Investir para inovar, inovar para internacionalizar
Sem inovação não há sucesso. Este parece ser o lema das empresas que vão estar reunidas no 14.º Encontro Nacional de Inovação promovido pela COTEC esta terça-feira. O ECO dá-lhe a conhecer três casos.
“Inventar o futuro — liderar pela inovação colaborativa” é o tema de fundo do 14.º Encontro Nacional de Inovação levado a cabo pela mão da COTEC. Inventar o futuro é aquilo que as empresas — aquelas que inovam — fazem constantemente. O ECO falou com três das empresas que vão estar presentes nesta iniciativa da COTEC, que terá lugar, terça-feira, dia 16 de maio para constatar o óbvio: sem inovação não há sucesso.
Aliás, o estudo “Destino: crescimento e inovação” chama a atenção para o facto de as PME mais inovadoras apresentarem desempenhos económico-financeiras superiores às das restantes empresas de pequena e média dimensão.
Mas vamos aos casos concretos.
Paulo Barradas Rebelo, CEO da farmacêutica Bluepharma, adianta em declarações ao ECO que teve de “apostar na empresa em pilares como a inovação e a internacionalização“.
A empresa, que iniciou a sua atividade em 2001, através da compra da unidade da multinacional Bayer em Coimbra, que se preparava para desinvestir em Portugal, tem como lema “investir para inovar, inovar para internacionalizar”.
Hoje, 16 depois, a Bluepharma tornou-se num grupo com 20 empresas, que fatura 35 milhões de euros e emprega mais de 450 trabalhadores altamente qualificados.
“A dimensão do nosso país não se compadecia com a nossa atividade pelo que tivemos de ir para fora, mas para isso era preciso fazer diferente e apostar na qualidade, fazer bem e depressa e apostar em parcerias em áreas como o I&D, industrial e comercial”, sublinha Paulo Barradas Rebelo.
A Bluepharma está presente com escritórios em oito países, tem agentes em outros dez e exporta para mais de 40 mercados. Mais de 80% do que é produzido pela Bluepharma é canalizado para os mercados externos. Paulo Barradas diz mesmo que “dentro de quatro a cinco anos” estará a “exportar para mais de 80 países”.
“Tudo assente no pilar da inovação, e onde a COTEC teve um papel muito importante, nomeadamente ao nível da certificação da inovação”, acrescentou.
O grupo farmacêutico conta com uma laboratório próprio de investigação e desenvolvimento ao qual afeta, anualmente, 20% do seu volume de negócios e cerca de 100 investigadores.
O presidente da Bluepharma destaca que 90% dos funcionários “trabalham em desenvolvimento e 10% trabalham em investigação” e relembra que “paralelamente a isto apoiámos um conjunto de empresas ligadas ao meio universitário” e que os “complementam”.
Com uma vocação fortemente exportadora, o grupo farmacêutico olha com preocupação para o mercado nacional. “Costumo dizer que ganhamos dinheiro lá fora para perder cá dentro”, sublinha o presidente e argumenta: “O setor farmacêutico foi dos mais afetados pela crise e é um dos que continua a ter dores”. Aliás, foi “nesse ambiente de dificuldades que a Bluepharma cresceu e apostou em medicamentos genéricos e chegou à inovação”, afirma.
De resto, a Bluepharma tem “a ambição de satisfazer as necessidades médicas ainda não satisfeitas, nomeadamente nas áreas da oncologia, o que pode acontecer dentro de quatro ou cinco anos”.
O grupo com sede em Coimbra está a investir 20 milhões de euros em Portugal, numa nova unidade industrial. A par disso tem vindo a fazer investimentos na Colômbia.
Com mais de 250 trabalhadores e ativos superiores a 40 milhões de euros, o grupo de Coimbra já não é considerado uma PME. Paulo Barradas Rebelo diz que “isso não os impede de recorrer a financiamento quer dos programas de incentivos, quer bancário”.
Sobre a situação da economia portuguesa, o CEO da Bluepharma mostra-se preocupado com o facto de Portugal estar “outra vez mais virado para o aumento do consumo e da despesa pública, parecemos mais virados para gastar mais do que aquilo que produzimos“, refere.
Celoplás: “Inovamos todos os dias”
A inovação surge como nota dominante das empresas que estarão presentes no Encontro da COTEC.
João Cortez, presidente da Celopás, um grupo que detém três fábricas de componentes de engenharia em materiais poliméricos garante que inova “todos os dias”.
Considerada uma referência mundial na produção de peças plásticas de elevada precisão para a indústria doméstica, automóvel, militar e da saúde com a fabricação de dispositivos médicos inovadores o grupo Celoplás recorreu ao Innovation Scoring, um instrumento de apoio às empresas que visa estimular o desenvolvimento da inovação de forma mais sistemática, eficiente e eficaz.
O presidente do grupo de Barcelos relembra que, “em média, no grupo, 10% dos produtos são substituídos todos os anos, isto implica que ter de arranjar 2,5 milhões de euros de novos negócios anualmente“.
Mas deixa um aviso: “A inovação tem a ver com os recursos humanos” e isso “exige que se formem recursos humanos, porque nesta área das indústrias de elevada precisão temos ainda uma décalage muito grande face a outros países, como por exemplo a Alemanha”.
A Celoplás, que fatura 25 milhões de euros, projeta, desenvolve e fabrica por injeção cerca de 200 milhões de componentes técnicos de precisão por ano. E tem como clientes empresas como a Bosch, Tyco, Daimler, Leica, Yazaki.
João Cortez refere que o objetivo é crescer em 2017 entre 15% a 20%.
Já o plano de investimento ronda um milhão de euros por ano para investigação e desenvolvimento a que se juntam mais 10% que são canalizados para a renovação do parque de máquinas.
O grupo exporta direta e indiretamente 95% do que produz, sendo o grosso canalizado para o mercado europeu, a que se junta ainda Malásia, China, Índia e África do Sul.
Introsys: “Crescemos pela rentabilidade que a inovação nos proporciona”
Luís Flores, CEO da Introsys não tem dúvidas: as empresas não crescem pela inovação,mas antes pela rentabilidade que esta proporciona. Para o fundador da Introsys, uma empresa portuguesa que atua no setor da automação, enquanto fornecedora de sistemas de controlo para a indústria automóvel, “as empresas crescem pela rentabilidade que a inovação proporciona“.
A empresa — que trabalha para marcas de prestígio como a Volkswagen, a BMW, a Ford, Audi, Seat e que fechou 2016 com 18 milhões de euros de receitas — tem na investigação o seu ex-líbris. Luís Flores adianta: “No nosso caso, a inovação e a organização são fundamentais”.
Para trás ficam os anos mais difíceis da empresa, de 2002 (ano de arranque) até 2009. Até porque o mercado para onde trabalham é altamente conservador à entrada de um novo player. Mas em 2005, a Volkswagen abriu-lhes as portas. A que se juntou em 2010, o novo Q3 da Audi. No entretanto, Luís e o irmão Nuno Flores perceberam que gerir bem era uma premissa importante e montaram uma gestão profissional.
O sucesso veio depois. Hoje exportam 98% do que produzem e têm a Alemanha como principal cliente, sede dos principais clientes. E é através desses clientes que se têm expandido para outros horizontes como por exemplo o México, e a Índia. “Exportámos de acordo com os nossos serviços”, detalha Luís Flores.
Para 2020, a Introsys estima um volume de faturação de 24 milhões de euros.
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