Agências vão ter “dificuldades” em justificar dívida no nível de “lixo”
Ricardo Mourinho Félix disse que as agências de rating vão ter cada vez mais dificuldades para justificar dívida portuguesa em "lixo". Governo prepara novos reembolsos ao FMI para reduzir a dívida.
Ricardo Mourinho Félix disse esta quinta-feira que as agências de rating que classificam a dívida nacional de lixo (Moody’s, S&P e Fitch) “vão ter cada vez mais dificuldade em explicar porquê e como é que mantêm esse rating há um longo período de tempo, quando Portugal de 2017 é tão diferente do Portugal de 2014”.
As declarações do secretário de Estado Adjunto e das Finanças surgem numa entrevista ao canal norte-americano CNBC, por ocasião da reunião de Primavera do Fundo Monetário Nacional (FMI) em Washington, nos Estados Unidos. “Ainda há três grandes agências que nos mantêm abaixo do nível de investimento. [Mas] penso que têm vindo a perceber que a nossa historia é credível e está a avançar”, acrescentou Mourinho Félix.
"Ainda há três grandes agências que nos mantêm abaixo do nível de investimento. [Mas] penso que têm vindo a perceber que a nossa historia é credível e está a avançar.”
Portugal prepara reembolso antecipado ao FMI
Mourinho Félix avançou também, na mesma entrevista, que o Governo está a preparar novos reembolsos antecipados ao FMI. “Acho que, ao longo do próximo ano, estamos numa situação em que podemos reduzir a dívida e estamos já a discutir com o MEE [Mecanismo Europeu de Estabilidade] uma autorização para antecipar pgamentos ao FMI, no sentido de reduzir o custo médio da nossa dívida”, indicou, sem entrar em mais detalhes.
“Estamos muito focados e comprometidos em pagar a dívida e que o rácio da dívida baixe o mais rapidamente possível. Mas, claro, isso tem de ser feito num cenário sustentável”, sublinhou ainda o secretário de Estado com a pasta das Finanças.
"Acho que, ao longo do próximo ano, estamos numa situação em que podemos reduzir a dívida e estamos já a discutir com o MEE [Mecanismo Europeu de Estabilidade] uma autorização para antecipar pagamentos ao FMI, no sentido de reduzir o custo médio da nossa dívida.”
“Injetámos quantidades substanciais de dinheiro para reparar as contas das instituições financeiras. No ano passado, aumentámos a dívida, mas foram fundos necessários para recapitalizar a CGD aos níveis do mercado. Isso foi crítico para a estabilidade do sistema financeiro em Portugal”, justificou Mourinho Félix à CNBC.
"No ano passado, aumentámos a dívida, mas foram fundos necessários para recapitalizar a CGD aos níveis do mercado”
À espera da reavaliação da DBRS
Esta sexta-feira espera-se que a DBRS, a única agência que põe a dívida portuguesa na categoria de investimento, faça a reavaliação a essa notação. A dívida portuguesa é, para esta pequena agência canadiana, de categoria BBB low, com “perspetiva estável”. É este único rating que ainda permite que o país aceda ao programa de quantitive easing do Banco Central Europeu (BCE).
O canal económico norte-americano cita analistas do Rabobank que afirmam que a DBRS deverá manter o rating da dívida portuguesa com perspetiva estável esta sexta-feira.
(Notícia atualizada às 17h11 com mais informação)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Agências vão ter “dificuldades” em justificar dívida no nível de “lixo”
{{ noCommentsLabel }}