Mundial de 2022: mau negócio para a FIFA, o melhor para a TV
O mundial no Qatar já trouxe vários problemas à FIFA, mas o último deixou as cadeias de televisão Fox e Telemundo particularmente felizes: conseguiram direitos televisivos num negócio de sonho.
A FIFA já tinha fechado negócio com a FOX e a Telemundo para a transmissão do Mundial no Qatar. Contudo, a organização foi obrigada a mudar as datas do mundial para o outono, dadas as temperaturas de verão insustentáveis. Para que as coisas não aquecessem com as cadeias televisivas, a FIFA fez uma proposta irrecusável que já recebe críticas dos concorrentes que ficaram de fora.
O processo de seleção do Qatar como anfitrião foi controverso, mas as polémicas continuaram muito para lá desta decisão. Uma das maiores críticas é a incompatibilidade do desporto com as elevadas temperaturas, de cerca de 50 graus, que podem até afetar a saúde dos jogadores e do público.
Inicialmente, o acordo da FIFA com a FOX e a Telemundo, as cadeias que irão transmitir tanto o Mundial de 2018 como o de 2022, previa o pagamento de 1,1 mil milhões de euros pelos direitos. Agora, a FIFA decidiu ceder às pressões das críticas e remarcar o torneio do Qatar para o outono. Esta decisão implica que as cadeias televisivas terão os torneios de basquetebol e hoquéi a desviar a atenção que estaria completamente concentrada nos jogos do Mundial caso este se realizasse em junho e julho, tal como previsto.
Para evitar mais conflitos, a FIFA decidiu atribuir a exclusividade da transmissão do Mundial de 2026 à FOX e à Telemundo sem ouvir sequer as propostas de outros concorrentes. Mais: os direitos foram vendidos pelo mesmo preço do Mundial de 2022, quando se espera que sejam disputado entre 46 equipas em vez de 32— o que traz muito mais jogos — e a partir da América do Norte, pela primeira vez desde 1994. A FOX pagará 300 milhões e a Telemundo 350 milhões de dólares.
Não é certo que o Mundial se concretize na América do Norte, aliás, o contrato entre a FIFA, a FOX e a Telemundo prevê que as cadeias paguem um bónus de 180 milhões e 115 milhões de doláres, respetivamente, no caso do local se confirmar. Até agora, o grupo norte-americano, que inclui os EUA, México e Canadá, é o único candidato.
Apesar destas condições, Frank Dunne, especialista de mercados desportivos, considera que a FIFA “teria conseguido bastante mais se tivesse optado por um processo aberto”. A cadeia desportiva ESPN, um negócio da Disney, já demonstrou o seu descontentamento após tomar conhecimento da decisão através de um comunicado de imprensa. O Ministério da Justiça americano está a investigar a possibilidade de corrupção.
Este acordo é especialmente relevante para as cadeias televisivas numa altura em que os eventos ao vivo são dos mais valiosos na transmissão e o preço dos direitos tem ascendido continuamente.
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