Sete países árabes cortam relações diplomáticas com Qatar
Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iémen, Líbia e Maldivas romperam relações diplomáticas com o Qatar, acusando o país de apoiar o terrorismo.
A contagem já vai em sete. O Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iémen, Líbia e as Maldivas anunciaram esta segunda-feira o rompimento de relações diplomáticas e o corte de ligações aéreas e marítimas com o Qatar, acusando o país de ingerência e de apoiar o terrorismo.
A Arábia Saudita afirmou querer “proteger a sua segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo”, enquanto o Bahrein sustentou a sua decisão acusando Doha de “minar a segurança e estabilidade” do país e de “interferir nos seus assuntos” internos. “A Arábia Saudita tomou esta medida decisiva devido à série de abusos por parte das autoridades de Doha ao longo dos últimos anos (…), por incitar à desobediência e prejudicar a sua soberania”, afirmou um responsável saudita, citado pela agência noticiosa oficial SPA.
Além disso, prosseguiu, “o Qatar acolhe diversos grupos terroristas para desestabilizar a região, como a Irmandade Muçulmana, o Daech [acrónimo em árabe do grupo autoproclamado Estado Islâmico]”. O Bahrein, por seu turno, culpou o Qatar pelo “incitamento dos ‘media’, apoio a atividades terroristas armadas e financiamento ligado a grupos iranianos para levar a cabo atos de sabotagem e semear o caos no Bahrein”.
Na mesma linha, o Egito, também por via de um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros, justificou o rompimento de relações com o Qatar acusando-o de apoiar “o terrorismo” e de “insistir em adotar um comportamento hostil relativamente ao Egito”.
Decisões “injustificadas e baseadas em falsidades”
O Governo do Qatar já reagiu à notícia do corte de relações. Num comunicado publicado online pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do país, lê-se que o Governo “expressa o seu profundo arrependimento e surpresa pelas decisões” tomadas pelos vários países de “fechar as fronteiras e o espaço aéreo e cortar as relações diplomáticas”. O Governo considera ainda que as medidas são “injustificadas e baseadas em falsidades”.
“O Estado do Qatar tem sido sujeito a uma campanha de mentiras que chegaram ao ponto da completa invenção. Revela um plano para prejudicar o Estado do Qatar”, surge indicado. “As alegações contidas nos comunicados enviados pelas três nações do Conselho de Cooperação do Golfo a anunciar a cessação das relações claramente confirma a existência de um campanha mediática clandestina e planeada, que inclui invenções e notícias falsas”, acrescenta o ministro.
“Estas medidas não vão afetar o normal curso de vida dos cidadãos e residentes no Qatar. O Governo vai tomar todas as medidas necessárias para garantir isto e impedir todas as tentativas de influenciar e prejudicar a sociedade e economia do Qatar”, conclui.
Mais três países cortam relações com o Qatar
Entretanto, também o Iémen, a Líbia e as Maldivas decidiram juntar-se a esse conjunto de quatro países no corte de relações diplomáticas com o Qatar. O Iémen acusa aquele país de trabalhar com os seus inimigos do Houthi, movimento alinhado com o Irão, informou a agência de notícias estatal Saba, citada pela Al Jazeera.
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“O Qatar tem sido a principal fonte de fornecimento de armas ao ramo líbio da Irmandade Muçulmana e a outros grupos islâmicos armados desde 2012, e representa uma ameaça à segurança nacional do mundo árabe”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros líbio, Mohammed Dairi, citado pela Sky News Arabia, no seguimento da adesão da Líbia ao boicote dos restantes cinco países árabes.
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As nações anunciaram ainda a retirada dos diplomatas do Qatar dos seus territórios, a par com planos para cortar as ligações aéreas e marítimas, sendo que a Arábia Saudita deu ainda conta de que também pretende encerrar a sua fronteira terrestre com o Qatar, deixando-o o efetivamente isolado do resto da península arábica.
Neste âmbito, a transportadora Qatar Airways, uma das maiores companhias de longo curso da região, que cruza frequentemente o espaço aéreo saudita, já anunciou a suspensão de todos os voos com destino à Arábia Saudita. O mesmo aconteceu com outras três companhias áreas que também suspenderam os voos na península. Designadamente, a FlyDubai, a Etihad Airways e a Emirates que anunciaram que vão suspender todos os voos rumo e com origem em Doha, capital do Qatar.
Na sequência dos anúncios de corte de relações diplomáticas, a coligação internacional liderada pela Arábia Saudita que intervém no Iémen anunciou a exclusão do Qatar devido ao “seu apoio ao terrorismo”.
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Além da Arábia Saudita, Bahrein, Egito, Emirados Árabes Unidos, integram a coligação internacional a Jordânia, Kuwait, Marrocos, Paquistão e Sudão. Este sismo diplomático tem lugar 15 dias depois de uma visita a Riade do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o qual pediu aos países muçulmanos para agirem de forma decisiva contra o extremismo religioso. Estes desenvolvimentos representam um grave revés para o Qatar que, independentemente do seu papel regional, vai acolher o Mundial de Futebol de 2022.
Portugal condena o corte de relações
O ministro português dos Negócios Estrangeiros qualificou, hoje em Madrid, de “perturbadora” a decisão do Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iémen de cortarem relações diplomáticas com o Qatar. “Haver cortes de relação entre países é sempre um elemento perturbador”, disse Augusto Santos Silva, acrescentando ser necessário uma “boa concertação política e diplomática entre todos, e não de perturbação”.
Para o chefe da diplomacia portuguesa, “este caso é ainda mais perturbador porque ocorre poucos dias depois de uma reunião de todos os países do Golfo com a nova administração norte-americana”. Desse encontro “parecia ter saído uma mensagem de unidade e de envolvimento de todos no combate ao terrorismo”, disse Augusto Santos Silva.
(Notícia atualizada às 15h00 com mais informações.)
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