Carlos Moedas espera medidas positivas e manter boa relação a Europa e os EUA
Carlos Moedas esteve em Davos mas não foi no fórum que falou do novo presidente dos EUA, Donald Trump, que toma posse esta sexta-feira. O comissário espera que a Europa não altere a relação com os EUA
O comissário europeu Carlos Moedas disse hoje esperar que a Europa mantenha a “excelente relação com os Estados Unidos” porque o mais importante não é avaliar as pessoas, mas as políticas da administração americana, desejando que sejam positivas.
Em entrevista à agência Lusa à margem da Fórum Económico Mundial – que termina hoje em Davos, na Suíça – o comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação foi questionado sobre o novo presidente dos Estados Unidos que hoje toma posse numa cerimónia pública junto ao Capitólio, em Washington.
“A mensagem do nosso lado é que a Europa será sempre uma Europa aberta, que acredita nos seus valores fundamentais e que temos que lutar por eles. Gostaríamos que os nossos aliados também lutem por esses valores e por isso para nós é mais importante não avaliar aquilo que são as pessoas, mas aquilo que serão as políticas, no futuro, da administração americana”, enfatizou.
Carlos Moedas espera que a Europa possa “continuar a ter uma excelente relação com os Estados Unidos”, expressando o desejo de que as medidas que a presidência americana venha a adotar sejam positivas para esta relação “que tem muitos anos”.
“Eu penso que o grande perigo hoje não é um perigo de países, é o perigo de um movimento populista que oferece às pessoas soluções fáceis que não existem”, alertou.
Na opinião do comissário europeu “há políticos que aproveitam o descontentamento destas pessoas que não conseguiram aproveitar a globalização para lhes vender ilusões”.
“Os políticos que são os políticos do centro sério – que são de esquerda ou de direita – têm que começar a falar mais alto contra este populismo que inventa soluções que não são possíveis, que são apenas dizer: vamos sair da Europa, vamos deixar a Europa. Mas o que é que isso quer dizer? Isso não quer dizer absolutamente nada. É perigoso para a Europa e é perigoso para o mundo”, alertou.
Na opinião de Moedas, “a Europa tem que ser o centro dessa abertura em que os países não se fecham, mas que se abrem à globalização, mas que também conseguem ter dimensão na diminuição das desigualdades”.
Mas o velho continente tem também, na visão do antigo secretário de Estado português, uma “oportunidade de liderança” dentro dos momentos e da crise que atravessa”.
“É esse continente aberto que nós queremos construir e portanto a Europa tem aqui uma oportunidade extraordinária de ser o líder desse mundo aberto e não de um mundo fechado”, advogou.
Concretamente sobre a cimeira em Davos – que começou na terça-feira e termina hoje na cidade suíça – Carlos Moedas considera ser “essencial para os governos estarem presentes porque é aqui que se passam as grandes discussões politicas”.
“Essas discussões são importantes porque o mundo do futuro não vai ser só dos políticos, é o mundo dos políticos com as empresas e todas essas estão aqui. Foi uma grande opção que o Governo tomou de estar em peso aqui em Davos”, elogiou.
O Governo português fez-se representar nesta cimeira pelo primeiro-ministro, António Costa, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos.
Ao longo destes dias em Davos, Carlos Moedas participou em muitas reuniões e sessões de trabalho, como por exemplo no lançamento da CEPI, uma parceria público-privada sem fins lucrativos criada com o objetivo de unir esforços na investigação de novas vacinas, uma plataforma que junta empresas, governos e entidades internacionais.
Hoje mesmo, o comissário europeu vai anunciar aos 15 membros de um novo comité de alto nível para o Conselho Europeu da Inovação, que vai aconselhar a Comissão Europeia sobre como é possível fortalecer o apoio ao Horizonte 2020 e futuros programas de inovação.
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