Santos Silva: Gulbenkian está hoje “muito menos dependente” dos ativos de petróleo
O presidente cessante da instituição garante que a Gulbenkian neste momento está menos dependente do petróleo. Isabel Mota é a sucessora.
O presidente cessante da Fundação Calouste Gulbenkian, Artur Santos Silva, declarou esta quarta-feira, na tomada de posse da sucessora, Isabel Mota, que a entidade está neste momento “muito menos dependente dos rendimentos gerados” pelo petróleo e o gás. Santos Silva discursou na sede da Gulbenkian, em Lisboa, antes de Isabel Mota, agradecendo nessa intervenção o apoio prestado pelos funcionários da fundação e da equipa do Conselho de Administração, durante o seu mandato de cinco anos.
No seu balanço, fez referência aos ativos do petróleo e do gás detidos pela Gulbenkian, que suscitaram polémica na semana passada, quando um grupo de personalidades das áreas da cultura, ciência e política assinaram uma carta aberta pedindo que a fundação prescinda de rendimentos de energias fósseis.
Os ativos de petróleo e gás que representavam 38%, no final de 2011, hoje apenas se situam em 20%.
“O património da fundação, medido pelo seu fundo de capital, sem aplicação das regras internacionais de contabilidade às suas participações na área do petróleo e do gás, manteve-se praticamente constante entre 2011 e 2016, pelo que julgo estarem garantidas as condições de sustentabilidade da instituição“, indicou.
“Deve porém ser salientado que, em relação aos nossos recursos próprios, os ativos de petróleo e gás que representavam 38%, no final de 2011, hoje apenas se situam em 20%, estando a Fundação muito menos dependente dos rendimentos gerados por tais ativos”, declarou. Acrescentou que, aplicando as regras internacionais, “o fundo de capital [da Gulbenkian] conheceu nos últimos cinco anos uma redução em 125 milhões de euros, para 2.520 milhões de euros”.
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“Quanto tomei posse, afirmei também que a principal e permanente preocupação da fundação seria, então e sempre, a de assegurar as condições da sua perpetuidade. A dimensão, a solidez e a rentabilidade do património da fundação deverão constituir a sua primeira prioridade”, defendeu. Para Santos Silva, a sustentabilidade da estrutura de custos fixos da Gulbenkian “é essencial para proporcionar a desejável flexibilidade nos tempos incertos e perturbados como os que vivemos à escala global”.
Artur Santos Silva recordou ainda que tomou posse em 2012, quando “Portugal vivia uma das crises mais graves da sua história” e, nessa altura, defendeu que a Gulbenkian “devia aproximar-se da sociedade” e das suas necessidades.
Instituição sem fins lucrativos criada com bens do mecenas arménio Calouste Gulbenkian (1869-1955), legados a Portugal sob a forma de fundação, a partir de disposição testamentária, a Gulbenkian tem como principais atividades, exercidas em quatro áreas estatutárias, a arte, a beneficência, a educação e a ciência.
O anúncio da renovação da presidência da Gulbenkian deu-se em dezembro ao ano passado, antes do fim do mandato do atual presidente, Artur Santos Silva, que completou 75 anos. Eleita por unanimidade, Isabel Mota, 65 anos, é membro executivo do conselho de administração da Gulbenkian desde 1999.
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