Estados Unidos da Europa? Schäuble diz que não há condições
O ministro das Finanças alemão não falou de Portugal. Mas falou de uma União Europeia a várias velocidades, já que não há condições para o federalismo que tem vindo a apoiar.
O ministro das Finanças alemão já não quer uma União Europeia federalista. Em entrevista ao Financial Times (acesso pago) — na semana em que se sabe que Theresa May vai acionar o Artigo 50 –, Wolfgang Schäuble defendeu uma Europa mais flexível, a várias velocidades. O futuro será traçado no aniversário dos 60 anos do Tratado de Roma, este fim de semana, depois de a Comissão Europeia ter apresentado o livro branco com cinco cenários sobre o futuro dos Estados-membros. Schäuble afinou o discurso apoiando assim a opinião de Angela Merkel que quer uma Europa a várias rotações.
"A ideia de um federalismo não se foi embora, mas neste momento não há forma de ser realizada.”
O responsável pela pasta das Finanças diz ser necessária uma maior flexibilidade na União Europeia para se lidar com a hostilidade do populismo. Contudo, Schäuble recusa a ideia de que está desapontado com a ideia de uma Europa federalista, algo que o alemão de 74 anos tem vindo a defender. “A ideia de um federalismo não se foi embora, mas neste momento não há forma de ser realizada“, explicou uma das vozes mais influentes dentro da União Europeia.
“Em todos, ou pelo menos na maior parte dos Estados europeus, não existem grandes maiorias que permitam transferir mais soberania nacional para as mãos de Bruxelas”, admitiu Wolfgang Schäuble. Assim, o ministro das Finanças alemão prefere que neste momento se melhore os métodos de governação: “A segunda melhor opção é sempre melhor do que nada“. “Temos de conseguir atingir mais com o orçamento da UE que existe”, alerta. Um dos temas que a Alemanha quer ver reforçados é o da defesa, mas também o das finanças públicas com a criação de um Fundo Monetário Europeu (semelhante ao FMI).
"Temos de conseguir atingir mais com o orçamento da UE que existe.”
Para Schäuble, a União Europeia vive uma situação “quase paradoxal”. “Por um lado, é exigido muito mais à Europa do que há uns anos… Muitas pessoas dizem que se os Estados Unidos querem ter um papel geopolítico menos relevante, então os Europeus têm de tomar conta dessa grande parte”, afirmou. “Por outro lado, a Europa está claramente com múltiplas dificuldades internas, com um crescente número de pessoas que têm dúvidas sobre a unidade europeia”, admitiu o ministro das Finanças alemão.
A ideia de uma Europa a várias velocidades tem sido a ideia emergente do livro branco que a Comissão Europeia apresentou. A Polónia tem sido um dos países com voz contrária, mas este fim de semana, em Roma, os líderes europeus vão ter de sair com uma decisão clara do futuro da união. Para o responsável alemão a União Europeia vai funcionar melhor e ser mais forte no futuro.
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