Teixeira dos Santos: “Sócrates nunca pressionou”

  • Rita Atalaia
  • 12 Janeiro 2017

Antigo ministro das Finanças nega o que foi dito pelo seu antecessor na comissão da CGD: José Sócrates nunca forçou a saída da administração do banco. "Foi iniciativa minha", diz Teixeira dos Santos.

Teixeira dos Santos diz que nunca se sentiu pressionado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, a fazer qualquer mudança ou nomear um determinado administrador para a Caixa Geral de Depósitos (CGD). Uma pressão mencionada pelo antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha na comissão de inquérito à gestão da CGD.

Teixeira dos Santos

“O primeiro-ministro [José Sócrates] nunca pressionou no sentido de fazer qualquer mudança ou nomear fosse quem fosse”, explica Teixeira dos Santos, que foi ministro das Finanças durante o Governo de José Sócrates, aos deputados na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD. Teixeira dos Santos demitiu o então presidente do conselho de administração da Caixa, Vítor Martins, que foi substituído por Carlos Santos Ferreira. Convidou também Armando Vara para ocupar o cargo de vice-presidente. Nomes que Luís Campos e Cunha disse terem sido sugeridos por Sócrates. “Foi uma coincidência”, responde Teixeira dos Santos aos deputados.

Campos e Cunha, que foi substituído por Teixeira dos Santos, referiu que a “relação com a CGD não teve um período de maturidade suficiente, porque estive apenas quatro meses no Governo. Desde o início, como ministro das Finanças, fui pressionado pelo primeiro-ministro [José Sócrates] para demitir o presidente da CGD e a administração da CGD”. Uma pressão que foi, entretanto, desmentida por José Sócrates.

"O primeiro-ministro [José Sócrates] nunca pressionou no sentido de fazer qualquer mudança ou nomear fosse quem fosse.”

Teixeira dos Santos

Mas Teixeira dos Santos deixa claro: “Foi iniciativa minha”. Mas porquê a demissão? Teixeira dos Santos explica: “Nos três a quatro meses que anteciparam a minha tomada de posse, houve várias notícias sobre a intenção que o Governo tinha de proceder a mudanças na CGD, que nunca se concretizaram. E esse facto gerou, na minha leitura, uma situação de alguma instabilidade que se fazia sentir em torno da liderança da CGD, porque são notícias e ruídos que destabilizam as equipas que estão à frente das instituição”.

Uma vez que esta situação se arrastou durante muito tempo, “era preferível proceder a uma mudança que pudesse clarificar esta situação”, diz Teixeira dos Santos, negando ter sido pressionado a apresentar determinado administrador para a nova equipa da Caixa, ao contrário do que disse Luís Campos e Cunha na comissão.

Na mudança que realizou na Caixa, Teixeira dos Santos esclarece que a “preocupação foi reduzir a dimensão da equipa”, que tinha 11 gestores e passou a nove. “E operar uma mudança na liderança e ter alguma renovação na equipa que pudesse, do ponto de vista interno, nomear duas pessoas dentro da Caixa para a administração para substituir as duas que estavam na anterior” e que saíram, acrescenta.

Governo nunca deu orientações à CGD

Teixeira dos Santos diz ainda que o Governo nunca deu orientações à Caixa no sentido de financiar determinados projetos ou setores. “Queríamos que a Caixa fosse uma referência no setor bancário português”, que apoiasse as pequenas e médias empresas — onde o banco já mostrava ter dificuldades no aumento da sua quota de mercado — e suportasse a internacionalização da economia portuguesa, explica o então ministro das Finanças.

E esta melhoria foi depois visível. “A CGD aumentou a sua atividade sem reduzir a qualidade global do crédito e os índices que refletem essa qualidade. Em geral, a Caixa mostrou o dinamismo que se esperava de uma instituição como a CGD”, explica o antigo ministro.

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