão ter de pagar uma contribuição, avança esta quinta-feira o Público, que teve acesso ao decreto-lei que cria o instituto público da ADSE.

A mudança vai acontecer, precisamente, quando o subsistema de saúde da função pública passar a ser um instituto público de gestão participada; se tudo correr como previsto, a 1 de janeiro de 2017. A partir daí, os cônjuges, filhos e pais dos funcionários públicos que agora têm acesso à ADSE se qualquer contribuição, passam a ter de pagar para poderem aceder aos cuidados de saúde comparticipados pelo Estado.

O Governo alarga, assim, o leque de receitas da ADSE, passando a contar não só com as contribuições dos familiares dos funcionários públicos, como com as prestações de serviços realizadas pela ADSE para outras entidades públicas. Entre estes serviços estão a verificação domiciliária da doença e a realização de juntas médicas a pedido das entidades empregadoras.

Ainda não é conhecida a forma como a contribuição se vai aplicar, o seu valor e o universo abrangido. Estes detalhes deverão ficar definidos num diploma próprio. Mas o Jornal de Negócios avança, esta manhã, que os novos descontos “só se aplicam a novas adesões de familiares”. Segundo explica ao mesmo jornal o diretor-geral da ADSE Carlos Liberato Baptista, os familiares que já são beneficiários do sistema continuarão isentos.

Podem ser beneficiários da ADSE os filhos dependentes de até 26 anos, os cônjuges que não exerçam atividade no privado, não sejam aposentados e não estejam a receber subsídio de desemprego, e os pais que estejam a cargo do beneficiário titular.

Da nova lista de receitas da ADSE, refere ainda o Público, não consta a contribuição das entidades empregadoras, uma reivindicação dos sindicatos.

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Bolsa volta a cair após pior sessão em dois meses

Ações da EDP Renováveis cediam momentos depois de ter apresentado ao mercado um afundanço de 71% dos lucros até setembro. Pressão vendedora mantém-se sobre o índice nacional.

Depois da pior sessão em dois meses, o PSI-20, o principal índice português, abriu a sessão desta quinta-feira a perder 0,18% para 4.539,97 pontos. Apenas cinco cotadas nacionais apresentavam ganhos no arranque. Do lado que pressionava o índice estavam sobretudo as ações dos pesos-pesados nacionais — Galp, Jerónimo Martins, EDP e EDP Renováveis –, que registavam quedas na ordem dos 0,5%.

No caso da empresa de energias renováveis liderada por Manso Neto, esta evolução negativa surge depois de ter apresentado uma queda de 71% dos lucros para 29 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. Altri, Cofina e EDP também prestam hoje contas ao mercado após o fecho da bolsa.

PSI-20 soma perdas esta semana

Fonte: Bloomberg (Valores em pontos)
Fonte: Bloomberg (Valores em pontos)

“Para a Altri, o BPI Equity Research estima receitas no valor de 158 milhões de euros, um EBITDA de 39 milhões e um resultado líquido de 18 milhões. Relativamente à Cofina, as previsões são de 24 milhões, 3,4 milhões e 1,3 milhões, respetivamente. Para a EDP, as estimativas apontam para um EBITDA de 856 milhões e um resultado líquido de 175 milhões, o que representa um crescimento face ao período homólogo de 2015”, resumiam os analistas do BPI no seu comentário no Diário de Bolsa.

" Para a EDP, as estimativas apontam para um EBITDA de 856 milhões e um resultado líquido de 175 milhões, o que representa um crescimento face ao período homólogo de 2015.”

Analistas do BPI

Diário de Bolsa

No setor financeiro, nota ainda para as ações do BCP. Desciam ligeiros 0,1% para 1,20 euros, depois de o banco ter anunciado ontem o adiamento da apresentação de resultados de 7 para 9 de novembro pois no dia 8 há assembleia geral de acionistas que vai decidir o aumento do limite de votos e ainda o alargamento do conselho de administração para permitir a entrada dos chineses da Fosun no capital do banco português.

Lá por fora, também os principais índices europeus mantinham tendência negativa no início da manhã, depois de uma quarta-feira negra nas bolsas com dois fatores de pressão: incerteza nas eleições norte-americanas e queda acentuada dos preços do petróleo. O DAX-30 perdia 0,3%, ao mesmo tempo que o IBEX-35 e o FTSE MIB cediam ambos 0,4%. Paris escapava às perdas.

“A incerteza política nos EUA continua forçar os investidores a reformularem as suas expectativas em relação às eleições presidenciais e a reposicionarem as suas carteiras”, diziam os analistas do BPI.

(Notícia em atualizada às 8h25 com mais informação)

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Indianos oferecem 180 milhões de euros pela farmacêutica portuguesa Generis

Indianos da Aurobindo querem comprar a farmacêutica portuguesa Generis por 180 milhões de euros. Mas há mais interessados.

A farmacêutica indiana Aurobindo está interessada na aquisição da Generis, uma farmacêutica portuguesa com sede na Amadora, por cerca de 180 milhões de euros (cerca de 200 milhões de dólares), segundo avança esta quinta-feira o jornal indiano The Economic Times.

O negócio para a compra da Generis em cima da mesa há já alguns meses, mas o grupo indiano não está sozinho na corrida porque há mais interessados na aquisição da empresa portuguesa. “O resultado final não é muito claro”, adiantou uma fonte próxima do processo ao jornal económico indiano.

O ECO tentou contactar a Generis, mas sem sucesso.

A Generis tem sede na Venda Nova, na Amadora, com presença no desenvolvimento de medicamentos genéricos na área dos anti-infecciosos, respiratórios, antidiabéticos e dermatológicos, além de prestar serviços de produção e análise na indústria farmacêutica. Segundo o Economic Times, a empresa portuguesa registou vendas de aproximadamente 54 milhões de euros (cerca de 60 milhões de dólares) em 2015.

A Aurobindo está entre as farmacêuticas indianas que pretende crescer por via da aquisição de operações internacionais. Há dois anos, a Aurobindo adquiriu o negócio europeu da Actavis, mas pretende manter expansão na Europa.

Numa apresentação recente aos investidores, a companhia indiana referiu que a baixa penetração de genéricos em Itália, Espanha e França oferece um potencial de crescimento à medida que os medicamentos considerados de marca branca começam a ganhar cada vez mais aceitação.

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Três gestores da CGD vão mesmo ter de declarar rendimentos ao TC

  • ECO
  • 3 Novembro 2016

Os três administradores da Caixa que o Governo escolher para gerir a Caixa Geral de Aposentações vão mesmo ter de prestar contas ao Tribunal Constitucional.

Há três administradores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que vão mesmo ter de declarar os rendimentos ao Tribunal Constitucional (TC). São os mesmos três — ainda não nomeados — que irão liderar a Caixa Geral de Aposentações (CGA), que está sem direção desde que a equipa de António Domingues tomou posse.

A notícia é avançada pelo Público, que esclarece que o Governo vai ter de escolher, entre os membros do conselho de administração da CGD, três membros para o conselho diretivo da CGA. Estes três, que enquanto administradores da CGD se recusam a prestar contas, vão mesmo ter de apresentar a sua declaração de rendimentos, património e cargos sociais ao TC, enquanto gestores da CGA.

Isto porque, ainda que não sejam abrangidos pelo Estatuto do Gestor Público, graças às alterações feitas este ano pelo Governo, serão abrangidos pelo estatuto de administrador de um instituto público, como é o caso da CGA. Além disso, a lei orgânica da CGA deixa claro que os membros do seu conselho diretivo estão abrangidos pela lei-quadro dos institutos públicos em tudo o que não esteja previsto na própria lei orgânica.

A CGA está sem direção desde que o novo conselho de administração da CGD tomou posse, uma vez que o mandato da direção da CGA caduca automaticamente com a cessação das funções na CGD. António Domingues tomou posse como presidente da Caixa no último dia de agosto. Mas até se pode recuar mais: Nuno Fernandes Thomaz, o último presidente da CGA, renunciou ao cargo no fim de maio, acabando por cumprir o mandato até junho. Nunca foi substituído, pelo que o conselho diretivo da CGA está há quatro meses sem presidente.

Neste momento, segundo o Público, a gestão da CGA está a ser assegurada por uma direção de apoio, constituída por seis elementos, sendo Serafim Ribeiro Amorim o diretor central. Esta direção está a assegurar a “gestão do regime de segurança social do funcionalismo público em matéria de pensões”, diz ao Público Eugénio Rosa, representante da Frente Comum no conselho consultivo da CGA.

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Startups portuguesas despertam mais interesse nos media: deram mais de 6600 notícias

A que mais beneficiou da onda de interesse pelo empreendedorismo nacional foi a Farfetch. Empresa de marcas de luxo, que vende para todo o mundo, foi a mais noticiada de todas as startups portuguesas.

No primeiro ano de Web Summit em Portugal — o evento começa daqui a uma semana –, as startups nacionais têm ganho protagonismo nos media. A que mais beneficiou da onda de interesse por empreendedorismo foi a Farfetch. A empresa de marcas de luxo, que vende para todo o mundo, foi a mais noticiada de todas as startups portuguesas, de acordo com um ranking feito pela Cision em parceria com a Corpcom, que contabilizou 6694 notícias relativas às 50 startups que integram o ranking.

Os meios de comunicação social publicaram 772 notícias sobre a Farfetch, num total de quase duas mil notícias publicadas. A Uniplaces, com 683, ocupa o segundo lugar do ranking, seguida da Science4You, com 475. As três empresas perfazem assim um total de mais de 2200 notícias no período analisado.

A Cision explica que o “objeto do estudo foram todas as notícias veiculadas, no espaço editorial português, em mais de 2000 meios de comunicação social, no período temporal compreendido entre 1 de janeiro e 26 de outubro de 2016, num total de mais de 4 milhões de artigos analisados”.

O top 15 é completado por empresas como o Tradiio, Seedrs, Chic By Choice e a Nutriventures. Neste estudo foram consideradas as startups que vão estar presente no Web Summit, na próxima semana, assim como outras que se destacaram, em termos mediáticos, no ano corrente.

Top 15:

  1. Farfetch
  2. Uniplaces
  3. Science4You
  4. Esolidar
  5. Tradiio
  6. Seedrs
  7. Feedzai
  8. Talkdesk
  9. Zaask
  10. Chic by Choice
  11. Book in Loop
  12. NutriVentures
  13. Veniam
  14. Hole19 31
  15. Aptoide

Editado por Mariana de Araújo Barbosa

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Lucros da EDP Renováveis derrapam 71% nos primeiros nove meses

A energética, que reportou lucros de 29 milhões de euros, foi penalizada por "eventos não recorrentes", apesar de ter visto as receitas aumentarem em 12%.

A EDP Renováveis viu os lucros dos primeiros nove meses do ano afundarem 71%, para 29 milhões de euros, depois dos 99,6 milhões registados no mesmo período do ano passado, anunciou a energética, em comunicado enviado esta manhã à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A penalizar os resultados da energética estiveram “eventos não recorrentes relacionados principalmente com o cancelamento antecipado e otimização de determinados project finances na Europa”, justifica a EDP Renováveis. Ao mesmo tempo, no ano passado, a empresa tinha beneficiado da “consolidação da ENEOP” (o projeto de energia eólica).

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Os resultados líquidos da EDP Renováveis registaram assim uma evolução negativa, apesar as receitas terem aumentado 12% face 2015, totalizando 1.210 milhões de euros.

No conjunto de janeiro a setembro, a empresa liderada por João Manso Neto registou um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 847 milhões de euros, um aumento de 8% em relação ao período homólogo. Sem considerar os eventos não recorrentes, o EBITDA teria subido 17% face a 2015.

Neste período, a produção da EDP Renováveis cresceu 20%, “espelhando as dinâmicas distintas dos parques em operação e os menores preços em alguns países”. Foi o caso da Europa, onde o preço médio de venda caiu 5%, penalizado, sobretudo, pelo “menor preço de mercado em Espanha e a maior produção, diluindo o complemento de capacidade”. O preço foi ainda “condicionado pelo menor preço dos certificados verdes na Polónia.

Já nos Estados Unidos, o decréscimo de 10% do preço médio de venda “é explicado pela nova capacidade com contratos de aquisição de energia”.

A energética conseguiu ainda reduzir a dívida em 8%. No final de setembro, a dívida líquida da EDP Renováveis totalizava 3.396 milhões de euros.

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Millennials: Poupar para a reforma. Qual reforma?

Poupar para viajar ou fazer planos a longo prazo? Os descontos mensais, acreditam estes millennials, podem servir para muita coisa. Mas não servirão para assegurar as suas reformas.

Estamos mais velhos, disso ninguém tem dúvidas. Mas para quem ainda está a viver os seus 20 ou 30 anos, a realidade da reforma pode parecer muito distante. Todos os anos a idade de acesso à pensão aumenta e as reformas antecipadas são mais penalizadas, à custa do aumento da esperança média de vida. O Governo prometeu rever as regras em vigor mas até que estes “millennials” cheguem à reforma muita coisa pode mudar. Estarão preparados para o futuro?

Isac Graça, 25 anos, ator

Isac Graça é ator há meia década. Frequentou, durante um ano, o curso de Audiovisual e Multimédia na Escola Superior de Comunicação Social mas, foi na Escola Superior de Teatro e Cinema que se licenciou. Atualmente está, como o próprio diz, num “pré-projeto”, de um filme que vai fazer em novembro.

Nunca desistiu daquela que considera ser uma profissão “de risco” e que não lhe dá a segurança que gostaria, sobretudo a nível económico. “É impossível poupar na minha profissão. Eu faço teatro e cinema, não faço novelas, que é onde se recebe mais e durante mais tempo”, explica Isac. Se conseguisse poupar (mais), investiria o dinheiro em projetos culturais relevantes, que “pudessem ou não ser lucrativos”.

Isac considera que na profissão de ator, e em qualquer outra do mundo do espetáculo, é “ingrato aquilo que se desconta”, porque não existem garantias de subsídios, sobretudo o de desemprego. Não ter reforma pode ser uma realidade daqui a uns anos para Isac, e para tantos outros empregados, que descontam, no mundo do espetáculo ou não. Esta é uma possibilidade “terrível”, e “assustadora”, e reflete a “má gestão do dinheiro que se fez nos anos em que realmente havia dinheiro, no fim dos anos 90”.

Isac Graça, 25 anos, ator
Isac Graça, 25 anos, atorDR 28 outubro, 2016

Não ter reforma é pagar “o custo das coisas”. Para Isac, aquilo que está a acontecer é, no fundo, estar a “pagar os erros de toda a gente, sobretudo dos nosso pais, não dos patrões como até dos empregados, e de toda a gente desperdiçou dinheiro e só pensou a curto prazo. É claro que nós somos os prejudicados”, explica o jovem ator.

Mas pensar a longo prazo, poupar a longo prazo, é importante? “Sim, claro que sim. As estruturas de emprego estão muito voláteis, as coisas estão a renovar-se, acho que em todas as áreas, muito rapidamente, e as profissões artísticas são voláteis por natureza”, explica Isac, acrescentando que aquilo que é preciso é uma reviravolta económica. Só que, considera, até isso é pouco provável.

“Não estou a ver o PIB a aumentar exponencialmente num país nestas dimensões, ou a termos uma UE a confiar tanto em nós numa altura de queda. Aliás está a acontecer o contrário”, explica Isac.

Embora considere que possam existir casos de exceção nas várias áreas de empresários artistas, de pessoas que “além de conseguirem criar condições para viver melhor mais tarde, têm um efeito um bocado contrário ao dos eucaliptos, que secam tudo a sua volta. Estas pessoas conseguem salvar-se a si e aos outros”, acrescenta.

O sentimento do ator é de que os artistas estão “desprotegidos”. “Somos um grupo desfavorecido. Eu trabalho há cinco anos e tenho um currículo de pessoas com quem trabalhei e sítios onde cheguei, e tenho capacidades de trabalho que se materializam no currículo. E isso não me garante emprego. Assim como fazer uma novela, que pode correr muito bem, não garante que os atores façam mais novelas”, acrescenta Isac.

Mónica Alcobia, 29 anos, assistente Técnica

Penso sempre a longo prazo“. É assim que Mónica Alcobia, de 29 anos, toma decisões sobre a poupança no presente, a olhar o horizonte do futuro. Começou a trabalhar desde os 16 anos e logo a responsabilidade financeira esteve presente. “Tento sempre pôr algo de parte. Mesmo antes, em criança, os meus pais criaram uma conta poupança onde iam colocando algum dinheiro”, explica ao ECO. Apesar disso, um plano de reforma não está nos seus planos para já.

Até porque para já tem uma casa para pagar, no concelho de Sintra, uma escolha menos habitual atualmente nos jovens da sua idade: “A escolha de comprar casa em vez de alugar é porque consigo ter uma prestação relativamente baixa, mais baixa do que o aluguer de um apartamento e no final a casa é minha. Posso fazer o que quiser dela”, considera. Neste momento trabalha como Assistente Técnica na Escola Superior de Comunicação Social e parte do salário vai direto para a casa: “O pagamento da prestação da casa cai no mesmo dia do ordenado, assim nunca chego a ver aquela parte do dinheiro”.

Essa aposta em comprar uma casa “nunca será um problema”. Caso vá para fora de Lisboa pode “vender novamente a casa ou alugar”. Por fim, desabafa uma certa frustração: “No final o que vai acontecer é que as pessoas que começaram a trabalhar aos 30 anos vão-se reformar com a mesma idade que eu, mas com menos anos de descontos e possivelmente com uma reforma maior”.

Alexandre Fernandes, 28 anos, arqueólogo

Alexandre Fernandes é algarvio mas a ouvi-lo falar de Lisboa parece que sempre foi lisboeta. O percurso de Alex começou como tantos outros e depois… “rebentou assim um fusível, e eu deixei de me preocupar tanto com a carreira profissional”.

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Tirou Arqueologia na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, recebeu o canudo em 2009, e depois começou a roda viva dos recibos verdes: uma escavação com prazos finais que foram adiados semana após semana durante um ano e meio, um período breve a fazer biscates para uma grande empresa de arqueologia em Lisboa, um projeto que se previa durar seis meses e que acabou abortado ao fim de dois. No total, uns quatro anos e meio a recibos verdes mas a trabalhar na área em que se tinha formado. “Eu queria mesmo fazer carreira naquilo, preocupava-me com encontrar trabalho que me abrisse portas”, relembra.

Depois veio uma altura em que o trabalho não aparecia, e após dois meses à procura Alexandre acabou a vender telemóveis e pacotes de Internet porta a porta, com contratos cancelados e feitos de novo a cada quinze dias. “Foi a primeira vez na minha vida em que eu me sentia angustiado por ir trabalhar”, admite.

Ao fim de uns meses no pior trabalho da vida dele, Alex foi parar ao Castelo de São Jorge a fazer visitas guiadas como guia sazonal. A época alta no Castelo vai desde o fim de março a outubro, mas ainda nem outubro tinha chegado ao fim e Alexandre já tinha planos para o que ia fazer a seguir: Londres. “As pessoas perguntam-me: ‘Por que é que tu emigraste?’ E eu na altura sabia, mas agora já não sei. Fui porque sim.”

E foi, sem enviar currículos, sem procurar casa, e quando apareceu um trabalho num pequeno quiosque de sandes e sopas na City, aceitou, sem pensar duas vezes. “Tive de mentir a muito boa gente”, diz, a rir. “Inclusive à minha mãe, porque me estavam sempre a perguntar: ‘OK, estás aí nas sandes temporariamente, mas tens procurado trabalho na tua área? Tens enviado currículos?'” E Alex dizia que sim, mas na verdade não o fazia. Já não se preocupava com ter uma carreira ou com as portas que precisava que se abrissem. “Sentia-me perfeitamente bem”, diz.

"Não faço a menor ideia do que é que vou fazer no mês que vem, e estou totalmente bem com isso.”

Alexandre Fernandes

28 anos

“Depois comecei a ver que lá se ganhava muito mais dinheiro de uma forma muito mais fácil. Mas quando chegou a altura de voltar para cá não pensei no dinheiro. Queria voltar, e vir fazer uma coisa que eu gostasse de fazer, outra vez.”

O regresso começou com um email: tinha surgido uma posição permanente no Castelo de São Jorge, ele estava interessado? Demorou três dias a decidir, quinze dias a pôr os assuntos em ordem, e Alexandre e a namorada rumaram a Lisboa. “Agora estou com um contrato fixo. Mas isso não previne que eu tenha ideias de sair outra vez, não sei”.

Mas está melhor no Castelo agora que se apercebeu que só está porque quer e enquanto se diverte com isso, e que quando deixar de gostar vai partir para uma coisa melhor. “Não é o trabalho da minha vida mas também não sei qual é o trabalho da minha vida”, afirma.

Não se identifica com a “cultura de subserviência” de estar grato por todas as “oportunidades” que lhe derem e, no pequeno apartamento onde vive com a namorada perto da Feira da Ladra, diz não querer comprar casa, nem carro, nem ter uma carreira. “Não preciso disso”, diz. “Não tenho nenhum interesse em passar 40 anos numa empresa, começar por baixo, ir subindo”, continua. “Mesmo se fosse possível, não era algo em que eu estivesse interessado. De todo. Não faço a menor ideia o que é que vou fazer no mês que vem, e estou totalmente de bem com isso”.

“Sara”, 24 anos, engenheira química

Sara pediu que o seu nome fosse alterado neste artigo para proteger a sua posição na empresa onde cumpre um contrato de estágio de 11 meses sem direito a um único dia de férias. Sobre as suas perspetivas profissionais, encolhe os ombros. “Pronto, não me posso queixar muito”, brinca a engenheira química que, curso acabado, está agora a trabalhar numa empresa na área da Grande Lisboa.

O salário — que ronda os 900 euros — está acima da média entre as pessoas da mesma idade, segundo a calculadora do projeto Portugal Desigual da Fundação Francisco Manuel dos Santos, mas não lhe chega para grandes poupanças: a mãe está numa situação prolongada de desemprego e o pai numa de invalidez, o que deixa Sara e o irmão mais velho, que já está casado e com filhos, responsáveis por partilhar as despesas necessárias.

Vive com a mãe num apartamento perto de Lisboa, e independência? “Isso nesta altura nem me passa pela cabeça”, responde. A partilha de despesas da casa onde as duas vivem deixa-a sem muita margem para poupanças. Dos rendimentos, depois da renda, das contas, do supermercado, e do passe de transportes de que depende para ir trabalhar, já sobra pouco para os pequenos prazeres inalienáveis: uma aula semanal de dança, alguns jantares com os amigos, e pouco mais.

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Quando lhe é pedido para se comparar com outros da mesma idade, acaba por concluir que não está tão mal como alguns. Acabou o curso a tempo e horas, passou uma temporada de seis meses em França a receber o suficiente para pôr um pouco de parte, e depois demorou apenas alguns meses a encontrar o trabalho na empresa onde se encontra atualmente. “Não é muito tempo de todo tendo em conta a conjuntura atual”, acrescenta.

No entanto, admite que não é propriamente o trabalho que gostaria de ter — não está a realizar funções compatíveis com a sua formação em engenharia química — nem é bem o salário que desejaria. “Mas da maneira que as coisas estão temos que nos sujeitar àquilo que aparece”, diz Sara. Quando o estágio terminar, tem alguma esperança de que lhe ofereçam um lugar permanente, mas só fica se não arranjar nada melhor. Preferia “alguma coisa na minha área, em contexto de fábrica”, esclarece.

Mais tarde, quando tiver mais alguns anos de experiência, espera começar a ganhar mais e poder ficar numa posição sénior. Na sua área, pelo menos, parece ser possível. “Daqui a cinco anos”, responde, confrontada com a questão clássica da entrevista de emprego, “gostava de estar a trabalhar nalguma coisa de que goste, com um contrato bom, e a ganhar um pouquinho mais”, conclui.

Sara Zhou, 25 anos, assistente de bordo

Voar não estava nos planos de Sara Zhou. Não havia muito no seu percurso, todo ele artístico, que o fizesse prever: tirou a licenciatura em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, estudou na China Academy of Art e chegou a estagiar na área, em Barcelona.

O clique fez-se quando as pessoas mais próximas de si comentaram que voar seria o trabalho perfeito. “Por eu querer sempre ajudar e pelas línguas que falo”, conta a assistente de bordo de 25 anos. Acabou por mudar de área simplesmente porque foi “ganhando interesse genuíno pela aviação e porque tinha mais oferta de emprego”.

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As línguas – o português, o mandarim e o inglês – e a vontade de ajudar chegaram para arranjar trabalho numa das maiores companhias aéreas do mundo, o que a obrigou a mudar as bagagens para Londres. “Pode dizer-se que fui obrigada a sair. Se tivesse tido a oportunidade de ter a mesma profissão cá, não teria saído”, reconhece.

É para a segurança social do país onde vive que desconta o salário. Em Portugal, declara os rendimentos obtidos no estrangeiro. E acredita que alguma vez vai ver o retorno desses descontos? “Acredito que poderei ter a reforma da Segurança Social, acho que será mais uma questão de quanto iremos receber nessa altura”, admite.

"Acredito que poderei ter a reforma da Segurança Social, acho que será mais uma questão de quanto iremos receber nessa altura.”

Sara Zhou

Assistente de bordo

Apesar disso, e apesar de se preocupar com poupar, não tem conseguido fazê-lo tanto quanto gostaria. “As circunstâncias não permitiram, por estar sempre a voltar a casa ou por ter de ajudar com as contas dos meus pais desempregados. E, claro, porque gastei para aproveitar oportunidades, como viagens”.

Um dia, gostava de voltar a Portugal. Para “trabalhar na mesma área” ou para “criar um negócio próprio”, algo que não será para já, porque “os riscos são muitos” e porque não tem orçamento. “Não sei se o país me dá as melhores condições, mas acredito que há visões de melhorar”.

As condições podem mesmo não ser as melhores, mas Sara Zhou vê um copo meio cheio. A sua geração não vai receber tudo o que devia quando chegar a sua vez? Tudo bem. “Descontamos não só para a reforma, mas para tudo o resto: o sistema de educação ou de saúde, por exemplo. Pagamos um valor simbólico por todos os exames e tratamentos que fazemos. Eu estive maioritariamente em escolas públicas. Se a reforma não for tanto quanto espero, pelo menos, que mantenham e melhorem esses serviços”.

Daniela Marinho Pinto, 21 anos, estudante

Daniela Marinho Pinto é finalista de Comunicação Social na Universidade Católica de LisboaDR

“Gostava de ter pensão no futuro. Acredito que faz sentido ter pensão no futuro. Mas não sinto que a minha pensão seja garantida”, começa por dizer Daniela Marinho Pinto, estudante finalista de Comunicação Social na Universidade Católica, e com “perspetivas de ingressar no mercado de trabalho no próximo ano”. Com 21 anos, diz acreditar que “a tendência é a de haver uma preocupação cada vez menor com as garantias básicas da vida do indivíduo”. Mas não é um problema “só de Portugal”, reitera.

Enquanto estudante, admite ainda não ter pensado muito sobre a reforma, mas defende que não lhe parece “fazer muito sentido descontar ao longo da vida para um fundo de pensão”. Acredita no sistema. Isso sim. Mas não tem “garantias de que venha a usufruir dele”, assume. Até porque tem “uma visão muito pessimista do futuro” e “os tempos são incertos”.

Daniela Marinho Pinto ainda tenta justificar as origens do problema. “Primeiro, há o óbvio, que é o envelhecimento da população. Torna-se muito mais difícil na geração jovem, um número bastante inferior, sustentar as pensões de uma geração que tem muito maior peso, que é a geração idosa e que está em crescimento”, diz.

A minha poupança é o que se chama mesmo uma poupança: é o poupar todos os meses.

Daniela Pinto

Estudante

Depois, há também a “tendência ideológica” do Ocidente, que “está cada vez menos preocupada com a proteção do indivíduo, com as garantias básicas de sobrevivência da pessoa e olha cada vez menos para nós como pessoas e cada vez mais como partes de peças de um todo”, critica. Quanto ao fator económico, é “o problema mais fácil de resolver”, garante.

“Eu já tenho uma poupança, mas é estritamente a partir do meu mérito porque os juros são praticamente negativos. A minha poupança é o que se chama mesmo uma poupança: é o poupar todos os meses“, revela. É preciso pensar no futuro, sim, mas Daniela Marinho Pinto fá-lo a pensar nas “eventualidades a curto prazo”.

Mesmo assim, face a isto, está já a apostar em “educação e método”. Poupa, mas “é uma questão de tentar ganhar o hábito cedo, não tanto preocupada com aquilo que vai acontecer no futuro, mas mais preocupada com o criar um método saudável de poupança”, avança. “Claro que não estou a pensar a longo prazo”, conclui.

Mónica Ferreira, 24 anos, investigadora

Após ter terminado o Mestrado em Química Medicinal em Coimbra, Mónica ainda esteve dividida entre ir para o estrangeiro ou continuar à procura de uma oportunidade no seu país. Foi uma decisão difícil mas, depois de muita procura, ficou por cá e mudou-se para Lisboa, para aceitar uma bolsa de investigação na Faculdade de Farmácia.

Em relação à poupança, as perspetivas ainda não são claras: “Teoricamente acho importante poupar para a reforma, mas na prática sei que é muito difícil.” Ainda não pensou na possibilidade de ter uma poupança para essa altura da vida, mas esta parece-lhe uma opção mais válida que a pensão de velhice, visto que “tudo pode mudar muito rápido, de um dia para o outro”.

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“Não consigo prever se vou ter direito ou não, mas espero ter fontes de rendimento que me permitam sobreviver e não depender da reforma“, afirma Mónica, reiterando a sua preocupação com o futuro da Segurança Social.

Devido à sua situação profissional e à idade, afirma que, ainda assim, existem questões imediatas que são mais importantes, como as despesas diárias e potenciais viagens: “Pela minha forma de ver e perceber o mundo, por perceber a imprevisibilidade do futuro e por gostar de aproveitar o presente, prefiro poupar para uma viagem.”

Diogo Faro, 30 anos, comediante

Já Diogo Faro, 30 anos, é otimista. “Correndo o risco de estar a ser inocente, quero acreditar que não haverá nenhum colapso tal que seja impeditivo de uma futura pensão”. Comediante de profissão, diz mesmo que a instabilidade financeira atual “é tão grande” que refletir sobre a reforma é uma miragem ainda.

Diogo Faro

A gestão da poupança é feita a curto e médio prazo, mas tem “quase sempre” um objetivo: viajar. Roupa e telemóveis não são caprichos. “Invisto mais em jantares com os amigos e em viagens. É para isso que poupo o pouco que dá para poupar pagas as contas”, explica ao ECO.

Para já, subscrever um PPR público ou uma oferta privada não está no horizonte. Além disso, nenhuma das opções satisfaz Diogo Faro: “A olho nu, a confiança não é muito grande em nenhuma das hipóteses”. Ponderação vai ser a palavra de ordem na altura de decidir.

Rui Costa, 25 anos, responsável de marketing e inovação

Admite que pode ser preconceito, mas cresceu a não acreditar na política. Rui Costa, de 25 anos, refere os “interesses particulares ou privados” e o “jogo das cadeiras”, sem mudança real, para justificar a descrença num futuro risonho.

“Visto o paradigma das pensões, encaro este desconto como mais uma ação invasiva, que me visa retirar parte da minha remuneração que resultou do meu esforço e dedicação“, explica ao ECO o responsável pelo Marketing & Inovação da Compta. Não acredita que vá ter uma reforma equivalente que reflita os descontos que fez nem nunca planeia poupanças num horizonte superior a dois anos, mas tem essa motivação presente, consoante a quantia e o propósito dos gastos. As viagens para o estrangeiro ou os novos aparelhos tecnológicos que surgem no mercado são coisas que fazem Rui Costa pensar duas vezes.

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“Acredito que meu futuro depende daquilo que construir e não daquilo que juntar“, afirma ao ECO. Isto reflete-se no que pensa sobre um PPR Público ou uma oferta privada: “Não são muito motivadores ou geradores da minha confiança ou dinheiro”, classifica. E comprar casa em Portugal? “Nunca foi tão desencorajador“, diz, referindo o imposto adicional ao imobiliário e o próprio IMI municipal.

Rui Costa já não acredita naquilo que chama a uma “falácia” do passado: “As gerações dos meus pais cresceram com o pensamento de que, para ter uma boa vida, tinham de estudar para ganhar o suficiente para conseguir comprar uma casa e, por fim, criar uma família”. Além disso, acrescenta que o dinheiro tem vindo a perder valor pelo que a poupança “deve ser vista como uma forma de prevenção a médio prazo”, conclui.

Texto editado por Mariana de Araújo Barbosa

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