Afinal, a Fiat e a Volkswagen podem vir a acelerar juntas
Há uma semana, Matthias Mueller, CEO da Volkswagen, nem queria ouvir falar numa parceria com a Fiat Chrysler. Agora, na sequência da fusão da Peugeot e da Opel, mudou de ideias.
Primeiro, casaram-se a Peugeot e a Opel. Agora, a Volkswagen está a ponderar pedir a Fiat em casamento, depois da fabricante italiana se ter insinuado à gigante alemã.
Há que recordar que ainda na semana passada Matthias Mueller, CEO da Volkswagen, não se sentia atraído pela ideia de uma parceria com a Fiat Chrysler. Na altura, Sergio Marchionne, CEO da companhia italiana, disse que o negócio entre a Peugeot e a Opel — que criou o maior concorrente ao Grupo Volkswagen no mercado europeu — podia convencer a companhia alemã a juntar-se à sua empresa.
À data, Matthias Mueller não concordava, mas esta terça-feira, na conferência anual para apresentação dos resultados da companhia, em Wolfsburg, na Alemanha, apresentou outra versão.
“Estamos mais abertos a essa possibilidade do que antes”, afirmou. Mas defendeu à Reuters que esta opinião não está diretamente relacionada com a proposta da Fiat Chrysler. “Seria de uma grande ajuda se o Sr. Marchionne decidisse partilhar as suas considerações comigo além de convosco”, disse aos jornalistas.
Estes comentários levaram as ações da Fiat Chrysler a subirem mais de 2%. Em contrapartida, as da Volkswagen pouco ou nada mexeram na bolsa alemã.
O que significaria este casamento para o mercado?
Se a Volkswagen e a Fiat Chrysler se juntassem, podiam, em teoria, criar uma gigante que controlaria cerca de 30% do mercado automóvel europeu. Além disso, ainda daria à Volkswagen uma presença muito mais sólida no mercado norte-americano e ajudaria a melhorar a fraca presença da Fiat Chrysler no mercado asiático.
As más notícias? Esta fusão significaria a perda de milhares de postos de trabalho, à qual as uniões dos trabalhadores e as classes políticas italiana e alemã condenariam em força.
No entanto, seria muito proveitoso para a Volkswagen. A empresa alemã revelou o mês passado que o grupo inteiro conseguiu lucros operacionais recordes no ano passado, para o qual contribuiu a forte performance dos desportivos da Porsche e uma reviravolta surpreendente no desempenho das carrinhas empresarias Scania.
Já os resultados operacionais da marca Volkswagen desceram 10% para os 1,9 mil milhões de euros, com a margem de lucro a descer dos 2% em 2015 para 1,8% em 2016.
Depois da crise… VW “de volta às pistas”
Embora o grupo no seu todo esteja, aos poucos, a recuperar do escândalo das emissões dos motores a gasóleo, a ascensão da japonesa Toyota como líder no mercado automóvel no ano passado não ajudou a melhorar a sua imagem. Agora, a Reuters avança que alguns analistas já preveem esta mudança no rumo da Volkswagen e a parceria com a Fiat Chrysler como bons presságios para uma revitalização da marca alemã e dos seus produtos.
“Num altura em que a maioria das companhias automóveis estão a melhorar em termos de eficiência e a moldar o novo panorama da indústria, a Volkswagen precisa de pensar muito bem numa forma de não desperdiçar tempo com lutas internas pelo poder”, disseram analistas da Evercore ISI.
Mueller garantiu que o Grupo VW está “de volta às pistas” depois de concordar em pagar mais mais de 25 mil milhões de dólares ao governo dos Estados Unidos para limpar o seu nome do escândalo das emissões. “Podem ter a certeza de que estamos a fazer tudo ao nosso alcance para tornar 2017 ainda melhor que 2016”, garantiu na conferência desta terça-feira.
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