Lone Star paga “valor simbólico” pelo Novo Banco
Agora é que é. O Lone Star está disponível para pôr mil milhões no capital do Novo Banco, mas quanto paga ao Fundo de Resolução pelo controlo do banco? Um "valor simbólico".
O fundo Lone Star vai entrar em negociações exclusivas com o Governo para a aquisição do Novo Banco, cerca de 13 meses depois do início de um concurso no qual terminou em primeiro lugar. As condições genéricas do negócio já são conhecidas, falta saber quanto é que o Lone Star pagará ao Fundo de Resolução pelo controlo do Novo Banco. Será “um valor simbólico”, revelou ao ECO uma fonte que participa nas negociações.
Depois de meses de negociações entre a equipa do Banco de Portugal liderada por Sérgio Monteiro e o Lone Star, as condições de compra do Novo Banco mudaram no momento em que o ministro das Finanças traçou uma linha vermelha: não pode haver garantia de Estado no negócio. A garantia, refira-se, tinha uma função particular na operação desenhada pelo Lone Star: o capital necessário num banco é exigido em função do crédito concedido e, particularmente, do crédito ponderado pelo risco. Ora, uma garantia de Estado permitiria libertar capital, precisamente porque os ativos protegidos pela garantia teriam menos risco do que aquele que comportam hoje. E isso significaria um esforço menor de capitalização do Novo Banco para cumprir as regras de solidez e as almofadas financeiras exigidas pelo BCE.
Sem a garantia bancária, o Lone Star exigiu uma partilha de risco com o Estado com outro modelo. O Estado continuará acionista – tudo indica através de uma entidade que não o Fundo de Resolução -, com uma posição minoritária. Desta forma, o fundo garante que se houver necessidade de novos aumentos de capital por desvio em relação ao plano de negócios, o Estado será também forçado a meter ‘dinheiro fresco’, em proporção da sua posição. O ECO revelou este plano B em primeira mão, e Mário Centeno já confirmou publicamente essa possibilidade.
Por outro lado, o Lone Star vai pôr já mil milhões de euros na capitalização do Novo Banco, um aumento de 250 milhões face à proposta que foi escolhida como favorita pelo Banco de Portugal no dia 4 de fevereiro.
Nestas condições, o Lone Star estava disposto a pagar ao Fundo de Resolução até 750 milhões de euros por 100% do Novo Banco – muito longe, claro, dos 4,9 mil milhões de capital injetado no momento de criação do banco, dos quais 3,9 mil milhões emprestados pelo Estado. Agora, o cheque vai ter “um valor simbólico”.
Oficialmente, ninguém responde às perguntas do ECO. Agora, chegou o momento do Governo. E o Banco de Portugal, que continuará a assessorar nas negociações, já esgotou a capacidade negocial. Além disso, como é público e notório que a decisão final será de António Costa, facto já reafirmado pelo próprio, o Lone star sabe que tem de manter uma margem de manobra negocial para exigências políticas de última hora. Acresce que, neste momento, a discussão passa também por Bruxelas e pela Comissão Geral da Concorrência, que tem de autorizar um modelo em que o Estado continua como acionista.
A capitalização do Novo Banco não acaba aqui, com dinheiro fresco do Lone Star e a presença do Estado no capital. Nestas negociações, o Governo quer também envolver os obrigacionistas seniores no reforço do capital do banco. Aliás, esta solução também estava implícita na primeira proposta de compra do Lone Star. E, nestes modelos, a solução passa por convencer estes obrigacionistas, especialmente os que investiram em linhas de obrigações seniores de longo prazo, a passarem a acionistas. Qual será o montante? Até 750 milhões de euros.
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