António Mota: “O maior problema da Mota-Engil é o sistema financeiro”
O líder da maior construtora nacional não tem dúvidas. O maior problema do setor é a falta de obras, mas o maior problema da Mota-Engil é o sistema financeiro.
“O setor da construção não existe, o anterior Governo acabou com ele”. A frase é de António Mota, presidente da Mota-Engil, a maior empresa do setor da construção em Portugal.
Para o presidente da empresa, “é preciso começar tudo de novo”.
António Mota diz que há falta de obras e de investimento público. A empresa, cujos lucros em 2016 totalizaram 50 milhões de euros, impactados pela venda de ativos, tem hoje mais de 80% da sua atividade concentrada fora de Portugal.
O presidente da construtora diz mesmo que “a Mota-Engil está a andar mas com dificuldades em arranjar financiamento para países estrangeiros”. “O sistema financeiro é o problema, sem um sistema financeiro forte não há apoios”, sublinha.
Aliás, António Mota diz que o “maior problema da Mota-Engil é o sistema financeiro, já o maior problema para o setor é a falta de investimentos públicos”.
Em conversa com o ECO, António Mota salienta ainda a necessidade da revisão do rating da República.
A revisão do rating é fundamental para as empresas nacionais.
E sobre esta questão, dá o exemplo dos bancos internacionais que recusam as garantias emitidas pela banca portuguesa. “Isso obriga a que haja necessidade de uma triangulação, ou seja, a procurar um banco estrangeiro de outro país que aceite as garantias da banca nacional e que, depois, essas sejam aceites pelo banco do país que se pretende. Isto, como se percebe, aumenta os custos e diminui a competitividade”.
As queixas de António Mota com o sistema financeiro não são de agora. No relatório de contas da empresa, o presidente da construtora adiantou que, “resolvida que esteja a restruturação do setor financeiro português — que permita apoiar as empresas portuguesas na sua expansão internacional –, julgo que a maioria dos fatores negativos com que nos vimos confrontados estarão ultrapassados”.
"Penso que, no final de 2017/2018, a situação pode começar a melhorar”
Ainda assim, Mota mostrou-se confiante. “Penso que no final de 2017/2018 a situação pode começar a melhorar”. E elenca as obras que, do seu ponto de vista, poderão ter luz verde.
“A questão do caminho-de-ferro tem de avançar, o aeroporto de Lisboa também, o mesmo acontece com o Metro de Lisboa e, eventualmente, com o Metro do Porto. E tudo isto ajuda a melhorar o setor. Mas só em 2018 é que haverá alguma coisa, porque em 2017 só avançam os concursos.”
Pedro Gonçalves: “Mercado interno não reanima”
O presidente executivo do fundo Vallis, dono do conglomerado Elevo, diz que o setor da construção “é hoje profundamente diferente do que era há dez ou mesmo há cinco anos”.
Para Pedro Gonçalves, “ o investimento público não se vê. “O se vê é que existem subsegmentos com clara evolução, como tudo o que está ligado ao desenvolvimento do imobiliário”.
"Há uma grande reconfiguração do setor: as empresas de maior dimensão e as bem sucedidas internacionalmente singram. As restantes passaram por fases muito complexas e surgem novas mas de menor dimensão.”
Sobre o setor financeiro, Pedro Gonçalves diz perceber as cautelas. “O setor passou a ter uma tomada de risco mais adequada e provavelmente mais seletiva. E teve também ele de se ajustar, o que não quer dizer forçosamente que não haja apoios”.
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